segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O poder das mídias sociais e a reclamação 2.0 dos consumidores - Caso Brastemp

Este post começa com uma verdade quase que incontestável: todas as pessoas são consumidoras em potencial, desde os mais novos aos mais idosos, dos menos favorecidos aos mais ricos, das fazendas às grandes metrópoles. Consumidores de cultura, de ideias, de textos, dos mais variados itens. Diretamente ou indiretamente, as pessoas tendem a inserir, em seu dia a dia, produtos e conceitos, graças a muitos fatores (pela exposição na mídia e pela comunicação interpessoal, por exemplo).

E quando aquela ideia veiculada pela mídia, aquele produto comprado na loja ou aquele conceito mostrado nas propagandas não se concretizam, ou seja, apresentam falhas ou sequer são verídicos? A reação de quase todo consumidor é reclamar da situação aos órgãos competentes. No caso de um produto físico, a Central de Atendimento ao Consumidor, em suas diversas plataformas de comunicação, parece ser um canal adequado para que as reclamações possam ser feitas e repassadas para a Assistência Técnica, que vai pessoalmente ao local e tenta fazer os reparos possíveis para resolver aquela situação. Em outras oportunidades, liga-se direto para a Assistência e este processo se repete.

Porém, há de se pensar no seguinte fato: e quando nem isso adianta, o que se deve fazer? Além de relatar a situação para os órgãos competentes, como ao PROCON (Instituto de Defesa do Consumidor) ou, em alguns casos, à própria Justiça Comum, uma forma mais recente de tentar contatar a empresa do fato ocorrido sem se submeter às vias jurídicas é se utilizar da técnica da Reclamação 2.0, ou seja, da força indubitável das mídias e redes sociais como meios de expandir a indignação de um consumidor para milhões de pessoas ao redor do mundo, tendo, assim, uma possível identificação de algumas pessoas que tiveram um defeito ou uma quebra semelhantes, levando a uma repercussão (grande ou pequena, como se verá a seguir) e a uma resposta da empresa a esta crise (pode ser de duas formas: individual - perda do cliente para a concorrência - ou coletiva - repercussão nacional do fato).

Um recente exemplo do uso da técnica da Reclamação 2.0 (vista em alguns textos, como este) foi a crítica feita contra a fabricante de eletrodomésticos Brastemp em janeiro de 2011. Utilizando-se de uma conta no Youtube e de um perfil no Twitter, criado no mesmo período da gravação do vídeo e que já tem mais de 1900 seguidores, o consumidor fez uma reclamação sobre os problemas técnicos da geladeira que ele tinha há três anos em outubro de 2010. Segundo informações do site INFO Online:

"Borelli alega que gastou R$ 268 com reparos junto a uma assistência autorizada da Brastemp em outubro, mas o conserto não foi efetivo. Ao recorrer novamente a uma autorizada, foi informado que o reparo definitivo custaria R$ 3 mil, valor que o consumidor diz ser superior ao custo de uma geladeira nova.
Após quase dois meses de negociações, Oswaldo diz que aceitou um acordo do tipo “troca com troco”, em que dá a geladeira usada à Brastemp, paga uma diferença, e recebe uma nova. Após efetuar o pagamento, Borelli disse que foi orientado a aguardar 20 dias pela entrega do equipamento.
O prazo estipulado, diz Oswaldo, estourou e ele não recebeu o produto solicitado." 

Ou seja, há neste relato a ineficiência da Assistência Técnica de não resolver o problema do cliente e deixá-lo, segundo relato dele, três meses sem geladeira, obrigando-o a realizar suas refeições fora de casa Com essa situação, o consumidor decidiu reclamar pelo Twitter e por um vídeo no Youtube acerca dessa situação (expandindo a indignação) e conseguiu uma enorme identificação por parte de muitas pessoas, tanto que o nome da Brastemp foi um dos assuntos mais comentados no mundo (portanto, uma grande repercussão) e, no momento deste post, a empresa está em quarto lugar nos Trending Topics brasileiros. Para quem ainda não viu, o vídeo está a seguir:


O próprio consumidor, em seu perfil no Twitter, agradeceu a repercussão inesperada de seu vídeo e garantiu que sua geladeira foi entregue no dia 24 de janeiro. Para tentar gerir esta crise na imagem da empresa, a Brastemp emitiu um comunicado oficial, assumindo o erro e classificando o fato como parte de um aprendizado para melhorar seu atendimento ao cliente. Neste caso, a Reclamação 2.0 foi muito eficiente, o que prova que as empresas precisam reconhecer a força das mídias sociais, tanto para seu benefício ou malefício, e a força de seus próprios clientes que podem, através de um vídeo de aproximadamente 4 minutos, provocar uma crise de imagem e gerar a Reclamação 2.0.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Quantos lados tem a notícia? - Foco jornalístico na cobertura de Ronaldo na Twitcam

No ramo da comunicação e mesmo em situações pessoais, uma notícia pode ser passada de várias formas, porém sem ludibriar os receptores da informação com falsas verdades. Mas o que seria um conteúdo verídico na visão jornalísitca? É o que Iluska Coutinho explica no artigo O conceito de verdade e sua utilização no jornalismo (2004, p. 09):

"(...) o conteúdo oferecido pelo jornal em suas páginas não seria a “verdade absoluta”, em um paralelo com o conceito filosófico, mas a expressão da verdade, um relato verdadeiro de uma situação delimitada. Uma vez que como produto as matérias jornalísticas se referem a fatos isolados, muitas vezes descontextualizados, segundo críticas freqüentes, elas se afastariam da verdade filosófica, que não aceita visões atômicas."

Tendo esta citação como norte, uma simples matéria jornalística disseminou um desentendimento entre um jogador e alguns jornalistas. Na última terça-feira, dia 25 de janeiro, o atacante do Corinthians Ronaldo decidiu realizar uma Twitcam para seus seguidores no Twitter, juntamente com o lateral Roberto Carlos e os atacantes Dentinho e Jorge Henrique e as vésperas da estreia do time na Copa Libertadores da América contra o colombiano Tolima. O resultado da popularidade do atacante nas mídias sociais foi o acesso de 18 mil internautas ao bate-papo que, antes marcado para depois do Big Brother Brasil, foi adiantado pois, segundo o site de esportes do UOL, ele não saberia dizer se conseguiria ficar acordado até o horário estipulado.

Seguindo uma linha mais provocativa, Ronaldo leu (e, talvez, consentiu) um comentário dizendo que o Palmeiras, time arquirrival, não conseguiu trazer uma média de 18 mil pessoas aos seus jogos no ano passado causando risos dos colegas. Além disso, brincou com o nome do adversário da fase de Pré-Libertadores e, numa conversa por telefone com o atacante santista Neymar (no dia, concentrado com a Seleção Brasileira sub-20 que disputa o Sul Americano da categoria no Peru), fez uma espécie de 'lobby',  tentando convencê-lo a jogar no Corinthians, deixando Neymar sem graça.

O vídeo já serviria de polêmica por provocar a torcida do Palmeiras e a do Tolima, porém as diferentes interpretações jornalísticas, dadas no dia seguinte, para esta sessão de Twitcam causaram ainda mais repercussão. Como exemplos, serão discutidas as reportagens exibidas pelo Jogo Aberto (Band) e pelo Globo Esporte Paulista (apresentado por Tiago Leifert).

