segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Comunicando o novo ano que já vai chegar...

Por Maíra Masiero

Neste último post de 2012, o RPitacos quer, de forma especial, agradecer a todas as pessoas que visitaram este blog, comentaram as matérias e repercutiram os conteúdos postados por aqui. Como em todo post institucional que é publicado aqui, nada melhor do que relembrar a história do RPitacos e de como ele RePensa o mundo há mais de um ano e meio.

O blog RPitacos surgiu em 04 de junho de 2010 - portanto, há mais de dois anos e meio atrás -, como um singelo projeto de exercício de leitura, de escrita e, principalmente, do descondicionamento do olhar em relação a cada acontecimento ou contexto existente no mundo. Mas o trabalho foi muito mais além do planejado: elogios e críticas começaram a surgir, assim como muitos amigos contribuíram para que o RPitacos crescesse a cada novo post.

Em 2012, houve uma ação toda especial: no mês de abril, foi aberto um processo seletivo para a escolha de mais um colaborador para esse blog, com regras específicas e uma Comissão Julgadora de peso para avaliar os textos e os currículos dos candidatos. No dia 04 de junho, aniversário de dois anos do RPitacos, foi divulgado o resultado que trouxe os textos e as reflexões de Manoel Marcondes Neto para uma colaboração fixa no blog. Assim, agradeço a todos os participantes do processo (jurados e concorrentes), pela confiança no trabalho do blog.

Em relação a parcerias, o RPitacos foi um dos apoiadores do II Desafio Hora Extra, um evento promovido pela RPjr - Empresa Júnior de Relações Públicas, da Unesp de Bauru, que teve o objetivo de proporcionar aos participantes um contato com a vida profissional por meio de situações reais, a fim de desafiá-los e prepará-los para o mercado de trabalho. A equipe vencedora do Cruzeiro para Santos, Ilha Grande e Ilha Bela foi a Equipe COC, o 2º lugar (e os aparelhos Ipod Shuffle) ficaram para a Equipe Reluz e a visita à agência Burson-Marsteller, prêmio do 3º lugar, ficou com a equipe IE Intercâmbios.

Por fim, na última semana de 2012, pelo terceiro ano consecutivo, uma lista promovida pelo Portal RP-Bahia mostra o RPitacos como um dos 36 blogs de estudantes e profissionais de Relações Públicas que merecem ser seguidos no ano de 2013. Mais uma vez, é a confiança dos profissionais e estudantes da área neste blog, que possui a função de dar seus pitacos nos assuntos do dia-a-dia, sob o olhar da Comunicação.

Enfim, nos últimos momentos de 2012, só se pode desejar que 2013 seja um ano maravilhoso, com muitas alegrias e realizações e que possamos RePensar o mundo sempre juntos, pois essa é e será a essência deste blog. Mais uma vez, como em todas as postagens divulgadas aqui, o desejo é que a comunicação possa ser vista, cada dia mais, não como um acessório frágil e reciclável, mas sim como uma ferramenta importantíssima para as organizações e para os seres humanos de maneira geral, em todos os retalhos que formam o tecido da vida. Muitas novidades virão, mas com os pitacos de sempre!

Para encerrar esta postagem especial, muitos já declamaram (ou ouviram) falar do poema "Receita de Ano-Novo", de Carlos Drummond de Andrade, que realmente representa as intenções positivas para esse momento de mudança de ano. Muitos comerciais também utilizaram trechos deste texto para ilustrar seus votos para o Ano Novo e, desta vez, o banco Bradesco foi um dos utilizaram a poesia para esse intuito. Além dos versos finais de Receita (mostrados no vídeo a seguir), poemas de Fernando Sabino e Mário Quintana também serviram de inspiração para os autores das peças publicitárias.

Feliz Ano Novo!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

E minha cartinha para o Papai Noel?

Por Maíra Masiero

As festas natalinas já se passaram e nos dias que se passaram, além das comidas e bebidas peculiares desta época e do sentido religioso da data (muitas vezes, esquecido), muitas crianças mandaram cartas para o Papai Noel e receberam seus presentes. Mas como surgiu esta tradição de se mandar cartas e como ela se perpetua, mesmo com o avanço da tecnologia e da gradativa inclusão digital das crianças?

Segundo matéria publicada no site Muita Pimenta, essa tradição das cartas foi adaptada de uma tradição européia em que, até os dias atuais, enviam-se cartas para membros da Igreja com pedidos de benção, de bens materiais e de oração durante o período natalino. Também é necessário lembrar que essas cartas também são entregues pessoalmente em lugares públicos - como shoppings, parques, praças, hospitais - a "Papais Noeis" que estão por esses locais.

Porém, o que é considerado, para muitos, uma prática ingênua de tentar realizar um sonho de criança ou de ter aquele brinquedo, comida ou outro desejo se concretizando, para outras pessoas, essas cartas se tornaram símbolo do consumismo. Recentemente, segundo notícia publicada na UOL Notícias, uma instituição inglesa considera que essas pequenas cartas poderiam se tornar, com o tempo, numa extensa lista de presentes capaz de causar vários problemas familiares. 

Foi lançada até mesmo uma campanha para que as crianças abandonem o envio de cartas ao Papai Noel. No Brasil, o fato de interligar consumo com crianças também é algo discutível. Na mesma matéria, Ana Maria Wilheim, diretora-executiva do Instituto Akatu (organização não-governamental que trabalha pelo consumo consciente), declara: "No Natal, a gente projeta nossos desejos, sonhos. Mas estão pegando tudo isso e jogando num produto. A gente não está mais valorizando a relação entra as pessoas."

Porém, o envio de cartas nesta época do ano ao Papai Noel também possui um outro lado: o da solidariedade e o da nostalgia em ver sonhos, antes restritos ao período infantil, se realizarem de uma hora para a outra. E algumas propagandas mostram este último lado de forma emocional, mas sem deixar de divulgar a marca.

Quando se fala em propaganda na época de Natal, é inerente lembrar-se da marca Coca-Cola e de seus comerciais clássicos, misturando caminhões enfeitados, ursos polares, famílias fascinadas, jogo de luzes e de cores, além do lembrete envolvente de que "O Natal vem vindo, vem vindo o Natal", como o da temporada 1995/1996.

Neste ano de 2012, a Coca-Cola também pensou nas cartas que as crianças mandam para o Papai Noel, mas que não conseguem ser atendidas ou mesmo chegar até o destino final. Segundo dados coletados pela marca, foram encontradas cerca de 60 mil correspondências que ficaram esquecidas (algumas datadas de 1930), sem serem entregues ao endereço do Papai Noel. 

Vendo esse esquecimento, a ação "Cartas Esquecidas do Papai Noel" selecionou 75 cartas e mostra o bom velhinho chegando a algumas casas para entregar os presentes que as pessoas pediram há vários anos atrás. É importante observar a nostalgia dos adultos em lerem as cartas que, quando crianças, destinaram ao Papai Noel e a emoção quando recebem os presentes tão esperados.


No quesito solidariedade, as cartinhas de várias crianças para o Papai Noel podem se tornar um símbolo de solidariedade e de consideração para com as pessoas que detêm menos recursos para comprar presentes aos seus filhos ou conhecidos. Um exemplo, no Brasil, é a realização há mais de 20 anos do Papai Noel dos Correios que possui um objetivo específico, segundo a instituição

"É uma ação corporativa (...) que tem como objetivo principal o envio de carta-resposta às crianças que escrevem ao Papai Noel. Além de estimular a redação de cartas manuscritas pelas crianças, a campanha incentiva a solidariedade dos empregados e da sociedade. Desde 2010, a campanha passou a contemplar, além das cartas oriundas das crianças da sociedade, as cartas de crianças de escolas, abrigos, núcleos socio-educativos e creches."

Várias empresas, entidades e universidades contribuem com os Correios, encontrando pessoas para "adotarem" as cartas, comprarem os presentes e entregar aos postos de adoção, que reencaminham esses para os Correios que fazem a entrega. Uma dessas empresas que ajudam os Correios é a Empresa Júnior de Relações Públicas (RPjr), do campus da UNESP em Bauru, e quem vai explicar melhor como foi a participação da empresa na ação de 2012 é Daiane Santana, diretora administrativa da RPjr.

"A parceria que temos com os Correios consiste em levarmos cartas de crianças carentes até 10 anos ou cursando até a 5ª série. Nós levamos essas cartas para a faculdade para que os alunos possam ter contato com o projeto e para que o maior número possível de cartas seja adotado. 
Para isso, tratamos da divulgação nas redes sociais e com cartazes pela faculdade, colocamos stands para adoção de cartas nos três horários de intervalo (manhã, tarde e noite). Tivemos uma comissão pra isso, formada por várias diretorias (Comunicação, Pesquisa & Desenvolvimento, Recursos Humanos e Projetos) mas toda a empresa ajudou a ficar nos stands. 
Este ano tivemos até o Papai Noel, que ajudou a chamar a atenção das pessoas. Além disso, a maior ajuda que temos é dos apoiadores, isto é, outras empresas juniores, projetos de extensão, centros acadêmicos, Atlética, Dafae [Diretório Acadêmico da Faculdade de Engenharia], etc... que também adotam um determinado número de cartinhas.
Neste ano, conseguimos em torno de 300 cartinhas adotadas. Os presentes foram levados para os Correios que fariam a entrega nas casas de cada criança. A única ressalva é que não poderiam ser doados alimentos ou brinquedos usados, apenas brinquedos novos. Foi um projeto extremamente gratificante! Algumas cartinhas eram bem comoventes e para nós, ajudar em um projeto como este é também um presente para nós da RPjr!"

E é por esses motivos que as cartas, consideradas atualmente como objetos raros de estarem em circulação, podem, na época natalina, ganhar uma sobrevida e ajudar muitas crianças a conseguirem ganhar os presentes de Natal. Para encerrar este post, um comercial já antigo dos Correios que mostra, de forma surpreendente (mais no final do filme), a importância do valor emocional das cartas na vida de uma pessoa.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Retrospectiva do ano - Como sair do lugar comum

Por Maíra Masiero

Mais um ano se encerra, e a reflexão que, provavelmente, todo mundo faz nos dias que antecedem a chegada de mais um ano é pensar no que aconteceu neste período que está prestes a se encerrar, tanto no aspecto individual quanto no coletivo. No campo individual, a rede social Facebook criou o Year in Review, um espaço em que é mostrada uma retrospectiva do usuário, com uma estimativa de quantos amigos novos foram feitos, das páginas "curtidas" durante o ano e divulga as principais postagens, segundo critérios da rede.

