quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Limites entre a imparcialidade e o ser torcedor - Cobertura da participação do Internacional no Mundial de Clubes FIFA

O futebol é considerado a grande paixão nacional por muitos brasileiros, e a maioria deles tem um time pelo qual se demonstra maior afeto e predileção. E quando um jornalista, que precisa ser ético e imparcial, possui uma paixão declarada por certo clube? E quando este time ganha ou perde um jogo importante na temporada? Como lidar com o ser torcedor, sem perder a lisura, se isso for possível? Para entender o fanatismo dos jornalistas esportivos em algumas coberturas e os seus distintos comportamentos, o blog mostra um caso recente.

No último dia 14 de dezembro, o time do Internacional/RS estreava no Mundial de Clubes organizado pela FIFA e sedidado nos Emirados Árabes Unidos. Os gaúchos tinham, como primeiro adversário, o desconhecido Mazembe, campeão africano vindo do Congo e que, para surpresa de muitos torcedores e especialistas, já tinha eliminado o mexicano Pachuca na fase anterior por 1 a 0.

O que quase nenhum amante sul-americano e europeu do futebol esperava aconteceu: o representante africano, pela primeira vez na história dos Mundiais, conseguiu chegar a uma decisão de título, derrotando a equipe brasileira por 2 a 0. A derrota repercutiu nos jornais do mundo todo e foi o assunto mais comentado no Twitter por vários dias.

Quando se fala em transmissões radiofônicas de partidas do Internacional, um dos nomes lembrados é o de Pedro Ernesto Denardin, narrador titular da Rádio Gaúcha desde 1995 e conhecido nacionalmente por suas locuções polêmicas e incomuns.

O caso mais falado ocorreu na Libertadores de 2006, no primeiro jogo da final entre Internacional e São Paulo, em que Denardin narra o 2º gol do time gaúcho, afirmando que o "Inter humilhou o campeão do mundo [São Paulo ganhou o título mundial em 2005 diante do Liverpool]" e pisou em cima da camisa tricolor. Esta narração também foi lembrada em 2010, quando o Inter venceu novamente o São Paulo nas semifinais e garantiu sua vaga ao Mundial, pois o outro finalista era o mexicano Pachuca, da Concacaf.



Porém, as narrações mais desesperadoras do locutor ocorreram no jogo do Mundial de Clubes de 2010, em que Denardin não acreditava na derrota do Internacional para o Mazembe. No Youtube, podem ser vistos as locuções de dois momentos dessa histórica vitória do time africano: os dois gols do time e os últimos minutos da partida. É necessário reparar que o locutor não ressalta as qualidades do Mazembe, mas, de certa forma, o humilha, dizendo, entre outras frases, que o time gaúcho não poderia perder para o time do Congo.
Passando para a televisão, no dia seguinte à eliminação do time gaúcho, a apresentadora do programa Jogo Aberto (BAND), Renata Fan, declaradamente colorada, decide apresentar o jornal neste dia e acaba quase que chorando ao vivo, pela própria situação de derrota e, indiretamente, por artifícios executados pela equipe - no caso, a música de fundo executada quando Renata tentava falar era a marcha fúnebre e alguns comentários infelizes do ex-jogador e comentarista Neto.



Renata, numa de suas falas no vídeo, afirma que não sabia se conseguiria falar como jornalista naquele dia, por alimentar uma expectativa grande sobre o time. A apresentadora ainda discorda do posicionamento do Internacional em abandonar o Campeonato Brasileiro para disputar o Mundial e ressalta o sacrifício que muitos torcedores fizeram para viajar à Abu Dabi, além de valorizar o bom futebol jogado pelo mazembe, ao contrário de Pedro Ernesto.

Seja pelo lado da histeria e do descontrole, seja pelo choro contido e pela tristeza, o fato é que misturar jornalismo esportivo com paixão declarada a um time específico pode, em algumas situações, ser prejudicial. Talvez muita gente se perguntou o porquê de a Renata não se poupar, e ter apresentado o Jogo Aberto naquele dia. Talvez muitos questionem até hoje as peculiares narrações de Pedro Ernesto. O que se pode dizer é que ter um time de coração não é de todo ruim; o problema é como incorporar esta paixão a um trabalho que preza, quase sempre, pela imparcialidade.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Gestão de crises empresariais - Operadora Oi e o incêndio que interrompeu comunicações

Uma das grandes responsabilidades que os profissionais de Comunicação, principalmente os Relações Públicas, assumem quando atuam nas empresas ou para pessoas físicas (celebridades, políticos, entre outros) é a chamada gestão de crises. Mas, afinal, o que seria uma crise? É o que tenta responder o artigo A importância do plano de gerenciamento de crises em empresas prestadoras de serviços: Estudo de caso, de Maurício Silveira (fev. 2010, p. 1):

"As crises não são meramente problemas, nem conflitos que acontecem diariamente nas organizações. Crise é um acontecimento que envolve falhas, que gera aflição geral, situações de desgaste de relacionamentos, fato que acontece subitamente, ameaçando a imagem organizacional, os negócios e podendo acarretar grandes perdas financeiras."

Para impedir ou, ao menos, amenizar as consequências negativas que decorrem destas crises, o profissional de Relações Públicas tem uma grande responsabilidade, que é a de identificar os fatores responsáveis pelos acontecimentos, indicar soluções para estes e administrar os relacionamentos que permeiam o dia-a-dia de uma organização. Vários estudos de casos sobre gerenciamento de crises já foram analisados em artigos acadêmicos e monografias e, hoje, será visto um exemplo de como pode ser feita uma boa administração de um súbito acidente, que poderia ser a mola propulsora de uma crise

Na manhã do último dia 21 de dezembro, um incêndio atingiu o prédio central da operadora Oi, na Avenida Antônio Carlos Magalhães, região nobre de Salvador. O fogo começou às 10h, na sala de baterias localizada no 2º andar e a laje do edifício desabou parcialmente. Felizmente, não houve vítimas: apenas alguns bombeiros tiveram que ser socorridos por inalarem fumaça tóxica ou por exaustão.

Porém, o pior dano causado por este incêndio ocorreu nos serviços da operadora: 6 estados brasileiros (Bahia, Alagoas, Pernambuco, Maranhão, Sergipe e Piauí) tiveram problemas na telefonia e nos acessos à Internet e à serviços bancários. Pela ocasião em que ocorreu a fatalidade - às vésperas do Natal e do Ano Novo -, temia-se a possibilidade de muitas pessoas ficarem sem ter acesso a meios de comunicação importantes para a reunião familiar, ainda que a distância separe muitas pessoas de seus parentes e amigos.

Além desta crise no lado emocional e subjetivo, referente aos consumidores, o aspecto econômico começou também a esmorecer: no dia seguinte ao incêndio, as ações da empresa na Bolsa de Valores de São Paulo caíram 1,82%, enquanto a Bovespa tinha uma alta de 0,12%. Era necessário agir rápido para que a situação não piorasse, ou seja, para que não fosse manchada a imagem da Oi, tanto no quesito financeiro, quanto na confiabilidade dos clientes que residem naqueles locais.

As ações foram quase imediatas: no próprio dia 22, o canal oficial da operadora no Youtube postou um comunicado oficial sobre o caso, apresentado pelo presidente da empresa Luiz Eduardo Falco. Nesse vídeo, ele agradece às autoridades da Bahia (principalmente ao Corpo de Bombeiros) pela rapidez no trabalho de controlar o incêndio, não esconde as consequências do acidente e anunciou algumas medidas emergenciais para que o acesso não seja prejudicado: distribuição de mini-modens de 3G para os clientes do Oi Velox que tiveram seu serviço de banda-larga prejudicado, e de aparelhos emergenciais para os clientes do serviço de telefonia fixo.



