sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Ai não, é pra falar em público?

Por Suelen Nina Kanashiro*

Você, profissional de Relações Públicas, que consegue trabalhar e lidar com diversos aspectos da profissão sendo identificador, conector, estrategista, mediador, agregador e pacificador; já se viu deparado com a seguinte situação: 

- “Você poderia fazer uma apresentação em público, por favor?
- Ai não, é pra falar em público?” 


Se sim, saiba que você não é o único! E ainda, se depois de deparado com tal proposta, você já pensou:

- “Vou ficar nervoso, começar a gaguejar e infartar!” 

Saiba que você continua não sendo o único!

Os comunicadores têm perfis muito diferentes, e ao contrário do que a maioria imagina, não são todos que possuem desenvoltura nata para se expor a esses tipos de situação.

Porém, apesar de parecer difícil, não é! Falar em público é um exercício que quanto mais você praticar, mais aperfeiçoado se tornará.

As primeiras apresentações que fizer sempre serão complicadas. Muitas ou poucas pessoas te olhando e criando uma expectativa em cima do que você lhes fornecerá de informação. Mas acredite, isso é normal! E com o tempo, só melhorará! E a melhora será alcançada através da prática e da observação.

Em relação a isso, aí vão algumas dicas:

1. Tenha domínio do que vai falar. Estude, revise, memorize.

2. Na hora do nervoso, não confie totalmente na sua memória. Leve sempre um roteiro junto com você.

3. Utilize linguagem correta sempre.

4. Saiba quem é seu público, para que sua fala se encaixe a ele.

5. Utilize slides e vídeos. Esses recursos prendem a atenção do público, facilitando a sua vida de apresentador.

6. Utilize o humor. Além de reter a atenção, tornará a apresentação mais leve. Porém, um alerta! Não force esse humor para não perder a credibilidade.

7. Goste do que você vai apresentar. Se você próprio não gostar, como o público será conquistado?

E a última dica, que acredito ser a primordial, é: seja natural! Apesar de haver aspectos técnicos que podem ser estudados e seguidos, cada um tem uma maneira de expor ideias e fazer apresentações em público. Jamais tente ser igual ao outro, seja você mesmo! Pois sendo espontâneo, conquistará um espaço só seu e que ninguém tirará!

Referências:



*Suelen Nina Kanashiro é aluna do 3º ano de Relações Públicas da Unesp Bauru. Foi apresentadora do projeto “McOferta do dia: Potencial humano e o poder da marca”, que conquistou o 3º lugar no Prêmio Universitário Aberje 2012 e do paper “RPjr – Empresa Júnior de Relações Públicas" no XIX Prêmio Expocom 2012 – Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação. Foi intercambista bolsista do IFIE – Ishikawa Foundation for Internacional Exchange /Japão. 
Foi Diretora de Relações Comerciais da RPjr – Empresa Júnior de Relações Públicas da Unesp Bauru, Bolsista do Projeto de Extensão Unati - Universidade Aberta a Terceira Idade, e membro da comissão organizadora do II Desafio Hora Extra – Transforme seu tempo em desafio.


E você, quer escrever também um post para o RPitacos? Faça como a Suelen: se você tem um texto interessante, uma reflexão, provocação ou análise de algo pertinente à comunicação, é só mandar para o e-mail do blog.
É importante ressaltar que os textos passarão por uma avaliação dos membros do blog, antes de serem ou não aprovados, e serão publicados de acordo com a periodicidade do RPitacos.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Ação e comportamento do consumidor - O caso Seu Jorge

Por Maíra Masiero

Recentemente, o cantor Seu Jorge postou um vídeo no seu perfil oficial justificando o cancelamento de uma apresentação que ele faria no Rio de Janeiro no dia 27 de novembro. Em menos de 2 minutos, o cantor culpou a empresa TAM Linhas Aéreas pelos problemas causados e pelo descaso no tratamento neste caso. De acordo com o Portal Exame, o avião do voo JJ3960 teve problemas e riscos de cair, e teria que pousar de forma emergencial. Mesmo com esse imprevisto, o comandante teve que voltar para São Paulo, por conta de não haver espaço no solo no Rio de Janeiro, e, assim, o show na capital carioca foi cancelado.



A grande insatisfação do cantor é pelo fato de, segundo ele, nunca ter atrasado ou cancelado uma apresentação em sua carreira e, ao fim do vídeo, é visível a sua indignação com a companhia, isentando o comandante e a tripulação, impecáveis na opinião do cantor: “Infelizmente a TAM é uma companhia de quinta, de péssima qualidade. E eu infelizmente tenho que trazer essa notícia triste pra vocês”. Dos 52 comentários do vídeo (dado atualizado até às 13h00 do dia 29/11/2012), 23 elogiaram a atitude de Seu Jorge em esclarecer o público (e ainda confirmam erros da TAM em outros vôos)

Talvez seja mais evidente esta reclamação contra uma empresa/organização (no caso, a TAM) porque partiu de uma pessoa célebre, porém o comportamento do consumidor passou por modificações importantes nos últimos anos, principalmente após a popularização das mídias sociais, e isto relaciona-se com o Marketing 3.0, explicada por Kotler (2010), citado por Mirelle Monique de Oliveira Fernandes, Paulo Roberto Alves e William Roberto Dondas no artigo Marketing e o conceito de ética: principais implicações no ambiente empresarial (2012, p. 93):