Até mesmo o Youtube fez linhas do tempo interativas para mostrar os vídeos mais acessados do ano em diversos países, inclusive no Brasil. Divididos por meses, há a opção de especificar um mês determinado (retrocedendo ou avançando no ano) e de assistir aos vídeos originais.



No que diz respeito às mídias tradicionais, praticamente todas as emissoras de televisão se valem das retrospectivas, ou seja, de programas que, num formato mais ou menos padrão, mostram os principais fatos do ano no esporte, na política, na economia, na cultura, nas artes, dentre outros cenários. E como fugir do convencional numa plataforma offline?

Um exemplo, na esfera televisiva, de como se distanciar do formato "padrão" para uma retrospectiva de fatos que se destacaram no ano, foi o da Rede Bandeirantes no ano de 2012. O humorista Danilo Gentili, apresentador do programa Agora é Tarde, comandou (e foi um dos idealizadores) do especial Os Fatos Espetaculares de 2012, exibido em 18 de dezembro, que se utilizou de uma ferramenta inovadora (para esse tipo de programa) para relembrar acontecimentos marcantes de 2012: um game show entre duplas de artistas.

Uma das perguntas utilizou a intertextualidade: o jornalista Bóris Casoy narrou, em formato noticioso, a descrição de uma música que fez muito sucesso em 2012, e as duplas tinham que acertar qual seria a canção (no caso, a resposta certa era Balada Boa, do Gusttavo Lima). Outras atividades do programa mostravam, de forma sarcástica, algumas figuras que ganharam notoriedade nas mídias sociais (como a "grávida de Taubaté", o mascote da Copa do Mundo 2014, dentre outros). A primeira parte deste programa está no vídeo a seguir.



Um fato interessante nessa retrospectiva diferente é que, no último bloco, os "conselheiros" (artistas que, quando acionados, ajudavam as duplas a responder as questões, que valeriam a metade nessa condição) brincaram de amigo secreto com pessoas que foram destaque em 2012.

As duas primeiras pessoas foram respondidas com facilidade, porém o nome de Felipe Kitadai, judoca brasileiro bronze na Olimpíada de Londres (há menos de seis meses atrás) que teve de pegar outra medalha após quebrá-la no banheiro, não foi lembrado pelos artistas, o que mostra que, em tese, muitos medalhistas olímpicos do Brasil são esquecidos com facilidade pela falta de valorização, a longo prazo, de suas conquistas.

Enfim, fazer uma releitura do ano, seja no aspecto individual ou no coletivo, é muito importante para festejar os acertos e entender os erros, para consertá-los no próximo ano que se sucede. E a esfera comunicacional precisa perceber esta tradição e não deixá-la apenas como algo corriqueiro (e até mecânico) de se fazer, mas reafirmar a importância desta revisão de vida no final do ano.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A moda das vending machines no cenário publicitário

Por Maíra Masiero

Muitas vezes, são vistas, em estabelecimentos comerciais e em ruas movimentadas das grandes cidades, máquinas de venda de salgadinhos, refrigerantes, chocolates, pequenos brinquedos, entre outros, as chamadas vending machines. Na tradução literal - do inglês para o português -, uma definição formal para elas seria: uma máquina de venda automática, sem a intervenção de atendentes, em que são distribuídos alimentos, bebidas, brindes, presentes, entre outros objetos, com a condição de satisfazer uma ordem (seja de colocar uma ficha ou de realizar algum "desejo" da máquina).

De acordo com uma matéria publicada no site Novo Negócio, essas máquinas começaram a se popularizar no Brasil graças a vários fatores: pela valorização do Real, pelo possível uso das moedas, pelo processo de operação simples e automático, pela praticidade e pela localização estratégica dos equipamentos. Com essas vantagens, ter uma vending machine torna-se uma estratégia a ser levada em consideração para quem anseia possuir o seu próprio negócio.

Nos últimos meses, porém, vê-se o fato dessas máquinas serem usadas com frequência também na publicidade, em ações que possuem, como prioridade, um relacionamento mais ativo com os consumidores, ao invés de apenas distribuir produtos da marca.

Uma das grandes propulsoras desta tendência é a Coca-Cola, com a sua famosa "máquina da felicidade", tanto com o sabor original (a máquina, inclusive, também foi montada no Brasil), quanto com a versão Zero que, além de promover a própria marca Coca-Cola, não se limita ao seu funcionamento normal de apenas distribuir refrigerantes: ela desafia os receptores a, numa estação de trem, correr até determinado lugar para conseguir ingressos exclusivos para o filme “007 – Operação Skyfall”, passando por diversos obstáculos.



Mas nem sempre as vending machines conseguem o sucesso esperado, por conta de vários fatores, como a falta de estratégia e a colocação de produtos, no mínimo, incomuns para este equipamento. Um exemplo está na Califórnia, em que uma empresa ofereceu caviar, trufas, escargots e óleos nessas máquinas, com preços que variavam entre US$ 50 a US$ 500. Alguns depoimentos diziam que o preço dos produtos era muito caro, incompatível com seu potencial de consumo.

Enfim, a instalação de uma máquina de venda, se bem planejada e contando com uma interação constante entre emissores e receptores, pode ser considerada uma boa estratégia de ativação da marca e de impacto nas mídias tradicionais e na esfera on-line, a fim de atingir os públicos-alvo.

Para encerrar este post, a empresa Kraft Food realizou, no ano passado, uma ação interativa para promover o Mini Bis, envolvendo as vending machines, porém não somente com a distribuição de brindes e de amostras do produto, mas também realizando uma "pegadinha" com os consumidores: as máquinas (que eram, na realidade, pessoas fantasiadas) se mexem quando alguém se aproxima para comprar o produto. Como o mote da propaganda era "Desconfie de todos", era como se a máquina ficasse receosa de oferecer o produto ao cliente. O vídeo a seguir mostra as diversas reações das pessoas que foram impactadas com esta ação de Bis.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Em pleno século XXI, Carrefour abandona e-commerce

Por Manoel Marcondes Neto



Um informe de 1/4 de página de jornal intitulado "Grupo Carrefour comunica" deu conta de que o Carrefour "suspendeu, em 7 de dezembro, suas atividades de e-commerce".

Um espanto!

Alegando que a medida seria consequência de um plano de reestruturação adotado dois anos antes, o informe acrescentava o seguinte bla'-bla'-bla': "o posicionamento estratégico do Carrefour perante o crescimento da nova classe média; além do desenvolvimento de novos formatos para atender o mercado local...", para encerrar, melancolicamente, prometendo que honraria "todas as entregas de produtos referentes às compras realizadas no site, bem como demais suportes que seus clientes venham a precisar".

Bem, eu estou mesmo precisando de um suporte para TV de plasma de 70 polegadas...

Como é que é?

Então, segundo o Carrefour, a "crescente" nova classe média não usa internet para comprar. Entendi certo? E "novos formatos", nesse caso, são quais? Caderneta de anotações como as da velha mercearia de bairro? Fio do bigode? Tambores para "atender o mercado local"? Sinais de fumaça? Come on, Carrefour, conta outra!

De volta para o... passado.

Abandonar a plataforma digital de vendas em pleno século XXI, quando crianças de 2 anos manipulam tablets, a padaria da esquina tem call center e compra-se flores - vivas - para entrega noutro continente, parece - e é - uma derrota.

E parece também, até, que a operação brasileira do Carrefour confiou nos planos de fusão com o rival Casino via proposta amalucada do ex-controlador do Pão de Açucar. Deu nisso.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

E o meu amigo secreto é...

Por Maíra Masiero

Neste período final do ano, provavelmente todo mundo já participou, pelo menos uma vez na vida, de um amigo secreto (ou amigo oculto, dependendo da região), em que grupos de amigos se reúnem, sorteiam - cada um - um nome entre eles e, sem contar quem tiraram, compram uma lembrança, marcam uma data para a revelação de "quem tirou quem", para festejar o encerramento de mais um ano e para se divertir com as pessoas com quem se convive durante muito tempo.



Tirando (ou não) a parte engraçada (e constrangedora, às vezes, como mostrou a esquete anterior) de participar de um amigo secreto, pode-se ver esta ação por duas vias não excludentes: a primeira está no objetivo de integrar as pessoas, fazendo com que elas conheçam (ou se aproximem mais) de seus colegas de trabalho, equipe, escola, entre outros, acarretando com a melhoria do relacionamento entre as pessoas, sendo, assim, uma ação de Relações Públicas.

Porém, como todo ato profissional, é importante discernir o que se deve e o que não se deve fazer nesta comemoração. De acordo com Romaly de Carvalho, professora de etiqueta empresarial da Fundação Getúlio Vargas e Licia Egger, consultora de imagem e etiqueta corporativa, numa entrevista ao Portal Exame, 8 pontos são importantes para se considerar neste evento, para manter intacta a imagem do colaborador diante de seus pares, inferiores e superiores:

"1 - Os presentes não podem ser muito pessoais, a ponto do colega de trabalho ganhar roupas íntimas e ter que mostrar para todos os participantes. (...)
2 - Planeje a compra de forma que o seu amigo secreto possa mostrar, até mesmo, para o chefe, o que você comprou.
3 - Não fazer repasse de presentes.

4 - O presente pode ser simples, mas necessariamente deve mostrar o quanto o profissional se dedicou para escolher. Os clássicos “vale presentes” podem ser soluções práticas nessas horas, mas mostra que você não procurou saber o que a pessoa gostaria mesmo de ganhar.
(...)
5 - Seu amigo secreto é o chefe? Não caia na tentação de impressionar comprando um presente com um valor além do limite do preço estabelecido. Tente agradar sendo criativo.
6 - Cuidado com as palavras durante a troca de presentes. Começar a descrição do amigo secreto fazendo observações negativas ou que você considera engraçadas pode deixar as pessoas constrangidas. (...)
7 - Se você tem ódio profundo da pessoa que você saiu no sorteio, trocar com um colega mais próximo pode ser uma boa solução. Mas, talvez seja uma boa oportunidade para mudar de opinião sobre aquele colega.
8 - Evite verbalizar o que você achou da festa ou dos presentes que você não gostou. É um evento corporativo e reclamações ou piadas sem fundamento não são bem vistas. (...)"


A outra via que o amigo secreto pode se colocar numa empresa é utilizar essa já tradicional ocasião para promover marcas e iniciativas. Neste ano de 2012, a empresa Continental, para promover os produtos da marca, criou uma espécie de amigo secreto no Facebook: a ação "Renove o seu Amigo Secreto neste Natal", um aplicativo que sorteia uma pessoa da lista de amigos para que o usuário a desenhe e divulgue o resultado na sua linha do tempo. O autor do melhor desenho ganha um refrigerador, um fogão cinco bocas, um micro-ondas, uma adega para oito garrafas e uma lavadora.