No primeiro programa, foi apresentada uma matéria mais crítica a respeito do bate-papo, com comentários do ex-jogador Neto, do narrador Ulisses Costa, do jornalista Leandro Quesada e do Dr. Osmar de Oliveira tendo, como foco das críticas, a provocação feita pelo Ronaldo à torcida palmeirense e ainda definiu que os jogadores falam muito e jogam pouco (vendo os últimos dois empates que a equipe conseguiu no Campeonato Paulista contra times de menor expressão).

Já no Globo Esporte, Tiago Leifert conduziu a polêmica de modo mais descontraído, não mostrando as provocações feitas para Palmeiras e Tolima, nem o 'lobby' a Neymar. Ele preferiu dar espaço a brincadeiras feitas por Ronaldo aos colegas de elenco e ainda brincou com a famigerada polêmica dos Meninos da Vila (vulgo Meninos do Twitter) do ano passado, pois um internauta chamou Roberto Carlos de "pé de alface" e ele só sorriu com a declaração.



Essa diferenciação no tratamento dado à conversa na Twitcam chamou a atenção do jogador, que, através do Twitter, elogiou Tiago Leifert e criticou de forma áspera o jornalismo esportivo da Rede Bandeirantes, chamando-a de "resto". (Um detalhe importante é que, na matéria do site do Globo Esporte aparece somente o elogio feito ao programa, tampando a crítica à outra emissora).

As declarações feitas ao jornalismo da Band tiveram uma repercussão quase de instantânea na emissora. O apresentador José Luiz Datena, o narrador Ulisses Costa e o ex-jogador Neto receberam a notícia de que estavam sendo citados negativamente pelo jogador durante o programa São Paulo Acontece. veiculado em São Paulo e pelas TV's a cabo.

Foi então que a discussão começou, com a acusação de que Ronaldo era "puxa saco" da Rede Globo, que não estava jogando bola e que não tinha responsabilidade com o que fala. Neto ainda insinuou sobre a maneira como o atacante chega para treinar, como se pode ver no vídeo a seguir, que traz também a matéria da Band sobre a Twitcam.



Ronaldo, postagens depois, se retratou, falando que tinha criticado só os profissionais, e não a emissora como um todo. Em tempo: o primeiro jogo da fase pré-Libertadores, ocorrido no Pacembu, ficou no empate em 0 a 0, decepcionante para a torcida do Corinthians (o time, na teoria, é mais forte do que o Tolima), e a torcida meio que "contrariou" as palavras de Ronaldo, pois na quarta-feira tinha menos espectadores no Pacembu do que quando o Palmeiras decidiu a seminifinal da Copa Sul-Americana contra o Goiás no Parque Antártica.

Este incidente mostra a junção de três erros: um estratégico (a provocação desnecessária de Ronaldo) e dois jornalísticos: o exagero no uso do infotenimento na reportagem da Globo (Leifert, por exemplo, não citou as piadas feitas ao Tolima e à torcida do Palmeiras, informações que muitos veículos de comunicação destacaram) e o desabafo descontrolado de Datena e Neto no programa da Band. Dois lados de um foco jornalístico que precisam se equilibrar para que polêmicas assim não aconteçam.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Postagem centenária do RPitacos - A efeméride no cenário comunicacional

Quando se fala de promover uma comunicação eficiente, tanto na esfera interna quanto no ambiente externo, ações específicas para a lembrança de datas comemorativas são muito importantes para a organização, mas não somente as mais conhecidas do grande público (Natal, Páscoa, Ano Novo, Dia das Mães, dos Pais e das Crianças, por exemplo), mas quando se completa uma "data redonda" (como exemplos, aniversário de 1 ano, 5 anos, 10 anos, cinquentenário, centenário, sesquicentenário), a chamada efeméride.

Efeméride, segundo o Dicionário Online Michaelis, é conceituada como uma "comemoração de um fato, geralmente auspicioso [esperançoso].". Pode ser, no campo empresarial, o aniversário de fundação da empresa ou de uma mudança importante que aconteceu nela, e essas situações não são esquecidas, mesmo com a correria da era contemporânea, como afirmam Ana Paula Goulart Ribeiro e Marialva Barbosa no artigo Memória, relatos autobiográficos e identidade institucional (2005, p. 04):

"A memória é cada vez mais necessária num mundo em profunda mutação. As mudanças sociais aceleradas e as identidades cambiantes resultam numa sensação de insegurança e angústia. E, nesse contexto, a memória passa a ser crucial, porque permite atribuir sentidos à realidade em meio à dispersão e à pluralidade. (...)
(...) Tudo depende do contexto e das estratégias específicas de representação. "

Vários exemplos recentes mostram a importância de se relembrar e se comemorar bem as efemérides. No ano de 2010, foi comemorado o centenário do Esporte Clube Corinthians Paulista. Mesmo vivendo uma temporada futebolística sem títulos, o clube, com a ajuda de ações de marketing encabeçadas pelo atacante Ronaldo, tornou-se a marca mais valiosa do futebol brasileiro com R$ 749,5 milhões, superando São Paulo, Flamengo (líder em 2009), Palmeiras, Internacional e Grêmio.  

Já no ano de 2011, mais precisamente no dia 12 de janeiro, a Caixa Econômica Federal completa 150 anos de existência. Para marcar esta data, uma série de ações também foram realizadas, como o lançamento de um selo comemorativo à data pelos Correios (com tiragem de 300 mil exemplares), de um hotsite mostrando a trajetória da empresa ao longo do tempo e de uma série de comerciais ressaltando a importância do banco em momentos decisivos da história do Brasil, como o que se vê a seguir.



Neste dia 26 de janeiro de 2011, o blog RPitacos completa sua centésima postagem com este texto. Desde o dia 04 de junho de 2010, este espaço tem, como objetivo principal, discutir os principais assuntos da atualidade, sempre com pitacos comunicacionais, porém sempre deixando as discussões em aberto para que os leitores RePensem o mundo, como diz o slogan inserido no último mês de dezembro. Agradeço a todos que incentivam, de uma forma ou de outra, o RPitacos a continuar sua missão no mundo da comunicação e das Relações Públicas. Felizmente, são tantos nomes que nem se é possível falar todos, porém a gratidão é uníssona.

E o desejo deste humilde blog é poder estar em mais 100, em mais 200, em mais 400 oportunidades podendo falar sobre comunicação e RePensar o mundo. Mais uma vez, o meu muito obrigada!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Relações Públicas e publicidade - A importância da crowdsourcing advertising para a integração dos públicos

Muito se ouve falar em processos colaborativos das mais variadas expressões: jornalismo/webjornalismo colaborativo (que foi tema específico de um post do RPitacos), livros colaborativos, conteúdo colaborativo... Enfim, neste novo milênio, houve uma grande valorização de se consultar várias pessoas para, entre outros, o desenvolvimento de ferramentas, para compartilhar informações e resolver problemas.

Um termo estrangeiro e mais técnico para expressar este fenômeno é chamado crowdsourcing (em alguns lugares, pode estar escrito como croudsourcing), que não possui uma tradução específica em português, mas pode ser considerado como uma "terceirização" diferente aplicada pelas empresas, como explica Miro Luiz dos Santos Bacin em sua tese de doutorado A fonte amadora na construção de realidades no telejornalismo (2006, p. 65) a partir da cobertura do atentado às Torres Gêmeas, ocorrido no dia 11 de setembro de 2001:

"Quatro minutos depois do primeiro ataque, a rede de televisão norte-americana CNN começava a transmitir imagens das torres em chama, mas faltavam-lhe as informações iniciais, as cenas originais que deflagraram a crueza dos ataques. Tal ausência foi preenchida, mais tarde, por fontes anônimas, testemunhas oculares que participaram da construção da notícia, denominados por crowdsourcing, termo apropriado para designar as contribuições das fontes amadoras: garage scientists, amateur videographers ou freelancers."

