quinta-feira, 28 de junho de 2012

Sobre a leitura crítica da mídia

Por Manoel Marcondes Neto

E sobre nós, relações-públicas, eis que recai – em minha ainda solitária opinião – mais uma grande responsabilidade. E essa não é empresarial, somente. Mas, social. Inteiramente. Explico: a “mídia”, termo técnico da área da comunicação que está na boca do povo, exerce grande poder social nos dias de hoje. Há 30 anos, quando saí da faculdade, discutir mídia, falar de mídia, entender de mídia era algo para poucos. Hoje, não. Na roda de bar se fala de mídia. No Congresso Nacional se discute mídia. Nos telefonemas grampeados cita-se a mídia. Só não se fala de mídia na própria mídia. E esse é um dos grandes desafios de quem estuda e pensa comunicação com a finalidade de atuar sobre o público, ensinar, fazer passar imagens e discursos e lutar pela “compreensão mútua” – como consta na definição da nossa profissão.

Com esse mutismo da mídia sobre si mesma, salvo a exceção honrosa do “Observatório da Imprensa”, fica mais difícil chamar a atenção da audiência quanto a riscos corriqueiros de mau entendimento, propaganda enganosa, mensagens subliminares, comunicação feita pela metade e a inescapável parcialidade devida a acertos comerciais. Ora, se as Casas Bahia são o maior anunciante do veículo “X”, não se vai encontrar o escandaloso caso da morte por engano (o indivíduo baleado pelo segurança quando flanava pela loja paulista era cliente e não assaltante) na sua primeira página.

Vai longe o tempo em que alguns estudiosos apontavam riscos de manipulação, sacavam máximas contra a massificação ou se derretiam de admiração pela figura do Chacrinha – aquela personagem que repetia o bordão “quem não se comunica se trumbica”. (Aliás, vale a pena ver o documentário “Alô Alô Terezinha” de Nelson Hoineff sobre o Velho Guerreiro).

Porém, é preciso lembrar-se que a educação fundamental e média dos brasileiros anda pelas últimas posições mundiais, enquanto que a nossa mídia é, talvez, a mais sofisticada do planeta (além de ser a mais cara, em dólar, para se anunciar). Tal desequilíbrio “pró-mídia” faz da telinha da TV o veículo que mais educa e influencia o comportamento do indivíduo. A mídia homogeiniza, sim. É hábito e forma hábitos. Em um recente evento da indústria da mídia, o diretor da TV Globo “ensinava” em palestra: - é preciso conhecer as pessoas que estão assistindo. Depois conhecer todos os gostos delas. E aí conhecer seus hábitos de consumo...

É uma operação mercadológica perfeita – quem vai discutir a competência comercial da TV Globo? Mas em termos humanísticos, de formação cultural – que é, aliás, um dos mandamentos da Constituição Federal para as áreas da Comunicação e da Cultura (Dê uma olhadinha no link abaixo) – é nota zero.

Assim, seguindo uma trilha aberta por Ismar Soares, pesquisador e professor da USP, um batalhador das causas da educomunicação e da leitura crítica dos meios de comunicação no ensino fundamental e médio, postulo para os errepês essa função, seja no meio acadêmico, quando professor, seja no âmbito organizacional – privado, governamental ou terceiro setor. É preciso “sofisticar o olho e o ouvido” do cidadão e do executivo – inclusive para que compreenda a sutileza do trabalho de relações públicas, um arsenal de táticas avançadas de divulgação.

Assim como é rotina do errepê fazer o “issue management” – gerenciamento de questões sensíveis à empresa-cliente” – sugiro a inclusão de uma outra vertente em nosso trabalho interno junto à base da pirâmide e mesmo à gerência: a discussão das pautas de jornais e emissoras de rádio, análise de telejornais e da internet, visando uma discussão crítica do que normalmente está por trás daquilo que sai publicado.

O jornalista não tem tempo para fazer isso. E não tem perfil também. Seu trabalho é buscar a notícia – no máximo “agendar a pauta” (agenda setting). E trabalha pressionado pelos fatos, pelo chefe de redação, pela concorrência e pelas péssimas condições de trabalho.

O publicitário, no final das contas, é quem paga “toda essa festa que já vem malhada antes d’eu nascer” (Cazuza et al.). Não será este o perfil profissional a julgar a mídia. Este é seu sustentáculo. Precisa vender Melissinhas para a novela e para o feirante. Precisa faturar para a agência e para o veículo. Leitura crítica? Esquece!

Resta ao relações-públicas, por sua visão geral, comprometida com valores institucionais e o longo prazo, a missão de abrir olhos e ouvidos de seu cliente para o que acontece na mídia com potencial para afetá-lo, fazendo a tão necessária leitura crítica dos meios que sua educação fundamental, média – ou mesmo a superior – não ensinou.