A maioria dos comentários deste vídeo parabeniza a empresa por prestar esclarecimentos à população e pela transparência ao comentar os fatos ocorridos. Apenas um comentário lamenta o fato deste comunicado não ser veiculado na televisão. Além do vídeo, há, no site da operadora, uma lista dos números afetados e dois comunicados (de 22/12 e de 23/12), sendo este último para informar, dentre outras medidas, que "os serviços de banda larga para os clientes afetados pelo incêndio na central telefônica de Itaigara, em Salvador, deverão estar totalmente restabelecidos até o próximo dia 20 de janeiro."

Como se pode ver nesse caso, é fundamental que o trabalho de gerir uma crise seja bem feito, e o setor de Comunicação da Oi conseguiu ser rápido, honesto (não escondendo os problemas decorrentes do incêndio) e eficiente, atingindo a quase todos os públicos e reconquistando a confiança dos públicos.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Qual é o limite do infotenimento? - A versão dourada e musicada do Globo Esporte

O mês de dezembro chega, os principais eventos esportivos estão se encerrando e o grande desafio dos noticiários especializados é preparar especiais de fim de ano e encontrar notícias para preencher os horários atribuídos pelas televisões. Uma das saídas encontradas pelos redatores é o uso do infotenimento, como já foi destacado neste blog. Mas uma pergunta é válida: qual o limite de se utilizar esta técnica num telejornal ancorado pela credibilidade? Uma resposta possível é tratada por Leonel Azevedo de Aguiar no artigo Entretenimento: valor-notícia fundamental, inserido na Revista Estudos em Jornalismo e Mídia (2008, p. 21):

"Os acontecimentos avaliados como importantes são, obrigatoriamente, selecionados para se tornarem notícias, enquanto que o interesse está vinculado à representação que os jornalistas fazem de seu leitor e também ao valor-notícia definido como capacidade de entretenimento. As notícias interessantes são as que procuram narrar um acontecimento com base na perspectiva do “interesse humano”, das curiosidades que atraem a atenção e do insólito. É esse critério de relevância – notícia interessante com potencialidade de entretenimento – que se coloca em contradição com o critério da importância própria dos acontecimentos."
Na tarde do dia 25 de dezembro, em pleno Natal, houve o fechamento da retrospectiva do ano de 2010 no Globo Esporte. Na ocasião, o apresentador Tiago Leifert comandava o jornal para todo o Brasil, por conta do plantão de Natal proposto pela emissora e mostrava, naquela semana, os principais fatos do ano, tendo, muitas vezes, a ótica do infotenimento como predominante. Naquele sábado, o último assunto a ser tratado no programa e na série de reportagens sobre 2010 foi uma seleção do "repertório musical" e dos "cantores-jogadores/dançarinos-jogadores" que marcaram o esporte neste ano. Então veio a ideia de homenagear, por conta da semelhança nos nomes, o programa Globo de Ouro.



O programa musical original foi exibido entre 1972 e 1990 em periodicidade variada (quartas-feiras - mensal e semanal; sextas-feiras - mensal; domingos - semanal e mensal) e com uma rotatividade de apresentadores e diretores durante o período em que ficou no ar.

Segundo o site Memória Globo, "O programa, inicialmente dirigido por Arnaldo Artilheiro e Mário Lúcio Vaz, estreou em dezembro de 1972 com o nome Globo de Ouro – A Super Parada Mensal e sua proposta era levar ao telespectador os maiores sucessos musicais do momento. A “parada” em questão era um ranking das dez músicas mais tocadas nas estações de rádio naquele mês."

No caso da homenagem feita pelo Globo Esporte, houve uma modernização da vinheta de abertura em relação à original e paródias a apresentadores da casa, como Faustão, Xuxa, Luciano Huck, de outras emissoras, como no bordão "Olha a hora!", dito por Luciano Facciolli, da Rede Bandeirantes, e a lembrança do bordão "Simplesmente um luxo", criado pelo saudoso apresentador e colunista social Ataíde Patrezi.

Foram oito atrações musicais, sendo que, ao final do bloco, foi divulgado o artista vencedor do ano que talvez receberá, como na versão original, um disco de ouro. O grande campeão foi o volante Richarlyson, atualmente no Atlético Mineiro, que atacou de cantor juntamente com outros artistas.

Como se pode ver, alicerçado no artigo de Aguiar, essas próprias apresentações musicais de esportistas talvez não teriam tanta importância em outras ocasiões, mas, pelo fato de terem um grande potencial para o infotenimento, são aproveitadas em determinados períodos do ano em que não se têm grandes notícias esportivas. Pode-se dizer com isso que o limite do infotenimento está na própria natureza do assunto, de sua relevância para determinado fim e do período em que se apresenta.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Porque já é dezembro... (IV) - Comunicação e foco emocional às vésperas de mais um Natal

Finalizando esta série de postagens sobre a comunicação e o Natal, um dos focos mais explorados nas ações publicitárias é o emocional. Como já dito numa das últimas análises discorridas neste blog, o ser humano, em datas especiais individuais (aniversário) ou coletivas (Natal, Ano Novo), intensifica seus sentimentos e os seus corações se sensibilizam com maior facilidade e, consequentemente, envolvendo-se em ações solidárias, como visto na segunda postagem.

Além destas ações típicas de final de ano, um aspecto importante a ser tratado quando se justifica a importância do foco emocional em propagandas ou em outras ações é a chamada humanização, ou seja, ter, como mote principal da campanha, o ser humano, seus desejos, valores e necessidades. Esta valorização, porém, precisa ser desenhada primeiramente na comunicação interna, como afirmam os autores Vergara e Branco (2001: 20), citados por Wellington Soares da Costa no artigo Humanização, Relacionamento Interpessoal e Ética (2003, p. 2), quando descrevem as características de uma empresa humanizada:

"[...] aquela que [...] agrega outros valores que não somente a maximização do retorno para os acionistas. Nesse sentido, são mencionadas empresas que, no âmbito interno, promovem a melhoria na qualidade de vida e de trabalho, visando à construção de relações mais democráticas e justas, mitigam as desigualdades e diferenças de raça, sexo ou credo [e não apenas em tais aspectos], além de contribuírem para o desenvolvimento e crescimento das pessoas."

Dentre os vários exemplos de planos de comunicação com ênfase nesta humanização da marca, um bastante conhecido é a propaganda Uma vez mais Lado a Lado, integrante da campanha de fim de ano do banco Bradesco. Segundo reportagem feita pelo portal Exame.com, os personagens principais, clientes do Banco, não são atores, mas sim pessoas vivendo suas próprias histórias de encontros e reencontros, ambientadas numa das plataformas da Estação Júlio Prestes, em São Paulo. Esta campanha é composta por ações nas mídias sociais, filmes de TV, depoimentos postados no canal da empresa no Youtube e anúncios impressos, entre outras ferramentas.



O banco ainda criou um hotsite dessa campanha em que, além de visualizar os depoimentos, as pessoas ainda podem mandar suas mensagens de fim de ano a parentes e amigos. Um detalhe é que o limite de caracteres destas postagens é igual a de um recado no Twitter, ou seja, de 140 caracteres. Há, nessa ação, a humanização da marca, por estar mais próxima ao cotidiano das pessoas. E este anseio, não só do Bradesco mas de outros bancos, não veio somente nos primeiros anos do terceiro milênio, como afirma Maria Eduarda da Mota Rocha, no artigo A nova retórica do grande capital: a publicidade brasileira entre o neoliberalismo e a democratização (2004, p. 20-21):

"[...] quando, ainda em 1998, adotou o slogan “sempre à frente”, o Bradesco deu-lhe um sentido diferente do culto à concorrência e ao status. Um casal mirando o pôr-do-sol era a imagem que dava suporte ao texto: “Para o Bradesco, estar sempre à frente só faz sentido se for para servir você. Nós sabemos que é preciso ter coragem para enfrentar o novo (...). É pensando assim que o Bradesco ajuda a promover o crescimento das comunidades onde atua.” (Veja, 23/09/1998). [...].

A “humanização” também passou a ser a tônica da publicidade do Itaú, a partir de 1998. Naquele ano, a campanha “bem-vindo ao ano 2000” deu um novo sentido para a pretensão de estar à frente de seu tempo, manifesta na comemoração antecipada da entrada do milênio [...]. [Com isso,] a tecnologia aparecia como meio de economia de tempo para ser gasto com a 'vida plena', representada por relações afetivas intensas e descontraídas, de preferência, ao ar livre."

