terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Relações Públicas e o uso da inteligência competitiva nas organizações

Dentre muitas habilidades que cada indivíduo possui, uma delas é a inteligência, ou seja, o pensamento sistemático sobre algo ou alguma situação. Logicamente, a inteligência é relativa e possui vários tipos, e acredita-se que todos os seres humanos são dotados dela, independentemente do seu uso ou desuso. Porém, é necessário desenvolvê-la, por meio de variados estímulos e incentivos.

Assim acontece também com as organizações: comparando-as com uma pessoa, elas possuem uma inteligência que precisa ser suscitada e alavancada, caso o objetivo da empresa seja acompanhar o mercado e as mudanças frequentes, derivadas da globalização. É a chamada inteligência corporativa.

Um dos artigos que explicam o conceito de inteligência competitiva (em alguns lugares, cita-se como inteligência de negócios) é escrito por Marta Lígia Pomim Valentim et alii no artigo O Processo de Inteligência Competitiva em Organizações (2003, p. 02):

"A inteligência competitiva é o processo que investiga o ambiente onde a empresa está inserida,
com o propósito de descobrir oportunidades e reduzir os riscos, bem como diagnostica o ambiente interno organizacional, visando o estabelecimento de estratégias de ação a curto, médio e longo prazo.
A inteligência competitiva (I. C.) é entendida como processo organizacional e é fundamental à organização sob vários aspectos, como por exemplo, para as pessoas desenvolverem suas atividades profissionais, para as unidades de trabalho planejarem suas ações táticas e operacionais, para os setores estratégicos definirem suas estratégias de ação, visando o mercado, a competitividade e a globalização."

E como a comunicação pode contribuir para o melhor desenvolvimento deste "tipo" de inteligência, principalmente num mundo tão competitivo como o desenhado nesta primeira década do século XXI? Se uma das funções da Inteligência Competitiva é investigar o ambiente, o profissional de Relações Públicas executa um papel importante neste processo, realizando pesquisas de opinião com o público interno (para verificar o ambiente organizacional) e externo (para entender a repercussão de cada ato da empresa no cenário exterior às suas instalações), além de planejar estrategicamente os atos da organização no mercado.

Também é importante, como se observa na citação acima, incentivar o melhoramento das atividades profissionais de cada colaborador/funcionário. Para isso, são necessárias políticas que valorizem o esforço de cada um, com promoções e recompensas não só financeiras, mas também de imagem e focando o emocional de cada funcionário.

Conclui-se, assim, que a empresa precisa estar bem preparada para poder desenvolver esta inteligência competitiva de maneira convincente, atendendo às necessidades de informação da organização e, por tabela, aos anseios de cada colaborador. É necessário, portanto, um desenvolvimento sólido da cultura organizacional e uma tomada de consciência das organizações acerca da importância de se desenvolver a inteligência corporativa, com profissionais competentes e colaboradores dispostos a aprender.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Magazine Você e o e-consumidor brasileiro

Para algumas pessoas, o corre-corre e o empurra-empurra das lojas físicas foram trocados, em certos momentos, pela comodidade de se sentar em frente a um computador para escolher, calmamente, um produto dentre uma variedade de opções para comprá-lo em cerca de poucos minutos.

Não menosprezando os problemas que, muitas vezes, ocorrem em compras via Internet - como o vazamento de dados pessoais ou o atraso na entrega das mercadorias -, as facilidades que o comércio eletrônico traz ainda conquistam muitos consumidores ao redor do mundo.

Um estudo da consultoria McKinsey, citado por Rafael Moraes do Nascimento na dissertação E-commerce no Brasil: Perfil do Mercado e do Consumidor Brasileiro (2001, p. 47-48), mostra que podem existir seis tipos de compradores online:

"Simplificadores – Representam as pessoas que gostam de informações sobre serviços confiáveis e que têm um feedback positivo ao estímulo que indique ser mais fácil fazer negócios online que offline.(...)
Surfadores – Usam a Internet para diversos fins, movem-se muito rápido entre os sites disponíveis na rede. Respondem por 32% de todo o tempo consumido na rede e são atraídos por novidades e conteúdos diversos e atualizados.
Negociadores – Os que valorizam um bom negócio. São os maiores visitadores de leilões pela Internet, por exemplo. Para atrair esse tipo de público, os autores sugerem que o site trabalhe o lado emocional do consumidor, oferecendo serviços como newsletter, salas de bate-papo e livrarias.
Conectadores – Utilizam a Internet basicamente para se relacionarem com outras pessoas, através de emails e recentemente de redes sociais. São iniciantes na Internet e poucos já finalizaram alguma compra na rede.
Rotineiros – Usam a rede principalmente pelo conteúdo oferecido e gastam mais de 80% do seu tempo online, em seus dez sites preferidos.
Esportistas – Possuem o mesmo comportamento dos rotineiros, mas costumam freqüentar sites de esporte e entretenimento."