Link:
Textos da Constituição Federal para as áreas da Comunicação e da Cultura

terça-feira, 26 de junho de 2012

O Super Sincero existe na comunicação? - Ética e honestidade com os públicos

Por Maíra Masiero

Este post começa com uma pergunta: ser sincero é sempre vantajoso para uma pessoa ou organização? Até que ponto pode-se falar em sinceridade, sem deixar os outros desconfortáveis, com argumentos que seriam desnecessários ou infelizes? Um quadro do programa "Fantástico", da Rede Globo, em 2009 e 2010, mostrou este impasse: o Super Sincero mostra o comediante Luiz Fernando Guimarães faz o papel de vários personagens que não contam mentiras e acabam revelando algumas verdades desconfortáveis às pessoas, como se pode ver no vídeo a seguir.


Muito se fala que "a propaganda é a alma do negócio", e realmente este é um instrumento fundamental para que uma marca ou instituição possa ser conhecida por seu público. Contudo, se a propaganda passa uma sensação que não se traduz em realidade, quando chega ao consumidor, como agir numa situação dessa? E se, para complicar, fosse uma das marcas mais conhecidas do mundo? Será que o Super Sincero seria um bom parâmetro para responder a estas indagações?

A rede de restaturantes McDonald's, em suas filiais no Canadá, decidiu ser sincera com seus consumidores, principalmente com uma cliente que perguntou numa página de perguntas e respostas da marca no país: "Por que seus sanduíches nas propagandas parecem diferentes do que estão nas lojas?". Esta é uma pergunta que vai de encontro ao que foi dito anteriormente: como evitar que uma pergunta dessas se transforme num problema ainda maior para a marca ou, no mínimo, tornasse ainda um motivo maior de chacota?



A saída da empresa: como o Super Sincero, a sinceridade. Foi feito um vídeo, apresentado pela Hope Bagozzi, diretora de martketing do McDonald's Canadá, que faz justamente a comparação entre um sanduíche que acabou de sair de um restaurante da rede com um feito no estúdio por um food stylist da marca, especialmente para campanhas publicitárias.



A explicação da diretora, segundo tradução do vídeo apresentada no Portal Exame, foi de que o sanduíche da loja é feito em, aproximadamente, um minuto, enquanto são gastas várias horas para se fazer um modelo para a sessão de fotos, porém utilizando os mesmos ingredientes e fotografados com a mesma intensidade de luz e na mesma direção.
E, afinal, qual é o motivo que faz com que o tamanho dos lanches da loja e da propaganda fiquem diferentes? Hope explica:

"(...) A caixa em que o sanduíche é armazenado mantém ele aquecido, o que cria um efeito de vapor que faz o lanche contrair um pouco. (...) Mas a principal diferença é o fato de que nós colocamos para fora grande parte dos ingredientes que normalmente ficam escondidos sob o pão, para que você possa vê-los.”

Mas a atitude "sincera" do McDonald's foi sincera de verdade, ou foi apenas uma jogada de marketing para se aproveitar desta pergunta já tão discutida pelos consumidores, assim como admitir o uso de Photoshop em algumas fotos de pessoas públicas? Este é um tema para se discutir com mais profundidade...

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Reescrevendo histórias com comunicação - Cases vencedores de Relações Públicas em Cannes

Por Maíra Masiero

No mais tradicional Festival de Criatividade do mundo, a Cannes Lions, a categoria Relações Públicas (PR) é uma das mais novas da premiação (estreou em 2009) e, neste ano de 2012, ao contrário dos anos anteriores, não teve brasileiros entre os agraciados com os Leões, que foram para países como Estados Unidos (três Leões de Ouro, três de Prata e cinco de Bronze, resultando na liderança na categoria), Austrália (três Ouros, uma Prata e seis Bronzes), Alemanha, Argentina, França, Inglaterra, África do Sul e Líbano.

O objetivo do post de hoje do RPitacos é mostrar algumas destas iniciativas (divulgadas pelo Meio & Mensagem), que podem (e devem) seguir de exemplo para os profissionais e estudantes desta área, pois são estratégias simples, porém, de grande resultado.

O Grand Prix da categoria foi para um país que nunca havia ganhado um Leão sequer na história do Festival. Foi uma criação da JWT de San Juan para o Banco Popular que trouxe a Porto Rico esta premiação. Para chegar a este resultado, foi usada uma música muito conhecida da Banda El Gran Combo, chamada No Hago Mas Ná (em português, "Não faço mais nada"), que exalta o ócio, como se pode ver nestes versos: Qué bueno, qué bueno, qué bueno, / qué bueno es vivir la vida, / ¡comiendo, durmiendo y no haciendo na'! (em tradução livre para o português: "Como é bom, como é bom, como é bom, o que é bom viver a vida, Comer, dormir e não fazer nada!")

Para se manter em atividade, o Banco Popular depende da evolução da economia da ilha, e viver fora do país era algo muito comum. Com este contexto, a campanha “A canção mais popular” (The most popular song) desafiou a mesma banda a reescrever os versos da canção, criando a música Echar Pa’lante (Indo adiante) de forma que passasse a mensagem de que vale a pena trabalhar e ajudar o país a crescer.



Com a música feita, houve uma grande campanha para popularizar a música no país, assim como a sua antecessora. A canção não só chegou ao topo das paradas de sucesso locais, como atraiu 60 mil pessoas a um show gratuito e fez o índice de reputação da marca do Banco Popular alcançar o recorde de 80%. Além disso, foi criado um site com vários vídeos de otimismo e empreendorismo, formas de ser voluntário e outros temas relevantes.