Portanto, não só bancos, mas todas as empresas precisam ter os seus olhares fixos, não só nos cifrões das ações na Bolsa de Valores, mas nos valores e sonhos de cada cliente, de cada funcionário, de cada cidadão, incentivando a humanidade a ser melhor a cada ano que passa. Encerra-se esta série de postagens com um vídeo inspirador feito ao Banco Itaú na virada do milênio, valorizando o trabalho do ser humano e descrevendo os sonhos para o terceiro milênio da humanidade, contados no tempo passado, ou seja, como se o locutor estivesse no ano 3000.



O blog não terá postagens nos dias 24 e 31 de dezembro. Porém, o RPitacos não terá férias, voltando ao rítmo normal nos dias 26 de dezembro e 01 de janeiro. Sim, nestes dois dias, teremos postagens novas, pois o mundo gira em todos os segundos e precisamos RePensá-lo constantemente. Este é o novo lema deste blog! FELIZ NATAL a todos!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Porque já é dezembro... (III) - Comunicação e divulgação da religiosidade em volta do Natal

Continuando nossa série de postagens sobre as relações feitas entre a comunicação e o período do Natal, é necessário resgatar uma faceta esquecida, muitas vezes, pelos comerciais e pela própria mídia: o significado religioso que envolve o dia 25 de dezembro. É de conhecimento quase que geral que se comemora neste dia o nascimento de Jesus Cristo. Mas esta data é realmente o nascimento de Cristo? Segundo o site da revista Mundo Estranho, pertencente à Editora Abril e "filho" da Superinteressante, a data não possui muita relação com este nascimento:

"Parece incrível, mas a escolha da data não tem nada a ver com o nascimento de Jesus. Os romanos aproveitaram uma importante festa pagã realizada por volta do dia 25 de dezembro e "cristianizaram" a data, comemorando o nascimento de Jesus pela primeira vez no ano 354. A tal festa pagã, chamada de Natalis Solis Invicti ("nascimento do sol invencível"), era uma homenagem ao deus persa Mitra, popular em Roma. As comemorações aconteciam durante o solstício de inverno, o dia mais curto do ano. No hemisfério norte, o solstício não tem data fixa - ele costuma ser próximo de 22 de dezembro, mas pode cair até no dia 25."

Para o doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e pelo ITA e especialista em doutrina católica Pprofessor Felipe Aquino, em post escrito em seu blog há exatamente um ano (dia 20 de dezembro de 2009), a Igreja escolheu esta data para se comemorar o nascimento de Cristo exaltando-o como o Verdadeiro Sol, que traz a salvação em seus raios. Independente da religião praticada, todas concordam num aspecto: o período natalino tem, como objetivo, aproximar a criatura de seu Criador, como se vê nesta reportagem feita pelo Jornal do Commercio (Pernambuco) em dezembro de 2008.



Um vídeo que chamou a atenção do mundo nos últimos dias foi postado pela agência portuguesa Excentric e visto por mais de 180 mil vezes, contando somente as visualizções em seu canal oficial no Youtube. De uma maneira original, a agência mostra como seria o nascimento de Jesus nos tempos de hoje, em meio às mídias sociais.

O vídeo começa com uma busca no Google sobre a história da natividade e, a partir da localização da cidade de Nazaré, o enredo começa a se desenrolar, incluindo várias ações de comunicação modernas, como mensagens de celular, pesquisas na Wikipédia, uso de e-mails, serviço de aluguel de veículos on-line (no caso, o "carro" utilizado foi um burro), a ágil comunicação do Twitter, localização via Foursquare, interação pelo Facebook, compra de presentes pelo site Amazon e postagem de vídeos pelo Youtube.



No final do vídeo, há uma frase: Os tempos mudam, o sentimento continua o mesmo. Pode-se até discordar um pouco desta expressão numa visão mais global, visto que, em alguns países, o lado de espiritualidade do Natal não pode ser expressado ou simplesmente não existe. Porém, como Portugal possui um expressivo número de cristãos, o vídeo se mostrou eficaz e transcendeu a abordagem padrão que se faria nesta data, tanto que ganhou notoriedade em vários blogs e sites brasileiros, como no diário virtual do colunista Ricardo Noblat (Jornal O Globo) e num blog integrante do portal da InfoExame.

Não se pode desarticular desta ação o objetivo empresarial da agência de ser divulgada em todas as partes do mundo, porém conseguiu expressar o sentido do Natal e a religiosidade que envolve esta data de uma maneira criativa, alegre, inovadora e sem ferir quaisquer crenças, mas sim promovendo a união entre as pessoas de boa vontade.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Porque já é dezembro... (II) - Comunicação e solidariedade às vésperas do Natal

Em continuação à série de posts especiais sobre o Natal, iniciada ontem, é necessário refletir sobre as ações solidárias e comunitárias presentes durante este período de final de ano. É até clichê falar que o ser humano, quando se aproxima o Natal, começa a ficar mais sensibilizado com certas situações e está mais propenso a ajudar os seus semelhantes a celebrar dignamente os festejos natalinos.

Tendo em vista esta observação, o blog traz, hoje, dois exemplos de ações solidárias, uma mais pontual e até mesmo inédita, e outra mais tradicional e duradoura. Os casos analisados serão a vinheta de fim de ano da Rede Globo do ano de 2010-2011, com o mote "Realizar sonhos é mais simples do que você imagina", e a campanha Natal sem Fome dos Sonhos.

Primeiramente, vendo a tradicional vinheta de fim de ano da emissora carioca, ela traz uma interação direta com o telespectador, assim como no ano de 2008, em que vídeos de pessoas anônimas cantando a música tema foram utilizados pela emissora. Segundo o release divulgado pela emissora em vários sites e blogs, foram pedidas cartas com “sonhos de Natal” em Espaços Criança Esperança, comunidades e hospitais pelo país, sem que se contasse que era uma iniciativa da Globo. A escolha foi feita de forma aleatória e os escolhidos só descobriram do que se tratava com a chegada de surpresa das equipes.

São 10 vídeos ao todo, com a presença de duplas de atores e apresentadores da Globo, escolhidos talvez por sua empatia com as crianças (como Renato Aragão e Xuxa; Marcius Melhem e Leandro Hassum), por estarem em grande fase no jornalismo esportivo (Glenda Kozlowski e Tiago Leifert) ou como uma estratégia para mostrar simpatia com o público a fim de recuperar a audiência do Fantástico (Patrícia Poeta e Zeca Camargo), mas sempre mostrando o lado de Papais e Mamães Noéis presente nos artistas e nos cidadãos, principalmente diante do Natal, como no vídeo a seguir, com a participação do casal Tarcísio Meira e Glória Menezes entregando uma câmera digital à Pâmela, uma menina residente na capital paulista.



Outro projeto solidário que completa seus 18 anos em 2010 é a Ação da Cidadania, fundada em 24 de abril de 1993 pelo sociológo Hebert de Souza, o Betinho e a justificativa para a implantação deste comitê e da campanha Natal Sem Fome, a mais famosa ação do grupo e que foi lançada naquele mesmo ano, é explicada pelo próprio fundador: "a motivação fundamental da Ação da Cidadania era a certeza de que democracia e miséria eram incompatíveis. A indigência havia alcançado níveis alarmantes, agravando ainda mais o quadro de pobreza que sempre caracterizou a realidade brasileira".

Em 2006, houve uma mudança de foco na campanha, que passou a ser chamada de Natal Sem Fome dos Sonhos e a arrecadar brinquedos e livros infanto-juvenis, alertando a sociedade para as mazelas ainda existentes na educação brasileira. Simbolizando esta nova etapa, a nova logomarca da campanha foi criada pelo cartunista Ziraldo, autor, dentre outras obras, de O Menino Maluquinho. Como o próprio site relata, a campanha saiu do emergencial (recolhimento de alimentos) e passou a tratar o estrutural (combate ao analfabetismo e incentivo a uma educação de qualidade).

