Finalizando esta série de postagens sobre a comunicação e o Natal, um dos focos mais explorados nas ações publicitárias é o emocional. Como já dito numa das últimas análises discorridas neste blog, o ser humano, em datas especiais individuais (aniversário) ou coletivas (Natal, Ano Novo), intensifica seus sentimentos e os seus corações se sensibilizam com maior facilidade e, consequentemente, envolvendo-se em ações solidárias, como visto na segunda postagem.
Além destas ações típicas de final de ano, um aspecto importante a ser tratado quando se justifica a importância do foco emocional em propagandas ou em outras ações é a chamada humanização, ou seja, ter, como mote principal da campanha, o ser humano, seus desejos, valores e necessidades. Esta valorização, porém, precisa ser desenhada primeiramente na comunicação interna, como afirmam os autores Vergara e Branco (2001: 20), citados por Wellington Soares da Costa no artigo Humanização, Relacionamento Interpessoal e Ética (2003, p. 2), quando descrevem as características de uma empresa humanizada:
"[...] aquela que [...] agrega outros valores que não somente a maximização do retorno para os acionistas. Nesse sentido, são mencionadas empresas que, no âmbito interno, promovem a melhoria na qualidade de vida e de trabalho, visando à construção de relações mais democráticas e justas, mitigam as desigualdades e diferenças de raça, sexo ou credo [e não apenas em tais aspectos], além de contribuírem para o desenvolvimento e crescimento das pessoas."
Dentre os vários exemplos de planos de comunicação com ênfase nesta humanização da marca, um bastante conhecido é a propaganda Uma vez mais Lado a Lado, integrante da campanha de fim de ano do banco Bradesco. Segundo reportagem feita pelo portal Exame.com, os personagens principais, clientes do Banco, não são atores, mas sim pessoas vivendo suas próprias histórias de encontros e reencontros, ambientadas numa das plataformas da Estação Júlio Prestes, em São Paulo. Esta campanha é composta por ações nas mídias sociais, filmes de TV, depoimentos postados no canal da empresa no Youtube e anúncios impressos, entre outras ferramentas.
O banco ainda criou um hotsite dessa campanha em que, além de visualizar os depoimentos, as pessoas ainda podem mandar suas mensagens de fim de ano a parentes e amigos. Um detalhe é que o limite de caracteres destas postagens é igual a de um recado no Twitter, ou seja, de 140 caracteres. Há, nessa ação, a humanização da marca, por estar mais próxima ao cotidiano das pessoas. E este anseio, não só do Bradesco mas de outros bancos, não veio somente nos primeiros anos do terceiro milênio, como afirma Maria Eduarda da Mota Rocha, no artigo A nova retórica do grande capital: a publicidade brasileira entre o neoliberalismo e a democratização (2004, p. 20-21):
"[...] quando, ainda em 1998, adotou o slogan “sempre à frente”, o Bradesco deu-lhe um sentido diferente do culto à concorrência e ao status. Um casal mirando o pôr-do-sol era a imagem que dava suporte ao texto: “Para o Bradesco, estar sempre à frente só faz sentido se for para servir você. Nós sabemos que é preciso ter coragem para enfrentar o novo (...). É pensando assim que o Bradesco ajuda a promover o crescimento das comunidades onde atua.” (Veja, 23/09/1998). [...].
A “humanização” também passou a ser a tônica da publicidade do Itaú, a partir de 1998. Naquele ano, a campanha “bem-vindo ao ano 2000” deu um novo sentido para a pretensão de estar à frente de seu tempo, manifesta na comemoração antecipada da entrada do milênio [...]. [Com isso,] a tecnologia aparecia como meio de economia de tempo para ser gasto com a 'vida plena', representada por relações afetivas intensas e descontraídas, de preferência, ao ar livre."
Portanto, não só bancos, mas todas as empresas precisam ter os seus olhares fixos, não só nos cifrões das ações na Bolsa de Valores, mas nos valores e sonhos de cada cliente, de cada funcionário, de cada cidadão, incentivando a humanidade a ser melhor a cada ano que passa. Encerra-se esta série de postagens com um vídeo inspirador feito ao Banco Itaú na virada do milênio, valorizando o trabalho do ser humano e descrevendo os sonhos para o terceiro milênio da humanidade, contados no tempo passado, ou seja, como se o locutor estivesse no ano 3000.
O blog não terá postagens nos dias 24 e 31 de dezembro. Porém, o RPitacos não terá férias, voltando ao rítmo normal nos dias 26 de dezembro e 01 de janeiro. Sim, nestes dois dias, teremos postagens novas, pois o mundo gira em todos os segundos e precisamos RePensá-lo constantemente. Este é o novo lema deste blog! FELIZ NATAL a todos!
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