Outra estratégia vencedora vem da Argentina, numa ação feita para a livraria Eterna Cadencia, a fim de divulgar novos autores e livros. Algumas publicações vinham com um prazo de validade específico (dois meses) e foram enviadas para articulistas e críticos. Após a data, a tinta dos livros iria desaparecer, e isso estimularia uma leitura mais rápida e efetiva dos autores, evitando que se guarde os livros na estante e esqueça-os lá. Afinal, como diz o próprio título da ação, este livro não pode esperar.



E a última iniciativa analisada neste post pode servir como um pequeno passo para se reescrever a história entre dois países. Um dos Leões de Ouro foi para a ação Blood Relations, da Baumann Ber Rivnay S&S de Israel para o Centro Peres para a Paz, que tinha o objetivo de convencer os bancos de sangue de Israel e Palestina de aceitar doações de israelenses e palestinos indiscriminadamente, com a mensagem “Você machucaria alguém que tem seu próprio sangue correndo nas veias?”.

A ação foi divulgada por um website, que possui mais dados sobre a campanha e sobre postos de doação nestes países. A reperucssão foi tão grande, que a ação foi condecorada pela ONU, por seus esforços para trazer paz ao Oriente Médio. Estima-se que tenha atingido um total de 350 milhões de pessoas em todo o mundo. O vídeo desta campanha encerra o post de hoje.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Presença Competente na Internet, além dos outros “media” – uma questão para relações-públicas

por Manoel Marcondes Neto
Acabei de avaliar um trabalho de fim de curso de estudantes de administração. É marcante o interesse desse pessoal pela nossa área de atuação – a comunicação organizacional. A eles ainda surpreende que eu não seja um jornalista ou publicitário e, nisso, são amostra fiel do universo em que nos encontramos: para o senso comum, somente esses dois perfis profissionais são reconhecidos como “da comunicação”.


Mas, depois que tomam contato com o nosso campo, de RP, essas pessoas de outras áreas entendem que as finalidades precípuas daquelas funções tradicionais mais conhecidas; informar e persuadir, respectivamente, não dão conta do planejamento estratégico que preside a comunicação de uma organização, sobretudo as de grande porte. Ou as do terceiro setor, por exemplo, desprovidas da função marketing. É preciso mais. E aí compreendem a amplitude de ação que o exercício que denomino “pleno” de Relações Públicas traz para empresas, órgãos governamentais e organizações da sociedade civil.


Manoel Maria de Vasconcellos defendia a tese de que Relações Públicas são sinônimo do conceito de comunicação social. Ou seja, todo o esforço que uma organização ou indivíduo fazem com o objetivo de divulgar-se no seio da sociedade em que vivem e atuam seria uma questão de Relações Públicas. Pronto: está aí uma bela tese – que passei a adotar –, a qual justifica a abrangência dos nossos saberes e a utilidade dos nossos múltiplos fazeres. (Podem adotá-la quando tiverem que responder pela enésima vez à pergunta “o que é mesmo isso que você escolheu?”).

Pois bem, voltemos ao trabalho que acabei de corrigir. Como não poderia ser diferente, esses futuros administradores, fazendo planos de negócios e pesquisando por aí, chegaram a sugestões que, quando tratam de comunicação, incluem a mídia televisiva, o rádio, os jornais, outdoors e patrocínios, entre outras. Surpreendentemente não mencionaram a Internet. Nem como meio, nem como veículo. É uma limitação. Uma miopia. A internet simplesmente revolucionou a mídia nos últimos anos.


Vamos aos dados: se em 2008 a web ainda andava atrás da mídia rádio em termos de fatia do “bolo publicitário” (4% para a primeira e 5% para a última), agora ela é o meio que vem em segundo lugar, perdendo apenas para o meio televisão aberta. De acordo com o levantamento da Internet Advertising Brasil (IAB Brasil), o faturamento anualizado dos sites e mecanismos de busca atingiu 11,5% do bolo publicitário (contra 10,5% do período anterior – o que revela um aumento de 10% ao ano – maior crescimento do setor). A TV aberta ainda mantém – inalterados – 59,5% do bolo total, seguida pelo meio jornal, com 10,5% das verbas, e das revistas, com 6,5%. O meio rádio ainda detém 4% do faturamento publicitário, em patamar semelhante ao da TV por assinatura (com 3,5%). As demais alternativas de mídia comercial ficam assim: mídia exterior (outdoors e afins) com 3%, listas e guias com 1%, e o cinema com 0,5% do faturamento total do mercado. O mercado publicitário brasileiro movimenta um total de R$ 28,5 bilhões em termos só de veiculação (sem contar os custos de produção).