Um exemplo de quem se utilizou desta prática para abrir um novo negócio e ser bem sucedido são os idealizadores do site Amigo Secreto, criado em 2002. De acordo com uma matéria postada pela própria equipe da página, durante um amigo secreto de uma das empresas dos criadores do site, a mesma pessoa tirou a si mesma por várias vezes seguidas e, como a equipe trabalha com tecnologia da informação, um sorteio digital foi criado, com cadastro, interface e avisos por e-mail para a pessoa saber quem tirou na brincadeira. Assim, descobriu-se que isso poderia resolver o problema de outras pessoas e, em 2002, nasceu a primeira versão do site Amigo Secreto.

Ainda de acordo com informações disponibilizadas na página, só em 2011, foram trocadas mais de 7,6 milhões de mensagens (diretas, anônimas e no mural de recados) e mais de 1,2 milhão de usuários participaram de aproximadamente 126 mil confraternizações, um crescimento de 43% em relação a 2010.

Pode-se ver, nestes exemplos, que um amigo secreto pode ir além do suspense durante este período e da troca de presentes no final, e se tornar uma ferramenta importante para a integração entre as pessoas e para atrair - e fidelizar - mais clientes às marcas.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Comunicação e valorização da cultura - Frevo como patrimônio imaterial da humanidade

Por Maíra Masiero

Valorizar e incentivar a disseminação da cultura e tradições locais tornam-se iniciativas importantes para o âmbito comunicacional, com os objetivos de preservação de elementos do passado - aliados aos da contemporaneidade - e, consequentemente, um aumento no número de turistas a um determinado local e um giro maior na economia local.

O Brasil está repleto de manifestações culturais em todas as regiões do país, até mesmo por sua extensão territorial privilegiada e pela diversidade dos indivíduos que compõem, culturalmente, o país por muitos séculos. E uma dessas formas é o frevo, ritmo do carnaval do Recife que foi eleito, no último dia 5 de dezembro de 2012, patrimônio cultural imaterial da humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

A notícia veiculada pelo site da revista Veja traz a definição da própria Unesco sobre o que é considerado patrimônio cultural imaterial: é algo que "faz referência às práticas, representações, expressões, aos conhecimentos e ao saber transmitidos de geração em geração no seio de uma comunidade, criados para transformar (...) a interação entre a natureza e a história".

Portanto, de acordo com o conceito dado, é relevante a importância da comunicação na transmissão das tradições e expressões locais de geração a geração. Mas como surgiu o frevo e como ele se consolidou nacionalmente? Várias fontes, como o site do Galo da Madrugada, afirmam que o ritmo surgiu efetivamente no final do século XIX, a partir dos movimentos da capoeira. Desde então, o ritmo foi se aperfeiçoando com o passar do tempo e mobilizando pessoas de diversas classes sociais ao redor do Brasil e do mundo.

Pode-se dizer que uma de suas melodias mais conhecidas é o Frevo das Vassourinhas, composto por Matias da Rocha e gravado originalmente pela Orquestra Tabajara de Severino Araújo, lançado pela Continental entre outubro e dezembro de 1949. A seguir, a versão original da música que ressoa nos carnavais de Recife e de todo o Brasil.



Um ritmo tradicional e contagiante como o frevo possui vários atributos para elevar o potencial turístico e cultural de seu lugar de origem: a capital pernambucana. Em artigo publicado na coluna Rede Gestão, no dia 27 de abril de 2012, antes de conquistar esse título, a consultora Sílvia Gusmão já alertava sobre o potencial tradicional e mercadológico do frevo, a fim de projetar a imagem de Pernambuco para o mundo.

"O título da Unesco certamente dará ainda mais visibilidade ao Estado, transformando o frevo, um dos símbolos mais representativos da nossa cultura tanto na música como na dança, em um produto de grande valor.
O desafio para profissionais, empresas, organizações e para o próprio Estado será trabalhar adequadamente essa manifestação cultural, aproveitando todo o seu potencial de geração de negócios, renda e riqueza. Em outras palavras, profissionalizar o frevo, como os cariocas fazem tão bem com o samba e os baianos com a axé music. [...] O próprio frevo passa por um momento de celebração, com a abertura, ainda este ano, do Paço do Frevo, no Recife Antigo, um museu inteiramente dedicado ao ritmo."


Enfim, projetar essa representação cultural, respeitando as tradições e mostrando vertentes de forma moderna, como no caso do frevo recifense, se torna uma missão importante para os comunicólogos. Uma dessas tentativas é a dança feita pelo mascote oficial da Copa do Mundo 2014 (em que Recife será uma das cidades-sede), numa promoção da Coca Cola, que encerra este post.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

#02dez é todo dia! - Dia Nacional das Relações Públicas

Por Maíra Masiero

Hoje é um dia especial. Além de esta ser a postagem de número 300 do RPitacos, ontem foi comemorado o Dia Nacional das Relações Públicas, em homenagem ao primeiro profissional e patrono desta área no Brasil, o engenheiro Eduardo Pinheiro Lobo, que nasceu no dia 2 de dezembro de 1876 e implantou o primeiro departamento de Relações Públicas no Brasil em 1914.

Segundo o site do CONFERP (Conselho Federal dos Profissionais de Relações Públicas), a Lei que instituiu esta data específica para a profissão data de 14 de junho de 1984, em meio a um período de transição entre o regime militar e a redemocratização brasileira.

Mas por que foi dito, no começo, que "hoje é um dia especial", sendo que a comemoração foi ontem, dia 02 de dezembro? Pois bem, assim como é falado em várias datas importantes (e considerado, por muitos, como um clichê), pode-se dizer que o dia das Relações Públicas é todo dia! E isso sem supervalorizar a profissão, nem menosprezá-la, mas sim colocá-la na sua devida importância e valorizar as funções e o trabalho realizado.

Aliás, neste ano de 2012, o Dia das Relações Públicas foi comemorado num domingo, e isso foi um desafio, pelo menos no campo de divulgação. Por que? Segundo dados da Scup, o primeiro dia da semana possui um dos mais baixos índices de porcentagens de postagens e comentários na rede social Facebook e é um dia em que, geralmente, muitas pessoas deixam de acessar as redes por um tempo maior.

Porém, o relações-públicas possui esta capacidade de gerenciar informações e de propagar ideias com um olhar diferenciado e apto e envolver, mesmo num dia, teoricamente, "difícil" de se comunicar algo pelas mídias sociais.

Por isso, esse profissional merece comemorar muito nesse dia - ou melhor, nessa semana - e refletir sobre em que pontos precisa melhorar sua atuação e sua vivência na área comunicacional, descondicionando o olhar unidirecional e voltando-se para as mais diversas subáreas da Comunicação e para as outras áreas do Conhecimento que se relacionam com a profissão, a fim de tornar o profissional mais completo.

PARABÉNS a nós, relações-públicas! Esta é a homenagem (e o incentivo) do blog RPitacos, desde junho de 2010 RPensando o mundo!


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Ai não, é pra falar em público?

Por Suelen Nina Kanashiro*

Você, profissional de Relações Públicas, que consegue trabalhar e lidar com diversos aspectos da profissão sendo identificador, conector, estrategista, mediador, agregador e pacificador; já se viu deparado com a seguinte situação: 

- “Você poderia fazer uma apresentação em público, por favor?
- Ai não, é pra falar em público?” 


Se sim, saiba que você não é o único! E ainda, se depois de deparado com tal proposta, você já pensou:

- “Vou ficar nervoso, começar a gaguejar e infartar!” 

Saiba que você continua não sendo o único!

Os comunicadores têm perfis muito diferentes, e ao contrário do que a maioria imagina, não são todos que possuem desenvoltura nata para se expor a esses tipos de situação.

Porém, apesar de parecer difícil, não é! Falar em público é um exercício que quanto mais você praticar, mais aperfeiçoado se tornará.

As primeiras apresentações que fizer sempre serão complicadas. Muitas ou poucas pessoas te olhando e criando uma expectativa em cima do que você lhes fornecerá de informação. Mas acredite, isso é normal! E com o tempo, só melhorará! E a melhora será alcançada através da prática e da observação.

Em relação a isso, aí vão algumas dicas:

1. Tenha domínio do que vai falar. Estude, revise, memorize.

2. Na hora do nervoso, não confie totalmente na sua memória. Leve sempre um roteiro junto com você.

3. Utilize linguagem correta sempre.

4. Saiba quem é seu público, para que sua fala se encaixe a ele.

5. Utilize slides e vídeos. Esses recursos prendem a atenção do público, facilitando a sua vida de apresentador.

6. Utilize o humor. Além de reter a atenção, tornará a apresentação mais leve. Porém, um alerta! Não force esse humor para não perder a credibilidade.

7. Goste do que você vai apresentar. Se você próprio não gostar, como o público será conquistado?

E a última dica, que acredito ser a primordial, é: seja natural! Apesar de haver aspectos técnicos que podem ser estudados e seguidos, cada um tem uma maneira de expor ideias e fazer apresentações em público. Jamais tente ser igual ao outro, seja você mesmo! Pois sendo espontâneo, conquistará um espaço só seu e que ninguém tirará!

Referências:



*Suelen Nina Kanashiro é aluna do 3º ano de Relações Públicas da Unesp Bauru. Foi apresentadora do projeto “McOferta do dia: Potencial humano e o poder da marca”, que conquistou o 3º lugar no Prêmio Universitário Aberje 2012 e do paper “RPjr – Empresa Júnior de Relações Públicas" no XIX Prêmio Expocom 2012 – Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação. Foi intercambista bolsista do IFIE – Ishikawa Foundation for Internacional Exchange /Japão. 
Foi Diretora de Relações Comerciais da RPjr – Empresa Júnior de Relações Públicas da Unesp Bauru, Bolsista do Projeto de Extensão Unati - Universidade Aberta a Terceira Idade, e membro da comissão organizadora do II Desafio Hora Extra – Transforme seu tempo em desafio.