Neste ano, a arrecadação de brinquedos no Rio de Janeiro foi menor do que em 2009: apenas 59 mil brinquedos foram recebidos pela equipe, quase um terço do total arrecadado no ano passado e, na última quarta-feira, ocorreu uma vígilia para a montagem das cestas que serão entregues às famílias carentes. Abaixo, uma matéria do Jornal Nacional sobre a arrecadação de brinquedos em plena Rua  25 de Março, em São Paulo.



Com esses exemplos, podemos entender que as ações solidárias durante a época natalina são importantes, mas precisam ser desenroladas também durante o resto do ano, e nisso entra o profissional de Relações Públicas, no planejamento de ações de curto, médio ou longo prazo, para que a solidariedade esteja presente nos 365 dias do ano.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Porque já é dezembro... (I) - Comunicação e ações mercadológicas em volta do Natal

O mês de dezembro já se encaminha para a sua metade e faltam poucos dias para o Natal. Que papel a comunicação exerce nesta data comemorativa? Quais aspectos são mais realçados nas campanhas, promoções e propagandas? Como o Relações Públicas pode ajudar nestas ações? Pra responder a estas perguntas, o blog RPitacos abre uma série de quatro posts relacionando o Natal a alguma ação específica, seja espiritual, mercadológica, emocional ou comunitária.

Porém, é sempre necessário lembrar que estas ações, em muitas oportunidades, não aparecem isoladas, mas se completam e se complementam, para que o objetivo específico de cada comercial/propaganda possa ser atingido com êxito. 

Hoje, será discutido o significado do Natal sob a ótica das ações mercadológicas. Nesta época do ano, há várias iniciativas para que, dentre outros objetivos, se aumente a compra de mercadorias, seja para proveito dos próprios compradores ou para presentear os parentes/amigos queridos, e, assim, a economia dos países se aquece, como a instituição do 13º salário e um aumento considerável no número de propagandas com o intuito de motivar as pessoas às compras.

Um dos públicos mais atingidos por esta "magia do consumo" é o infantil, que possui uma capacidade de se encantar com as luzes acesas neste período com maior facilidade do que muitos adultos, além de assistir a programas de televisão por um tempo mais significativo, como relata Luísa Peixoto de Magalhães no artigo “Este ano, no Natal, eu gostaria muito de receber…” Estudo empírico sobre a relação crianças-publicidade televisiva de brinquedos (2005, p. 242):

"A exposição das crianças à televisão é inegável. Dados estudados por Manuel Pinto indicam que, 'em termos globais, pode concluir-se que a média diária de consumo ronda as 3 horas nos dias de aulas e as 4 horas no fim-de-semana' (2000:225). Ao longo destas horas, o espaço publicitário vai apresentando repetidamente spots relativos a objectos que facilmente se tornam alvos a conseguir. É o caso dos brinquedos e outros objectos do agrado infantil que se encontram registados em alguns pedidos expressos (ou não) na época do Natal (ou em outras épocas festivas)."

Esta importância do público infantil pode ser dividida em duas frentes de comerciais: os que querem atingir diretamente às crianças e os que se utilizam delas para comover outros públicos (como se verá nos próximos posts). Usando a primeira divisão, o vídeo abaixo mostra o comercial de 2010 da empresa Ri Happy, especializada em brinquedos. A agência responsável pelo comercial se utilizou de uma figura moderna do Papai Noel, que já não utiliza o tradicional trenó com renas, mas sim um foguete, além da música incidental ser uma versão mais pop rock de Jingle Bells.



As cores fortes utilizadas neste comercial, mais a figura símbolo da loja em destaque, contribuem para que a mensagem do consumo, mesmo sem veiculação de ofertas, possa ser passada com sucesso e, assim, gerar nas crianças um fetiche da mercadoria, impulsionando-as a pedir brinquedos da Ri Happy aos pais. Nesta visão consumista, há o risco de que sejam minimizadas os significados mais importantes do Natal, por esta pressão de se comprar mais e mais.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Twitter à serviço da participação na comunicação - Projeto Voz da Comunidade

Não é novidade que a Internet se tornou uma grande ferramenta para que a informação possa ser distribuída de forma mais rápida e por outros personagens, além dos jornalistas e formadores de opinião. Essa oportunidade de participar de uma comunicação, até então, mais restrita aos profissionais, pode ser exemplificada através da rede de microblog Twitter que, por sua rapidez em divulgar os acontecimentos, tornou-se fonte de informação para os meios tradicionais, como para jornais, revistas, televisão e portais de notícias.

Como exemplo de uma participação "leiga" no processo jornalístico e na composição de informações, no último domingo, dia 28 de novembro, durante a ocupação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, pela Força de Segurança Nacional, a tag #vozdacomunidade assumiu um lugar nos Trendings Topics Brasil do Twitter, como um dos assuntos mais falados nesta rede.

Esta tag surgiu graças à divulgação de informações sobre os confrontos entre a Polícia e os bandidos através do perfil no Twitter do jornal A Voz da Comunidade, de circulação local, formado por 16 páginas e com tiragens de cinco mil exemplares impressos. Segundo reportagem feita no Portal IMPRENSA, um dos moderadores do veículo relata o boom sofrido pelo perfil: de 180 seguidores, antes dos confrontos,  para mais de 30 mil em poucas semanas. As informações dadas pelo perfil são traduzidas para o inglês e são postadas em tempo real, mostrando um dos grandes triunfos da Internet e, especificamente, do Twitter: passar informações com instantaniedade.

O interessante é que estas informações são passadas por crianças e adolescentes do próprio bairro, e eles evitam falar sobre a violência, mesmo não sofrendo ameaças de bandidos. Uma das histórias mais impressionantes dentre os fundadores da Voz é de Rene Silva, um jovem de 17 anos que sonha em cursar Jornalismo e é um dos idealizadores do jornal, como é contado numa matéria veiculada no site do Programa da Redução da Violência Letal contra Adolescentes e Jovens no início de 2010:

"Aos 11 anos, Rene Silva, morador da Vila Cruzeiro, Zona Norte do Rio de Janeiro, foi estudar na Escola Municipal Alcide de Gasperi, onde teve seu primeiro contato com o jornalismo. “Pedi à diretora da escola para participar do jornal, ela autorizou e lá eu aprendi a usar o computador e diagramar”, conta o estudante que logo depois pediu para que a diretora o ajudasse a criar um jornal para a comunidade. Assim nasceu o jornal A Voz da Comunidade, com 100 exemplares por mês feitos na copiadora da escola.
Hoje, mais de quatro anos depois, Renê distribui mensalmente 3 mil exemplares do jornal pelo conjunto de favelas do Alemão. “Escrevo o jornal sozinho e às vezes meus primos me ajudam”, revela Rene que está cursando o primeiro ano do ensino médio e pretende cursar a faculdade de Comunicação e se formar em jornalismo. O estudante diz que os assuntos tratados no jornal são os que despertam o interesse dos moradores da comunidade, como saneamento básico, as obras do governo na comunidade, falta de energia e água, por exemplo."

Como se percebe pelo depoimento de Rene, o jornal tem uma abordagem variada, não só falando de notícias ruins. Assim também acontece no perfil do A Voz da Comunidade no Twitter, que mostra o cotidiano das pessoas e alguns outros fatos, como a visita do apresentador da Rede Globo Luciano Huck no Complexo do Alemão, no último dia 02 de dezembro, e que foi exibida no programa no último sábado, dia 11 de dezembro. Além de conhecer a realidade dos meninos, Huck levou-os à Central Globo de Jornalismo e presenteou-os com uma grande e equipada sala de redação, além de bolsas integrais para que eles cursem a Faculdade de Jornalismo.

Realmente, graças a estes meninos e meninas, muitas pessoas puderam se informar, através do Twitter, sobre os confrontos ocorridos no Rio e, mais do que isso, puderam conhecer uma realidade que era, muitas vezes, estereotipada pela mídia e que, com este perfil, passa a despertar novos e reais olhares.