Com o aumento do uso das mídias sociais pelos brasileiros, as empresas começaram a desenvolver de forma mais acentuada mecanismos para estimular as compras online e a uma interação maior entre consumidores e empresas. Um exemplo recente destas iniciativas foi a consolidação do projeto Magazine Você, idealizado pela rede de varejo Magazine Luíza. Inicialmente, foi criado em agosto de 2011 apenas para familiares de funcionários, mas foi aberto ao público geral a partir do final de janeiro de 2012 - com antecedência de dois meses - e pretende atingir a meta de 10 mil lojas nas redes sociais até o final do ano.

Segundo informações publicadas no Portal Exame, a iniciativa permite ao usuário ter uma loja da Magazine no Orkut e/ou Facebook com até 60 produtos da loja virtual da empresa. Com a venda, a pessoa ganha uma comissão de 2,5% ou 4,5% por cada produto vendido e a operação de compra, incluindo o pagamento e a entrega, é de responsabilidade da rede. O projeto tem, como "garota-propaganda" e uma proprietária de loja, a paraibana Luiza Rabello, aquela garota que estava no Canadá.


Analisando este tipo de loja segundo os seis tipos de consumidores descritos no começo deste post, pode-se dizer que, quando o aplicativo funciona em plenas condições, ele pode se relacionar facilmente com os consumidores simplificadores, pelo fato de se confiar no sistema (se ele merecer esta confiança), surfadores, pelo fato de se manterem em menos tempo num site específico (focando-se mais nas redes sociais), negociadores (atraindo o lado emocional dos clientes pelas cores fortes, como azul-escuro) e conectadores (pelo fato de utilizarem as redes sociais e tentarem explicar, de maneira prática, o funcionamento de uma loja online).

Se este projeto for consistente, ele poderá, posteriormente, abranger o consumidor rotineiro, ou seja, que usará o aplicativo e permanecerá nele pelo conteúdo obtido. Como pode ser visto, conhecer o perfil do consumidor online e descobrir quem ele é e o que ele procura é muito importante para o desenvolvimento destas plataformas.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Comunicação em prol da sustentabilidade - Uso de sacolas retornáveis nos supermercados

No dia 9 de maio de 2011, foi assinado um convênio entre o Governo de São Paulo e a APAS (Associação Paulista de Supermercados) para uma campanha de conscientização dos consumidores sobre o uso de sacolas plásticas, com o tema Vamos Tirar o Planeta do Sufoco.

Houve todo um período de conscientização, partindo do público interno - ou seja, os supermercadistas - para os consumidores em geral e, por fim, a partir de 25 de janeiro, nenhum supermercado associado fornece, gratuitamente, sacolas plásticas descartáveis aos clientes. Quem quiser utilizar sacolas, os estabelecimentos passaram a vender sacolas biodegradáveis por R$ 0,19, ou seja, a preço de custo.

Segundo o blog , produzido especialmente para esta campanha, "A APAS acredita que até esta data todos os consumidores estarão conscientes e levarão suas sacolas reutilizáveis para as compras, ou caixas de papelão, ou carrinhos de feira." 

Porém, este consumo consciente traz um problema para a indústria de plásticos, segundo o Blog do Management: as demissões em massa. Segundo Miguel Bahiense, presidente do Instituto Socioambiental dos Plásticos, “O varejo já cortou pedidos, e isso começa a gerar demissões e cortes de gastos pelas empresas do setor”.

