E quando aquela ideia veiculada pela mídia, aquele produto comprado na loja ou aquele conceito mostrado nas propagandas não se concretizam, ou seja, apresentam falhas ou sequer são verídicos? A reação de quase todo consumidor é reclamar da situação aos órgãos competentes. No caso de um produto físico, a Central de Atendimento ao Consumidor, em suas diversas plataformas de comunicação, parece ser um canal adequado para que as reclamações possam ser feitas e repassadas para a Assistência Técnica, que vai pessoalmente ao local e tenta fazer os reparos possíveis para resolver aquela situação. Em outras oportunidades, liga-se direto para a Assistência e este processo se repete.
Porém, há de se pensar no seguinte fato: e quando nem isso adianta, o que se deve fazer? Além de relatar a situação para os órgãos competentes, como ao PROCON (Instituto de Defesa do Consumidor) ou, em alguns casos, à própria Justiça Comum, uma forma mais recente de tentar contatar a empresa do fato ocorrido sem se submeter às vias jurídicas é se utilizar da técnica da Reclamação 2.0, ou seja, da força indubitável das mídias e redes sociais como meios de expandir a indignação de um consumidor para milhões de pessoas ao redor do mundo, tendo, assim, uma possível identificação de algumas pessoas que tiveram um defeito ou uma quebra semelhantes, levando a uma repercussão (grande ou pequena, como se verá a seguir) e a uma resposta da empresa a esta crise (pode ser de duas formas: individual - perda do cliente para a concorrência - ou coletiva - repercussão nacional do fato).
Um recente exemplo do uso da técnica da Reclamação 2.0 (vista em alguns textos, como este) foi a crítica feita contra a fabricante de eletrodomésticos Brastemp em janeiro de 2011. Utilizando-se de uma conta no Youtube e de um perfil no Twitter, criado no mesmo período da gravação do vídeo e que já tem mais de 1900 seguidores, o consumidor fez uma reclamação sobre os problemas técnicos da geladeira que ele tinha há três anos em outubro de 2010. Segundo informações do site INFO Online:
"Borelli alega que gastou R$ 268 com reparos junto a uma assistência autorizada da Brastemp em outubro, mas o conserto não foi efetivo. Ao recorrer novamente a uma autorizada, foi informado que o reparo definitivo custaria R$ 3 mil, valor que o consumidor diz ser superior ao custo de uma geladeira nova.
Após quase dois meses de negociações, Oswaldo diz que aceitou um acordo do tipo “troca com troco”, em que dá a geladeira usada à Brastemp, paga uma diferença, e recebe uma nova. Após efetuar o pagamento, Borelli disse que foi orientado a aguardar 20 dias pela entrega do equipamento.
O prazo estipulado, diz Oswaldo, estourou e ele não recebeu o produto solicitado."
Ou seja, há neste relato a ineficiência da Assistência Técnica de não resolver o problema do cliente e deixá-lo, segundo relato dele, três meses sem geladeira, obrigando-o a realizar suas refeições fora de casa Com essa situação, o consumidor decidiu reclamar pelo Twitter e por um vídeo no Youtube acerca dessa situação (expandindo a indignação) e conseguiu uma enorme identificação por parte de muitas pessoas, tanto que o nome da Brastemp foi um dos assuntos mais comentados no mundo (portanto, uma grande repercussão) e, no momento deste post, a empresa está em quarto lugar nos Trending Topics brasileiros. Para quem ainda não viu, o vídeo está a seguir:
O próprio consumidor, em seu perfil no Twitter, agradeceu a repercussão inesperada de seu vídeo e garantiu que sua geladeira foi entregue no dia 24 de janeiro. Para tentar gerir esta crise na imagem da empresa, a Brastemp emitiu um comunicado oficial, assumindo o erro e classificando o fato como parte de um aprendizado para melhorar seu atendimento ao cliente. Neste caso, a Reclamação 2.0 foi muito eficiente, o que prova que as empresas precisam reconhecer a força das mídias sociais, tanto para seu benefício ou malefício, e a força de seus próprios clientes que podem, através de um vídeo de aproximadamente 4 minutos, provocar uma crise de imagem e gerar a Reclamação 2.0.
Nenhum comentário:
Postar um comentário