Para encerrar este post e mostrar como o Twitter é importante para o compartilhamento de informações e para a participação da comunidade nas várias mídias, segue um vídeo de uma matéria veiculada sobre o @vozdacomunidade no Jornal da Cultura do dia 30 de novembro.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Divulgação - Final do Desafio Hora Extra (via RPjr)

Este post atende ao pedido da valorosa equipe da RPjr (Empresa Júnior de Relações Públicas) da UNESP Bauru e divulga os resultados finais do Desafio Hora Extra, outra grande ação com o intuito de valorizar nossa profissão! O release abaixo foi feito pela Diretoria de Comunicação da empresa.

Release Desafio Hora Extra

No dia 2 de dezembro – Dia Nacional das Relações Públicas - foi realizado, às 19h no câmpus da Unesp em Bauru, o encerramento do Desafio Hora Extra, o primeiro do gênero no interior paulista, idealizado e realizado pela RPjr - Empresa Júnior de Relações Públicas da Unesp,.
O Desafio teve como objetivo estimular estudantes de diversas áreas a desenvolverem habilidades como: espírito de liderança, expressividade e trabalho em equipe, além de dinamismo e organização. Tudo isso vivenciando a realidade de uma Agência de Comunicação, desenvolvendo o trabalho com empresas reais da cidade.
Foram realizadas 3 etapas durante o período de 6 meses, que contaram com a avaliação de uma banca examinadora. O Desafio Hora Extra se iniciou com a participação de 10 equipes, sendo que somente 6 chegaram à final. Entre essas, a equipe UP ficou em terceiro lugar, seguida pela equipe Samba! e a grande vencedora foi a equipe Kínitro, que ganhou uma viagem de 8 dias para Porto Seguro/BA, com embarque previsto para o dia 11 de dezembro.
O Desafio Hora Extra abrangeu estudantes dos mais diversos segmentos e faculdades de Bauru, além de obter um grande reconhecimento por parte destes, dos docentes e de todos aqueles que estavam direta ou indiretamente envolvidos com o evento. Por isso, é importante ressaltar o valor agregado que o projeto pode oferecer.

DESAFIO HORA EXTRA
Período: Junho a Dezembro/2010
Data do resultado: 2 de dezembro
Equipe Vencedora: KÍNITRO

Mais informações / fotos:
RPjr – Empresa Júnior de Relações Públicas (Unesp Bauru)
(14) 3103-6165 | rpjr@faac.unesp.br
www.desafiohoraextra.com.br / www.youtube.com/rpjrunesp

Fronteira entre liberdade de expressão e preconceito - Exploração da tag #coisadecrente no Twitter

Um dos grandes males que atingem a sociedade mundial ainda não foi totalmente expelido da face da Terra, que se chama preconceito. Em suas mais variadas vertentes, seja social, racial, religioso, econômico, cultural ou em relação à opção sexual de cada um, esta lamentável prática ainda causa danos a uma sociedade que se diz "civilizada".

Especificando este post, é necessário aprofundar-se no preconceito religioso, lembrando que a diversidade de culto e a liberdade de expressão religiosa são direitos garantidos pela Constituição Federal, como lembra Priscila Formigheri Feldens em seu artigo Preconceito Religioso: um desafio à liberdade religiosa, inclusive expressiva (2008, p. 5):

"No artigo 5º, inciso VI, da atual Carta Magna, declara-se ser “inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida na forma da lei, proteção aos locais de culto e suas liturgias”. Tal artigo mostra-se de alta relevância e foi um dos modos de consagração dentro da Constituição Brasileira do respeito aos valores individuais de cada cidadão."

Um dos grandes estereótipos que se conferem aos cristãos, principalmente aos evangélicos/protestantes, é a alcunha de crentes, como algo pejorativo. Na realidade, uma pessoa crente é aquela que crê em alguma coisa, que acredita em algo - nesse caso, em Deus - não especificamente a pessoa que frequenta alguma igreja de denominação protestante.

Parecendo desconsiderar este aspecto, na tarde da última quinta, dia 09 de dezembro, a tag #coisadecrente atingiu o topo dos Trending Topics Brasil, sendo um dos assuntos mais falados no microblog Twitter. Muitas dessas mensagens continham afirmações preconceituosas e estereotipadas a respeito dos protestantes, fazendo brincadeiras com nomes de bandas evangélicas, como a Diante do Trono, e cometendo outras gafes.

Outras pessoas, evangélicas ou não, atribuem aspectos positivos para completar a insinuação, a fim de responder aos preconceituosos, e há alguns comentários sobre a injúria enraizada nessa tag.

Esse caso relembra outro episódio de preconceito ocorrido após as eleições presidenciais do ano de 2010, em que vários perfis no Twitter começam a postar ofensas contra os nordestinos, por conta de expressiva votação da presidente eleita Dilma Rousseff na região. Resultado: uma usuária foi processada na Justiça por conta das injúrias proferidas.

Já bem dizia Albert Einstein: "é mais fácil quebrar um átomo do que um preconceito". É necessário, portanto, se utilizar da comunicação para disseminar o respeito e a igualdade entre as pessoas, e não o contrário. Para encerrar, aqui está um vídeo do programa Via Legal, exibido na TV Cultura em 2009, discutindo sobre preconceito religioso.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

#ILoveRP Texto Final - Fazer RP para RePensar o mundo

Fazer RP para RePensar o Mundo

Maíra Masiero
Graduanda em Comunicação Social: Relações Públicas pela UNESP -Bauru

Há uma certa frase no campo das Relações Públicas dita e motivada por Marcello Chamusca e Márcia Carvalhal, idealizadores do Portal RP-Bahia, que declara: “Relações Públicas é mais que uma profissão, é uma paixão, uma causa, um caso de amor.”.
 
E como não se apaixonar por uma área que permite a diversificação de seu trabalho, em que um dia praticamente não é igual ao outro? Como não lutar para que as Relações Públicas sejam valorizadas como se tem direito, não negando a importância das outras especificidades comunicacionais, mas, ao mesmo tempo, mostrando a verdadeira função da profissão?

Utilizando-se da frase exposta inicialmente, pode-se dizer que o “namoro” de muitos profissionais com as Relações Públicas começa lentamente e de forma desconfiada, pois ainda há, infelizmente, vários estereótipos atrelados à profissão, como se pode ver nos casos que envolveram entidades revestidas de credibilidade perante o público, como a Rede Globo de Televisão – e o infeliz posicionamento do personagem Fred na novela Passione – e a entrevista do professor João Manuel Cardoso de Mello, fundador da FACAMP e da UNICAMP (casos já discutidos neste blog).

Porém, assim como acontece num relacionamento entre duas pessoas, quanto mais se conhece a área em que se deseja atuar, mais se ama e, mesmo que a oportunidade de cursá-la não chegue, pelo menos o respeito às funções e ao trabalho estão garantidos. Para que isto aconteça, portanto, é necessário o conhecimento, que advém da divulgação de trabalhos e artigos acerca das Relações Públicas. 

E é isso que este humilde blog, que chega aos seus 6 meses de vida nesta semana, quis mostrar ao promover esta ação de valorização, que não teve o intuito de mostrar choramingos de profissionais que desejam, a todo custo, uma melhor imagem desta área. Quando se promovem estas ações, o grande objetivo deve ser resumido somente numa palavra: repensar

Pensar novamente, sob outros olhares como os da Sociologia, Filosofia, Psicologia e Estatística (por que não?), a respeito dos acontecimentos que, a cada segundo, surgem nos portais de notícias, nas ondas das rádios, nas telas de TV, nos 140 caracteres do Twitter... Pensar novamente acerca do papel das Relações Públicas na gestão da comunicação, nas assessorias de imprensa, nas ouvidorias, nas empresas, no Governo, nas academias do saber e do malhar...