Em meio a esta combinação de interesses, como conscientizar o consumidor justamente desta importância de se trocar as sacolas plásticas por outros meios de transporte de mercadorias, como carrinhos de feira, caixas de papelão e sacolas de lona, ao mesmo em que empresas de varejo, indústrias de material plástico e consumidores discutem sobre estas iniciativas e suas consequências? Várias estratégias de comunicação foram feitas com o objetivo de propagar a campanha e de dar esclarecimentos a todos os públicos.

Na esfera on-line, o blog anteriormente citado mostra os vários materiais de campanha, além de notícias, vídeos, depoimentos e um histórico completo do projeto. As várias mídias e redes sociais foram utilizadas para divulgar a campanha, como o Twitter, o Youtube e o Facebook. O perfil do microblog compartilha mensagens de apoio das pessoas e posts de outros perfis que possuem informações complementares, para quem desejar aderir à campanha ou saber mais sobre o assunto.

Uma função importante do perfil no Facebook é responder às questões feitas pelos usuários sobre os objetivos da campanha. Uma pessoa, por exemplo, perguntou o porquê de serem mantidos os sacos plásticos para colocar frutas, legumes e verduras, e o administrador do perfil, menos de meia hora depois, já respondeu o questionamento:

"Hoje ainda usam sacos plásticos no FLV [Frutas, Legumes e Verduras] porque só agora começam a surgir tecnologias “verdes”, com polímeros de fontes renováveis, ainda com baixa produção e alto custo. Em pouco tempo, quando etas tecnologias estiverem mais disponíveis, haverá alternativas verdes para os sacos do FLV e para os sacos de lixo tradicional. Vale ressaltar que o grande volume está nas sacolas descartáveis, que totalizam 500 mil toneladas/ano no Brasil."

Além disso, é divulgado uma promoção em que basta publicar na fan page do Facebook uma imagem ao lado de uma das 11 sacolas gigantes espalhadas pela capital, ou enviá-la para o Twitter com a hashtag #EcobagGigante, e as 100 primeiras pessoas que fizerem isso vão ganhar uma ecobag para utilizar nas compras. A ação vai até o dia 10 de fevereiro e, três dias depois, serão anunciados os vencedores.

Já a página da campanha no Youtube possui 8 vídeos, alternando produções próprias com veiculações de notícias de outras mídias à respeito do movimento. O vídeo a seguir é o da campanha televisiva que estimula a população a levar as sacolas reutilizáveis para as compras.


Em relação às intervenções urbanas, uma que ficou nacionalmente conhecida foi a distribuição das já citadas sacolas reutilizáveis de mais de quatro metros de altura na cidade de São Paulo, trazendo mensagens de conscientização sobre a substituição às pessoas que passavam pelas ruas. Muitos telejornais de alcance nacional exibiram a ação, como, por exemplo, no Jornal Nacional, da Rede Globo.

Enfim, este plano de comunicação demonstra como esclarecer as pessoas sobre a importância do uso das sacolas reutilizáveis, mesmo com as opiniões contrárias, abrangendo todas as esferas, seja on ou offline. Resta saber se a população demorará tanto tempo para se acostumar a esse novo hábito.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Saber falar nas mídias sociais - O Serra não foi para o Canadá...

Nesta quinta-feira, dia 19 de janeiro, em meio a grande repercussão do comercial de lançamento de um prédio residencial na Paraíba - com a já histórica frase: "Luíza, que está no Canadá", mais recente hit da internet**, o perfil oficial da Secretária de Imprensa da Presidência da República no Twitter trouxe um link de um texto da seção humorística da Revista Piauí que falava de uma "suposta viagem do ex-governador José Serra ao Canadá".

O resultado desta postagem, inadequada a um perfil oficial de um órgão público, foi imediato: o assunto Twitter da Presidência foi um dos mais comentados do dia na rede social, o post foi deletado do sistema e, algum tempo depois, o perfil mostrou um pedido de desculpas pelo erro cometido:


Pode-se dizer que, tanto neste caso da última quinta-feira como em outras situações nas quais apareceram postagens diferentes do habitual em perfis oficiais de instituições ou secretarias no Twitter, a justificativa é a mesma na maioria dos casos: o autor do post equivocado confundiu o perfil pessoal com o oficial, cometendo, assim, esse erro que também, por muitas vezes, leva o culpado a ser demitido ou, no caso da piada com o ex-governador de São Paulo, a pedir exoneração do cargo.