Não se pode deixar de levar em conta que todos os media convergem para a internet. São novos meios e veículos ainda não considerados nos levantamentos publicitários: webtvs, webradios, weblogs – mas que cada vez mais brigarão por audiência e, por conseqüência, entrarão também na briga por anunciantes. Por isso, na demanda por relevância, quem anuncia tem que olhar para a web. E quem não anuncia? Bem, quem não anuncia tem que ter, pelo menos, o que resumo como “presença competente na internet”, ou seja, pelo menos um bom website institucional. Não dá mais para improvisar, ter um “sitezinho”, um “blogzinho”, um “youtubinho”, desenvolvidos por um amador amigo “muito criativo”. Há que se ter um bom design (pelo menos instigante, belo e claro), muita informação “doada” ao internauta, funcionalidades, facilidade de navegação e alguma interação (norma da web 2.0 – algo que até já está ficando para trás). Nem pensar em uma homepage estática, com cara de 1.0, de “bolha do ano 2.000”.


Considere, pois, a sua presença – ou de seu negócio – na Internet como uma importante via para a decantada transparência, resultado do composto dos 4 Rs das Relações Públicas: uma ferramenta de Relacionamento – (já mencionamos a também desejável Relevância) –, do necessário Reconhecimento e, quem sabe, também, como um dos alicerces da uma (boa) Reputação.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Harmonizar a melodia das organizações - Relações Públicas e a área musical

Para encerrar a cobertura do blog RPitacos sobre a XI Semana de Relações Públicas da UNESP Bauru, na última quarta-feira, dia 13 de junho, aconteceram duas palestras à respeito da atuação destes profissionais no ramo musical. Os palestrantes convidados foram Bruno de Oliveira, community manager do SWU, e Carmem Murara, gerente de comunicação do festival Lupaluna.

Em sua palestra, Bruno começou explicando que o SWU (Starts With You) não é apenas um festival de música, mas sim um movimento de conscientização em prol da sustentabilidade e que nasceu por uma iniciativa de Eduardo Fischer, presidente do grupo TotalCom. Este movimento, uma das vertentes do SWU, faz ações com ONGs e entidades parceiras, como a SOS Mata Atlântica, por exemplo.

Além do Movimento e do Festival de música e artes, o SWU ainda promove várias ações, como a Gincana Impacto Zero (disputa sustentável entre universitários, dentre eles, representando Bauru, a Universidade do Sagrado Coração), o SWU Kids, a SWUTV e o Fórum Global de Sustentabilidade, que reúne um debate entre personalidades e obteve, em 2011, o apoio oficial das Nações Unidas. A seguir, um trecho do discurso de Marina Silva, uma das convidadas do ano de 2011.



Depois da apresentação do evento, Bruno passou a retratar a importância das redes sociais para a interação entre o movimento e os públicos, para a maior participação destes em momentos importantes, como numa coletiva de imprensa.

Além das várias mídias sociais que o SWU possui (como Twitter, Facebook, Orkut, Youtube e Flickr), o palestrante ainda endossou a interatividade presente nestes espaços, em que o emissor torna-se receptor e vice-versa, e que não se pode ignorar a opinião das pessoas, porque elas são geradoras de conteúdo e feedback e influenciam as suas redes de contato a cada interação.

Já Carmem Murara mostrou, em sua palestra, o case do Festival Lupaluna, o maior do Paraná e que é organizado pelo GRPCom (Grupo Paranaense de Comunicação) uma vez por ano, num Bioparque em Curitiba. Em quatro edições do evento (começou em 2008 e não teve edição em 2010), o público estimado foi de 160 mil pessoas.

O início, em 2008, foi embasado num novo conceito de entretenimento, com "Música e natureza fazendo eco". No ano seguinte, houve a presença inédita de artistas internacionais e a expansão das ações ambientais, com o lançamento do projeto "Águas do Amanhã", para recuperar a bacia do Alto Iguaçu.

Em 2011, um ponto importante ressaltado pela palestrante foi a parceria entre grandes nomes da música, algo que também se repetiu na edição deste ano de 2012 (18 e 19 de maio), como se pode ver nesta parceria entre o grupo cubano Buena Vista Social Club e o rapper Marcelo D2.



Uma das dificuldades na publicidade do evento, citadas por Carmem, é em relação ao clima frio da Região Sul na época do Festival porém, mesmo assim, o evento cresceu e já se torna pauta para noticiários nacionais, como o "Jornal Hoje", da Rede Globo. Isso se deve a uma melhor estrutura de Assessoria de Imprensa, juntando profissionais internos e agências tercerizadas.

Um outro ponto forte é a inserção nas mídias sociais, como o Facebook, Orkut, Youtube, Twitter e Instagram, e isso pode ser provado pela pesquisa de satisfação do evento em 2012: 22,6% das pessoas souberam do Festival pelas mídias sociais, sendo 82% pelo Facebook. A comunicação interna do evento foi também destacada por Carmen, que promoveu ações de engajamento, venda diferenciada de ingressos, sorteios e visitas ao camarim dos artistas.

Portanto, o profissional de Relações Públicas torna-se um agente fundamental nestes grandes festivais, pois lida com os mais diversos públicos e possui ferramentas para aprimorar a comunicação entre eles.