E você, quer escrever também um post para o RPitacos? Faça como a Suelen: se você tem um texto interessante, uma reflexão, provocação ou análise de algo pertinente à comunicação, é só mandar para o e-mail do blog.
É importante ressaltar que os textos passarão por uma avaliação dos membros do blog, antes de serem ou não aprovados, e serão publicados de acordo com a periodicidade do RPitacos.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Ação e comportamento do consumidor - O caso Seu Jorge

Por Maíra Masiero

Recentemente, o cantor Seu Jorge postou um vídeo no seu perfil oficial justificando o cancelamento de uma apresentação que ele faria no Rio de Janeiro no dia 27 de novembro. Em menos de 2 minutos, o cantor culpou a empresa TAM Linhas Aéreas pelos problemas causados e pelo descaso no tratamento neste caso. De acordo com o Portal Exame, o avião do voo JJ3960 teve problemas e riscos de cair, e teria que pousar de forma emergencial. Mesmo com esse imprevisto, o comandante teve que voltar para São Paulo, por conta de não haver espaço no solo no Rio de Janeiro, e, assim, o show na capital carioca foi cancelado.



A grande insatisfação do cantor é pelo fato de, segundo ele, nunca ter atrasado ou cancelado uma apresentação em sua carreira e, ao fim do vídeo, é visível a sua indignação com a companhia, isentando o comandante e a tripulação, impecáveis na opinião do cantor: “Infelizmente a TAM é uma companhia de quinta, de péssima qualidade. E eu infelizmente tenho que trazer essa notícia triste pra vocês”. Dos 52 comentários do vídeo (dado atualizado até às 13h00 do dia 29/11/2012), 23 elogiaram a atitude de Seu Jorge em esclarecer o público (e ainda confirmam erros da TAM em outros vôos)

Talvez seja mais evidente esta reclamação contra uma empresa/organização (no caso, a TAM) porque partiu de uma pessoa célebre, porém o comportamento do consumidor passou por modificações importantes nos últimos anos, principalmente após a popularização das mídias sociais, e isto relaciona-se com o Marketing 3.0, explicada por Kotler (2010), citado por Mirelle Monique de Oliveira Fernandes, Paulo Roberto Alves e William Roberto Dondas no artigo Marketing e o conceito de ética: principais implicações no ambiente empresarial (2012, p. 93):

"A nova fase do Marketing, a qual Kotler chamou de Marketing 3.0, surge em decorrência dos grandes avanços tecnológicos recentes, que chamamos de 'nova onda de tecnologia'. Essa tecnologia permite que indivíduos criem e consumam suas próprias notícias. Dessa forma, os consumidores tornam–se participativos, tendo poder de exercer influência sobre outros consumidores (KOTLER, 2010).
Um bom exemplo dessa nova tecnologia são as mídias sociais (Blogs, Facebook, Twitter, etc.). A maioria dos Blogs, ou comentários no Twitter é pessoal. As pessoas compartilham suas ideias e opiniões umas com as outras, sobre qualquer tipo de assunto.
Se por acaso uma pessoa faz um comentário ruim sobre um produto ou serviço, ela pode influenciar seus leitores a pensar da mesma maneira. À medida que as mídias sociais se tornarem mais expressivas - um maior número de consumidores poderá influenciar outros consumidores com suas opiniões (KOTLER, 2010)."

Nesse caso de Seu Jorge, podem ser aplicados esses conceitos, pois houve a "produção" de uma notícia, pelo perfil do cantor na rede, e outras pessoas se manifestaram sobre problemas semelhantes ocorridos com a companhia aérea. Além disso, o perfil relevante do cantor pode, numa visão hipotética, contribuir para que  outras pessoas não viajem de avião pela TAM.

O Portal G1 divulgou um esclarecimento da empresa acerca do voo em que estava Seu Jorge: as pessoas que  permaneceram no avião seguiram para o destino final da viagem por volta da 0h30 e o desembarque se realizou no aeroporto do Galeão, pois o Santos Dumont já estava fechado. Ainda segundo a TAM, “A companhia lamenta os transtornos experimentados pelos clientes e ressalta que em nenhum momento houve risco à segurança do voo”.

O que pode-se tirar como reflexão e ensinamento desse episódio é que, famoso ou não, o consumidor se utiliza a cada dia mais dos meios digitais para fazer valer suas reclamações e seus direitos, e é necessário tomar o maior cuidado possível para preservar a imagem da empresa de maneira igualitária, seja em relação a celebridades ou a desconhecidos.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Relações Públicas e Turismo - Ações de comunicação não tem férias

Por Maíra Masiero

Quando o mês de novembro termina, muitas pessoas começam a entrar no clima de férias (ou de folgas, especialmente nas semanas do Natal e do Ano Novo) e as viagens (tanto nacionais como internacionais) costumam ser mais frequentes. Enquanto muitos descansam da rotina de trabalho, comunicólogos passam esse tempo, além de também descansar, promovendo ações para aumentar o número de turistas em seus países e, consequentemente, divulgar a imagem positiva e os produtos típicos, propiciando, assim, um maior giro na economia local.

Mas o que as áreas de Relações Públicas e de Turismo tem em comum? E como elas podem se interligar? Quem faz um esboço sobre a resposta desta pergunta são as autoras Helaine Abreu Rosa e Mary Sandra Guerra Ashton no artigo Relações Públicas e Turismo: uma reflexão sobre Comunicação e Pós-Modernidade, pertencente ao livro História das relações públicas: fragmentos da memória de uma 
área, organizado por Cláudia Peixoto de Moura (2008, pp. 454-455):

"O compartilhar das experiências, enquanto vividas, no momento em que são vividas, constitui-se em elemento que merece atenção quanto ao Turismo e às Relações Públicas. Na medida em que as pessoas sentem-se motivadas ao “estar junto”, forma-se a cadeia de atração de público aos pontos turísticos, promove-se a necessidade do deslocamento. O comungar do que é vivido, no instante em que é vivido, é que desperta a curiosidade e o desejo de experimentar junto e, ao mesmo tempo, que/com os outros, reforçando o encontro descrito pela atividade turística, assim como o relacionamento organizacional com os públicos constitutivos que é o objeto das Relações Publicas.
[...]
O compartilhar das experiências observado no Turismo pode agir como elemento formador da socialidade e, portanto, motor dos deslocamentos humanos em busca do outro (lugar). A ação é voltada para o presente, para o instante em que é vivido, exaltando unicamente o que é vivido em comum, compartilhado. O comungar da experiência se transforma no fator da atratividade turística, assim como nas Relações Públicas a ideia de socialidade pode ser inferida pela compreensão mútua, sua base conceitual."


Mas como atrair as pessoas a saírem de seus países para conhecerem outros lugares e terem experiências a compartilhar, de acordo com as autoras? Por exemplo, o Canadá mostra uma ação interessante para esta finalidade. Numa parceria com uma atividade colaborativa, com mais de 8000 participações e muitas fotos compartilhadas de canadenses, a Comissão de Turismo do país idealizou o projeto 35milliondirectors, com a divulgação de um vídeo com as melhores participações (e com premiação para os vencedores), cujo objetivo é atrair os visitantes de todo o mundo a conhecerem o Canadá e seus pontos mais belos em apenas 2 minutos.



Outro exemplo internacional de estratégias comunicacionais para alavancar o turismo localiza-se na América do Sul. O Peru lançou sua Marca em março de 2011, a fim de unificar as ações de divulgação e valorização do país, indo, entretanto, além do simples incentivo ao turismo: segundo o Ministro de Comércio Exterior e Turismo, Eduardo Ferreyros, foram erguidos três pilares para se consolidar esta Marca: turismo, exportação e investimento.

A Marca Peru tem um site específico em Português, no qual são mostrados alguns vídeos de divulgação da ideia, informações sobre a campanha e sobre o making-off das apresentações, além de links para sites que contenham dados a respeito dos três pilares anteriormente citados e para a representação da marcas nas mídias sociais: Twitter, Facebook e Youtube.

Por exemplo, na fanpage da marca-país no Facebook, são mostradas notícias positivas a respeito do país (as mais recentes são o título Sul-Americano Infanto-Juvenil de Vôlei, vencendo o Brasil, e a indicação de um filme local para concorrer a uma vaga no Oscar), além de pontos turísticos locais, gastronomia, divulgação de eventos (como o Rally Dakar, que acontece em janeiro), entre outros conteúdos.

O mais interessante é que o vídeo de apresentação da Marca é dublado para cada idioma (Português, Inglês, Alemão, Francês, Espanhol e Chinês). A cena mostra o ano de 2032, quando um personagem recebe, em pen drive, um vídeo seu de vinte anos atrás, mostrando uma viagem feita ao Peru. No fim do vídeo, ele convida sua esposa para visitar o país para compartilhar as experiências que o personagem fez quando ainda era jovem.



E é nesse "compartilhar" de informações e de experiências que vive o cenário (no caso, o nacional) turístico, juntamente com o comunicacional e, proporcionalmente, o financeiro, já que, com uma maior quantidade de visitantes, há uma maior quantidade de gastos no comércio local e, assim, uma maior fluxo na economia.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Publicidade jogando como música para atrair o consumidor

Provavelmente, muitas pessoas que vão começar a ler este post agora estão com alguma música tocando ao fundo, seja com o rádio ligado, seja nos computadores, notebooks ou em outros dispositivos móveis. Quando são realizados trabalhos (profissionais ou de faculdade), é muito certo que algum som possa ser escutado durante esta atividade, nem que seja no volume mínimo, para inspirar ou auxiliar na concentração. Mas, e se o mundo não tivesse música, ou quem a produz?



Detalhe: o vídeo fala também de músicas com direitos autorais no Youtube, mas o foco desta postagem é ilustrado nos primeiros minutos do vídeo.

Na última quinta-feira, dia 22 de novembro, foi comemorado o Dia do Músico e, consequentemente, da Música. Essa data surgiu por uma história da tradição católica: Santa Cecília, comemorada nesta mesma data e considerada a padroeira dos músicos, teve uma história interessante, relacionada com a música, conforme mostra o site PortoWeb:

"Cecília foi presa ao enterrar o corpo do cunhado e do marido. Como era muito popular em Roma, por sua ajuda aos pobres, foi decidido que ela seria morta em sua casa, para evitar protestos. Prenderam-na em um quarto de banhos quentes, para que morresse asfixiada. Mas o que aconteceu surpreendeu a todos e valeu a Cecília o título de padroeira dos músicos. Durante três dias e três noites Cecília ficou entoando cantos de louvor a Deus. Intrigados com tamanha resistência, os algozes a tiraram de lá para degolá-la. Por três vezes a tentativa do algoz falhou e ela foi deixada para morrer agonizando, já que pela lei romana esse era o número máximo de vezes em que se poderia tentar a degola. Cecília perdeu as cordas vocais e levou ainda um tempo para morrer, mas seus cânticos ainda podiam ser ouvidos."