Na mesma noite, por volta das 21h30, Serra se pronunciou acerca do caso em seu perfil no Twitter: "Aceito a desculpa pelo que aconteceu com o twitter do Planalto. O autor reconheceu o erro e não há motivo para demiti-lo. Assunto encerrado. / Ah, sim, queria avisar o Planalto que não fui ao Canadá, até porque a Luiza voltou."

O mais interessante em analisar este caso é a necessidade de uma conscientização maior sobre os cuidados com o cibercomportamento das pessoas, principalmente com a tão falada separação entre assuntos/opinões/desabafos pessoais e temas profissionais. Muitas vezes, na esfera offline, fazer esta divisão é complicado (muitos reclamam que parentes, namorados(as), noivos(as) e esposos(as) trazem pendências e reclamações do serviço para casa, não aproveitando o tempo livre de maneira proveitosa); porém, na rede mundial de computadores, é regra não misturar assuntos/posts pessoais em perfis utilizados para trabalho.

E ainda concluindo este raciocínio, nestas horas de crise de imagem, o profissional de Relações Públicas não pode fugir para o Canadá, nem para lugares mais distantes ou inacessíveis, mas sim se portar como líder, propondo soluções que sejam, ao mesmo tempo, rápidas, funcionais e convincentes para o público. 

** Para quem ainda não sabe quem é Luíza e o porquê deste sucesso tão fulminante, vale a pena ler um pouco da história deste viral.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Comuicação e sustentabilidade - Como amadurecer o marketing verde?

Pode-se dizer que um fato quase que incontestável é que a maioria das pessoas, desde as últimas décadas do século XX, começaram a ter consciência dos seus papeis sociais para a construção de uma humanidade, que possa equilibrar desenvolvimento econômico com preservação ambiental.

Além disso, as organizações tiveram que se adaptar aos olhares já críticos deste público acerca de suas atitudes, principalmente no âmbito da tão falada "responsabilidade social", utilizando-se de várias estratégias e ações para, ao mesmo tempo em que contribuem para concretizar o equilíbrio dito anteriormente, constituem uma imagem sólida no mercado  Muitas empresas já praticaram ou, pelo menos, ouviram falar na expressão marketing verde (também chamado de ecológico ou ambiental), mas como ele surgiu e qual seria uma definição mais abrangente para este tipo de marketing?

Alessandra Teixeira, no artigo Marketing Verde - escrito em 13 de abril de 2008 - relata que a expressão surgiu na década de 1970, quando a AMA (American Marketing Association) fez um encontro para discutir o impacto do marketing sobre o meio ambiente. Dentre as várias definições relatadas pela autora, será usado o conceito de Polonsky:

“Marketing Verde ou Ambiental consiste em todas as atividades desenvolvidas para gerar e facilitar quaisquer trocas com a intenção de satisfazer os desejos e necessidades dos consumidores, desde que a satisfação de tais desejos e necessidades ocorra com o mínimo de impacto negativo sobre o meio ambiente.”

Mas será que estas atividades são feitas de maneira convincente ou apenas visam a uma melhora na imagem da empresa, sem um comprometimento maior com o meio ambiente? Em entrevista concedida ao Portal Exame, Giles Gibbons, cofundador e CEO da britânica Good Business, de certa maneira, fala que o discurso das organizações sobre a sustentabilidade precisa ser mais do que o "verde", e sim amadurecer na prática.

"Muito do discurso da sustentabilidade acontece no plano acadêmico e teórico e o consumidor não quer saber disso, porque não muda a realidade dele. Quando uma empresa me passa uma informação que não me interessa, eu me pergunto por que essa empresa está dizendo isso. A dica é: Não diga às pessoas o que elas não querem ouvir, ache uma forma dizer o que é importante para sua empresa de maneira que interesse o consumidor. Se você só empurra informação, aumenta o comportamento cético.
(...)
Certamente, atender as necessidades do consumidor é mais eficaz do que dizer “Olha como somos ótimos e nos preocupamos com o meio ambiente”. Há muitos negócios fazendo muita coisa bacana mas comunicando pouco, muitos não fazendo nada mas falando muito e alguns fazendo muito, falando bem, e colhendo benefícios.
(...) Não é só porque uma companhia desenvolve iniciativas verdes, que deve comunicá-las aos consumidores. Isso não deve ser automático, só porque foi feito, precisa ser dito. A sustentabilidade não é um fim em si, é um continuum."