"A nova fase do Marketing, a qual Kotler chamou de Marketing 3.0, surge em decorrência dos grandes avanços tecnológicos recentes, que chamamos de 'nova onda de tecnologia'. Essa tecnologia permite que indivíduos criem e consumam suas próprias notícias. Dessa forma, os consumidores tornam–se participativos, tendo poder de exercer influência sobre outros consumidores (KOTLER, 2010).
Um bom exemplo dessa nova tecnologia são as mídias sociais (Blogs, Facebook, Twitter, etc.). A maioria dos Blogs, ou comentários no Twitter é pessoal. As pessoas compartilham suas ideias e opiniões umas com as outras, sobre qualquer tipo de assunto.
Se por acaso uma pessoa faz um comentário ruim sobre um produto ou serviço, ela pode influenciar seus leitores a pensar da mesma maneira. À medida que as mídias sociais se tornarem mais expressivas - um maior número de consumidores poderá influenciar outros consumidores com suas opiniões (KOTLER, 2010)."

Nesse caso de Seu Jorge, podem ser aplicados esses conceitos, pois houve a "produção" de uma notícia, pelo perfil do cantor na rede, e outras pessoas se manifestaram sobre problemas semelhantes ocorridos com a companhia aérea. Além disso, o perfil relevante do cantor pode, numa visão hipotética, contribuir para que  outras pessoas não viajem de avião pela TAM.

O Portal G1 divulgou um esclarecimento da empresa acerca do voo em que estava Seu Jorge: as pessoas que  permaneceram no avião seguiram para o destino final da viagem por volta da 0h30 e o desembarque se realizou no aeroporto do Galeão, pois o Santos Dumont já estava fechado. Ainda segundo a TAM, “A companhia lamenta os transtornos experimentados pelos clientes e ressalta que em nenhum momento houve risco à segurança do voo”.

O que pode-se tirar como reflexão e ensinamento desse episódio é que, famoso ou não, o consumidor se utiliza a cada dia mais dos meios digitais para fazer valer suas reclamações e seus direitos, e é necessário tomar o maior cuidado possível para preservar a imagem da empresa de maneira igualitária, seja em relação a celebridades ou a desconhecidos.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Relações Públicas e Turismo - Ações de comunicação não tem férias

Por Maíra Masiero

Quando o mês de novembro termina, muitas pessoas começam a entrar no clima de férias (ou de folgas, especialmente nas semanas do Natal e do Ano Novo) e as viagens (tanto nacionais como internacionais) costumam ser mais frequentes. Enquanto muitos descansam da rotina de trabalho, comunicólogos passam esse tempo, além de também descansar, promovendo ações para aumentar o número de turistas em seus países e, consequentemente, divulgar a imagem positiva e os produtos típicos, propiciando, assim, um maior giro na economia local.

Mas o que as áreas de Relações Públicas e de Turismo tem em comum? E como elas podem se interligar? Quem faz um esboço sobre a resposta desta pergunta são as autoras Helaine Abreu Rosa e Mary Sandra Guerra Ashton no artigo Relações Públicas e Turismo: uma reflexão sobre Comunicação e Pós-Modernidade, pertencente ao livro História das relações públicas: fragmentos da memória de uma 
área, organizado por Cláudia Peixoto de Moura (2008, pp. 454-455):

"O compartilhar das experiências, enquanto vividas, no momento em que são vividas, constitui-se em elemento que merece atenção quanto ao Turismo e às Relações Públicas. Na medida em que as pessoas sentem-se motivadas ao “estar junto”, forma-se a cadeia de atração de público aos pontos turísticos, promove-se a necessidade do deslocamento. O comungar do que é vivido, no instante em que é vivido, é que desperta a curiosidade e o desejo de experimentar junto e, ao mesmo tempo, que/com os outros, reforçando o encontro descrito pela atividade turística, assim como o relacionamento organizacional com os públicos constitutivos que é o objeto das Relações Publicas.
[...]
O compartilhar das experiências observado no Turismo pode agir como elemento formador da socialidade e, portanto, motor dos deslocamentos humanos em busca do outro (lugar). A ação é voltada para o presente, para o instante em que é vivido, exaltando unicamente o que é vivido em comum, compartilhado. O comungar da experiência se transforma no fator da atratividade turística, assim como nas Relações Públicas a ideia de socialidade pode ser inferida pela compreensão mútua, sua base conceitual."


Mas como atrair as pessoas a saírem de seus países para conhecerem outros lugares e terem experiências a compartilhar, de acordo com as autoras? Por exemplo, o Canadá mostra uma ação interessante para esta finalidade. Numa parceria com uma atividade colaborativa, com mais de 8000 participações e muitas fotos compartilhadas de canadenses, a Comissão de Turismo do país idealizou o projeto 35milliondirectors, com a divulgação de um vídeo com as melhores participações (e com premiação para os vencedores), cujo objetivo é atrair os visitantes de todo o mundo a conhecerem o Canadá e seus pontos mais belos em apenas 2 minutos.



Outro exemplo internacional de estratégias comunicacionais para alavancar o turismo localiza-se na América do Sul. O Peru lançou sua Marca em março de 2011, a fim de unificar as ações de divulgação e valorização do país, indo, entretanto, além do simples incentivo ao turismo: segundo o Ministro de Comércio Exterior e Turismo, Eduardo Ferreyros, foram erguidos três pilares para se consolidar esta Marca: turismo, exportação e investimento.