No campo comunicacional, é quase inegável a importância da música para as mais variáveis finalidades. Este post de hoje vai mostrar um dos mais importantes focos: a publicidade. Para convencer o consumidor a adquirir algum produto específico, no contexto contemporâneo, não basta somente elencar os seus atributos  fundamentais, mas também conquistar o consumidor e atrai-lo para a sua marca ou linha de produtos, por meio de elementos sensoriais e impactantes. Com isso, a música, bem utilizada, se torna uma essencial ferramenta para aquela finalidade.

Paulo Ribeiro Cardoso, Nelson Gomes e Elsa Simões Lucas Freitas, no artigo O papel da música nos anúncios publicitários de televisão: uso estratégico e impacto no consumidor (2010, p.11-35), mostram como a música interfere no comportamento do consumidor e como cada tipologia musical é escolhida de acordo com cada produto a ser anunciado. 

Um aspecto a que os autores chamam a atenção é de que forma a música pode ser inserida na propaganda: se ela é feita exclusivamente para este fim ou se já é uma composição existente; se ela ficará apenas compondo o que se chama de "música de fundo" ou se será algo relevante para o comercial. Para ilustrar estas quatro vertentes da localização da música na publicidade, nada mais justo do que quatro propagandas, uma para cada.

A música "Pipoca com Guaraná", da campanha do Guaraná Antártica de 1991, se tornou um dos jingles mais famosos da propaganda brasileira, conquistando vários prêmios e um resultado imediato no que se refere às vendas do refrigerante.

Uma composição já existente, e que faz parte de uma propaganda lançada no mês de novembro de 2012, é a música "Vamos Fugir", interpretada originalmente por Gilberto Gil e regravada por bandas como Skank e Planta & Raiz. Para a campanha da agência de viagens CVC, que abre a temporada de férias, o cantor Seu Jorge foi escolhido para emprestar a sua voz à canção.

Já a propaganda da Caixa Econômica Federal sobre o crédito com pausa possui uma música, porém esta compõe o "fundo" do comercial, para dar mais ênfase ao conteúdo que se deseja passar. É uma melodia harmoniosa, que expressa, ao mesmo tempo, o nervosismo de quem precisa equilibrar as contas depois de exagerar nos gastos (ou de um imprevisto) e o alívio de quem pode adiar uma parcela do empréstimo. O sinal sonoro que representa a Caixa aparece em acordes lentos, bem no final da propaganda.

Por fim, uma música que se tornou muito relevante (e, na visão de algumas pessoas, irritante) e que ilustrou a propaganda da Nissan em 2011 é a composição "Pôneis Malditos". Graças ao ritmo e a capacidade da música não sair da mente de muitos, a montadora teve um aumento considerável nas vendas da linha Frontier e também teve problemas com o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) por fazer associação de figuras do cenário infantl com a palavra "malditos". E é com esse comercial que encerra-se o post.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Fiscalização é tabu no Brasil. Mas isto tem que mudar!

Por Manoel Marcondes Neto

Compro a briga do tema espinhoso, na torcida de que a bola levantada renda um vôlei com tiebreak disputado.

Não que se deva defender a nossa incapacidade de fiscalizar, no Conrerp, na Anvisa, na Anac, no Cremerj, na Anatel, no Crea, na Aneel, na OAB, na Agetransp etc. etc. etc., mas saber que isto é um traço cultural arraigado e, quase já, um traço institucional.

Reconhecer o mal é o primeiro passo para se receitar um antídoto.

Quando foi a última vez que você ouviu alguém dizendo querer ser fiscal?

Talvez não tenha sido há tanto tempo assim... eu, por exemplo, ouvi, ainda semana passada, de um ex-colega de turma de pós-graduação, que estava dedicando todo o ano de 2012 a estudar para um concurso público.

Quando perguntei qual concurso? Para onde? Para quê? – ele respondeu-me de bate-pronto, sem pestanejar: “qualquer um; fiscal do tesouro nacional, fiscal de ICMS, fiscal da fazenda municipal...”.

Ocupação? Concurseiro!

Pois é com esses perfis que se forma a maioria das equipes de fiscalização no Brasil. E é por esse ingresso de “qualquer um” que quase nada é fiscalizado corretamente no país. Há exceções. Mas as exceções confirmam as regras.

As pessoas estão muito interessadas no salário, nos benefícios e na aposentadoria. E nada interessadas com o que terão que fazer quotidianamente por trinta e cinco anos para fazer jus ao salário, aos benefícios e à aposentadoria.

E elas também não estão nem um pouco preocupadas se tais funções exigem esta ou aquela formação, esta ou aquela aptidão, este ou aquele pendor, habilidades “x”, competências “y”, riscos, responsabilidades. Nada disso. Só a posição e a remuneração.

“Estabilidade”.

Essas pessoas querem fazer o seu concurso e se largar na tal da “estabilidade”. A maioria de meus colegas de universidade pública, aliás, não usa a estabilidade para ter a liberdade de criticar o quê seja ou quem quer que seja. Usam-na para trabalhar o menos possível. Ouve-se:

– Que se dane o país, que eu já defendi o meu! Quem quiser que corra atrás nesse Brasil de corruptos! Não sou polícia!

Ou:

– Fiscalizar a empresa que está poluindo, que está vendendo sem faturar formalmente, ou recebendo “por fora”, caixa 2, ou que desrespeita a legislação trabalhista para quê, "meu irmão"? É tudo bandido! Se você não “abrir o teu olho” acaba numa vala com a boca cheia de formiga...

Vamos relembrar o recente episódio do desabamento do edifício no Rio de Janeiro... e suas vítimas fatais... De quem era a responsabilidade? Do síndico? Dos proprietários ou dos locadores? Dos arquitetos? Das empreiteiras das reformas individuais? Ou da CIPA, da brigada da segurança? – Ah, vamos derrubar esta parede e fazer um salão mais amplo, com mais posições no call center... Deu no que deu. Mortes, perdas irreparáveis. De vidas, de negócios, de documentos, de histórias. Quantos anos serão consumidos em burocracia? E em procrastinação jurídica? Será só uma questão de receber indenização do seguro? E quem não fez seguro, faz o quê?

Ninguém é culpado?

É preciso mudar. E trata-se de uma mudança difícil, pois que mudança do tipo “cultural”. Mudanças culturais são demoradas e trabalhosas, mas têm que começar algum dia e por alguém. Comecemos nós, relações-públicas, a mudar a cultura da nossa própria fiscalização, no nosso mundinho restrito, cuidando da melhor comunicação institucional possível, ao alcance de pessoas e organizações necessitadas de divulgação.

Somos os profissionais a quem a lei delega bem realizar essa tarefa, com responsabilidade técnica, tida não de graça, mas às custas de uma formação que nos consumiu anos de dedicação, investimento e energia vital. Coloquemos mãos à obra, pois. Se começarmos agora a implementar uma mudança de cultura, talvez já a próxima geração de colegas colha os frutos de viver em uma terra menos tosca, mais inteligente, menos bruta e mais feliz.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

RPrestigiando - Cartuns no cenário atual: tema do X Encontro de Relações Públicas


Por Maíra Masiero

Este release foi concebido pela Comissão Organizadora do X Encontro de Relações Públicas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, e todos os dados disponibilizados são de responsabilidade de seus autores. O RPitacos divulga este evento para que a profissão de Relações Públicas seja cada dia mais valorizada e respeitada, em seu saber científico.

Será realizado na Escola de Comunicações e Artes, no dia 26 de novembro, das 8h30 às 22h, a décima edição do Encontro de Relações Públicas, com o nome de ECArtum. O evento terá como tema a comunicação visual. As inscrições poderão ser realizadas via e-mail e devem conter o nome completo, RG e a instituição de ensino do interessado. A entrada será cobrada mediante a apresentação de 1 kg de alimento não perecível.

Em tempos de crescente rapidez e aceleração do modo de vida da sociedade em geral, dos consumidores e das empresas, a comunicação visual, como a linguagem dos cartuns e histórias em quadrinhos, ganha destaque e relevância nas novas relações.

Por meio de mesas-redondas, bate papos, palestras, exposições e oficinas de criação, os alunos do segundo período de Relações Públicas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo realizam um encontro para debater sobre a linguagem do cartum, seu papel na construção da história brasileira e nas narrativas empresariais.

Os principais temas abordados serão: “O desenho da sociedade brasileira”, “Cartum crítica: a história desenhada”, “A história da história em quadrinhos” e “Desenhando a história da empresa”, além da realização de uma oficina de construção de cartuns, de um bate-papo com o cartunista Laerte Coutinho e da exposição de cartuns de Waldomiro Carvas.

O evento contará com a presença de cartunistas, pesquisadores e profissionais da área da comunicação que abordarão os cartuns sob diferentes maneiras, e com a apresentação do Coral USP.

O que: X Encontro de Relações Públicas (ECArtum)
Quando: 26 de novembro
Quanto: 1kg de alimentos não perecível
Onde: Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP)
Endereço: Rua Lúcio Martins Rodrigues, 443, Cidade Universitária Armando Sales de Oliveira
Inscrições: ecartumevento@gmail.com

Maiores informações sobre o encontro podem ser vistas também no evento e na fanpage do ECArtum no Facebook.

sábado, 10 de novembro de 2012

Yes, we can! - Estratégias de comunicação dos presidenciáveis americanos

Por Maíra Masiero

As eleições presidenciais americanas sempre chamam a atenção do mundo inteiro, não só pela incontestável importância do país para os destinos de muitos países, mas pelas iniciativas de campanha eleitoral que costumam ser exemplos para outras eleições ao redor do mundo. Como exemplo, o pleito de 2008 e a campanha online feita por Barack Obama - eleito o primeiro presidente negro da História americana -, foram temas de discussões sobre como estas estratégias poderiam ser aplicadas no Brasil. Um desses textos é o artigo Podemos ter um(a) nov@ Obama? Perspectivas para o uso da internet no próximo pleito eleitoral brasileiro, de Sérgio Braga (2010, p. 15-16):

"O fato é que, quaisquer que sejam os obstáculos postos à reprodução de uma campanha eleitoral à la Obama nas próximas eleições brasileiras, a maior parte dos atores políticos mais relevantes que participarão desse pleito já estão adotando a internet como uma importante ferramenta de campanha antes mesmo de iniciado formalmente o período estipulado pela justiça eleitoral.
(...)
A meu ver, a relutância de muitos analistas em admitir as contribuições trazidas pela internet nas próximas eleições brasileiras deve-se em grande parte ao fato de trabalharem com parâmetros excessivamente estreitos para avaliarem sua importância efetiva no próximo pleito. Afinal, se é pouco provável que se reproduza no curto prazo o padrão de campanha via web utilizado por Obama nos EUA, isso não quer dizer que as novas tecnologias não agreguem valor às campanhas eleitorais e sejam meras reproduções de antigas mídias existentes fora do espaço virtual."