Ou seja, é necessário argumentar para o público as vantagens de se ter um produto sustentável, ao invés de só ressaltar a preocupação da empresa com o meio ambiente. Ao longo da entrevista, o executivo também mostra alguns exemplos positivos, como o do sabão em pó Ariel EcoMax, que utiliza 30% menos água que um detergente em pó comum e a sua embalagem é aproximadamente 10% mais compacta que a dos concorrentes.

Um outro exemplo de como utilizar a sustentabilidade como um meio é visto no novo carro elétrico da Nissan, que será lançado em breve no mercado. Ele possui, entre outras vantagens, o fato de ser de grande porte - destinado principalmente a empresas e famílias e com um espaço interior flexível -, e de poder reduzir os gastos das empresas com combustíveis, atendendo, assim, as necessidades do consumidor final e amadurecendo a ideia de um marketing ecológico. Verde, sim, mas com maturidade para convencer o público-alvo. 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Tem batata neste saco de ar, ou o contrário? Relações Públicas e gestão de crises na Ruffles

Quem já não quis reclamar sobre o serviço de uma determinada empresa, utilizou-se das mídias sociais para extravazar sua indignação e recebeu um comunicado quase que padrão, depois de várias pessoas terem compartilhado sua situação e se identificado com ela num pequeno período de tempo?

Com a Internet, é exatamente assim uma reclamação de âmbito local pode ganhar proporções maiores num período curto de tempo, causando, assim, uma grande crise como mostra Patrícia Brito Teixeira no artigo Sociedade do Risco na Sociedade da Informação: Gestão e Gerenciamento de crise nas redes sociais (2011, p. 04):

"A possibilidade de gerar debates e a velocidade da mídia digital trazem uma consequência nítida a ser repensada nas organizações privadas, públicas ou não-governamentais: a internet se tornou um palco público para os espetáculos das crises. As repercussões negativas podem nascer do próprio ambiente online, que passa a ser um reservatório de riscos, como também vir do meio externo e ter efeitos multiplicadores na rede mundial. Pode-se afirmar que o mundo atual convive em paralelo com a sociedade do risco e a sociedade da informação."

Para entender estas relações, um exemplo bem recente: há muito tempo, muitas pessoas criticam a marca Ruffles por trazer, dentro de suas embalagens, mais espaços vazios do que o conteúdo propriamente esperado, ou seja, as batatas (influindo, inclusive, na percepção do preço do produto, que pode soar mais caro devido à esta diferença). Esta reclamação dos consumidores foi "materializada" num slogan, idealizado pelo site Slogans Sinceros, que ironiza marcas e suas frases de efeito.

E como fazer para esclarecer os consumidores sobre este assunto e tentar, ao mesmo tempo, justificar a necessidade do ar para a conservação das batatas e mostrar que há uma grande quantidade de batatas em cada unidade de Ruffles?

Nesta semana, no perfil oficial da marca no Facebook, ao invés de um comunicado oficial sério e formal, há um infográfico colorido e com linguagem fluente, produzido pela Pepsico, mostrando uma justificativa para a importância de certa quantidade de ar no saco de batatas, respondendo, assim, às críticas sofridas nas redes sociais acerca da falta de batatas nas unidades de Ruffles. Além disso, a marca defende que a proporção de ar e batata não sofreu alterações desde 1985.

No tópico em que foi lançado o infográfico, muitos comentários elogiaram a iniciativa da marca, chamando-a de "ousada" e "criativa", enquanto outros assinalavam que o problema estaria no preço da batata, muito elevado em comparação a outras marcas citadas - como Pringles e Big B.

O que é interessante ressaltar nesta gestão de crises, independente de que lado está correto, é a inovação em esclarecer os consumidores de forma simples e lúdica, através de um infográfico, ao contrário de outros casos famosos, como o da Renault e do hotsite #meucarrofalha (e as redes sociais inclusas), criado por uma consumidora que comprou um Mégane Sedan 2.0 em 2007 e que, desde a compra, não funcionava e estava sem o apoio da marca para reparar o carro ou para trocá-lo. O comunicado da montadora foi formal e curto, mostrando o objetivo da empresa de maneira padrão.