A Marca Peru tem um site específico em Português, no qual são mostrados alguns vídeos de divulgação da ideia, informações sobre a campanha e sobre o making-off das apresentações, além de links para sites que contenham dados a respeito dos três pilares anteriormente citados e para a representação da marcas nas mídias sociais: Twitter, Facebook e Youtube.

Por exemplo, na fanpage da marca-país no Facebook, são mostradas notícias positivas a respeito do país (as mais recentes são o título Sul-Americano Infanto-Juvenil de Vôlei, vencendo o Brasil, e a indicação de um filme local para concorrer a uma vaga no Oscar), além de pontos turísticos locais, gastronomia, divulgação de eventos (como o Rally Dakar, que acontece em janeiro), entre outros conteúdos.

O mais interessante é que o vídeo de apresentação da Marca é dublado para cada idioma (Português, Inglês, Alemão, Francês, Espanhol e Chinês). A cena mostra o ano de 2032, quando um personagem recebe, em pen drive, um vídeo seu de vinte anos atrás, mostrando uma viagem feita ao Peru. No fim do vídeo, ele convida sua esposa para visitar o país para compartilhar as experiências que o personagem fez quando ainda era jovem.



E é nesse "compartilhar" de informações e de experiências que vive o cenário (no caso, o nacional) turístico, juntamente com o comunicacional e, proporcionalmente, o financeiro, já que, com uma maior quantidade de visitantes, há uma maior quantidade de gastos no comércio local e, assim, uma maior fluxo na economia.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Publicidade jogando como música para atrair o consumidor

Provavelmente, muitas pessoas que vão começar a ler este post agora estão com alguma música tocando ao fundo, seja com o rádio ligado, seja nos computadores, notebooks ou em outros dispositivos móveis. Quando são realizados trabalhos (profissionais ou de faculdade), é muito certo que algum som possa ser escutado durante esta atividade, nem que seja no volume mínimo, para inspirar ou auxiliar na concentração. Mas, e se o mundo não tivesse música, ou quem a produz?



Detalhe: o vídeo fala também de músicas com direitos autorais no Youtube, mas o foco desta postagem é ilustrado nos primeiros minutos do vídeo.

Na última quinta-feira, dia 22 de novembro, foi comemorado o Dia do Músico e, consequentemente, da Música. Essa data surgiu por uma história da tradição católica: Santa Cecília, comemorada nesta mesma data e considerada a padroeira dos músicos, teve uma história interessante, relacionada com a música, conforme mostra o site PortoWeb:

"Cecília foi presa ao enterrar o corpo do cunhado e do marido. Como era muito popular em Roma, por sua ajuda aos pobres, foi decidido que ela seria morta em sua casa, para evitar protestos. Prenderam-na em um quarto de banhos quentes, para que morresse asfixiada. Mas o que aconteceu surpreendeu a todos e valeu a Cecília o título de padroeira dos músicos. Durante três dias e três noites Cecília ficou entoando cantos de louvor a Deus. Intrigados com tamanha resistência, os algozes a tiraram de lá para degolá-la. Por três vezes a tentativa do algoz falhou e ela foi deixada para morrer agonizando, já que pela lei romana esse era o número máximo de vezes em que se poderia tentar a degola. Cecília perdeu as cordas vocais e levou ainda um tempo para morrer, mas seus cânticos ainda podiam ser ouvidos."

No campo comunicacional, é quase inegável a importância da música para as mais variáveis finalidades. Este post de hoje vai mostrar um dos mais importantes focos: a publicidade. Para convencer o consumidor a adquirir algum produto específico, no contexto contemporâneo, não basta somente elencar os seus atributos  fundamentais, mas também conquistar o consumidor e atrai-lo para a sua marca ou linha de produtos, por meio de elementos sensoriais e impactantes. Com isso, a música, bem utilizada, se torna uma essencial ferramenta para aquela finalidade.

Paulo Ribeiro Cardoso, Nelson Gomes e Elsa Simões Lucas Freitas, no artigo O papel da música nos anúncios publicitários de televisão: uso estratégico e impacto no consumidor (2010, p.11-35), mostram como a música interfere no comportamento do consumidor e como cada tipologia musical é escolhida de acordo com cada produto a ser anunciado. 

Um aspecto a que os autores chamam a atenção é de que forma a música pode ser inserida na propaganda: se ela é feita exclusivamente para este fim ou se já é uma composição existente; se ela ficará apenas compondo o que se chama de "música de fundo" ou se será algo relevante para o comercial. Para ilustrar estas quatro vertentes da localização da música na publicidade, nada mais justo do que quatro propagandas, uma para cada.

A música "Pipoca com Guaraná", da campanha do Guaraná Antártica de 1991, se tornou um dos jingles mais famosos da propaganda brasileira, conquistando vários prêmios e um resultado imediato no que se refere às vendas do refrigerante.

Uma composição já existente, e que faz parte de uma propaganda lançada no mês de novembro de 2012, é a música "Vamos Fugir", interpretada originalmente por Gilberto Gil e regravada por bandas como Skank e Planta & Raiz. Para a campanha da agência de viagens CVC, que abre a temporada de férias, o cantor Seu Jorge foi escolhido para emprestar a sua voz à canção.