Como pode-se ver, as fontes tercerizadas (ou seja, os cinegrafistas e fotógrafos amadores que mandaram imagens da tragédia) são importantes para que houvesse um maior entendimento da gravidade e da crueldade desses ataques. Agora, os processos colaborativos começam a tomar mais força também no ramo da propaganda e publicidade.

Para exemplificar, uma brincadeira que muitas pessoas fazem é de imitar, integralmente ou com diversas releituras, as propagandas comerciais que são sucesso na televisão e na Internet ou de criar peças publicitárias para produtos, fictícios ou não, com a simples função de mostrar a sua vertente publicitária. Pois bem, esta brincadeira virou algo lucrativo e agregador para as empresas: é a chamada publicidade colaborativa ou, em inglês, crowdsourcing advertising, em que é permitido ao público participar do processo de criação de peças publicitárias.

Dois exemplos recentes desta prática: o primeiro refere-se ao desodorante Axe, referente a Unielever que, segundo o portal Exame, obteve 14 filmes, 109 anúncios impressos e 18 banners criados pelos internautas em pouco mais de um mês. Através do portal Zoopa, a maior provedora global de conteúdo publicitário colaborativo gerado pelos usuários, o briefing foi gerado com o objetivo (via Portal da Propaganda) de "estimular a produção de peças publicitárias que diferenciem as duas linhas de desodorantes AXE: os antitranspirantes e os desodorantes para o corpo (bodysprays).", além de integrar os públicos-alvo da marca. Esta competição começou no dia 6 de dezembro de 2010 e vai até o dia 31 de janeiro de 2011.

Outra forma de publicidade colaborativa foi utilizada pelo refrigerante Sprite no ano de 2010. A ação promocional Refresque suas ideias incentivou os internautas a criarem uma arte para ilustrar uma lata deste produto, a partir de uma ferramenta de informática disponível no site. Submetida à moderação, a ilustração era exposta em votação popular e os 30 mais votados, além de ganhar um videogame cada, passaram por uma Comissão Julgadora, em que os quatro melhores desenhos foram estampados nas latas dos refrigerantes e seus autores levaram um IPod Shuffle. Abaixo, um vídeo promocional da ação, com a participação de quatro grafiteiros.




Pode-se dizer que, até mesmo indiretamente, houve publicidade colaborativa neste caso pela importância de qualquer produto ter uma embalagem atrativa aos olhos dos prováveis consumidores, fazendo, assim, uma propaganda in loco, no momento da compra e/ou do consumo imediato. Além disso, estas ações promovem uma integração convincente entre empresa e consumidores, a fim de que estes se sintam diretamente como partes integrantes das estratégias da marca.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Saber falar, saber ouvir, saber escrever - As eleições no Palmeiras e o fotógrafo no Twitter

Como já foi visto em vários posts deste blog, uma indevida declaração em redes sociais gera uma pequena faísca que pode, posteriormente, tornar-se um fogo abrasador, desfigurando a imagem junto ao público não só de uma empresa, mas também de uma pessoa ou, ainda, simultaneamente, das duas facetas. Utiliza-se, para este post, a definição de crise de imagem atrelada a Roberto de Castro Neves (2002), citado por Renata Verbist no artigo O planejamento da comunicação auxiliando no gerenciamento de crises organizacionais (2009, p. 04, grifos nossos):

"Crise de imagem, para Neves (2002), é um fato que ocorre devido a um ato da organização [da pessoa física] (ou algo deixado de ser feito por ela) e que pode comprometer interesses dos públicos e a opinião pública. Pode ser uma situação inesperada, que foge do controle da administração e que sempre vai prejudicar a rotina da empresa [da pessoa envolvida]."

E gerir esta situação nem sempre consegue um resultado positivo. Um caso recente que exemplifica esta gestão inadequada de uma situação de crise ocorreu no dia 19 de janeiro, durante as eleições para presidente do Palmeiras, ocorridas na própria Academia de Futebol do clube. Um fotógrafo do jornal Agora São Paulo decidiu publicar em seu Twitter uma reclamação (ou, como foi entendido por muitos, uma provocação) sobre o andamento da votação. Esta reprodução do tweet foi vista no site GloboEsporte.com, pois o fotógrafo já retirou sua conta do site.


Os conselheiros do Palmeiras souberam rapidamente da declaração e alguns deles foram tirar satisfações com o autor da frase. Segundo matéria publicada pelo portal EBand, "O recado enfureceu os dirigentes, que foram até a sala de imprensa tirar satisfação com o fotógrafo. Os ânimos se exaltaram e, enquanto era retirado da área de imprensa, o fotógrafo foi agredido com um soco nas costas."  

A situação se normalizou depois da intervenção de seguranças e da assessoria de imprensa do clube. Este fotógrafo não mais trabalha no Agora São Paulo, e, segundo o Twitter oficial do clube, nem trabalhará mais na cobertura do Palmeiras. As imagens da agressão prontamente foram levadas ao ar pelas emissoras de televisão e chegaram à Internet, como nessa matéria levada ao ar no dia seguinte pelo Globo Esporte São Paulo.


Após esse dia, o Jornal Agora pediu desculpas à agremiação pelo incidente e afirmou que esse comportamento não reflete a linha de pensamento da empresa. Já o fotógrafo postou em seu Facebook um pedido de desculpas e justificou sua fala como uma alusão ao livro "A Revolução dos Bichos", escrito por George Orwell em 1945. Por sua vez, o ex-diretor de futebol do time, Wlademir Pescarmona, admitiu que houve exageros no tratamento dado ao fotógrafo, porém defendeu que o Palmeiras não pode ser desrespeitado, ainda mais na sua sede.

Argumentos a serem pautados: se o fotógrafo tivesse dado a devida citação a Orwell, se tivesse reclamado com outras palavras menos ásperas ou ainda se segurasse para não falar, o incidente seria facilmente evitado. Se os conselheiros envolvidos tivessem aulas básicas de como superar uma micro-crise (como a expressão utilizada pelo fotógrafo no Twitter), iriam pedir, com firmeza e sem violência, para que o autor se retirasse. E uma velha e batida frase se faz necessária nesta situação: um erro não justifica o outro.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

No clima da marcha nupcial - Atuação do Relações Públicas na "indústria do casamento"

Um dos grandes momentos que acontecem na vida da maioria das pessoas é quando um casal se une em matrimônio, com todas as cerimônias (civil e/ou religiosa, dependendo da situação dos noivos) e festas esperadas para esta ocasião. 

