segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Relações Públicas e publicidade - A importância da crowdsourcing advertising para a integração dos públicos

Muito se ouve falar em processos colaborativos das mais variadas expressões: jornalismo/webjornalismo colaborativo (que foi tema específico de um post do RPitacos), livros colaborativos, conteúdo colaborativo... Enfim, neste novo milênio, houve uma grande valorização de se consultar várias pessoas para, entre outros, o desenvolvimento de ferramentas, para compartilhar informações e resolver problemas.

Um termo estrangeiro e mais técnico para expressar este fenômeno é chamado crowdsourcing (em alguns lugares, pode estar escrito como croudsourcing), que não possui uma tradução específica em português, mas pode ser considerado como uma "terceirização" diferente aplicada pelas empresas, como explica Miro Luiz dos Santos Bacin em sua tese de doutorado A fonte amadora na construção de realidades no telejornalismo (2006, p. 65) a partir da cobertura do atentado às Torres Gêmeas, ocorrido no dia 11 de setembro de 2001:

"Quatro minutos depois do primeiro ataque, a rede de televisão norte-americana CNN começava a transmitir imagens das torres em chama, mas faltavam-lhe as informações iniciais, as cenas originais que deflagraram a crueza dos ataques. Tal ausência foi preenchida, mais tarde, por fontes anônimas, testemunhas oculares que participaram da construção da notícia, denominados por crowdsourcing, termo apropriado para designar as contribuições das fontes amadoras: garage scientists, amateur videographers ou freelancers."

Como pode-se ver, as fontes tercerizadas (ou seja, os cinegrafistas e fotógrafos amadores que mandaram imagens da tragédia) são importantes para que houvesse um maior entendimento da gravidade e da crueldade desses ataques. Agora, os processos colaborativos começam a tomar mais força também no ramo da propaganda e publicidade.

Para exemplificar, uma brincadeira que muitas pessoas fazem é de imitar, integralmente ou com diversas releituras, as propagandas comerciais que são sucesso na televisão e na Internet ou de criar peças publicitárias para produtos, fictícios ou não, com a simples função de mostrar a sua vertente publicitária. Pois bem, esta brincadeira virou algo lucrativo e agregador para as empresas: é a chamada publicidade colaborativa ou, em inglês, crowdsourcing advertising, em que é permitido ao público participar do processo de criação de peças publicitárias.

Dois exemplos recentes desta prática: o primeiro refere-se ao desodorante Axe, referente a Unielever que, segundo o portal Exame, obteve 14 filmes, 109 anúncios impressos e 18 banners criados pelos internautas em pouco mais de um mês. Através do portal Zoopa, a maior provedora global de conteúdo publicitário colaborativo gerado pelos usuários, o briefing foi gerado com o objetivo (via Portal da Propaganda) de "estimular a produção de peças publicitárias que diferenciem as duas linhas de desodorantes AXE: os antitranspirantes e os desodorantes para o corpo (bodysprays).", além de integrar os públicos-alvo da marca. Esta competição começou no dia 6 de dezembro de 2010 e vai até o dia 31 de janeiro de 2011.

Outra forma de publicidade colaborativa foi utilizada pelo refrigerante Sprite no ano de 2010. A ação promocional Refresque suas ideias incentivou os internautas a criarem uma arte para ilustrar uma lata deste produto, a partir de uma ferramenta de informática disponível no site. Submetida à moderação, a ilustração era exposta em votação popular e os 30 mais votados, além de ganhar um videogame cada, passaram por uma Comissão Julgadora, em que os quatro melhores desenhos foram estampados nas latas dos refrigerantes e seus autores levaram um IPod Shuffle. Abaixo, um vídeo promocional da ação, com a participação de quatro grafiteiros.




Pode-se dizer que, até mesmo indiretamente, houve publicidade colaborativa neste caso pela importância de qualquer produto ter uma embalagem atrativa aos olhos dos prováveis consumidores, fazendo, assim, uma propaganda in loco, no momento da compra e/ou do consumo imediato. Além disso, estas ações promovem uma integração convincente entre empresa e consumidores, a fim de que estes se sintam diretamente como partes integrantes das estratégias da marca.

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