E foi para isso que a ação #ILoveRP foi pensada, para isso que este blog surgiu. Para incentivar as pessoas que o lêem a repensar, a incentivar a criatividade, a questionar o pensamento. E será sempre esta visão que o RPitacos apresentará neste fim de ano e em todo o ano de 2011: mais do que somente pitacos, são alavancas de conhecimento, do pensar e repensar.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

#ILoveRP Texto 5 - Relações Públicas: profissão de futuro e da atualidade (por Marcello Chamusca)

Relações Públicas: profissão de futuro e da atualidade

Marcello Chamusca
Relações-públicas e professor universitário.

Tratar das Relações públicas no contexto contemporâneo, apesar de todas as transformações pelas quais a sociedade tem passado, ainda significa necessariamente pensar sobre a sua função organizacional política, a partir da visão simoesiana, que discute as micro relações de poder no âmbito das organizações, pois aí estão os fundamentos da profissão, do processo, da atividade e do profissional da área.

Também entendemos como imprescindível pensar a função estratégica da atividade a partir da classificação lógica de públicos de Fábio França, em que propõe uma análise de todos os públicos que se relacionam com a organização, priorizando ainda o entendimento de aspectos culturais da “nova” sociedade que desponta.

As novas características da ambiência tecnológica digital, paradoxalmente, tornam necessárias as análises sobre a função social das relações públicas, na medida em que o ambiente de compartilhamento nos abriga desenvolver uma visão cada vez mais crítica sobre a respeito dos conteúdos e conceitos que começam a ser utilizados, como por exemplo, o conceito de responsabilidade social, que vem sendo utilizado de forma cínica e pouco respeitável pelas organizações contemporâneas.

Neste âmbito, deve-se mesmo é pensar em algo que possa nos aproximar de uma função social genuína, como o conceito de relações públicas comunitárias, propalado por Cicília Peruzzo como melhor modelo para se pensar a atividade no contexto social. Em seguida, ao partir para reflexões mais profundas sobre o que está posto, entender a dimensão social das relações públicas na sua plenitude, conforme observa Ferrari, que é o de priorizar o equilíbrio de interesses entre a organização e os seus públicos.

Pensar relações públicas no contexto contemporâneo também é pensar profundamente na sua função ética, que deve ir além do simples exercício dentro dos critérios regulamentares e legais, uma vez que a dimensão ética das relações públicas envolve a compreensão dos valores morais de toda sociedade ou, pelo menos, da maioria dela, pois é sempre o desejo e o bem-estar da maioria que devem prevalecer.

Todas essas funções aqui citadas, entretanto, não ganhariam a dimensão necessária não fosse a função científica, que as analisa e tenta explicar com detalhes cada uma delas, para se ter uma teoria sobre a atividade. É através da literatura, portanto, que autores como Roberto Porto Simões, Margarida Kunsch, Fábio França, Luiz Alberto de Farias, Cicília Peruzzo, dentre muitos outros, auxiliam a construção de um alicerce, baseado em conhecimento teórico e prático das relações públicas contemporâneas.

Falar de relações públicas no contexto contemporâneo implica também em observar a evolução histórica da profissão, que acaba refletindo até hoje na percepção de uma parte da sociedade sobre a atividade, que está vinculada a questões simbolicamente negativas, desde a sua origem com Ivy Lee, que transformou a imagem de um mega-empresário, magnata, frente à opinião pública, em um bom moço, até a sua veiculação à ditadura militar, no Brasil.

Provavelmente, a falta de reconhecimento ou até mesmo a visão equivocada que alguns empresários têm da atividade, que liga o profissional de relações públicas ao apagador de incêndio ou ao maquiador da organização perante a opinião pública, se dá graças as atitudes e comportamento dos próprios profissionais da área, que colaboraram com a difusão de uma atividade que não inspira credibilidade e que não tem valor no mercado para quem não tem o que esconder ou disfarçar.

Sabemos que o mercado de trabalho para todas as áreas é seletivo. É preciso ser competente para conseguir sobreviver. Talvez seja por isso que profissionais incompetentes se escondem atrás de argumentos que denigrem a atividade para amenizar a sua desqualificação profissional.

O mercado de relações públicas na atualidade é cada vez mais crescente e aberto, dado a sua abrangência de atuação. O profissional pode atuar com planejamento, gestão de eventos, de crise, auditoria, ouvidoria, assessoria de imprensa, comunicação comunitária, dentre muitas outras possibilidades. Isso tem sido o nosso bem e o nosso mau, pois, se por um lado o mercado é amplo, por outro torna a percepção da sociedade muito dispersa e termina que a maioria das pessoas tem uma noção do que seja a profissão, mas não a sua dimensão completa.

Isso também cria alguns campos minados para a profissão, em que profissionais de outras áreas disputam espaço no mercado de trabalho, disputando competências. Exemplos disso são as Assessorias de Imprensa e a disputa irracional com os colegas jornalistas; a Comunicação Interna, com os profissionais de RH; atendimento, relações com clientes e outros públicos externos estratégicos, com os capacitados em marketing; eventos com os turismólogos e cerimonialistas, dentre outras muitas disputas e brigas por espaços.

Um ponto positivo no momento contemporâneo é o crescimento de vagas em concursos para a área e com salários compatíveis. Além disso, surgem muitos nichos de mercado a serem descobertos.

Simões fala de mercados ocultos. São espaços que estão abertos, mas que não possuem o nome específico de relações públicas. Estão sendo ofertados com outros nomes como assessoria de imprensa, atendimento, captação de recursos, eventos, gestão de crise, lobby, ouvidoria, pesquisa, gestão de imagem, relações institucionais, comunicação empresarial, comunicação organizacional, marketing cultural, social, político, dentre outras possibilidades.

É necessário que o profissional da área enxergue esses mercados ocultos, que possuem funções compatíveis com a sua área de formação e se apropriem desses espaços que estão abertos para profissionais competentes. Percebe-se que hoje em dia, empregos com carteira assinada e todos os benefícios garantidos estão cada vez mais escassos. Contudo, para o profissional competente, não falta trabalho.

Hoje, os melhores espaços e oportunidades surgem para o profissional empreendedor, que tem iniciativa e, muitas vezes, entende que montar a sua própria empresa pode ser a melhor maneira de aproveitar as oportunidades disponíveis. Contudo, muitos preferem emprego fixo, com carteira assinada, mesmo que para isso assumam funções totalmente incompatíveis com a atividade de relações públicas.

O profissional que deseja atuar como relações-públicas precisa além de ter tido uma boa formação acadêmica ter como objetivo a permanente ampliação da qualificação do currículo. Há uma necessidade premente de qualificação e experiência profissional.

Na contemporaneidade, diversas áreas estão sendo abertas e apontadas para o exercício das relações públicas, a área de meio ambiente, com os programas de comunicação social impostos as organizações com condicionantes exigidas pelos órgãos ambientais, a área de saúde na atuação em hospitais, clínicas, no terceiro setor, nas ONGs que defendem as mais nobres causas sociais e ainda no âmbito acadêmico, no ensino, atuando como professor, ou, especificamente, na dedicação de pesquisas dos temas relacionados com a atividade.

Concluímos que quando há uma percepção e comprovação de que o mercado de trabalho está aberto para o exercício da atividade e que as relações públicas tem um valor inestimável para a construção e manutenção dos relacionamentos da organização com os seus públicos estratégicos, se note que o problema não está e nunca esteve definitivamente com as relações públicas, mas com os indivíduos que exercem a profissão.

Essa é uma questão essencial e necessita ser mudada. A propagação equivocada de um mercado retraído e não reconhecido pela sociedade, a falta de auto-estima e pró-atividade dos estudantes e profissionais, além da fragilidade do Sistema Conferp - Conselho Federal de Relações Públicas, que não atua de forma efetiva para o fortalecimento das relações públicas, são questões que podem determinar o futuro da profissão.

Cabe a nós, profissionais de relações públicas, deixar de lado idiotices como a recente declaração preconceituosa do professor da FACAMP, que não vale a pena sequer citar o nome, ou os casos de falta de conhecimento a respeito das práticas da atividade constantemente percebida nas novelas globais, e enxergarmos o valor e a importância da nossa profissão, não somente para o futuro, mas também no contexto atual das organizações contemporâneas.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

#ILoveRP Texto 4 - O mercado de relações públicas na atualidade e a exigência por competência profissional (por Márcia Carvalhal)

O mercado de relações públicas na atualidade e a exigência por competência profissional

Márcia Carvalhal
Relações-públicas, professora universitária.