Já a propaganda da Caixa Econômica Federal sobre o crédito com pausa possui uma música, porém esta compõe o "fundo" do comercial, para dar mais ênfase ao conteúdo que se deseja passar. É uma melodia harmoniosa, que expressa, ao mesmo tempo, o nervosismo de quem precisa equilibrar as contas depois de exagerar nos gastos (ou de um imprevisto) e o alívio de quem pode adiar uma parcela do empréstimo. O sinal sonoro que representa a Caixa aparece em acordes lentos, bem no final da propaganda.

Por fim, uma música que se tornou muito relevante (e, na visão de algumas pessoas, irritante) e que ilustrou a propaganda da Nissan em 2011 é a composição "Pôneis Malditos". Graças ao ritmo e a capacidade da música não sair da mente de muitos, a montadora teve um aumento considerável nas vendas da linha Frontier e também teve problemas com o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) por fazer associação de figuras do cenário infantl com a palavra "malditos". E é com esse comercial que encerra-se o post.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Fiscalização é tabu no Brasil. Mas isto tem que mudar!

Por Manoel Marcondes Neto

Compro a briga do tema espinhoso, na torcida de que a bola levantada renda um vôlei com tiebreak disputado.

Não que se deva defender a nossa incapacidade de fiscalizar, no Conrerp, na Anvisa, na Anac, no Cremerj, na Anatel, no Crea, na Aneel, na OAB, na Agetransp etc. etc. etc., mas saber que isto é um traço cultural arraigado e, quase já, um traço institucional.

Reconhecer o mal é o primeiro passo para se receitar um antídoto.

Quando foi a última vez que você ouviu alguém dizendo querer ser fiscal?

Talvez não tenha sido há tanto tempo assim... eu, por exemplo, ouvi, ainda semana passada, de um ex-colega de turma de pós-graduação, que estava dedicando todo o ano de 2012 a estudar para um concurso público.

Quando perguntei qual concurso? Para onde? Para quê? – ele respondeu-me de bate-pronto, sem pestanejar: “qualquer um; fiscal do tesouro nacional, fiscal de ICMS, fiscal da fazenda municipal...”.

Ocupação? Concurseiro!

Pois é com esses perfis que se forma a maioria das equipes de fiscalização no Brasil. E é por esse ingresso de “qualquer um” que quase nada é fiscalizado corretamente no país. Há exceções. Mas as exceções confirmam as regras.

As pessoas estão muito interessadas no salário, nos benefícios e na aposentadoria. E nada interessadas com o que terão que fazer quotidianamente por trinta e cinco anos para fazer jus ao salário, aos benefícios e à aposentadoria.

E elas também não estão nem um pouco preocupadas se tais funções exigem esta ou aquela formação, esta ou aquela aptidão, este ou aquele pendor, habilidades “x”, competências “y”, riscos, responsabilidades. Nada disso. Só a posição e a remuneração.

“Estabilidade”.

Essas pessoas querem fazer o seu concurso e se largar na tal da “estabilidade”. A maioria de meus colegas de universidade pública, aliás, não usa a estabilidade para ter a liberdade de criticar o quê seja ou quem quer que seja. Usam-na para trabalhar o menos possível. Ouve-se:

– Que se dane o país, que eu já defendi o meu! Quem quiser que corra atrás nesse Brasil de corruptos! Não sou polícia!

Ou:

– Fiscalizar a empresa que está poluindo, que está vendendo sem faturar formalmente, ou recebendo “por fora”, caixa 2, ou que desrespeita a legislação trabalhista para quê, "meu irmão"? É tudo bandido! Se você não “abrir o teu olho” acaba numa vala com a boca cheia de formiga...

Vamos relembrar o recente episódio do desabamento do edifício no Rio de Janeiro... e suas vítimas fatais... De quem era a responsabilidade? Do síndico? Dos proprietários ou dos locadores? Dos arquitetos? Das empreiteiras das reformas individuais? Ou da CIPA, da brigada da segurança? – Ah, vamos derrubar esta parede e fazer um salão mais amplo, com mais posições no call center... Deu no que deu. Mortes, perdas irreparáveis. De vidas, de negócios, de documentos, de histórias. Quantos anos serão consumidos em burocracia? E em procrastinação jurídica? Será só uma questão de receber indenização do seguro? E quem não fez seguro, faz o quê?

Ninguém é culpado?

É preciso mudar. E trata-se de uma mudança difícil, pois que mudança do tipo “cultural”. Mudanças culturais são demoradas e trabalhosas, mas têm que começar algum dia e por alguém. Comecemos nós, relações-públicas, a mudar a cultura da nossa própria fiscalização, no nosso mundinho restrito, cuidando da melhor comunicação institucional possível, ao alcance de pessoas e organizações necessitadas de divulgação.

Somos os profissionais a quem a lei delega bem realizar essa tarefa, com responsabilidade técnica, tida não de graça, mas às custas de uma formação que nos consumiu anos de dedicação, investimento e energia vital. Coloquemos mãos à obra, pois. Se começarmos agora a implementar uma mudança de cultura, talvez já a próxima geração de colegas colha os frutos de viver em uma terra menos tosca, mais inteligente, menos bruta e mais feliz.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

RPrestigiando - Cartuns no cenário atual: tema do X Encontro de Relações Públicas


Por Maíra Masiero

Este release foi concebido pela Comissão Organizadora do X Encontro de Relações Públicas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, e todos os dados disponibilizados são de responsabilidade de seus autores. O RPitacos divulga este evento para que a profissão de Relações Públicas seja cada dia mais valorizada e respeitada, em seu saber científico.