Agradecemos à Comissão Organizadora do evento pela oportunidade de cobrir a XI Semana de Relações Públicas e parabenizamos pela qualidade das palestras e pela relevância do tema escolhido. Para acessar as coberturas dos outros dias de evento, é só acessar os links do 1º dia e 2º dia.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Relações Públicas e cinema: uma história com final feliz

Por Maíra Masiero

Em continuidade à cobertura feita pelo blog RPitacos da XI Semana de Relações Públicas da UNESP Bauru, as palestras da última terça-feira, dia 12 de junho, foram relacionadas ao que costumeiramente se chama de "a sétima arte", isto é, o Cinema, e suas ramificações com a área de Comunicação. Os palestrantes do dia foram Cynthia Rodrigues dos Santos, da Brazucah Produções e Vinícius Fernandes, do Blog Mr. Pinguim.

Primeiramente, Vinícius tratou de descrever o que é Roteiro, Direção e Linguagem Crítica no cinema. O primeiro elemento mostra, em palavras, o que vai acontecer na cena. Há vários métodos de edição e de construção de roteiros, que foram mostrados na palestra, além de rápidas diferenciações entre narrativa e história, pista e recompensa, ironia e ironia dramática. Vinícius ainda sugeriu, para quem quiser se aprofundar, o Manual do Roteiro, de Syd Field.

Já a direção mostra a visão de seu titular sobre o que está escrito no roteiro. Por meio da decupagem, é escrita cada cena no papel como será contada, como num storyboard. Depois, há uma reunião com todos os chefes de direção, a fim de deixar o filme mais uniforme e com a visão pretendida pelo diretor, que precisa dominar a equipe e pensar em tudo antecipadamente..

O palestrante também chamou a atenção para os jogos de câmeras, que ainda são essenciais para entender a diferença entre cinema (produção diferenciada) e novela (produção em série) e mostra porque a televisão está mais "atrasada" que os filmes. No quesito da edição, Vinícius ressaltou que a linguagem cinematográfica muda rapidamente, e é necessário acompanhar as evoluções. Na linguagem crítica, ele chamou a atenção para a colocação de cada elemento no filme, para representar uma situação ou um sentimento, como a saturação e a escolha das cores, por exemplo. Para encerrar a colocação, o palestrante mostrou um vídeo que ele fez em paródia a um vídeo clássico do Youtube: "Dancem, macacos, dancem":



A segunda palestra da noite mostrou um viés mais voltado aos profissionais de Relações Públicas. Cynthia Rodrigues destacou, num primeiro momento, a quantidade grande de filmes brasileiros lançados recentemente, só que poucos são conhecidos pelo grande público.

Ela passou alguns dados importantes sobre o assunto: 87% da população não teve acesso à produção nacional de filmes, em 2010. Foram 91 filmes nacionais lançados, com um público de 25.600.000 brasileiros assistindo à filmes tupiniquins. Já um problema está na concentração das salas de cinema: de 5565 municípios, somente 378 possuem salas de cinema, e muitas delas estão nas grandes cidades, e isto soma-se ao alto preço do ingresso.

Um dos pontos importantes que a palestrante citou, em relação ao profissional de Relações Públicas no cinema, é que este é um intermediário entre artistas, marcas envolvidas e relações governamentais, e que a profissão possui um papel importante dentro da cadeia produtiva do cinema, que não se resume a somente atuar ou dirigir, mas na produção, distribuição e execução.

Além disso, um aspecto que já foi retatado no primeiro dia voltou à cena: a importância da identificação do público, agora no filme. Cada um tem seu público alvo determinado que precisa ser visto, até porque o Brasil se tornou um tema internacional do cinema, e há um entusiasmo visível do exterior com o país. Por isso, é necessário criar mecanismos de incentivo ao cinema nacional, e isso é fonte de trabalho para os relações-públicas.

A Brazucah, fundada em 2002, tem duas áreas de trabalho: como produtora cultural (projetos de exibição de filmes em espaços alternativos, como escolas e espaços culturais) e agência de comunicação (estratégias de comunicação eficazes no lançamento comercial dos filmes, utilizando marketing viral e de guerrilha). A seguir, um vídeo de uma entrevista com Silvio Da-Rin, diretor de Paralelo 10, no canal da produtora no Youtube, que comenta um pouco a história do estilo documentário e fala sobre possibilidades de exibição deste formato.



Dentre as várias ações da Brazucah destacadas por Cynthia, uma delas chama-se Agente Brazucah, que planejam ações de comunicação específicas para cada público. Além disso, os integrantes da Rede Brazucah são articuladores internos nas universidades que reúnem pessoas que gostam de cinema, organizam e articulam a rede no lançamento de filmes, através de ações promocionais, assessorias, dentre outros.

Como se pode ver, o trabalho de um relações-públicas no cinema vai além das atuações e direções, mas sim de um planejamento consistente de comunicação para não deixar o filme sair de cena.

O evento continua hoje (13/06), com tema relacionado à Música. Para maiores informações sobre o evento, é só conferir a página da Semana no Facebook.