Na contemporaneidade torna-se evidente que o exercício da atividade de relações públicas é absolutamente necessário nas organizações. Mas nem sempre é praticado por profissionais qualificados para tal. Entendemos, contudo, que o mercado está cada vez mais competitivo, seletivo e exigente, provocando uma feroz disputa por espaço.

Recentemente, a informação da não exigência do diploma de jornalismo fez surgir discussões e reflexões por parte dos profissionais de relações-públicas sobre a verdadeira importância da competência e da qualificação para assumir o cargo de gestor de comunicação e relacionamentos nas organizações, independente da apresentação do título de bacharel em Comunicação Social e suas habilitações.

Hoje em dia, a concorrência para assumir as chefias nos setores de comunicação comprova os dilemas da realidade de mercado em que os mais competentes ou até mesmo os menos capacitados que poderão ser um jornalista, um publicitário, um administrador e até mesmo um advogado ou engenheiro e não somente um relações-públicas poderá ter a incumbência e direito, adquirido pelo processo de escolha da alta direção da organização, de gerir o seu setor de comunicação.

Na Lei de Mercado não há argumentos objetivos que afirmem que uma Assessoria de Comunicação necessita ser gerida apenas por profissionais de relações públicas. Não há como alterar o que existe na estrutura pública ou privada para definir que Relações Públicas é quem faz Assessoria de Imprensa, por exemplo.

Compreendemos então que na atualidade, a conquista pelos espaços para o exercício das relações públicas precisa ser gradativa, construída com bases sólidas e pautada na ética e valores morais que permeiam a atividade que tem como objetivo o equilíbrio de interesses entre a organização e seus públicos estratégicos.

Há a necessidade do desenvolvendo do espírito crítico sobre a atuação do profissional de relações-públicas. Para isso é preciso levar em conta que muitas questões importantes não podem ser mudadas repentinamente como no caso das assessorias que são montadas com profissionais não habilitados em Relações Públicas, mas os concursados para determinados órgãos públicos que não exigem o registro.

No momento contemporâneo a atividade de relações publicas vem ganhando muita visibilidade por parte das grandes e médias organizações. Amplia-se o mercado de atuação da atividade independente de estar ou não no cargo de chefias.

As perspectivas de atuações são diversas no primeiro setor (governo), segundo setor (empresas) e terceiro setor (ONGs). No primeiro setor abre-se espaço para trabalhar nas Assessorias de Comunicação, nos Cerimoniais, nas Assessorias Parlamentares, no Apoio ao Executivo, como Porta-voz, dentre outros locais.

No Segundo Setor pode se trabalhar nas indústrias (setor primário), no comércio (secundário) e na área de serviços (terciário). Já as perspectivas de atuação do Terceiro Setor, existe um mercado de trabalho em franca expansão para atuar nas Associações, Sindicatos, Igrejas, Fundações e OSCIPs.

É necessário ressaltar que o importante são as funções exercidas e não o pleito do cargo maior de chefia. Essas são discussões menores num universo de oportunidades que surgem para o exercício e visibilidade das relações-públicas.   

Hoje em dia, muitos estudantes e profissionais mantêm uma visão distorcida da profissão de relações-públicas. A propagação negativa da afirmação de uma possível escassez de mercado para a área e o apontamento equivocado de um não reconhecimento por parte dos empresários e sociedade de um modo geral faz com que se crie uma “cultura” da lei do mínimo esforço e de mudança de área.

A atividade sempre terá um grande valor. Mas compreende-se que a elevação da auto-estima das pessoas que escolheram as relações públicas como profissão, está diretamente ligada também ao aprofundamento do conhecimento sobre a atividade.

Sabemos que para o exercício das relações públicas e a sua defesa tanto na academia quanto no mercado é preciso o entendimento sobre o assunto e mais que isso a capacidade de praticar a atividade de forma eficiente. 

A dúvida é: será que os pessimistas no que diz respeito a atividade de relações públicas  são competentes para exercê-la ou utilizam as palavras negativas para encobertar a sua própria incapacidade?

A verdade é que as relações públicas cresceram muito na atualidade. Para quem já veio de um período em que a atividade estava diretamente ligada a ditadura militar, hoje, estamos, gradativamente, nos libertando deste vínculo negativo. Na época, enquanto os jornalistas eram os heróis que estavam lutando do lado do povo sofrido, os relações-públicas estavam consolidando o discurso dos ditadores.

Mas, depois disso, vieram muitos créditos contabilizados para a atividade. Profissionais de renome como Vera Giangrande, Cândido Teobaldo, Roberto Porto Simões e Margarida Kunsch, e mais recentemente Marcello Chamusca, Carolina Terra, dentre muitos outros, elevaram as relações públicas e mostraram o seu valor para a sociedade.

sábado, 4 de dezembro de 2010

#ILoveRP Texto 3 - Um Olhar sobre as Relações Públicas na atualidade (por Marcos da Cruz Santos)

Um Olhar sobre as Relações Públicas na atualidade

Marcos da Cruz Santos[1]

Relações Públicas é uma área da comunicação que nos permite fazer correlação com diversos campos do conhecimento, porém muitos estudantes e profissionais acreditam que apenas conhecendo a literatura de RP é o suficiente para se destacarem na sociedade, o que a meu ver um ledo engano.

Para que o profissional possa propor, sugerir ou implantar políticas de comunicação, eles devem avaliar aspectos que fogem do âmbito técnico e especifico comunicacional, é necessário conhecer as organizações considerando os fatores culturais, políticos, sociais, financeiros e até mesmo religiosos, haja vista que algumas instituições, tem suas regras, procedimentos ou valores pautados em determinados dogmas.

De maneira clara e simples é possível fazer a seguinte analogia: Um medico, ele não receita um medicamento para uma determinada doença sem antes fazer o diagnostico, sem investigar os sintomas, o histórico do paciente. Feito isso, prescreve-se o medicamento. Da mesma forma que não receitaria o mesmo medicamento para outro paciente, apenas pelo fato de ter sintomas semelhantes, cada paciente reage de maneira diferente. O mesmo acontece nas organizações seus procedimentos, normas, valores, são diferentes umas das outras, dessa forma deve-se adotar estratégias de comunicação que se adapte ao contexto, as peculiaridades do todo organizacional. Dito isso, é necessário usar fontes não só das Relações Públicas, mas também da sociologia, antropologia, filosofia para entendermos as instituições e os públicos a elas ligados.  

Como já foi dito anteriormente as relações Públicas “bebe” de outras fontes do conhecimento, por isso o profissional ou acadêmico de RP deve ler, conhecer e trocar conhecimento com as diversas áreas, não só quando necessário, mas de maneira constante e continuada. Desse modo o profissional ampliara o seu lastro de conhecimento e conseqüentemente sua visão a respeito do mercado e sua inserção nele. Conhecendo conceitos, idéias ou literaturas de áreas correlatas as Relações Públicas acredito que podemos acompanhar a tendência da “multifuncionalidade profissional” imposta hoje pela empresas, ou seja, o profissional deve ter “q” a mais. Com isso não afirmo que devemos dominar todas as áreas ou fazer tudo, apenas sinalizo para a realidade atual das organizações, cuja a ótica é, produzir mais, num curto espaço de tempo e com um custo relativamente baixo, e no caso de um profissional de relações públicas não é diferente,  a iniciativa privada procura profissionais de visão ampla , que possam incorporar outras funções e que não onerem tanto sua receita. A título de exemplo os profissionais de RP que, planejam e operacionalizam ao mesmo tempo os programas, ações ou projetos de comunicação. Logo esse cenário ou contexto, não nos permite determinar uma literatura apenas de RP, mas usar literaturas distintas a serviço das Relações Públicas.