Será realizado na Escola de Comunicações e Artes, no dia 26 de novembro, das 8h30 às 22h, a décima edição do Encontro de Relações Públicas, com o nome de ECArtum. O evento terá como tema a comunicação visual. As inscrições poderão ser realizadas via e-mail e devem conter o nome completo, RG e a instituição de ensino do interessado. A entrada será cobrada mediante a apresentação de 1 kg de alimento não perecível.

Em tempos de crescente rapidez e aceleração do modo de vida da sociedade em geral, dos consumidores e das empresas, a comunicação visual, como a linguagem dos cartuns e histórias em quadrinhos, ganha destaque e relevância nas novas relações.

Por meio de mesas-redondas, bate papos, palestras, exposições e oficinas de criação, os alunos do segundo período de Relações Públicas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo realizam um encontro para debater sobre a linguagem do cartum, seu papel na construção da história brasileira e nas narrativas empresariais.

Os principais temas abordados serão: “O desenho da sociedade brasileira”, “Cartum crítica: a história desenhada”, “A história da história em quadrinhos” e “Desenhando a história da empresa”, além da realização de uma oficina de construção de cartuns, de um bate-papo com o cartunista Laerte Coutinho e da exposição de cartuns de Waldomiro Carvas.

O evento contará com a presença de cartunistas, pesquisadores e profissionais da área da comunicação que abordarão os cartuns sob diferentes maneiras, e com a apresentação do Coral USP.

O que: X Encontro de Relações Públicas (ECArtum)
Quando: 26 de novembro
Quanto: 1kg de alimentos não perecível
Onde: Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP)
Endereço: Rua Lúcio Martins Rodrigues, 443, Cidade Universitária Armando Sales de Oliveira
Inscrições: ecartumevento@gmail.com

Maiores informações sobre o encontro podem ser vistas também no evento e na fanpage do ECArtum no Facebook.

sábado, 10 de novembro de 2012

Yes, we can! - Estratégias de comunicação dos presidenciáveis americanos

Por Maíra Masiero

As eleições presidenciais americanas sempre chamam a atenção do mundo inteiro, não só pela incontestável importância do país para os destinos de muitos países, mas pelas iniciativas de campanha eleitoral que costumam ser exemplos para outras eleições ao redor do mundo. Como exemplo, o pleito de 2008 e a campanha online feita por Barack Obama - eleito o primeiro presidente negro da História americana -, foram temas de discussões sobre como estas estratégias poderiam ser aplicadas no Brasil. Um desses textos é o artigo Podemos ter um(a) nov@ Obama? Perspectivas para o uso da internet no próximo pleito eleitoral brasileiro, de Sérgio Braga (2010, p. 15-16):

"O fato é que, quaisquer que sejam os obstáculos postos à reprodução de uma campanha eleitoral à la Obama nas próximas eleições brasileiras, a maior parte dos atores políticos mais relevantes que participarão desse pleito já estão adotando a internet como uma importante ferramenta de campanha antes mesmo de iniciado formalmente o período estipulado pela justiça eleitoral.
(...)
A meu ver, a relutância de muitos analistas em admitir as contribuições trazidas pela internet nas próximas eleições brasileiras deve-se em grande parte ao fato de trabalharem com parâmetros excessivamente estreitos para avaliarem sua importância efetiva no próximo pleito. Afinal, se é pouco provável que se reproduza no curto prazo o padrão de campanha via web utilizado por Obama nos EUA, isso não quer dizer que as novas tecnologias não agreguem valor às campanhas eleitorais e sejam meras reproduções de antigas mídias existentes fora do espaço virtual."

Pensando nesta repercussão considerável das eleições americanas de 2008, como os políticos se utilizaram das mídias sociais em 2012 para angariar votos e incentivar seus eleitores e simpatizantes? É o que o RPitacos mostra neste post, analisando sucintamente os principais meios eletrônicos utilizados pelos dois candidatos à Casa Branca neste úlitmo período eleitoral.

O oposicionista Mitt Romney utilizou-se do Facebook, com uma página "curtida" por mais de 12 milhões de pessoas, para mostrar suas propostas e para tentar convencer os eleitores que não seriam necessários mais quatro anos de governo de Barack Obama (tradução da frase do texto e foto ao lado: "A taxa de desemprego é maior hoje do que era quando o presidente Barack Obama tomou posse. Triste lembrança de que a economia está em uma paralisação virtual. / A América não pode pagar mais quatro anos do presidente Obama. Nós precisamos de uma recuperação real").

Além disso, são disponibilizados aplicativos para pedir doação à campanha, uma espécie de comitê virtual, algumas formas de seguir os resultados da eleição e tentativas de interatividade para com o público, por meio de fotos específicas de apoio ao candidato.

Porém, há um problema em relação ao site oficial de campanha. Quando o endereço foi aberto no dia 10 de novembro, após o término da campanha, os conteúdos tinham sumido e aparecia a seguinte frase (tradução nossa): "Eu ainda acredito nas pessoas da América. Assim, Ann e eu juntar-se com você para orar fervorosamente para que esta grande nação.Obrigada, e que Deus abençoe a América.". O único link ativo é o da loja de produtos promocionais do candidato, com bonés, camisetas, adesivos, pulseiras, buttoms, entre outros acessórios.