Observação: o blog RPitacos fará apenas a cobertura das palestras da Semana de Relações Públicas, não se responsabilizando pela organização do evento.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Relações Públicas e Moda: uma parceria que dá certo

Por Maíra Masiero

Como o blog havia prometido em posts anteriores, vamos mostrar um pouco do que aconteceu na primeira noite de palestras da XI Semana de Relações Públicas, da UNESP Bauru. Neste primeiro dia, o blog contou com o auxílio de Hayara Cassiana, aluna do 1º ano de Relações Públicas! Muito obrigado pela ajuda neste dia! 
 
 
O tema da última segunda-feira (11 de junho) relacionava Relações Públicas com Moda. As palestrantes foram Giovana Burg, Analista de Tendências, e Samantha Beltran, Assessora Executiva da Business Unit de Negócios da Geo Eventos.

Primeiramente, Giovana mostrou as definições de moda, que podem se portar de vários modos na linguagem: moda (o que está), estilo (o que voce é) e tendencia - o que vai ser. Estes três passos foram explicados por Giovana, que também comentou sobre como se dá a mobilização causada pela moda às pessoas.
 
 
Este processo também é feito de três etapas: o primeiro passo é o estilista (que lança as ideias), segundo é a industria textil (que torna possíveis as peças pelas questões materiais) e o terceiro é o comercial (divulgação das ideias). Giovana também destacou, em sua colocação, que, muitas vezes, a necessidade do cotidiano promove o surgimento de várias coisas e o envolvimento com os estilos que estão nas ruas pode trazer muitas ideias de tendências, inclusive, segundo a analista, com um foco muito recente na moda japonesa.
 
 
E o relações-públicas nesta história? Estes profissionais precisam entender o público, convencê-lo de que aquela tendência é possível de ser assimilada pelo público. Giovana ainda citou o caso das lojas C&A, em que a top model Gisele Bündchen apareceu numa vitrine vestindo as roupas da coleção assinada por ela. Resultado: em 40 minutos, a coleção se esgotou, pois muitas mulheres foram imersas no imaginário de serem equivalentes a uma modelo de renome internacional.
Já Samantha, a segunda palestrante, trabalha com eventos e fez questão de esclarecer que o profissional de Relações Públicas não é um promoter, mas se coloca no equilíbrio entre a imagem e a identidade. Além disso, ela ressaltou que o bom planejamento, antes de qualquer ação, é necessário e importante.
 
 
O mercado de eventos, na visão de Samantha, é bem competitivo, gera muita renda e emprego, e cada evento é visto como um investimento a ser feito pelas empresas. Além disso, as duas palestrantes alertaram para a importância de se conhecer o público-alvo e o de interesse, antes de se realizar alguma ação, pois, sem isso, a produção fica vazia de significado.
 
 
Lembrando que o evento continua hoje (12/06) e amanhã (13/06) com temas relacionados a Cinema e Música. Para maiores informações sobre o evento, é só conferir a página da Semana no Facebook.
 
 
Observação: o blog RPitacos fará apenas a cobertura das palestras da Semana de Relações Públicas, não se responsabilizando pela organização do evento.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Divulgação XI Semana de Relações Públicas

Por Maíra Masiero

O RPitacos, a pedidos da Comissão Organizadora da IX Semana de Relações Públicas da UNESP Bauru, vem divulgar este evento importante para os profissionais e graduandos desta área. E é uma honra para o blog poder cobrir, a partir de amanhã, 12 de junho, os conteúdos mais importantes das palestras deste evento. Segue release feito pela Comissão do evento.

A XI Semana de Relações Públicas de 2012 acontecerá nos dias 11,12 e 13 de junho, como o tema “RP e Produções Culturais: Moda, Música e Cinema”.O evento é organizado por uma Comissão de alunos do terceiro termo (segundo ano) de Relações Públicas da UNESP Bauru. A Semana terá palestras no período da noite e contará com oficinas no período da tarde das 14 às 18 horas. As inscrições começaram nesta segunda-feira, 14 de maio e irão até 6 de junho.

O maior objetivo do projeto é familiarizar o público com o encadeamento entre as atividades teóricas e as práticas desenvolvidas por profissionais de comunicação, sobretudo na área de relações públicas. Relacionar as funções do RP com eventos culturais dará a oportunidade ao público de notar o quanto é essencial que hajam profissionais capacitados para eventos acontecerem de forma planejada, organizada e responsável para com todos os envolvidos na ação.

Saindo do convencional com o tema, por tratar de eventos culturais e não acadêmicos, a XI Semana de Relações Públicas tem como público alvo os estudantes de Relações Públicas e de Comunicação Social da UNESP e alunos de Relações Públicas da USC - Universidade Sagrado Coração. Mas, também dá espaço a todos os interessados.


Programação: 

Palestras: 19 às 23 horas

11.06 – Segunda-feira
Samantha Beltran, Assessora Executiva da Business Unit de Negócios da Geo Eventos
Giovana Burg - analista de tendências

12.06 – Terça-feira
Cynthia Rodrigues dos Santos da Brazucah Produções
Vinícius Fernandes do blog Mr. Pinguim

13.06 – Quarta-feira
Bruno Campos de Oliveira comunity manager do SWU
Carmem Murara gerente de Comunicação Institucional da GRPCOM
Oficinas:
11.06 - Customização de Roupas com Lívia Perroca (Consultora e Profª. do SENAC Bauru);
12.06 - Fotografia com Daniele Fernandes (Profª. da UNESP);
13.06 - Edição de vídeo com Francisco Machado Filho (Prof. da UNESP Bauru).
Preços: Palestras: R$ 15,00
Oficinas: R$ 10,00 por oficina ou R$ 25,00 as três oficinas.