É fato que no Brasil, há um desconhecimento das Relações Públicas não só nas organizações, mas também da população de um modo geral. Acredito que isso ocorra por fatos que encontramos da própria história da profissão e do fazer e ser relações públicas em nosso país.
E tais fatores históricos desencadearam no atual cenário que está caracterizado da seguinte forma:
  • Os relações-públicas ocupam poucos lugares de destaque ou notoriedade nas organizações, e quando alcançam determinados cargos muitos não se intitulam como RP`s;
  • A falta de discernimento das competências e habilidades do profissional e os benefícios que ele pode oferecer as organizações;
  • A falta de posicionamento no que diz respeito a consciência de classe dos profissionais, pois quando um grupo se posiciona em prol de uma causa, seja com o objetivo de disseminar informações , reivindicar ou protestar contra algo, tem muito mais credibilidade e eficácia de alcançar suas metas do que individualmente.
Esse desconhecimento das Relações Públicas deve ser encarado como uma oportunidade e não como um problema, pois se ele existe cabe aos profissionais da área e as instituições que os representam, reverter essa situação através de ações periódicas e continuadas e dessa forma derrubar a ignorância da população com relação as Relações Públicas. Neste aspecto vale lembrar o que diz a professora Maria Aparecida Ferrari “que nós temos o papel educativo, e paulatinamente, de maneira leve, sem sermos agressivos ir munindo nossos pares e gestores sobre o trabalho dos RP`s até que a instituição reconheça a sua importância.

Na contemporaneidade os estudantes de comunicação entram nas universidades achando que ao concluírem o curso de graduação serão contratados por uma empresa conhecida nacionalmente, e terão uma sala com direito ao nome gravado numa placa na porta, isso seria o ideal, porém a atual conjuntura o que observamos são vagas cada vez mais escassas, a concorrência acirrada e, sobretudo, uma remuneração a quem do que o profissional deve receber. Sem contar que dos que estão empregados, a maioria estão em cargos operacionais.

Neste cenário faz-se necessário inovar buscando alternativas de se inserir no mercado, o que não é difícil quando falamos das Relações Públicas, pois é um campo de inúmeras possibilidades, e que ainda não foram desbravados:
Os profissionais de RP têm uma larga vantagem sobre as outras profissões por que:
1º sua matéria prima é informação e está é presente em qualquer que seja a organização;
            2º Ele usa o recurso da persuasão, e é hábil ao usá-lo;
            3º Atua como mediador das relações públicos/organizações. 
 Baseado nessa tríade de maneira simples, porém coesa, vamos analisar a importância da atuação do profissional dentro das organizações.

Informação é a essência para que as organizações desenvolvam seus procedimentos, produtos, serviços, normas, regras, missão, visão, valores, e resultados. Persuasão deve dominar esse recurso para convencer os públicos de interesse de uma instituição, salientando que o persuadir neste caso esta aliado comprovação de que o objeto, tema ou matéria cujo profissional deseja convencer é realmente importante, e que tudo que for feito será com foco no equilíbrio de interesses, ou seja, todos ganham.

O mediador das relações, este talvez seja o cerne ao meu ver das atividades dos relações públicas, pois é através do entendimento, percepção desses relacionamentos entre os diversos públicos, que o profissional consegue aperfeiçoar procedimentos, gerir crises ou conflitos e até mesmo melhorar as condições do ambiente organizacional. Também é fundamental na efetivação de associações ou parcerias com outras organizações.

O RP empreendedor

Com a escassez dos empregos formais e o aumento do número de profissionais de RP no mercado, torna-se mais difícil a inserção. Dessa forma requer do relações públicas um perfil cada vez mais proativo, perseverante e, sobretudo, com visão de futuro bem aguçada. Não podemos deixar de fora do contexto a capacidade de liderança. Estamos falando do RP empreendedor, aquele que diante das adversidades e dos momentos de crise enxerga oportunidades. O campo das Relações Públicas propicia esta postura empreendedora, pelo fato de ter uma ampla área de atuação, o que faz com que os profissionais adotem posicionamentos diferenciados, alguns trabalham em órgãos públicos, outros enveredam no setor privado. Existem aqueles que não estão ligados diretamente a nenhuma dessas organizações, mas estão inseridos no mercado como consultores, assessores de comunicação que prestam serviço por um determinado período.  

Acredito que outra forte tendência das Relações Públicas será no segmento do empreendedorismo, através de iniciativas que estejam na van guarda criando negócios inovadores, principalmente no setor de serviços.

Referências
Simões, Roberto Porto Relações Públicas: função política. São Paulo 1995.
Ferrari, Maria Aparecida, durante o ensino na Pós-graduação em Gestão Estratégica em Relações Públicas EGERP, em Salvador Bahia, 2009.


[1] Graduado em Relações Públicas pela Universidade Salvador – UNIFACS
Pós-graduando Gestão Estratégica em Relações públicas na Faculdade Batista Brasileira - FBB, Salvador Bahia.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

#ILoveRP Texto 2 - Por que fazer Relações Públicas na atualidade? (por Jaciane Marques)


P.S.: Antes do próximo texto, relembramos que o prazo de envio dos textos foi prorrogado até dia 08/12. Clique aqui e veja como participar desta ação!

POR QUE FAZER RELAÇÕES PÚBLICAS NA ATUALIDADE?

Jaciane Marques
Relações-públicas, atua na fábrica de chocolate Duffy.
marquesmeira@hotmail.com

A nossa missão como profissionais de Relações Públicas é cada vez mais importante, diante o cenário atual, embora várias empresas ainda não tenha esta percepção.
Na contemporaneidade é fundamental que as empresas estudem seus públicos e seu relacionamento com os mesmos, para que ocorra progresso entre as partes.
Os públicos são essenciais para o desenvolvimento institucional, podendo causar danos ou não dependendo do relacionamento estabelecido.
Como Relações Públicas, estudamos e assumimos posições de divergências que envolvam questões de relacionamentos nas empresas, para encontrar soluções que seja favorável para ambos os lados, nosso caminho é traçar uma boa comunicação, estudar os públicos e também a estrutura da organização.
O bom relacionamento nos ajuda em questões que às vezes pode parecer simples, mas que pode causar grandes transtornos institucionais, como uma crise. É importante ter o profissional de Relações Públicas antes de acontecer este momento, ou seja, não pode ser tipo aconteceu algo ruim chama o “apaga fogo”, este trabalho já tem que existir como prevenção, para amenizar ou mesmo para que não aconteça.
Construímos relacionamentos e mantemos, através de planejamento, interagimos socialmente o que é objeto da nossa atividade, somos parte do processo, equilibramos interesses entre as empresas e seus públicos, o que de uma forma não visível é transformado em valor monetário, embora estejamos longe de sermos vistos dessa forma.
O relacionamento ocorre, portanto, com públicos constituídos pela estrutura social ou organizacional. Segundo Fábio França (2004, p.100).

o principal objetivo do relacionamento organização-públicos sustenta-se por interesses institucionais, promocionais ou de desenvolvimento de negócios como sucede com os colaboradores, clientes, fornecedores, revendedores e demais públicos ligados às operações produtivas e comerciais da organização.

Com muita velocidade, estão acontecendo mudanças na sociedade e as empresas precisam ficar atentas, uma delas é a comunicação estratégica. Nesse sentido, os profissionais de Relações Públicas, estão cada vez mais dentro desse processo, pois faz parte da nossa formação.
As organizações se deparam com situações diferentes a cada dia, porém não podem fugir dos seus valores e missões, devem encontrar soluções para os problemas dentro do seu padrão e ser transparente. Para que as empresas tenham um caminho promissor, deve ter boas relações comerciais e interagir com seus públicos, isso acontece quando se deixar fluir através do diálogo entre as partes, habilidades que são estudadas e aplicadas pelo profissional de Relações Públicas.         
Um dos nossos desafios constantes consiste em fazer e manter bons relacionamentos, conquistar a confiança dos públicos é fundamental para se ter credibilidade no mercado. Comunicar sempre fazendo uso da verdade nas informações passadas é muito importante na construção de uma boa reputação institucional.