De um simples ritual para oficializar a união entre dois indivíduos, o casamento tornou-se, ao longo dos tempos, um grande evento a ser planejado com antecedência e com todos os cuidados, como relatam Marco Félix Jobim e Betânia Silva D'almeida Jobim no artigo A responsabilidade civil dos fornecedores de produtos e serviços em eventos: uma análise de casos concretos (ano desconhecido, págs. 04-05):  

"Não há como deixar de trazer a colação o conceito de um dos eventos que mais dá trabalho e que é corriqueiro no dia-a-dia de organizadores de eventos, que é o casamento (...).
(...)
A festa de casamento é talvez um dos mais complicados eventos sociais a ser realizado, tendo em vista que mexe com a expectativa dos sonhos de cada mulher e de cada homem em ter aquela solenidade perfeita não só para si como para seus convidados."

Mas o que tem a ver o dia do casamento com o trabalho de Relações Públicas? É sabido que este profissional realiza, como uma de suas funções, o planejamento de eventos diversos, tanto para empresas e organizações de Primeiro e Terceiro setores, quanto para pessoas físicas, o que é o caso do casamento. Este evento exige muito investimento e paciência por parte dos noivos, e um planejamento bem feito da festa (escolha do dia, do local, do bufê, da banda ou DJ, da quantidade de convidados, dos fotógrafos...) e das cerimônias civil e religiosa faz toda a diferença para o êxito deste grande dia para o futuro casal.

Apresentado isso, pode-se perceber a importância do profissional de Relações Públicas em duas frentes: para auxiliar os noivos no planejamento, na resolução dos imprevistos que podem ocorrer ao longo do tempo, no cerimonial e no protocolo previstos, além de supervisionar a entrega dos convites e o andamento das festas; escolher as músicas da cerimônia, juntamente com os noivos, entre outras responsabilidades.

O mais interessante é que esta "indústria do casamento" é uma área que cresceu significativamente nos últimos anos, movimentando cerca de 10 bilhões de reais por ano no Brasil, segundo reportagem exibida em 15 de agosto de 2010 (e reapresentada em 16 de janeiro de 2011) pelo programa Pequenas Empresas, Grandes Negócios, veiculado pela TV Globo e que poderá ser visto a seguir.



Quem mais ganha com esta evolução são as pequenas empresas, seja de foto e vídeo, corais ou bufê, entre outras que mostram que a visão empreendedora neste setor faz a diferença e que o profissional de Relações Públicas, como grande estrategista da Comunicação, é muito importante para estas empresas especializadas em casamento, por possuir uma visão sistêmica deste evento como um todo.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Mais uma seleção em campo - Copa São Paulo de Futebol Júnior e as entrevistas de emprego

Um dos maiores medos de muitos profissionais é de participar das chamadas entrevistas de emprego, a única ou uma das etapas dos processos seletivos da maioria das empresas. Mas qual é a grande importância desta atividade para que possam ser recrutados os melhores candidatos ao emprego oferecido? E como se preparar bem para as perguntas?

Camila de Sousa Pereira e Almir Del Prette escreveram o ensaio Vendedor com paralisia cerebral bem-sucedido: análise de um filme na perspectiva das habilidades sociais, analisando o filme De Porta em Porta, que conta a história de Bill Porter, portador de paralisia cerebral e que tenta um emprego como vendedor porta a porta, enfrentando preconceitos e rejeição no início, porém conseguindo, ao longo do tempo, conquistar a confiança dos clientes. O trecho abaixo mostra como Bill Porter se comportou na primeira parte de sua entrevista, além de dicas de como se portar nesta parte importante da seleção.
 
"Na situação de entrevista de emprego, Sarriera, Câmara e Berlim (2006) ressaltam a importância das habilidades sociais de cumprimentar, apresentar-se, falar de si mesmo, expressar-se com objetividade e fluência, uma vez que, dentre os vários requisitos, o desempenho social no momento da entrevista pode ser fator determinante para a tomada de decisão do entrevistador. Pensando no desempenho de Bill Porter na entrevista de seleção, embora ele tenha se apresentado de maneira adequada, tanto no aspecto de vestimenta, como de bons modos, a priori, sua passividade diante da opinião do gerente, quase o fez perder a oportunidade de conquistar o emprego. Contudo, ele conseguiu analisar e alterar o seu desempenho para novamente enfrentar a situação."

E quando esta entrevista de emprego acontece coletivamente, num ambiente diferenciado e é visualizada por milhares de pessoas pela televisão? E quando se tem o histórico de que muitos candidatos aprovados nestas seletivas são reconhecidos pelo mundo inteiro e chegam aos mais altos cargos de sua profissão? Esta grande entrevista de emprego acontece em todo início da temporada brasileira de futebol: após os jovens jogadores passarem pelas "peneiras" de seus respectivos clubes, eles se enfrentam na chamada Copa São Paulo de Futebol Júnior.

Segundo o site Bola na Área, a competição existe desde 1969 e, desde então, ocorre anualmente (só não foi disputada em 1987), revelando grandes jogadores para o cenário nacional, como Dener, Falcão, Jardel, Djalminha, Luis Fabiano, Rogério Ceni, entre outros. Além disso, desde 1988, as cidades do interior de São Paulo também recebem as partidas, gerando receitas para os estádios e promovendo momentos de lazer no mês de janeiro. 

A competição tem sua final disputada no dia 25 de janeiro, aniversário da capital paulista, e pode ser comparada a uma entrevista de emprego, por ser uma grande feira para que os empresários agenciem os jogadores que se destacam e para que os times nacionais e internacionais escolham os melhores "candidatos" para atuarem nas suas equipes.

Para ilustrar muito bem este conceito, a seguir está o comercial produzido para as transmissões da Copa São Paulo de Futebol Júnior pelo Sportv, que mostra perguntas ilustrativas de uma entrevista de emprego habitual:
Qual é a sua principal habilidade? Sabe trabalhar em equipe? Como você lida com a pressão? Por que eu deveria te dar uma vaga no time? Com essas perguntas, o comercial mostra lances do primeiro torneio oficial da temporada e consegue dialogar com as seletivas de empresas, visto que ser jogador de futebol de grandes times é um ofício muito sonhado e disputado.


Com isso, é necessário perceber as transformações que o futebol está sofrendo ao longo dos anos. Os clubes, na sua maioria, têm atitudes que se assemelham às de empresas - inclusive existem times especializados em descobrir novos talentos do futebol e lançá-los diretamente aos grandes clubes brasileiros e estrangeiros. Por isso, a Copa São Paulo (ou Copinha, como é carinhosamente chamada) tem este caráter de "entrevista de emprego" e que pode ser decisiva para a vida dos jogadores dos 92 clubes que participam deste torneio.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Fidelização dos públicos e parceria consolidada - O que o Roupa Nova pode ensinar às empresas

Começa-se este post com uma pergunta direta e, às vezes, difícil de ser respondida: o que faz uma empresa ser bem sucedida por muitos anos? São várias as perspectivas para que se possa responder a esta questão, e uma delas se refere a um termo muito falado na esfera organizacional: a fidelização. Mas o que esta palavra quer dizer? O conceito é explicado por George S. Day (1999, p. 146-147), citado por Braulio Alexandre Contento de Oliveira, Geraldo Luciano Toledo e Ana Akemi Ikeda no artigo Fidelização e valor: uma interdependência inequívoca (p. 02):

"Fidelidade em marketing significa um sentimento de afinidade em relação a produtos e marcas de uma empresa, que vai além da simples repetição de compra, embora este seja um indicador comumente utilizado como forma de se auferir a satisfação dos clientes - o qual, todavia, desconsidera fatores como conveniência, inércia e o grau de competitividade ou de concentração de um determinado mercado (Day, 1999, p. 146-147)."
 