A marca de batatas, por sua vez, se utilizou de um comunicado padrão - por atender uma reclamação de várias pessoas -, porém, utilizou a criatividade para demonstrar seus argumentos aos consumidores. Para encerrar o post, um vídeo institucional feito pelo canal da Pepsico no Youtube para contar um pouco da história da Ruffles no Brasil.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Comunicação no incentivo à juventude na política - Projeto Jovem Senador

Um ditado antigo dizia que, em muitos casos, "religião, futebol e política não se discutia". Focando-se neste último tópico, muitos jovens ainda não gostam de discutir sobre os assuntos da política, além de não pensar mais profundamente em como elaborar ideias e fazer projetos de lei para melhorar a situação da sociedade em que se vive.

O projeto Jovem Senador, segundo o site oficial, foi criado pela Resolução nº 42, assinada pelo Presidente do Senado José Sarney em 11 de agosto de 2010, e é realizado no mês de novembro, em conjunto com a premiação do Concurso de Redação do Senado Federal. No caso de 2011, o projeto ocorreu dos dias 15 a 18 de novembro.

Os 27 finalistas do Concurso de Redação (cada um representando um estado, inclusive o Distrito Federal) ganham, como prêmios, notebooks, medalhas, certificados e a publicação da redação em um livreto produzido pelo Senado Federal, além de computadores, livros e DVDs para o acervo das escolas dos três primeiros lugares.

Além dos prêmios materiais, os jovens compõem o plenário do Senado por três dias, numa simulação de exercício de um mandato, formando Comissões Parlamentares, elaborando Projetos de Lei e discursos que são apresentados em sessões no Plenário, dirigidas por uma Mesa eleita pelos jovens senadores e composta por um Presidente, um Vice-Presidente, Primeiro-Secretário e Segundo-Secretário.

Para esclarecer maiores dúvidas acerca deste projeto, o perfil do Blog do Senado no Youtube disponibilizou uma entrevista com o Consultor-Geral da Consultoria Legislativa do Senado Federal, Paulo Mohn, que auxiliou os jovens senadores em seus curtos e intensos mandatos.



Algo interessante a ser notado é a participação do profissional de Relações Públicas no processo de acompanhamento dos trabalhos do projeto Jovem Senador, segundo o que diz a própria Resolução criadora do projeto:

"Art. 17º- No início de cada sessão legislativa ordinária, o Presidente do Senado Federal designará, ouvidos os Líderes, comissão composta por 1 (um) Senador de cada partido político com representação no Senado Federal para acompanhar os procedimentos necessários à realização da edição anual do Projeto Jovem Senador.
Parágrafo único - A comissão de que trata o caput contará com a assessoria de 2 (dois) servidores da Secretaria-Geral da Mesa, 2 (dois) servidores da Diretoria-Geral, 2 (dois) servidores da Consultoria Legislativa e 2 (dois) servidores da Secretaria de Comunicação Social, devendo, neste último caso, 1 (um) deles provir necessariamente da Secretaria de Relações Públicas."

Portanto, as práticas de comunicação podem contribuir para que haja uma conscientização acerca da importância da política e, nesse caso, das esferas legislativas na vida das pessoas. Logicamente, esta comunicação precisa ser transparente e condizente com os princípios, valores e missão das instituições públicas.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A pressa é inimiga da perfeição? - Liquidações fantásticas e a busca pela excelência na comunicação

Nestes últimos dias, ouve-se falar muito nas chamadas "liquidações" relâmpago, em várias lojas de departamentos, que se iniciam nas primeiras horas da manhã e levam consumidores a ficarem durante toda a madrugada nas portas das lojas esperando a abertura dos portões para comprarem produtos com descontos maiores do que o normal de uma promoção corriqueira. Mas será que toda essa correria para encontrar o melhor preço, a melhor oferta, é correspondida quando se leva em consideração a qualidade do produto?



(Acima, o vídeo de uma notícia de 2011, exibida no Jornal Nacional, referente a esta liquidação de começo do ano)

Pode-se aplicar quase que integralmente este pensamento quando se planeja um trabalho para melhorar a comunicação de uma empresa, instituição, marca ou até mesmo de uma pessoa pública. Nem sempre um plano feito às pressas - sem que se pense muito e com um certo temor de não ser o primeiro em realizar certa ação ou em utilizar certa ferramenta - é bem sucedido, como mostra Adna Gerusa Rodrigues, em sua monografia O Papel do Consultor Administrativo Externo no Fortalecimento do Negócio (2002, p. 28-29), em que acentua o cuidado que é necessário ter em relação ao momento de se falar algo, ou até mesmo de mostrar alguma atitude pela comunicação não-verbal.