Pensando nesta repercussão considerável das eleições americanas de 2008, como os políticos se utilizaram das mídias sociais em 2012 para angariar votos e incentivar seus eleitores e simpatizantes? É o que o RPitacos mostra neste post, analisando sucintamente os principais meios eletrônicos utilizados pelos dois candidatos à Casa Branca neste úlitmo período eleitoral.

O oposicionista Mitt Romney utilizou-se do Facebook, com uma página "curtida" por mais de 12 milhões de pessoas, para mostrar suas propostas e para tentar convencer os eleitores que não seriam necessários mais quatro anos de governo de Barack Obama (tradução da frase do texto e foto ao lado: "A taxa de desemprego é maior hoje do que era quando o presidente Barack Obama tomou posse. Triste lembrança de que a economia está em uma paralisação virtual. / A América não pode pagar mais quatro anos do presidente Obama. Nós precisamos de uma recuperação real").

Além disso, são disponibilizados aplicativos para pedir doação à campanha, uma espécie de comitê virtual, algumas formas de seguir os resultados da eleição e tentativas de interatividade para com o público, por meio de fotos específicas de apoio ao candidato.

Porém, há um problema em relação ao site oficial de campanha. Quando o endereço foi aberto no dia 10 de novembro, após o término da campanha, os conteúdos tinham sumido e aparecia a seguinte frase (tradução nossa): "Eu ainda acredito nas pessoas da América. Assim, Ann e eu juntar-se com você para orar fervorosamente para que esta grande nação.Obrigada, e que Deus abençoe a América.". O único link ativo é o da loja de produtos promocionais do candidato, com bonés, camisetas, adesivos, pulseiras, buttoms, entre outros acessórios.

Já o candidato à reeleição (e, posteriormente, vencedor das eleições) Barack Obama lançou uma fanpage no Facebook destinada somente à sua campanha, separando-a da página da Casa Branca, sede do Governo americano. Mais de 33 milhões de pessoas já curtiram a página, o que a faz ser mais popular do que muitas marcas reconhecidas mundialmente, como Nike (11 milhões de pessoas) e, Adidas (9 milhões e meio de pessoas). A página possui aplicativos para doação de campanha, link para uma loja online


Na página de sua candidatura, Obama também mostra fotos dos eventos por todo o país, declarações de pessoas famosas (como a cantora Beyoncé e o ex-presidente Bill Clinton) e comparações entre o candidato e seu oponente, Mitt Romney. Além disso, depois da eleição, uma foto de Obama com sua esposa Michelle e três simples palavras ("Four more years") foram responsáveis por uma das publicações mais "curtidas" da história do Facebook: mais de 4 milhões de usuários aprovaram a cena.

Aliás, nos dois perfis dos candidatos, são poucas as postagens que não possuem uma foto ou vídeo em conjunto com um pequeno texto, demonstrando que é válida a estratégia de engajar os eleitores/usuários do Facebook por meio de plataformas multimídia.

O site de campanha possui um layout limpo, com um destaque nas cores azul e branco, símbolos da campanha presidencial de Obama. Além de reproduzir algumas fotos disponíveis também no Facebook, há a atualização periódica de argumentos para convencer os eleitores a votarem (já que o voto é facultativo nos Estados Unidos) e a escolherem o atual presidente para a reeleição.

Com isso, pode-se perguntar: estas campanhas podem ensinar algo para os prováveis presidenciáveis de 2014 no Brasil? Independente das diferenças entre as legislações eleitorais americana e brasileira, o que os presidenciáveis americanos (e suas equipes de comunicação) ensinam é em relação à periodicidade das postagens nas redes sociais - buscando o equilíbrio entre o abandono e o excesso de postagens - e à forma com que foram feitos os "ataques" de um contra o outro (baseando-se em fatos e em dados). É necessário cuidado e prudência em toda campanha eleitoral, ainda mais nas mídias sociais, e as eleições americanas, entre erros e acertos, poderão ser, mais uma vez, modelos para os presidenciáveis brasileiros daqui a dois anos. 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Marketing de oportunidade e solidariedade - Parceria que dá certo?

Por Maíra Masiero

Quando uma pessoa, família, comunidade ou até um país inteiro sofre as consequências de uma tragédia (natural ou provocada), toda forma de ajuda é bem-vinda, e as empresas, muitas vezes presentes em todos os dias normais de uma sociedade, possuem também uma responsabilidade de ajudar, de certa forma, as pessoas nestes momentos, realizando até mesmo o que o poder público não consegue atender de imediato. Porém, corre-se o risco de se ter uma auto-promoção da marca ou instituição, sobressaindo-se ao ato de solidariedade e à necessidade das pessoas atingidas. Como lidar com essa situação?

Realmente, há uma linha tênue entre ser oportunista diante de uma situação delicada e ser solidário para ajudar as pessoas, mostrando a marca sem se promover demais diante das tragédias humanas. Alguns exemplos demonstram como realizar a solidariedade e, ao mesmo tempo e com equilíbrio, divulgar os pontos positivos do produto.

Um dos mais recentes casos aconteceu durante o furacão Sandy, que atingiu países do Caribe e, de forma mais avassaladora, os estados de Nova York e Nova Jersey, nos Estados Unidos, causando mortes, alagamentos em vários pontos das cidades e demais transtornos. A empresa Duracell aproveitou a oportunidade que, infelizmente, surgiu para ajudar as pessoas a se comunicarem com os familiares que moram em outras cidades ou países.

Segundo informações do Portal Exame, a marca disponibilizou dois veículos para levar energia elétrica para as vítimas deste desastre natural e, além de disponibilizarem recargas para os celulares, os carros possuem computadores com acesso à Internet para que as pessoas possam enviar notícias. Como ação on-line, a fanpage da marca no Facebook divulga os lugares em que os carros estão presentes. A empresa também abriu os escritórios para que os colaboradores tomem banho e carreguem seus telefones. Um vídeo que mostra algumas ações da empresa está disponível a seguir.



Realizar uma ação de "marketing de oportunidade" em momentos delicados como esse não acontece somente nos dias atuais. Em 2005, a rede de supermercados Walmart atuou durante e após a passagem do furacão Katrina pela cidade de Nova Orleans (Estados Unidos), oferecendo água e alimentos aos habitantes do local antes mesmo dos órgãos governamentais. Em meio a um ano de escândalos na empresa, este ponto de luz

E esse tipo de marketing vale também para as pessoas públicas. Recentemente, em julho de 2012, o ator Brad Pitt, por meio da ONG Make it Right, inaugurou um sobrado para duas famílias que perderam sua moradia com o furacão Katrina. A casa foi projetada por um dos mais reconhecidos e premiados arquitetos do mundo: o canadense Frank Gehry.

O que se pode entender destas situações é a necessidade (e até a obrigatoriedade) das empresas e instituições se fazerem presentes na vida da comunidade não só nos momentos bons, mas também nos de angústia e tristeza. Porém, é prudente haver um equilíbrio e não deixar que o nome da empresa supere a situação delicada, mas que fique no mesmo patamar, a fim de valorizar a iniciativa feita, sem perder o foco principal, que é a responsabilidade com os públicos em geral.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

RPrestigiando - Evento debate comunicação na era do espetáculo

Por Maíra Masiero

Atendendo ao pedido do professor Marcelo da Silva, Doutorando em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Bernardo do Campo e coordenador do curso de Relações Públicas da Universidade Sagrado Coração (USC), o blog RPitacos divulga o release do Comsetur 2012 como forma de incentivar a concepção de eventos na área de Comunicação. Lembramos que este blog não possui nenhum vínculo de organização com o evento apresentado.

O Comsetur 2012 – Encontro dos Cursos de Comunicação da Universidade Sagrado Coração (USC) será realizado de 6 a 8 de novembro, no campus da instituição a partir das 19 horas.

O Comsetur ocorre a cada dois anos e é organizado pelos cursos de Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e Propaganda da USC. Na edição deste ano, o evento debate o tema “Comunicação em crise na era do espetáculo”.

O assunto é o tema da palestra de abertura do professor e jornalista Wilson da Costa Bueno, do Programa de Pós-Graduação da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), um dos mais respeitados pesquisadores da área de comunicação organizacional e autor de vários livros, como “Comunicação Empresarial – Políticas e estratégias” (Editora Saraiva). A palestra será no dia 6 de novembro, às 19 horas, no Teatro Veritas.

No dia 7, sempre às 19 horas, serão realizadas as palestras “Fotografia e Literatura - Um diálogo (mais que) possível”, com o jornalista João Correia Filho; “Dicas para começar, para continuar e para não sair do mercado”, com Erick Rosa; e “#idademídia”, com Gisele Lorenzetti.

Erick Rosa é diretor de criação da JW Thompson - São Paulo e foi diretor executivo de criação da Leo Burnett Lisboa, que ganhou 11 leões no Festival de Publicidade de Cannes.

Gisele Lorenzetti é relações públicas, pós-graduada em Administração de Empresas e ex-professora de Planejamento em Relações Públicas da Faculdade Cásper Líbero. Atualmente, dirige a LVBA Comunicação, considerada a maior agência de relações públicas e comunicação empresarial da América do Sul, com 36 anos de atuação no mercado.

No dia 8, às 19 horas, serão realizados “Debate sobre as mídias e suas evoluções”, com Carlos Agra, gerente comercial da TV Tem – Bauru; a palestra “Os desafios da fotografia na era digital, com Douglas Mansur, repórter fotográfico e diretor da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado de São Paulo (ARFOC-SP); e a mesa-redonda “Conversas com egressos de Relações Públicas no mercado”.

Paralelo à programação de palestras e mesas-redondas, serão realizadas as oficinas “Jornalismo Cultural: da teoria à prática”, com Mariana Pícaro Cerigatto, repórter da editoria de Cultura do Jornal da Cidade; “Como produzir conteúdo para ambientes digitais”, com Larissa Faria, redatora em web da Editora Alto Astral; “O Audiovisual na prática: Produção de VT Publicitário” e “O Audiovisual na prática - Videocast”, com a equipe da Polvo Produtora.

As inscrições para o Comsetur 2012 estão abertas e podem ser feitas até o dia 5 de novembro, segunda-feira, pelo site http://www.usc.br/eventos_usc/comsetur2012/, onde é possível, também, obter a programação completa do evento.

