domingo, 26 de dezembro de 2010

Qual é o limite do infotenimento? - A versão dourada e musicada do Globo Esporte

O mês de dezembro chega, os principais eventos esportivos estão se encerrando e o grande desafio dos noticiários especializados é preparar especiais de fim de ano e encontrar notícias para preencher os horários atribuídos pelas televisões. Uma das saídas encontradas pelos redatores é o uso do infotenimento, como já foi destacado neste blog. Mas uma pergunta é válida: qual o limite de se utilizar esta técnica num telejornal ancorado pela credibilidade? Uma resposta possível é tratada por Leonel Azevedo de Aguiar no artigo Entretenimento: valor-notícia fundamental, inserido na Revista Estudos em Jornalismo e Mídia (2008, p. 21):

"Os acontecimentos avaliados como importantes são, obrigatoriamente, selecionados para se tornarem notícias, enquanto que o interesse está vinculado à representação que os jornalistas fazem de seu leitor e também ao valor-notícia definido como capacidade de entretenimento. As notícias interessantes são as que procuram narrar um acontecimento com base na perspectiva do “interesse humano”, das curiosidades que atraem a atenção e do insólito. É esse critério de relevância – notícia interessante com potencialidade de entretenimento – que se coloca em contradição com o critério da importância própria dos acontecimentos."
Na tarde do dia 25 de dezembro, em pleno Natal, houve o fechamento da retrospectiva do ano de 2010 no Globo Esporte. Na ocasião, o apresentador Tiago Leifert comandava o jornal para todo o Brasil, por conta do plantão de Natal proposto pela emissora e mostrava, naquela semana, os principais fatos do ano, tendo, muitas vezes, a ótica do infotenimento como predominante. Naquele sábado, o último assunto a ser tratado no programa e na série de reportagens sobre 2010 foi uma seleção do "repertório musical" e dos "cantores-jogadores/dançarinos-jogadores" que marcaram o esporte neste ano. Então veio a ideia de homenagear, por conta da semelhança nos nomes, o programa Globo de Ouro.



O programa musical original foi exibido entre 1972 e 1990 em periodicidade variada (quartas-feiras - mensal e semanal; sextas-feiras - mensal; domingos - semanal e mensal) e com uma rotatividade de apresentadores e diretores durante o período em que ficou no ar.

Segundo o site Memória Globo, "O programa, inicialmente dirigido por Arnaldo Artilheiro e Mário Lúcio Vaz, estreou em dezembro de 1972 com o nome Globo de Ouro – A Super Parada Mensal e sua proposta era levar ao telespectador os maiores sucessos musicais do momento. A “parada” em questão era um ranking das dez músicas mais tocadas nas estações de rádio naquele mês."

No caso da homenagem feita pelo Globo Esporte, houve uma modernização da vinheta de abertura em relação à original e paródias a apresentadores da casa, como Faustão, Xuxa, Luciano Huck, de outras emissoras, como no bordão "Olha a hora!", dito por Luciano Facciolli, da Rede Bandeirantes, e a lembrança do bordão "Simplesmente um luxo", criado pelo saudoso apresentador e colunista social Ataíde Patrezi.

Foram oito atrações musicais, sendo que, ao final do bloco, foi divulgado o artista vencedor do ano que talvez receberá, como na versão original, um disco de ouro. O grande campeão foi o volante Richarlyson, atualmente no Atlético Mineiro, que atacou de cantor juntamente com outros artistas.

Como se pode ver, alicerçado no artigo de Aguiar, essas próprias apresentações musicais de esportistas talvez não teriam tanta importância em outras ocasiões, mas, pelo fato de terem um grande potencial para o infotenimento, são aproveitadas em determinados períodos do ano em que não se têm grandes notícias esportivas. Pode-se dizer com isso que o limite do infotenimento está na própria natureza do assunto, de sua relevância para determinado fim e do período em que se apresenta.

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