Voltando-se para a esfera interna das organizações, a fidelização dos colaboradores à missão, às visões e aos valores da empresa, além da valorização dos funcionários mais antigos são ações importantes para que a organização possa se manter no mercado com a mesma inovação e credibilidade do tempo de sua fundação, e, consequentemente, esta fidelização é transferida também aos clientes.

Colocando em prática estes conceitos, há uma pergunta chave a se fazer com relação ao tema de hoje do post, iniciando este case: quantas bandas brasileiras e internacionais conseguem manter a mesma formação durante 30 anos ininterruptos? E destes poucos grupos, quais deles emplacam hits nas rádios até os dias de hoje e conseguem manter uma grande harmonia entre seus integrantes?

Estas perguntas são facilmente respondidas quando se fala do grupo brasileiro Roupa Nova, formado por Paulinho (voz, percussão e vocal), Serginho Herval (bateria, voz e vocal), Nando (baixo, voz e vocal), Kiko (guitarra, violões e vocal), Cleberson Horsth (teclados e vocal) e Ricardo Feghali (teclados, voz e vocal).

Segundo o site oficial, o grupo surgiu no final da década de 1970, influenciados pelo fenômeno Beatles que contagiava os jovens da época a formarem bandas e tocarem seus primeiros acordes nos clubes. Os seis integrantes do Roupa Nova, que estavam espalhados pelas bandas da época, se juntaram em 1980 e começaram a construir uma carreira vitoriosa, "atravessando estilos musicais, modismos e a roda viva das gravadoras", sendo recordistas em temas de novelas (mais de 35), além de produzirem vários trabalhos de outros artistas e participarem das gravações de temas incidentais históricos, como o Tema da Vitória.



Em muitas entrevistas, os músicos desta banda são questionados como se consegue manter uma boa convivência ao longo de três décadas e se houve algum período em que a relação entre os integrantes ficou balançada. Em entrevista concedida à Gazeta do Povo no dia 25 de junho de 2008, Paulinho responde a essas questões:

"Durante os 28 anos de carreira, o Roupa Nova manteve a sua formação original, fato que é muito raro no ramo musical. Qual foi o resultado desta convivência durante os anos?
Esses 28 anos têm muito de meta. A gente pensa como banda. Eu acho que é isso, a gente não pensa como artistas separados. O cara que monta uma banda, daqui a pouco só ele escreve, só ele compõe, só ele aparece. Então isso vai diluindo a banda.
Houve algum período em que a relação entre os membros ficou danificada ou balançada?
Não não, graças a Deus não. É aquele negócio, a gente discute diferenças e tudo mais, mas isso faz parte. São seis pessoas, é pior que um casamento. Em um casamento são duas, aqui são seis, e não tem sexo, que é pior ainda (risos). Então de qualquer maneira a gente está junto, trabalhando, cada um dá a sua idéia, tem a sua participação. Sempre para resolver alguma coisa a favor, sempre alguma coisa em prol do Roupa Nova."

Vendo estas declarações, é pertinente, sim, usar o exemplo do Roupa Nova para as empresas: as ações que a organização realiza precisam contar, de alguma maneira, com a participação da maioria, senão de todos os profissionais. Assim como a banda precisa pensar como banda, a empresa também necessita pensar como empresa, e não se deter apenas nas ações individuais, para, assim, conseguir a fidelização de seus públicos. Uma importante missão a ser cumprida com a ajuda dos profissionais responsáveis pelo relacionamento entre funcionários e pela comunicação interna, inclusive os Relações Públicas.

*Imagem retirada do site Roupanova.net. Acesso em: 13 jan. 2011, às 21h00.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Os cinco sentidos da marca - Marketing sensorial na otimização do relacionamento cliente-produto

Quando se é lançado algum produto ou uma nova campanha de uma marca já conhecida, é necessário tentar surpreender o consumidor/cliente com uma experiência única e que se torne inesquecível, a fim de que o relacionamento entre cliente e empresa se otimize, ou seja, que se possa aproveitar o máximo desta relação para que os dois lados se beneficiem e para que haja a fidelização do cliente.

Este post foi inspirado em duas peças de teatro diferentes, chamadas Performance Sensorial e Performance Horizontal, desenvolvidas pelo grupo paulistano Sensus (que possui, além do site, um blog oficial), que, segundo a descrição do perfil da companhia no blog, "através da literatura de grandes poetas, utilizando de diversas formas de toque, e muitas vezes privando o público da visão, as performances atuam em várias camadas do imaginário, ampliando gradualmente a percepção e despertando o interesse imediato pela obra dos grandes escritores."

Ou seja, com essas apresentações, o grupo teatral leva as pessoas a focarem suas atenções aos outros quatro sentidos do organismo e recordarem sensações esquecidas pela correria do dia-a-dia. Eles também têm um trabalho interessante focando o assunto do post de hoje: o marketing sensorial, com apresentações em eventos da Natura. Um vídeo mostrando trechos da Performance Sensorial pode ser visto a seguir.

 

De fato, o marketing sensorial é uma teoria e uma alternativa interessante para que os profissionais de marketing, comunicação e de áreas afins agregem um diferencial àquele produto ou àquela loja, através da valorização dos cinco sentidos do corpo humano, como descrevem Andressa Schneider Alves e Maria Izabel Costa no artigo
Uma Introdução aos Módulos Experimentais dos Produtos e Veículos de Moda, apresentado no 5º Congresso Internacional de Pesquisa em Design, ocorrido entre os dias 10 e 12 de outubro de 2009 em Bauru/SP (p. 1787):


"A teoria do marketing sensorial- Experiência do Sentido - faz apelo aos cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato. Seu objetivo é proporcionar prazer estético, beleza e satisfação por meio da estimulação sensorial. (...)
Segundo Ribeiro e Padovani (2006), os elementos primários estão associados aos cinco sentidos: cor e forma (visão), sonoridade, intensidade do som e ritmo (audição); textura e formas (tato); odores (olfato) e sabores (paladar). Combinando os elementos primários, forma-se um estilo. (...)Assim, o objetivo do marketing dos sentidos é estimular e captar a atenção dos cinco sentidos, proporcionando prazer estético ou excitação. (...)

Vários cases de sucesso deste marketing podem ser citados. Um deles é
da marca Avon que promoveu, no ano passado, o Espaço Sensações Avon International Fragrances no Shopping Morumbi, na capital paulista, em que o público pode conhecer informações institucionais da marca (explorando a visão) e experimentar as novas fragrâncias masculinas e femininas, utilizando-se do olfato.

Outro exemplo, só que se utilizando da audição para mostrar uma identidade musical ao cliente, quase que impondo um ritmo às suas compras, está presente na empresa Rádio Ibiza, especializada em elaborar programações musicais exclusivas para cada loja assessorada. Segundo o
site oficial da empresa, o objetivo principal é tratar o áudio como uma ferramenta essencial e importante para que a marca possa se desenvolver.