Contatos: marcelo.silva@usc.brvitor.brumatti@usc.br; daniela.bochembuzo@usc.br 

Relações Públicas: mais que comunicação, Administração

Por Manoel Marcondes Neto

Aos errepês e amigos das RRPP: está lançado o "Manifesto Sincrético: Relações Públicas e Administração" - concebido em Salvador, Bahia, no dia 28 de outubro de 2012. Visite o endereço da causa, a seguir. Se concordar, faça sua adesão; curtindo, comentando e compartilhando. Toda chuva começa com uma primeira gota. A depender de mim, aqui está o primeiro pingo:

Veja abaixo a segunda versão do manifesto na íntegra, (a primeira está no blog RRPP):

"MANIFESTO SINCRÉTICO: RELAÇÕES PÚBLICAS E ADMINISTRAÇÃO
SALVADOR, BAHIA, 28 DE OUTUBRO DE 2012
VERSÃO 2

(Novas versões, eventualmente, poderão ser editadas no sentido de enriquecer o presente manifesto – nunca em termos de mudança de propósitos. Todas permanecerão publicadas para verificação a qualquer tempo).

A partir de um convite para participar do III Congresso Brasileiro de Administração, realizado a 25, 26 e 27 de outubro, em Salvador, Bahia, sob a organização da Faculdade Mauricio de Nassau e do Conselho Regional de Administração – apresentando a palestra “Transparência como valor central da governança corporativa: uma abordagem de relações públicas” – amalgamaram-se reflexões passadas, sentimentos presentes e uma visão de futuro em torno de uma aproximação radical das Relações Públicas à Administração.

Relações Públicas: mais que comunicação, Administração.

Um retorno às origens, na verdade, pois que até a efetiva operação do Sistema Conferp-Conrerp (1970), profissionais relações-públicas registravam-se no Conselho Regional de Técnicos de Administração (CRTA), antecessor do atual Sistema CFA-CRA.

Antecedentes

Em 1951 a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) criou o primeiro departamento de Relações Públicas de uma organização brasileira, já que o pioneiro setor no país, de 1914, fora criado no âmbito de uma multinacional canadense, a Light Power & Co., sob Eduardo Pinheiro Lobo, engenheiro de formação (sua data de nascimento, 2 de dezembro, é, aliás, a data oficial da profissão no Brasil).

Em 1954 a EBAP (Escola Brasileira de Administração Pública) da Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro, formava uma primeira turma em Relações Públicas a partir de curso ministrado pelo especialista estadunidense Eric Carlson.

Também em 1954 surgia a Associação Brasileira de Relações Públicas, associação que forneceu as bases institucionais e organizativas para a criação do Sistema Conferp-Conrerp.

Em 1967, pela Lei 5.377, é regulamentada a profissão de relações-públicas no país. Após dois anos de concessão de registros profissionais “provisionados” aos comprovadamente praticantes de então, o registro passou a ser exclusivo dos bacharéis em Relações Públicas.

Em 1969 é criado o Sistema Conferp-Conrerp, autarquia federal de fiscalização profissional e regulação das atividades relativas à comunicação institucional no país, atividade privativa de relações-públicas – objeto, segundo a legislação, de ação que exige “Responsabilidade Técnica” (RT).

Dois livros-texto da pioneira graduação em Relações Públicas faziam parte da Biblioteca Pioneira de Administração e Negócios: “Relações Públicas: princípios, casos e problemas”, de Bertrand Canfield (1960) e “Relações Públicas nas empresas modernas”, de José Roberto Whitaker Penteado (1962).

Ambiente

Governança Corporativa [novo conceito - central na gestão de organizações empresariais, estatais e também do terceiro setor, hoje - surgido no contexto do mercado de ações, nos Estados Unidos, introduzido pela Lei Sarbanes-Oxley (EUA, 29/07/2002), após rumorosos casos de fraude contábil em empresas de capital aberto como Adelphia, Enron, Tyco International e WorldCom].

Conjunto de normas, processos, políticas, leis, regulamentos e instituições que regulam a maneira como uma empresa é dirigida, administrada ou controlada. O termo abrange as relações entre os diversos atores envolvidos (stakeholders) e o modo como uma organização se orienta. Os principais atores, tipicamente, são: os acionistas, a alta administração e o conselho de administração. Outros envolvidos na ideia de governança corporativa: funcionários, fornecedores, clientes, bancos e outros credores, instituições reguladoras (como a CVM, o Banco Central etc.) e a comunidade em geral – “atingida” normalmente via imprensa (fator-chave em Relações Públicas, no mundo todo e também no Brasil, sob a denominação "assessoria de comunicação" ou "de imprensa").

Ampara-se em condições exigidas, antes, por Estados e também pelas organizações da sociedade civil – de satisfações públicas, cujas premissas básicas e conceito-chave são:

• EXISTÊNCIA DE UM CONSELHO SUPERIOR
• DECISÕES COLEGIADAS (anti-autocracia)
• COMUNICAÇÃO PÚBLICA
• CONCEITO-CHAVE: TRANSPARÊNCIA

Referências

“Toda profissão tem um propósito moral. A Medicina tem a Saúde. O Direito tem a Justiça. Relações Públicas têm a Harmonia – a harmonia social”. (Seib e Fitzpatrick, Public Relations Ethics, 1995). In SIMÕES, Roberto Porto. Informação, inteligência e utopia: contribuições à teoria de relações públicas (2006).

“O marketing entrou na era das relações públicas. No futuro, podemos prever o crescimento explosivo do setor de RP”. (Al Ries e Laura Ries in “The fall of advertising and the rise of public relations”).

“As empresas também devem comunicar-se com seus consumidores atuais e potenciais. Inevitavelmente, qualquer empresa exerce o papel de comunicadora ou promotora. Muitas empresas agora desejam que seus departamentos de relações públicas gerenciem todas as suas atividades tendo em vista o marketing da empresa e a melhoria do trabalho de base. Algumas empresas estão criando unidades especiais chamadas relações públicas de marketing para apoiar diretamente a promoção de produtos e, ainda, a promoção da imagem da empresa”. (Philip Kotler, Marketing Management).

“[...] entre as maiores preocupações da administração nos dias atuais está a de comunicação... a comunicação em organização exige que as massas, sejam elas de empregados ou estudantes, compartilhem da responsabilidade por decisões até onde for possível... a comunicação em organização – e esta pode ser a verdadeira lição de nosso fracasso em comunicação e a verdadeira medida das nossas necessidades de comunicação – não constitui um meio de organizar. Ela é um modo de organizar, e esta lição não deverá ser jamais esquecida”. (Peter Drucker, A nova era da administração).

Enunciado/Objetivos

Relações Públicas como um conjunto de táticas integradas à Administração com os objetivos de (1) aprimorar a governança corporativa de empresas privadas, órgãos estatais e organizações da sociedade civil; (2) prover a transparência efetiva desses entes pela otimização do relacionamento com seu público interno, acionistas e demais públicos de interesse; e (3) contribuir para a construção e a manutenção de boa reputação.

Participação
A participação é livre, bem vinda, e quer-se adesões à causa. Se você não concorda, ignore esta causa e crie a sua. O contraponto é saudável e esperado num ambiente democrático, de livre iniciativa e de culto à verdade – três condições indispensáveis para o exercício de plenas relações públicas. Talvez este não seja o ambiente de negócios e de relacionamentos institucionais do país, hoje, mas é o país que tem que mudar, civilizando-se mais, sofisticando-se, e não os preceitos da atividade afrouxados para caber nos usos e costumes ainda toscos do Brasil."

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Comunicação e memória - O que se vê da vida

Quem não tem uma história para contar sobre a vida pessoal e/ou profissional? Seja feliz, triste, inusitada ou interessante, deixar que essas particularidades, contidas na vida de cada um, sejam expostas para um pesquisador ou para um comunicólogo é um tipo de pesquisa qualitativa que, aliada a um convincente trabalho de memória organizacional, pode contribuir para o crescimento das empresas.

Um outro tópico que também é importante ressaltar: se a compilação e a divulgação destas histórias for bem dirigida, pode servir para o enaltecimento de pessoas públicas que costumam ser mais valorizadas quando se mostram como "iguais" aos anônimos. História de vida, depoimentos, relatos, testemunhais: estes segmentos contribuem para que este resultado possa ser atingido.

Vale ressaltar que o estudo de caso que será visto neste post não se trata, propriamente, de um tipo de história de vida, mas sim de um depoimento, outro instrumento narrativo utilizado para pesquisa e entendimento do comportamento, valores e histórias dos indivíduos, como mostra Elza Dutra no artigo A narrativa como uma técnica de pesquisa fenomenológica (2002, p. 377):

"As diferenças residem nas distintas formas de agir do pesquisador, em uma e outra técnica. Diferentemente da forma como atua nas histórias de vida, no depoimento o pesquisador dirige a entrevista em direção ao assunto que lhe interessa, além do depoimento poder ser finalizado em apenas um encontro. Isto não acontece quando se pretende pesquisar uma história de vida, que exige vários encontros, os quais são dirigidos, prioritariamente, pelo narrador.
Das características que constituem o depoimento tal como as apresentadas pela autora, adotamos aquela da brevidade, podendo o depoimento ocorrer em somente um encontro, como realmente aconteceu em todas as entrevistas, e pela definição de depoimento, que se insere na narrativa. No que respeita ao relacionamento entre narrador e pesquisador, embora o depoimento se limite apenas a uma parte da história de vida do narrador, o relato da sua experiência revela e transmite dimensões existenciais que assumem configurações próprias naquele momento, com aquele pesquisador, que também é “tocado” na sua experiência por tal narrativa. Embora seja a história de algo que lhe aconteceu, naquele momento a experiência ganha um novo formato e se revela de acordo com o total da estrutura existencial das pessoas envolvidas."

No ano de 2012, foi lançado um quadro dentro do programa Fantástico, da Rede Globo, chamado O que vi da vida, em que famosos contam detalhes de suas vidas, aparentemente inéditos em rede nacional. Com duração, geralmente, de 25 a 30 minutos, as personalidades tratam de vários assuntos, como família, fé, trabalho e revelações particulares.