Mais informações:


http://www.facebook.com/semanaderp ou pelo e-mail: semanarp2012@gmail.com


Observação: o blog RPitacos fará apenas a cobertura das palestras da Semana de Relações Públicas, não se responsabilizando pela organização do evento.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

O que é divulgação?

A seguir, o primeiro post do novo colaborador do RPitacos: Manoel Marcondes Neto. A partir de hoje, a autoria da postagem sempre estará em itálico no começo do post, para que se possa identificar de quem é o texto!


O que é divulgação?


Divulgação é atividade que se confunde com relações públicas em sua função precípua, de dar publicidade a fatos que envolvem pessoas públicas e organizações. É bem o sentido que o Direito também dá ao termo “publicidade”. Todo ato legal só ganha concretude quando publicado. Uma tese só é válida se defendida publicamente. Em inglês, publicity, a divulgação se obtém, fundamentalmente, a partir daquilo que é “dito sobre você” na mídia, em oposição à propaganda institucional, que é aquilo que se dia “de si mesmo” – algo que, muito compreensivelmente, vem acompanhado de desconfiança por parte do público. É sabido que o efeito zapping tem hora certa para acontecer – o momento dos intervalos comerciais... quando a propaganda é veiculada.

Divulgação é “free publicity”, na língua inglesa dos PRs (public relations ou publicists). O que se traduz, no Brasil, pelo termo “mídia espontânea”, apesar dos protestos dos assessores de imprensa (errepês e jornalistas), que acham que o termo não traduz bem o esforço que se empreende para obter divulgação junto à imprensa e protestam: “espontânea nada!”.
A assessoria de imprensa é instrumento clássico de comunicação institucional. É a obtenção de espaços prestigiados no noticiário – o que se obtém fazendo com que as “novas” da organização sejam de real interesse para o(s) público(s) leitores, espectadores, ouvintes ou internautas do(s) veículo(s) em que se quer aparecer. E foi, inclusive, a razão do surgimento das modernas relações públicas, em 1906, com Ivy Lee. O pioneiro estadunidense, jornalista atuante, descobriu o nicho da divulgação (não-publicitária, paga) de atuação junto às empresas – e, dado importante, deixou a imprensa. Num tempo em que todas as empresas já faziam anúncios pagos, elaborou um serviço de informação ao público e mencionava em seu próprio material institucional: “não fazemos jornalismo; não fazemos propaganda”. Seu objetivo era a “divulgação de matérias no interesses de clientes”.

Há casos exemplares de bom uso das relações com a imprensa para a obtenção de boa presença institucional: Bradesco, Natura, Vale (principalmente no seu período estatal, quando não fazia, como hoje, publicidade comercial), Embraer, Volkswagen, Nestlé e Votorantim.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Comemoração de #RPitacos2anos e Resultado do Processo Seletivo

Neste dia 04 de junho, o RPitacos completa dois anos de vida. Uma história que começou em 2010, apenas como um "laboratório" de textos para exercitar a escrita, que já alçou voos inimagináveis no começo de tudo.

Houve algumas indicações de posts como Melhores da Semana, em lista organizada pelo Horizonte RP. Outros textos foram reconhecidos por profissionais e acadêmicos qualificados, além das qualificações dos artigos da autora para uma das edições da Revista A Bordo e a escolha desta para ser uma das novas cappuccinas de um blog respeitado no campo das Relações Públicas, que é o OCappuccino, e ser finalista do V Prêmio RP do Brasil, na Categoria Estudantil.

O blog ainda promoveu ações para declarar a paixão dos profissionais pelas Relações Públicas, como a #ILoveRP, em que foram postados textos sobre a importância desta profissão no mundo contemporâneo, nas proximidades do Dia Nacional das Relações Públicas, celebrado em 02 de dezembro.

Na última semana de 2010, uma lista promovida pela Rede RP-Online mostra o RPitacos como um dos 29 blogs de estudantes e profissionais de Relações Públicas que merecem ser seguidos no ano de 2011, ano em que a autora ficou em 3º lugar no VI Prêmio RP do Brasil, conquistando a Menção Honrosa na Categoria Estudantil.

Para comemorar todo esse sucesso de dois anos de reconhecimento, e visando as necessidades do blog, foi lançado um Processo Seletivo para a entrada de um novo colaborador!

O RPitacos agradece a todos que mandaram seus textos para avaliação, pela qualidade e empenho de cada um. Escolher o melhor texto foi muito difícil, por isso o blog agradece e parabeniza a todos! Gratidão também aos avaliadores Marcello Chamusca e Alexandre Azevedo Magalhães Costa, pela disponibilidade em ler os textos e colaborar para mais esta ação do RPitacos.