A empresa se tornou um grande sucesso no Brasil e no exterior, sendo notícia em vários jornais, revistas e chamariz para matérias sobre marketing sensorial, como numa reportagem do programa Mundo S.A., veiculado pela Globo News em maio de 2009, que encerra este post.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A festa que não ocorreu para Ronaldinho Gaúcho - Gestão de crises no futebol porto-alegrense

Como já foi visto em vários posts deste blog, uma política eficiente de gestão de crises é imprescindível para qualquer empresa quando alguma situação inesperada ocorre. E, nesta política, é muito importante comunicar a veracidade dos fatos à imprensa de forma imediata, como discorre Maria Gabriela Gama em seu artigo Quando o Inferno desce à Terra: a gestão de crises e a sua problemática* (2000, p. 537):

"Perante um cenário de crise, a organização debate-se com uma série de questões às quais tem de dar respostas imediatas (...). Assim, os órgãos de comunicação social têm toda a legitimidade de exercer pressão para que lhes sejam dados todas as informações relevantes para esclarecimento dos diferentes públicos.
Há sempre a tentação para negar o que de facto aconteceu e, se possível, abafar os aspectos mais negativos. As especulações que se fazem em torno da organização são fruto do silêncio e não há nada que agrade mais aos órgãos de comunicação social do que descobrir que a organização está a camuflar o que na realidade aconteceu.
"


Por esta ótica das especulações, a gestão de crises também é necessária para os clubes de futebol, que também podem ser consideradas como organizações (desportivas, no caso). Esta importante prática não deve ser planejada só na época em que o time perde um campeonato ou uma partida importante: uma situação inesperada pode acontecer, como a própria expressão antecipa, a qualquer momento; no caso à seguir, num início de temporada futebolística brasileira.

O início do mês de janeiro é, geralmente, um período em que há poucas notícias a respeito de esportes dentro das quadras e campos (tanto que, como viu-se recentemente neste blog, muitas retrospectivas e matérias especiais são reservadas para estes dias). Os olhos dos telejornais especializados se voltam para a preparação dos times e as contratações para a próxima temporada, principalmente se forem jogadores renomados. Porém, nenhuma tentativa de contratação foi tão falada neste ano de 2011 como a do meio-campista Ronaldinho Gaúcho, que estava no time italiano do Milan.

Desde julho de 2010, havia o interesse do Palmeiras em repatriar o jogador, contudo a novela começou de fato em dezembro, quando o Grêmio, clube em que Ronaldinho atuou entre 1998 e 2001, entrou nas negociações e se apoiou, dentre outras vantagens, no quesito emocional para trazê-lo de volta ao Brasil. E então começou a épica disputa, ainda com Flamengo, Palmeiras e (talvez) Corinthians, para contar com o jogador na temporada de 2011.

Mas, dentre tantas notícias desencontradas e tantos personagens, o aspecto mais importante a se analisar neste post ocorreu na sexta feira, no Estádio Olímpico, no que seria a apresentação oficial de Ronaldinho como jogador do Grêmio, com direito a caixas de som reservadas no dia anterior, um helicóptero exclusivo para o clube, shows com artistas gaúchos (como o do ex-vocalista do Engenheiros do Hawaii) e reserva de reforços policiais.

Seria uma grande festa para reforçar, não só o elenco do time, mas a própria imagem do Grêmio, pois veículos de imprensa de todo o mundo estariam cobrindo a apresentação. Porém, a festa para o provável retorno de Ronaldinho ao Grêmio não ocorreu, frustando os torcedores que se aglomeraram nas dependências do Estádio Olímpico desde o período da manhã e revoltando Paulo Odone, presidente do clube. Palavras dele: "Mandei retirar tudo, mandei retirar e vou tirar junto o responsável. Não tem nada de novo, o Ronaldinho só será jogador do Grêmio quando assinar contrato". Esta situação indesejada virou motivo de chacota de torcedores rivais, como o vídeo abaixo que mostra no que resultou a festa armada pelo clube gaúcho:





Mesmo assim, os torcedores e dirigentes gremistas acreditavam num adiamento da festa para a semana seguinte. Porém, com o avanço das negociações de Ronaldinho com o Flamengo e com outras exigências propostas por Assis, irmão e empresário do jogador, o time porto-alegrense deu por encerrada a tentativa de contratação no fim da tarde do dia 08 de janeiro, interferindo negativamente na imagem do atleta junto aos torcedores gremistas. O Palmeiras, outro clube interessado no atleta, desistiu no dia seguinte.




Independentemente de qual clube irá contratar Ronaldinho Gaúcho (no caso, o Flamengo, que acertou com o atleta e seu empresário na noite de 10 de janeiro), o marketing do Grêmio saiu perdendo por gerar uma crise desnecessária no clube, contratando serviços e profissionais para uma festa que poderia não acontecer, como foi o caso. Se o objetivo desta movimentação de sexta feira era pressionar o atleta e o empresário, isto também não foi alcançado, pois os dois estavam no Rio de Janeiro. Quem mais perdeu (ou ganhou - só o tempo dirá) com estes acontecimentos desencontrados foi o torcedor gremista, que se sentiu enganado.


*In: Comunicação e Sociedade 2, Cadernos do Noroeste, Série Comunicação, Vol. 14 (1-2), 2000, 535-542.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Um toque de informalidade na divulgação científica - A volta de Beakman às telas brasileiras

É quase um lugar comum afirmar que uma pessoa pode retirar tudo da outra, exceto o conhecimento que esta absorveu ao longo dos anos. De fato, a busca pelo conhecer deve ser uma constante na vida do ser humano, principalmente nos dias atuais, em que se aumentou consideravelmente o alcance e a velocidade com que as informações são modificadas e transmitidas.

Esta busca pelo conhecimento precisa começar ainda na infância, durante o período escolar, com o estudo de várias disciplinas, como Matemática, Português, História, Geografia, Ciências... Mas uma pergunta sempre rodeia os planos de aula da maioria dos professores: como se faz para que os alunos entendam, por exemplo, o funcionamento de um carro? Esta preocupação é válida, pois nem sempre o conhecimento científico é entendido pela maioria das crianças, como explica Suzana P. M. Mueller no artigo Popularização do Conhecimento Científico (2005, p. 01):

"(...) São notícias que chegam a nós, não cientistas, de várias maneiras, por vários canais. Como leigos, não estamos preparados para ler os textos originais, escritos por pesquisadores e dirigidos a outros pesquisadores, incompreensíveis para quem não tem o treinamento necessário. Dependemos de intermediários, pessoas e entidades que fazem usos de vários canais de comunicação e linguagens para transmitir as novidades científicas aos diversos segmentos da sociedade."

Ou seja, no caso de ensinar conceitos científicos às crianças e aos adolescentes, é necessário simplificar a linguagem e deixá-la mais lúdica para que este público-alvo entenda os processos e possa assimilá-los com mais facilidade. Com isso, a informação passa a ser muito mais do que meros dados a se decorar para uma prova no fim do semestre: a informação passa a gerar conhecimento, que fica registrado para sempre na memória da criança/adolescente.

Um dos grandes exemplos de se utilizar do entretenimento e da informalidade como ferramentas para um aprendizado mais eficiente dos conceitos científicos é a série americana O Mundo de Beakman, produzida nos anos 90, que tinha, como personagens, o professor Beakman (Paul Zaloom), o rato de laboratório Lester (Mark Ritts) e três assistentes que se revezavam durante as temporadas: Josie (Alana Ubach), Liza (Eliza Schneider) e Phoebe (Senta Moses).

Segundo o blog O Mundo de Beakman (não oficial, porém especializado na série), "O programa, produzido pela Columbia Pictures, foi baseado na tira em quadrinhos “You Can With Beakman e Jax”, criada por Jok Church, e publicada em vários jornais, dos Estados Unidos e de outros países, mais de 250 ao redor do mundo". A versão televisiva das tiras também teve o mesmo êxito, com veiculação em mais de 35 países, inclusive no Brasil, pelas TV's Cultura (1994 - 2002), Record (1997), Cl@se (2000 - 2005) e Boomerang (2006).