Já o candidato à reeleição (e, posteriormente, vencedor das eleições) Barack Obama lançou uma fanpage no Facebook destinada somente à sua campanha, separando-a da página da Casa Branca, sede do Governo americano. Mais de 33 milhões de pessoas já curtiram a página, o que a faz ser mais popular do que muitas marcas reconhecidas mundialmente, como Nike (11 milhões de pessoas) e, Adidas (9 milhões e meio de pessoas). A página possui aplicativos para doação de campanha, link para uma loja online


Na página de sua candidatura, Obama também mostra fotos dos eventos por todo o país, declarações de pessoas famosas (como a cantora Beyoncé e o ex-presidente Bill Clinton) e comparações entre o candidato e seu oponente, Mitt Romney. Além disso, depois da eleição, uma foto de Obama com sua esposa Michelle e três simples palavras ("Four more years") foram responsáveis por uma das publicações mais "curtidas" da história do Facebook: mais de 4 milhões de usuários aprovaram a cena.

Aliás, nos dois perfis dos candidatos, são poucas as postagens que não possuem uma foto ou vídeo em conjunto com um pequeno texto, demonstrando que é válida a estratégia de engajar os eleitores/usuários do Facebook por meio de plataformas multimídia.

O site de campanha possui um layout limpo, com um destaque nas cores azul e branco, símbolos da campanha presidencial de Obama. Além de reproduzir algumas fotos disponíveis também no Facebook, há a atualização periódica de argumentos para convencer os eleitores a votarem (já que o voto é facultativo nos Estados Unidos) e a escolherem o atual presidente para a reeleição.

Com isso, pode-se perguntar: estas campanhas podem ensinar algo para os prováveis presidenciáveis de 2014 no Brasil? Independente das diferenças entre as legislações eleitorais americana e brasileira, o que os presidenciáveis americanos (e suas equipes de comunicação) ensinam é em relação à periodicidade das postagens nas redes sociais - buscando o equilíbrio entre o abandono e o excesso de postagens - e à forma com que foram feitos os "ataques" de um contra o outro (baseando-se em fatos e em dados). É necessário cuidado e prudência em toda campanha eleitoral, ainda mais nas mídias sociais, e as eleições americanas, entre erros e acertos, poderão ser, mais uma vez, modelos para os presidenciáveis brasileiros daqui a dois anos. 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Marketing de oportunidade e solidariedade - Parceria que dá certo?

Por Maíra Masiero

Quando uma pessoa, família, comunidade ou até um país inteiro sofre as consequências de uma tragédia (natural ou provocada), toda forma de ajuda é bem-vinda, e as empresas, muitas vezes presentes em todos os dias normais de uma sociedade, possuem também uma responsabilidade de ajudar, de certa forma, as pessoas nestes momentos, realizando até mesmo o que o poder público não consegue atender de imediato. Porém, corre-se o risco de se ter uma auto-promoção da marca ou instituição, sobressaindo-se ao ato de solidariedade e à necessidade das pessoas atingidas. Como lidar com essa situação?

Realmente, há uma linha tênue entre ser oportunista diante de uma situação delicada e ser solidário para ajudar as pessoas, mostrando a marca sem se promover demais diante das tragédias humanas. Alguns exemplos demonstram como realizar a solidariedade e, ao mesmo tempo e com equilíbrio, divulgar os pontos positivos do produto.

Um dos mais recentes casos aconteceu durante o furacão Sandy, que atingiu países do Caribe e, de forma mais avassaladora, os estados de Nova York e Nova Jersey, nos Estados Unidos, causando mortes, alagamentos em vários pontos das cidades e demais transtornos. A empresa Duracell aproveitou a oportunidade que, infelizmente, surgiu para ajudar as pessoas a se comunicarem com os familiares que moram em outras cidades ou países.

Segundo informações do Portal Exame, a marca disponibilizou dois veículos para levar energia elétrica para as vítimas deste desastre natural e, além de disponibilizarem recargas para os celulares, os carros possuem computadores com acesso à Internet para que as pessoas possam enviar notícias. Como ação on-line, a fanpage da marca no Facebook divulga os lugares em que os carros estão presentes. A empresa também abriu os escritórios para que os colaboradores tomem banho e carreguem seus telefones. Um vídeo que mostra algumas ações da empresa está disponível a seguir.



Realizar uma ação de "marketing de oportunidade" em momentos delicados como esse não acontece somente nos dias atuais. Em 2005, a rede de supermercados Walmart atuou durante e após a passagem do furacão Katrina pela cidade de Nova Orleans (Estados Unidos), oferecendo água e alimentos aos habitantes do local antes mesmo dos órgãos governamentais. Em meio a um ano de escândalos na empresa, este ponto de luz

E esse tipo de marketing vale também para as pessoas públicas. Recentemente, em julho de 2012, o ator Brad Pitt, por meio da ONG Make it Right, inaugurou um sobrado para duas famílias que perderam sua moradia com o furacão Katrina. A casa foi projetada por um dos mais reconhecidos e premiados arquitetos do mundo: o canadense Frank Gehry.

O que se pode entender destas situações é a necessidade (e até a obrigatoriedade) das empresas e instituições se fazerem presentes na vida da comunidade não só nos momentos bons, mas também nos de angústia e tristeza. Porém, é prudente haver um equilíbrio e não deixar que o nome da empresa supere a situação delicada, mas que fique no mesmo patamar, a fim de valorizar a iniciativa feita, sem perder o foco principal, que é a responsabilidade com os públicos em geral.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

RPrestigiando - Evento debate comunicação na era do espetáculo

Por Maíra Masiero

Atendendo ao pedido do professor Marcelo da Silva, Doutorando em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Bernardo do Campo e coordenador do curso de Relações Públicas da Universidade Sagrado Coração (USC), o blog RPitacos divulga o release do Comsetur 2012 como forma de incentivar a concepção de eventos na área de Comunicação. Lembramos que este blog não possui nenhum vínculo de organização com o evento apresentado.