Enfim, depois de alguns meses de processo e de bons textos, chegou finalmente a hora de revelar quem será o novo colaborador do blog, segundo a avaliação dos dois avaliadores convidados. E o nome do selecionado é: Manoel Marcondes Machado Filho. Parabéns e seja bem vindo ao RPitacos! Sua presença irá acrescentar muito às nossas postagens. Conforme regras pré-estabelecidas, o blog vai entrar em contato com o novo membro nos próximos dias para os outros passos do processo.

Se você mandou seu texto e não foi selecionado, o blog traz uma novidade a partir de hoje: a seção Você na Prosa, em que autores de Comunicação poderão expor análises e textos, com o objetivo de compartilhar novos conhecimentos e estimular discussões sobre assuntos que estejam em evidência no campo comunicacional.

Portanto, se você tem um texto interessante, uma reflexão, provocação ou análise de algo pertinente à comunicação, é só mandar para o e-mail do blog colocando, como assunto, a frase Você na Prosa. Daqui a alguns dias, serão colocadas as regras para publicações no RPitacos numa página específica. É importante ressaltar que os textos passarão por uma avaliação dos membros do blog, antes de serem ou não aprovados, e serão publicados de acordo com a periodicidade do RPitacos.

E parabéns ao RPitacos! Muitos anos de vida e de comunicação!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Peugeot e o "jeitinho brasileiro" de levar vantagem

Popularmente, diz-se que o brasileiro tem uma forma diferenciada de resolver os problemas ou, ainda, de levar vantagem e conseguir benefícios por meio da camaradagem, da cordialidade. Também existe aquela célebre frase "você sabe com quem está falando?", que revela uma valorização do status individual e da sensação de se ter direitos especiais sobre os outros.

O tal "jeitinho brasileiro" já foi estudado por muitos cientistas e pesquisadores como uma das grandes características do povo nacional. Mas, afinal, o que significaria este jeitinho para os moldes acadêmicos? Quem explica é Fernando C. Prestes Motta e Rafael Alcadipani, no artigo Jeitinho brasileiro, controle social e competição (1999, p. 9):

"O jeitinho se dá quando a determinação que impossibilitaria ou dificultaria a ação pretendida por uma dada pessoa é reinterpretada pelo responsável por seu cumprimento, que passa a priorizar a peculiaridade da situação e permite o não-cumprimento da determinação, fazendo assim com que a pessoa atinja seu objetivo.
Quando o jeitinho ocorre, aquele que o concede considera a situação particular que lhe foi apresentada como mais importante do que a determinação que deveria ser genérica e, dessa forma, reinterpreta a validade da determinação universal e prioriza o caso específico, ou seja, o pessoal passa a ser mais importante que o universal."


Mas o que se pode perguntar, nesse momento, é: o que isso tem a ver com as ações comunicacionais de uma empresa? Dois fatores: primeiramente, a cultura organizacional brasileira agrega, de forma maior ou menor, os atributos culturais passados de gerações em gerações. Em segundo lugar, a mídia também pode contrbuir, positiva ou negativamente, para a afirmação destes costumes e, por consequência, deste "jeitinho brasileiro" de resolver as situações.

Recentemente, dois comerciais da marca de automóveis Peugeot foram responsáveis por exemplificar algumas facetas desta cordialidade do povo brasileiro, do "jeitinho" utilizado para se conseguir os favores e os benefícios, mesmo que se precise passar por cima de pessoas ou de certos valores.

Num primeiro comercial, o estagiário é convidado por dois outros colaboradores a abrir as portas do estabelecimento para os clientes entrarem. Porém, quando ele faz isso, se depara com muitos consumidores, que quase o esmagam, entrando ao mesmo tempo na concessionária. Com o ocorrido, os outros personagens ainda zombam do novato, dando uma entonação irônica à palavra "estagiário" e ainda saindo para almoçar, enquanto ele está deitado no chão.



Houve a sensação, de acordo com os valores atribuídos no comercial, de que a empresa trataria assim a todos os seus estagiários e, se não, pelo menos, compactuaria com as ideias passadas pela agência responsável pela execução do comercial. Várias instituições fizeram notas de repúdio à propaganda, como a Contracs (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços) e a CUT. Segundo o colunista Lauro Jardim, da Veja on-line, a propaganda foi suspensa pelo Conar após atingir 108 reclamações.

Com a repercussão negativa do comercial (nas mídias sociais e nos comentários feitos nos vídeos), a Peugeot tentou consertar a falha na abordagem promovendo outro comercial, a fim de tentar inserir o estagiário numa situação favorável. Porém, o erro foi abordar negativamente o preconceito contra os idosos, quando o estagiário, para querer agradar a uma jovem mais bonita fisicamente e com mais atributos - de certa forma - favoráveis a ele, acaba menosprezando o atendimento a uma pessoa mais velha.



É necessário, portanto, entender que o "jeitinho brasileiro" agrega duas leituras: ou de uma postura conformista de convivência ou de uma forma de sobreviver ao cotidiano (resistência). Muitas vezes, a primeira visão é mais usada, principalmente nestes comerciais da Peugeot, em que o estereótipo de "estagiário faz-tudo" e uma demonstração do preconceito contra os idosos foram frequentes.