No programa, Beakman recebia cartas com perguntas de telespectadores americanos (na dublagem brasileira, foram colocadas cidades fictícias) e, a partir delas, realizava e ensinava experimentos científicos, além de "trazer" cientistas já falecidos e de abordar os temas do episódio com muita informalidade e leveza, como se pode ver na resposta à seguinte pergunta: "Como é que pode um refrigerante gelado ficar frio e o leite quente ficar morno?".



Como se pode ver, o tema é tratado através de ilustrações e exemplos, como a comparação do movimento dos carros com o das moléculas. Além disso, para divertir o telespectador e, consequentemente, prender a sua atenção, há o estereótipo do "cientista maluco", representado por Beakman, uma grande variedade de cores no cenário e a própria dinamicidade do programa.

Após nove anos fora do ar, a TV Cultura trouxe o seriado de volta no dia 03 de janeiro de 2011, dentro do bloco "Sessão Da Hora", e figurou entre os assuntos mais comentados do microblog Twitter durante a primeira segunda-feira de 2011, talvez pela falta de programas com este conceito na televisão brasileira, principalmente no segmento aberto e também pelo saudosismo de muitos jovens-adultos de hoje que aprenderam um pouco de Ciências, através deste programa, quando eram crianças.

Pode-se concluir que uma política de educomunicação para o ensino de conceitos científicos, adequada para a idade dos alunos e bem elaborada verbalmente e imageticamente, se torna fundamental para que estes dados possam ser assimilados não somente como "decoreba" para passar de ano, mas para serem lembrados durante toda a vida.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Comunicação e a juventude que nunca morrerá - Mídia e o envelhecer jovem de Susana Vieira

A cada ano, promissores artistas surgem como meteoros, demonstrando (ou não) seus talentos, simpatia e beleza, através das mídias tradicionais (encontros com olheiros espalhados por supermercados e shoppings, programas de calouros na televisão, promoções feitas em canais de rádio) ou das tão faladas mídias sociais, principalmente pelo microblog Twitter e pelo site MySpace.

Jovens e cheios de energia, muitos atingem patamares significativos de sucesso em pouco tempo e conseguem se manter livres das polêmicas, como o cantor Luan Santana e o jogador Paulo Henrique Ganso; porém, uma parte destes neo-profissionais da arte acabam se envolvendo em escândalos, seja com drogas, bebidas ou pela troca constante de parceiros num relacionamento. Alguns exemplos conhecidos: Britney Spears, Paris Hilton, Amy Winehouse e os brasileiros Ronaldo Fenômeno (mais necessariamente com os travestis) e Daniela Cicarelli (graças ao Youtube).

Mas por que a mídia teria interesse nesta exposição de assuntos que, num primeiro momento, seriam particulares? Neste caso, uma das óticas possíveis é a de Foucault, citada por Ieda Tucherman no artigo Michel Foucault, hoje, ou ainda: do dispositivo de vigilância ao dispositivo de exposição da intimidade (2005, p. 03, grifos da autora):

"Para exemplificar seu modelo, Foucault elabora a análise do panóptico, cujo interesse se evidencia por si mesmo: aparece como uma lógica tecnológica que, distribuindo espaços e olhares produz um sistema capaz de organizar os princípios de disciplina e vigilância, já que o olhar do outro, sendo sempre possível enquanto vigilância, geraria um sistema de interiorização das regras e das normas, fazendo surgir os chamados corpos dóceis."

Resumindo, a mídia seria esta lógica tecnológica que produz este sistema que, muitas vezes, impõe princípios de vigilância e disciplina, como a contratação de fotógrafos que realizam um trabalho do tipo paparrazzi, ou seja, para surpreender o artista em momentos pouco confortáveis ou esperados. Ainda neste sistema estão os programas de televisão que possuem um espaço para falar sobre a vida das celebridades, que pode ser total, no caso do TV Fama (Rede TV!) e do Vídeo Show (TV Globo), ou parcial, como o Mulheres (TV Gazeta) e Hoje em Dia (Rede Record).

Mas esta linda vida de juventude e de liberdade não atrai somente os mais novos. Artistas com mais tempo de idade e de carreira, reconhecidos nacionalmente e com vastos currículos no cinema, no teatro e na televisão, começam a buscar o rejuvenescimento da própria imagem através de plásticas, de um vestuário mais ousado para a idade. Essa prática pode, sim, ser saudável e benéfica para o lado pessoal e profissional do artista, mas é necessário, assim como para a maioria das ações humanas, ter limites.

Este post surgiu através do Twitter, vendo um tweet da querida Márcia Ceschini que falava exatamente desta exposição do exarcebado rejuvenescimento de artistas com idade avançada. E um grande exemplo desta atitude é da atriz Susana Vieira, que já tem mais de sessenta anos no RG, porém não os mesmos no aspecto corporal: a artista da Rede Globo já fez lipoesculturas, possui um figurino ousado para a idade e desfila como destaque/madrinha de bateria em escolas de samba cariocas no Carnaval, além de ficar com os seios à mostra durante lançamento de seu CD no programa Domingão do Paustão, como visto a seguir. Ou seja, talvez ela estaria tentando negar a sua própria idade, se apegar a ser o que não é.



Como se não bastasse isso, Susana teve seu terceiro casamento em 2006 com o policial Marcelo Silva, 28 anos mais novo, que a traiu por duas vezes - em uma delas, foi acusado de agredir uma mulher - antes de se separarem. O policial morreria meses depois, de overdose, juntamente com a namorada. Logicamente, todos estes escândalos foram prontamente divulgados e explorados pelo sistema tecnológico da mídia. A partir destas fatos, qual seria o grande problema desta conservação da juventude pelos artistas mais experientes? A própria Márcia Ceschini mostra uma linha de resposta: 

"Apesar delas serem artistas e viverem da exposição e beleza, sou a favor de comportamento digno. Mulheres como Susana Vieira que tem um comportamento diferente e se vestem vulgarmente eu não concordo. Não é feminismo ou preconceito. Mas cada um com sua idade."  

Para finalizar este post, é preciso que esses artistas tenham este comportamento digno, ou seja, entender o sistema de vigilância imposto pela mídia e fazer uma interiorização das regras e normas (dita no começo deste texto), com a ajuda de assessores de imprensa e de imagem, para que o resgate da juventude não morra nos escãndalos.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Comunicação e intertextualidade - Posse de Dilma Rousseff sob a ótica de #galvaonaposse

A inserção de cases de comunicação não possui restrição de dia, nem de contexto. Basta somente que se tenha nas mãos um texto passível de análise para que algum estudo se inicie, seja visando o lado sociológico, cultural, midiático ou linguístico. Mas será que um texto é apenas um único texto somente?

É esta uma das perguntas que Koch, Bentes e Cavalcante (2007, p. 14)* tentam responder, baseando-se em renomados teóricos da Linguística. Para citar um exemplo, os autores descrevem o postulado dialógico de Bakhtin (1929): "um texto (enunciado) não existe nem pode ser avaliado e/ou compreendido isoladamente: ele está sempre em diálogo com outros textos." Ou seja, todo texto é um intertexto, possui outros textos dentro dele, causando, assim, a tão falada intertextualidade.