O Comsetur 2012 – Encontro dos Cursos de Comunicação da Universidade Sagrado Coração (USC) será realizado de 6 a 8 de novembro, no campus da instituição a partir das 19 horas.

O Comsetur ocorre a cada dois anos e é organizado pelos cursos de Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e Propaganda da USC. Na edição deste ano, o evento debate o tema “Comunicação em crise na era do espetáculo”.

O assunto é o tema da palestra de abertura do professor e jornalista Wilson da Costa Bueno, do Programa de Pós-Graduação da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), um dos mais respeitados pesquisadores da área de comunicação organizacional e autor de vários livros, como “Comunicação Empresarial – Políticas e estratégias” (Editora Saraiva). A palestra será no dia 6 de novembro, às 19 horas, no Teatro Veritas.

No dia 7, sempre às 19 horas, serão realizadas as palestras “Fotografia e Literatura - Um diálogo (mais que) possível”, com o jornalista João Correia Filho; “Dicas para começar, para continuar e para não sair do mercado”, com Erick Rosa; e “#idademídia”, com Gisele Lorenzetti.

Erick Rosa é diretor de criação da JW Thompson - São Paulo e foi diretor executivo de criação da Leo Burnett Lisboa, que ganhou 11 leões no Festival de Publicidade de Cannes.

Gisele Lorenzetti é relações públicas, pós-graduada em Administração de Empresas e ex-professora de Planejamento em Relações Públicas da Faculdade Cásper Líbero. Atualmente, dirige a LVBA Comunicação, considerada a maior agência de relações públicas e comunicação empresarial da América do Sul, com 36 anos de atuação no mercado.

No dia 8, às 19 horas, serão realizados “Debate sobre as mídias e suas evoluções”, com Carlos Agra, gerente comercial da TV Tem – Bauru; a palestra “Os desafios da fotografia na era digital, com Douglas Mansur, repórter fotográfico e diretor da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado de São Paulo (ARFOC-SP); e a mesa-redonda “Conversas com egressos de Relações Públicas no mercado”.

Paralelo à programação de palestras e mesas-redondas, serão realizadas as oficinas “Jornalismo Cultural: da teoria à prática”, com Mariana Pícaro Cerigatto, repórter da editoria de Cultura do Jornal da Cidade; “Como produzir conteúdo para ambientes digitais”, com Larissa Faria, redatora em web da Editora Alto Astral; “O Audiovisual na prática: Produção de VT Publicitário” e “O Audiovisual na prática - Videocast”, com a equipe da Polvo Produtora.

As inscrições para o Comsetur 2012 estão abertas e podem ser feitas até o dia 5 de novembro, segunda-feira, pelo site http://www.usc.br/eventos_usc/comsetur2012/, onde é possível, também, obter a programação completa do evento.

Contatos: marcelo.silva@usc.brvitor.brumatti@usc.br; daniela.bochembuzo@usc.br 

Relações Públicas: mais que comunicação, Administração

Por Manoel Marcondes Neto

Aos errepês e amigos das RRPP: está lançado o "Manifesto Sincrético: Relações Públicas e Administração" - concebido em Salvador, Bahia, no dia 28 de outubro de 2012. Visite o endereço da causa, a seguir. Se concordar, faça sua adesão; curtindo, comentando e compartilhando. Toda chuva começa com uma primeira gota. A depender de mim, aqui está o primeiro pingo:

Veja abaixo a segunda versão do manifesto na íntegra, (a primeira está no blog RRPP):

"MANIFESTO SINCRÉTICO: RELAÇÕES PÚBLICAS E ADMINISTRAÇÃO
SALVADOR, BAHIA, 28 DE OUTUBRO DE 2012
VERSÃO 2

(Novas versões, eventualmente, poderão ser editadas no sentido de enriquecer o presente manifesto – nunca em termos de mudança de propósitos. Todas permanecerão publicadas para verificação a qualquer tempo).

A partir de um convite para participar do III Congresso Brasileiro de Administração, realizado a 25, 26 e 27 de outubro, em Salvador, Bahia, sob a organização da Faculdade Mauricio de Nassau e do Conselho Regional de Administração – apresentando a palestra “Transparência como valor central da governança corporativa: uma abordagem de relações públicas” – amalgamaram-se reflexões passadas, sentimentos presentes e uma visão de futuro em torno de uma aproximação radical das Relações Públicas à Administração.

Relações Públicas: mais que comunicação, Administração.

Um retorno às origens, na verdade, pois que até a efetiva operação do Sistema Conferp-Conrerp (1970), profissionais relações-públicas registravam-se no Conselho Regional de Técnicos de Administração (CRTA), antecessor do atual Sistema CFA-CRA.

Antecedentes

Em 1951 a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) criou o primeiro departamento de Relações Públicas de uma organização brasileira, já que o pioneiro setor no país, de 1914, fora criado no âmbito de uma multinacional canadense, a Light Power & Co., sob Eduardo Pinheiro Lobo, engenheiro de formação (sua data de nascimento, 2 de dezembro, é, aliás, a data oficial da profissão no Brasil).