Um dos episódios mais comentados e polêmicos foi o da apresentadora Xuxa (maio de 2012) que, dentre outros assuntos, relatou sobre a família, o começo da carreira de modelo, como chegou na televisão, os amores, a falta de privacidade com a fama, a amizade com Michael Jackson e a declaração mais surpreendente e que gerou maior comoção: a que sofreu abusos sexuais até os 13 anos de idade. O vídeo na íntegra está disponível a seguir:



O quadro pode ser considerado um depoimento por conta de ter uma duração curta, mesmo abordando, de forma sintética, todos os campos da vida do entrevistado. Posteriormente, surgiram várias sátiras desta atração, como um post no blog da Cleycianne ou o quadro O que ri da vida, do programa Pânico na Band, em que os humoristas aparecem sem figurino contando histórias de suas vidas (verídicas ou não), como o do ator Márvio Lúcio (Carioca).

Portanto, esta divulgação de dados pode ser benéfico ou maléfico para uma empresa, organização ou pessoa pública. Com exceção de um programa humorístico, nos outros casos é necessário ter discernimento de como utilizar as informações para que se valorize verdadeiramente a pessoa e a história, sem denegrir a imagem de ninguém.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

RPrestigiando - Vem aí o ERERP Bauru 2012!

Por Maíra Masiero

A pedidos da Comissão Organizadora do ERERP (COE), o RPitacos tem a alegria de divulgar mais um evento importante para o desenvolvimento intelectual e social dos comunicólogos, principalmente os profissionais de Relações Públicas:

 

Alunos de Relações Públicas das universidades UNESP e USC estão organizando o Encontro Regional de Estudantes Relações Públicas (ERERP). O evento ocorrerá nos dias 9, 10 e 11 de novembro com atividades em ambas universidades como mesas de debate, oficinas, apresentação de trabalhos e grupos de discussão.

O propósito do encontro é reunir estudantes, profissionais, acadêmicos e simpatizantes da Comunicação Aplicada e das Relações Públicas a fim de discutir a versatilidade dos campos de atuação deste profissional. A intenção também é gerar perspectivas inovadoras, que só nascem a partir do embate de ideias, sobre a profissão/área em termos de academia, mercado e sociedade.

As três mesas principais são:

1) ”O que nos une?”

Tema Principal: Aspectos comuns e principais na formação e na prática profissional do RP.

2) “Diálogos Abertos”

Tema Principal: Multifuncionalidade - Sessão formada por 6 profissionais formados em Relações Públicas e atuantes em setores completamente distintos da economia e sociedade.

3) “Impacto”

Tema principal: Comunicação Aplicada à Transformação da Sociedade

As mesas “O que nos une” e “Impacto” possuem em sua formação um acadêmico, um profissional, um estudante e um recém-formado, todos da área de Relações Públicas. Dentre os convidados estão nomes como: Cecilia Peruzzo, Simoni Tuzzo, Júlio Barbosa e Ivy Wiens.

As inscrições foram prorrogadas até dia 2 de novembro. Mais informações podem ser encontradas no site
www.ererpbauru.org ou tiradas pelo email ererp.bauru@gmail.com.

P.S: Aproveitando a divulgação deste evento, fui convidada a escrever um artigo, abordando um dos temas do ERERP Bauru 2012: a comunicação inter-setorial. Acesse o texto e veja um pouco mais desta temática.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Do trivial variado...

Por Manoel Marcondes Neto


A pedidos do articulista do RPitacos, Manoel Marcondes Neto, o blog divulga a mais recente edição do programa Marketing & Cultura, da Rádio UERJ, apresentado e produzido por Marcondes Neto. O programa é apresentado de forma inédita todas as segundas-feiras, às 10h00 e, em horário alternativo, às quintas, às 16h00. A Rádio UERJ ainda disponibiliza os programas anteriores para ouvir.



De acordo com o autor, é um especial que repercute duas matérias recentes: o crescimento do mercado editorial brasileiro e a crise de credibilidade da Wikipédia, envolvida em censura no Brasil, e “compra de relevância”, com posts e clicagem falsos, na Inglaterra. Na “vitrola”: Chico Science e Bad Company.

Sobrevivendo ao bullying...

No ginásio (sou daquele tempo), começou com a sigla "CDF", o que gerava o preconceito de muitos.

No colegial (Clássico!), continuou com outra alcunha, completamente contraditória: eu era da turma do "fundão" da sala – o que também gerava preconceito... à beça, principalmente entre os mestres.

Depois foram o terno e a gravata na faculdade... de Comunicação Social. Então me tornei um “agente do capital internacional” (!). E a escolha da habilitação, então? Relações Públicas. Hum... e tome preconceito!

Mais tarde, veio a minha queda pelo tal do marketing, e aí fui parar de novo nas hostes internacionalistas... preconceito por que passo até hoje, pois as classes artística e de produtores culturais ainda evitam o termo "marketing" – minha especialidade escolhida (de novo, minoria!). Preferem chamar o seu legítimo querer estar no mercado, compartilhando públicos, de "arquitetura cultural" (*), "engenharia cultural", "atitude cultural".

Extraterrestre.

Em uma reunião de professores iniciantes na ESPM, fui saudado pelo então diretor com uma "carinhosa" expressão (e outra sigla): "o Marcondes é um E. T.". Ele mesmo explicou a “gentileza”: ao invés de mudar de área, eu escolhera fazer graduação, especialização, mestrado e doutorado numa mesma área, a da Comunicação Social. E isso, parece, para aquele senhor, era coisa de outro mundo...

Mas, de alguma forma, devo ter merecido aquele apelido (sintoma comum em bulinados; achar que “merecem”), pois não sou Flamengo nem Corinthians, votei no Brizola para presidente e no Gabeira para prefeito do Rio e não assisti o casamento de Kate e William ou a novela Avenida Brasil: – esse cara não tem jeito mesmo!

(*) Comentário de um remanescente da era dos átomos.

Nicholas Negroponte "marcou um gol" quando em seu livro A vida digital (1995) dividiu a economia em duas eras: a dos átomos e a dos bits. A primeira, bricks and mortar (tijolo + argamassa); a segunda, e-business.

É inegável o avanço que as tecnologias (de hardware, de software, de peopleware e até de um... mindware) proporcionaram em termos de produção, eficiência e riqueza. É inigualável, também, a contribuição que a chamada T. I. trouxe ao conhecimento e àquela área que administra - ou quer administrar - o conhecimento: a educação.

Mas – sempre tem um mas – em termos de educação, há algo mais a considerar: todos nós, dos nonagenários nascidos no início do século XX aos “Y generation”, fomos educados em um sistema formal – pré-internet – baseado em escolas, disciplinas, metodologias e crivos quantitativos e qualitativos de saber – sendo, estes últimos, cada vez mais rigorosos em termos de fontes, referências, testagem e comprovação empírica.

O sistema acadêmico universal, ainda em vigor (e não diviso nem uma sombra pairando sobre ele) sempre foi uma construção coletiva de conhecimento. Cada tese de doutorado, pelo seu caráter referencial ao que fora feito antes e de adição de um conhecimento inédito, torna-se um "tijolinho" do edifício de sua área, esta bastante bem delimitada no contexto das ciências sociais, humanas, biológicas ou tecnológicas.

Há transversalidades. Saberes que desafiam o status quo compartimentado dos departamentos universitários, mas que mesmo assim têm o endereço de equipes ad hoc multidisciplinares controlado pela academia e centros de pesquisa. Mesmo as empresas que inovam com fins lucrativos alimentam-se do conhecimento que, produzido academicamente, recorre a agências de fomento muitas vezes financiadas por recursos públicos.

Bottom line.
Há que se render, ainda, a parâmetros de "velha" economia dos tijolos e argamassa. Já escrevi que a universidade brasileira se reengendra ou morre, mas, por ora, seu modus operandi sobrevive, mesmo que aos trancos e barrancos.

As revistas científicas são online, mas os experimentos médicos, técnicos e sociais têm que ser bastante palpáveis – passam por estudos de campo, envolvem pesquisa de opinião pública e de mercado, experimentações em laboratório e em centros de pesquisa, passam por testes de materiais e implicam na construção de “modelos aerodinâmicos aprovados em túneis de vento”... e por aí vai.

O mesmo traço “físico” ocorre com o livro. Em plena passagem da era "atômica" à digital, o velho calhamaço encadernado, de folhas cortadas e coladas ou costuradas, sempre foi mobile e mais: não requer bateria (poluidora) de lítio ou cádmio e nem corrente elétrica ou iluminação. Vai onde quisermos. Na noite, uma vela (acesa, claro) basta. Pode até ser um pouco amassado para caber no bolso do paletó. E para produzi-lo ainda se precisa de alguém que o edite. Isto dá a credibilidade inicial. A final virá da essência que o próprio conteúdo carregue – fruto das fontes e referências do autor.

Blá Blá Blá “na nuvem”.

A Wikipedia carece muito dessa credibilidade essencial. Alguém pesquisou e encontrou 1.070.000 referências no Google para a palavra “brogue”. Ou seja; muito lixo. Andrew Keen, criador de várias empresas baseadas na internet e autor do livro O culto do amador (2007) adverte: “é a celebração do amadorismo – qualquer um, por mais mal informado que seja, pode publicar um blog, postar um vídeo no YouTube ou alterar um verbete na Wikipedia. Essa anonimato da web – uma mistura de ignorância com egoísmo, mau gosto e ditadura de massas – põe em dúvida a confiabilidade da informação. E a distinção entre especialista e amador torna-se cada vez mais ambígua...”.

Eu mesmo posso relatar uma experiência nefasta.

Tendo realizado uma pesquisa ao longo de anos, no interior do sistema universitário (especificamente no âmbito da USP), tive o lampejo e a generosidade de postar um texto referente aos meus achados incluindo na Wikipedia um verbete sobre o "meu" tema, “marketing cultural”. Pois não é que um anônimo retirou-o? Nova tentativa... e novo “veto”. E o cidadão ainda direcionou os ponteiros da pesquisa de quem quer que fosse buscar na malfadada enciclopédia gratuita e virtual o termo “marketing cultural” para um canhestro conceito que o mesmo explora em seus empreendimentos, o de (sic) “arquitetura cultural”. Um acinte – sobrepor um interesse particular a um achado legitimamente reconhecido pelo sistema acadêmico vigente. Felizmente encontrei alguém com credibilidade (no caso, a editora Ciência Moderna) para publicar o resultado de meu suado trabalho.

Por isso, caros amigos, ainda temos que aprender e fazer muito pelos novos suportes tecnológicos do conhecimento. E, enquanto não trazemos isto à vigência, utilizar as regras do jogo atual da melhor maneira possível, realizando nossas pesquisas no campo (mais que na web) e publicando nossos livros por meio de alguma editora que não seja “a do autor”.

(Publicado originalmente em 28 de março de 2009).