Neste mesmo livro, há a descrição de vários tipos de intertextualidade, que são importantes para os profissionais de comunicação, pois conseguem fazer com que seu produto ou ideia seja reconhecida rapidamente e lembrada por muito mais tempo. No caso a seguir, o fenômeno visto é a intertextualidade estilística (2007, p. 19), em que "o produtor do texto, com objetivos variados, repete, imita, parodia certos estilos ou variedades linguísticas (...)". No caso, o estilo copiado é de um famoso narrador esportivo da Rede Globo.

No primeiro dia do ano de 2011, figurava nos Trending Topics do microblog Twitter a hastag #galvaonaposse, que foi criada por Reinaldo Andrade e com o apoio do comentarista da ESPN Leonardo Bertozzi. A expressão retratava frases tipicamente usadas pelo locutor Galvão Bueno, só que adaptadas a tudo que ocorria na posse de Dilma Rousseff como Presidenta da República. Este novo fenômeno ocorrido no Twitter chegou rapidamente aos jornais eletrônicos, como no caderno on-line de Esportes da Folha de São Paulo e na página de Esportes do portal UOL.

E até mesmo repórteres da Rede Globo aderiram ao movimento de frases que o Galvão falaria neste momento especial para a democracia brasileira, criando ou dando retweet nas sentenças, como pode-se ver na figura abaixo, retirada do Twitter do jornalista esportivo da emissora Bruno Laurence.


Este fenômeno também ocorre, há muito tempo, com o ator Chuck Norris e, recentemente, com o jogador Brasão, na época jogador do Santa Cruz. A diferença entre estes fenômenos e o de Galvão é que, enquanto os primeiros reforçavam as "qualidades" dos personagens com frases de efeito, o que se viu em #galvaonaposse foi justamente o contrário: as características de narração que o Galvão possui, como as frases de efeito dele, reforçaram o que acontecia na posse, seja pelo lado humorístico ou crítico.

Outras frases interessantes retiradas de perfis aleatórios no Twitter durante a tarde do dia 1º de janeiro sobre a possível narração de uma posse presidencial, feita por Galvão Bueno:
- "assistir a #possedilma é teeste pra cardíaco amiiigo!! #galvaonaposse" (via @MrJuniorAzer);
- "Aponta o centro da mesa o ministro, Sr. Cesar Peluzzo. Final do discurso da presidente Dilma Roussef" #galvaonaposse (via @gabriel_imortal);
- "- Reginaldo, seu palpite. - Dilma. - Burti, você. - Dilma. - Mariana, o seu. - Dilma. - Eu vou de Vettel. VEM A LUZ VERMELHA!  #galvaonaposse" (via @SUILSC);
- "Sai que é suuua Dilma!!! #galvaonaposse" (via @wilsondealmeida).
 


É interessante perceber a identificação das frases com dois esportes populares no Brasil: o futebol (mais especificamente na frase repostada por Laurence e na 2ª  e 4ª frases retiradas da busca) e a Fórmula 1 (na 3ª frase, em que Dilma, implicitamente, é comparada a uma Ferrari). Além disso, perguntas para o comentarista de arbitragem Arnaldo César Coelho foram frequentes, como esta frase.

Com isso, pode-se ver a importância do entendimento da intertextualidade existente entre estas duas "vozes" diferentes (uma locução esportiva "falando", "interferindo", nem que seja de modo ficcional, com uma cerimônia de posse da primeira mulher presidenta do Brasil) para que a comunicação e o entendimento das expressões sejam eficazes. E isso, com certeza, ocorreu, basta ver a repercussão obtida da tag #galvaonaposse num dia em que o acesso ao Twitter é muito baixo em alguns horários. O ano de 2011 começou muito bem para a rede de microblogs e para os twitteiros criativos.

* KOCH, Ingendore G. Villaça; BENTES Anna Christina; CAVALCANTE,. Mônica Magalhães. Intertextualidade: diálogos possíveis. São Paulo: Cortez, 2007.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Em 2011, vamos RePensar o mundo juntos? - Post institucional do blog RPitacos

O primeiro final de semana do ano de 2011 está acontecendo, e muitas pessoas começam a fazer planos e imaginar o que esta segunda década do terceiro milênio reserva para a humanidade, para cada pessoa de boa ou má vontade. É tempo de rever conceitos, estimular valores que estão desacordados há muito tempo, produzir novas ideias para os novos problemas que virão. Enfim, é tempo de pensar, ou melhor, RePensar o mundo.

Segundo o Dicionário Michaelis, a palavra "repensar" é "Tornar a pensar em: (...). Pensar madura e detidamente; reconsiderar.". O amadurecimento precisa ser algo natural para todo ser humano, para todo projeto de vida que se faça. Às vezes, para que isso ocorra, é necessário reconsiderar certos aspectos, certas decisões, certas ideias que são tidas como intocáveis. E esse é o objetivo deste blog.

O blog RPitacos surgiu em 04 de junho de 2010 sendo apenas um projeto de exercício de leitura, de escrita e, principalmente, do descondicionamento do olhar, ou seja, não se contentando com o que passava a maioria dos veículos de massa, mas tentando olhar o mundo de um ãngulo diferente, através de conceitos teóricos (seja de Comunicação ou de outras áreas afins) e exemplos antigos ou recentes.

Porém, o que era pra ser um simples blog acabou virando, a começar pela autora, uma paixão e um trabalho. Os elogios e as críticas começaram a surgir, assim como os amigos que colaboram para que o RPitacos crescesse a cada novo post (são tantos amigos que, infelizmente, não dá para colocar todos os nomes aqui).

Houve algumas indicações de posts daqui como uns dos Melhores da Semana, em lista organizada pelo Horizonte RP (veja um deles). Outros textos foram reconhecidos por profissionais e acadêmicos qualificados, além das qualificações dos artigos da autora para uma das edições da Revista A Bordo e a escolha desta que vos fala para ser uma das novas cappuccinas de um blog respeitado no campo das Relações Públicas, que é o OCappuccino. Talvez um prêmio que eu, pessoalmente falando agora, nunca imaginaria receber era ser finalista do V Prêmio RP do Brasil, na Categoria Estudantil. Não ganhei, mas o 4º lugar obtido me deixou muito feliz e com orgulho de ser Relações Públicas!

Por falar em orgulho da profissão, o RPitacos ainda promoveu ações para declarar a paixão dos profissionais pelas Relações Públicas, como a #ILoveRP, em que foram postados textos sobre a importância desta profissão no mundo contemporâneo, nas proximidades do Dia Nacional das Relações Públicas, celebrado em 02 de dezembro. Por fim, na última semana de 2010, uma lista promovida pela Rede RP-Online mostra o RPitacos como um dos 29 blogs de estudantes e profissionais de Relações Públicas que merecem ser seguidos no próximo ano.

Enfim, com toda essa história contada, só se pode desejar que 2011 seja um ano maravilhoso, com muitas realizações e que possamos RePensar o mundo juntos, pois essa é a essência deste blog: que, através das reflexões e discussões relatadas, a comunicação possa ser vista, cada dia mais, como uma ferramenta importantíssima para as organizações e para os seres humanos de maneira geral. Muitas novidades virão, mas com os pitacos de sempre!

FELIZ 2011 para todos!



Maíra Masiero - Editora do RPitacos