Em 1954 a EBAP (Escola Brasileira de Administração Pública) da Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro, formava uma primeira turma em Relações Públicas a partir de curso ministrado pelo especialista estadunidense Eric Carlson.

Também em 1954 surgia a Associação Brasileira de Relações Públicas, associação que forneceu as bases institucionais e organizativas para a criação do Sistema Conferp-Conrerp.

Em 1967, pela Lei 5.377, é regulamentada a profissão de relações-públicas no país. Após dois anos de concessão de registros profissionais “provisionados” aos comprovadamente praticantes de então, o registro passou a ser exclusivo dos bacharéis em Relações Públicas.

Em 1969 é criado o Sistema Conferp-Conrerp, autarquia federal de fiscalização profissional e regulação das atividades relativas à comunicação institucional no país, atividade privativa de relações-públicas – objeto, segundo a legislação, de ação que exige “Responsabilidade Técnica” (RT).

Dois livros-texto da pioneira graduação em Relações Públicas faziam parte da Biblioteca Pioneira de Administração e Negócios: “Relações Públicas: princípios, casos e problemas”, de Bertrand Canfield (1960) e “Relações Públicas nas empresas modernas”, de José Roberto Whitaker Penteado (1962).

Ambiente

Governança Corporativa [novo conceito - central na gestão de organizações empresariais, estatais e também do terceiro setor, hoje - surgido no contexto do mercado de ações, nos Estados Unidos, introduzido pela Lei Sarbanes-Oxley (EUA, 29/07/2002), após rumorosos casos de fraude contábil em empresas de capital aberto como Adelphia, Enron, Tyco International e WorldCom].

Conjunto de normas, processos, políticas, leis, regulamentos e instituições que regulam a maneira como uma empresa é dirigida, administrada ou controlada. O termo abrange as relações entre os diversos atores envolvidos (stakeholders) e o modo como uma organização se orienta. Os principais atores, tipicamente, são: os acionistas, a alta administração e o conselho de administração. Outros envolvidos na ideia de governança corporativa: funcionários, fornecedores, clientes, bancos e outros credores, instituições reguladoras (como a CVM, o Banco Central etc.) e a comunidade em geral – “atingida” normalmente via imprensa (fator-chave em Relações Públicas, no mundo todo e também no Brasil, sob a denominação "assessoria de comunicação" ou "de imprensa").

Ampara-se em condições exigidas, antes, por Estados e também pelas organizações da sociedade civil – de satisfações públicas, cujas premissas básicas e conceito-chave são:

• EXISTÊNCIA DE UM CONSELHO SUPERIOR
• DECISÕES COLEGIADAS (anti-autocracia)
• COMUNICAÇÃO PÚBLICA
• CONCEITO-CHAVE: TRANSPARÊNCIA

Referências

“Toda profissão tem um propósito moral. A Medicina tem a Saúde. O Direito tem a Justiça. Relações Públicas têm a Harmonia – a harmonia social”. (Seib e Fitzpatrick, Public Relations Ethics, 1995). In SIMÕES, Roberto Porto. Informação, inteligência e utopia: contribuições à teoria de relações públicas (2006).

“O marketing entrou na era das relações públicas. No futuro, podemos prever o crescimento explosivo do setor de RP”. (Al Ries e Laura Ries in “The fall of advertising and the rise of public relations”).

“As empresas também devem comunicar-se com seus consumidores atuais e potenciais. Inevitavelmente, qualquer empresa exerce o papel de comunicadora ou promotora. Muitas empresas agora desejam que seus departamentos de relações públicas gerenciem todas as suas atividades tendo em vista o marketing da empresa e a melhoria do trabalho de base. Algumas empresas estão criando unidades especiais chamadas relações públicas de marketing para apoiar diretamente a promoção de produtos e, ainda, a promoção da imagem da empresa”. (Philip Kotler, Marketing Management).

“[...] entre as maiores preocupações da administração nos dias atuais está a de comunicação... a comunicação em organização exige que as massas, sejam elas de empregados ou estudantes, compartilhem da responsabilidade por decisões até onde for possível... a comunicação em organização – e esta pode ser a verdadeira lição de nosso fracasso em comunicação e a verdadeira medida das nossas necessidades de comunicação – não constitui um meio de organizar. Ela é um modo de organizar, e esta lição não deverá ser jamais esquecida”. (Peter Drucker, A nova era da administração).

Enunciado/Objetivos

Relações Públicas como um conjunto de táticas integradas à Administração com os objetivos de (1) aprimorar a governança corporativa de empresas privadas, órgãos estatais e organizações da sociedade civil; (2) prover a transparência efetiva desses entes pela otimização do relacionamento com seu público interno, acionistas e demais públicos de interesse; e (3) contribuir para a construção e a manutenção de boa reputação.

Participação
A participação é livre, bem vinda, e quer-se adesões à causa. Se você não concorda, ignore esta causa e crie a sua. O contraponto é saudável e esperado num ambiente democrático, de livre iniciativa e de culto à verdade – três condições indispensáveis para o exercício de plenas relações públicas. Talvez este não seja o ambiente de negócios e de relacionamentos institucionais do país, hoje, mas é o país que tem que mudar, civilizando-se mais, sofisticando-se, e não os preceitos da atividade afrouxados para caber nos usos e costumes ainda toscos do Brasil."