"Cuidados na comunicação não verbal! Saber identificar o momento de se falar as coisas e o verdadeiro sentido das palavras, através dos gestos e atitudes do comunicador, momento em que as palavras são usadas para disfarçar, em vez de comunicar. Sua postura de corpo, seus movimentos fornecem outros detalhes, geralmente, a verdade. Tudo o que não é expresso abertamente, procura outras formas de expressão. Isso é valido para todas as relações(consultor/cliente, namorado/namorada/, pais/filhos...)."

Nem sempre também a primeira ideia que surge no consciente é a melhor para que se cumpra um determinado objetivo. Assim como nas compras feitas nestas liquidações, em que o transporte é por conta e risco dos consumidores, nesta busca desenfreada por ideias, se o "transporte", ou seja, a forma com que estas são repassadas ao público alvo, for inadequado, o risco de ocasionar defeitos, falhas na comunicação, é grande.

Por isso, neste ainda começo de ano, é necessário, sim, agir mais, porque o mercado exige, porém, pensando mais no que será feito e não levando a primeira ideia que vier ao alcance das mãos (ou da cabeça). Enfim, que a atitude vista nas liquidações fantásticas do comércio não seja um exemplo para definir projetos de comunicação.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Intenções de Ano Novo que precisam ser cumpridas na comunicação

O ano de 2012 já começou, mas, ainda no ano passado, muitas pessoas aproveitaram os últimos dias de dezembro para anotar (ou mentalizar, pelo menos) algumas promessas para o ano que iria chegar, sejam elas pessoais ou profissionais. Porém, à medida em que o tempo passa, estas intenções de Ano Novo são gradativamente esquecidas e, quando dezembro chega novamente, não se lembra mais o que foi proposto no ano passado.
Pensando neste planejamento tão comum nesta época do ano, o blog RPitacos fez uma hipotética seleção de algumas promessas (intenções, metas, entre outras analogias) que os profissionais de comunicação precisam cumprir ao longo do ano, considerando o campo empresarial como base. Logicamente, esta pequena lista não é fechada e não possui o objetivo de demonstrar uma verdade absoluta ou uma "receita de bolo", pois são apenas algumas sugestões.


1 - Realizar o trabalho de forma prazerosa, inovadora e com um bom humor equilibrado


Muito se diz que é necessário ter satisfação em trabalhar numa determinada função, e isso é realmente importante, tanto para o próprio colaborador, quanto para o gestor da empresa. Aliada a este "bem-estar", o anseio pela inovação e o bom humor, de forma direcionada e equilibrada, também são fundamentais para que o desempenho no trabalho seja potencializado e, consequentemente, reconhecido.

Um exemplo interessante destes três aspectos aconteceu no Jornal Hoje, já no segundo dia do ano de 2012, em que Evaristo Costa inova na apresentação da notícia, contando uma piada "velha" - segundo ele mesmo - sobre o mamão para Sandra Annenberg, que leva na esportiva, ou melhor, na elegância, trazendo, assim, um humor quase totalmente equilibrado (exceto nas úlitmas palavras da cabeça da matéria, em que se cita o combate ao câncer, assunto mais sério, em que Sandra não conseguiu evitar o riso) à chamada.



2 - Comunicação integrada de verdade!

Não é suficiente apenas uma junção de pessoas numa fotografia ou na apresentação de um projeto, mas a interação de fato, sem estrelismos, como mostram Angelica Caceres Manfio e Kalliandra Quevedo Conrad no artigo As interfaces dacomunicação integrada e a gestão estratégica das Relações Públicas (2010, p. 02):

"A comunicação integrada passa a ser uma arma estratégica para a sobrevivência e o desempenho de uma organização em uma realidade complexa e que se altera de forma muito rápida. Atualmente não é possível mais pensar, por exemplo, em realizar uma brilhante assessoria de imprensa, criar campanhas retumbantes ou produzir peças publicitárias impactantes de forma isolada, sem o envolvimento de todas as subáreas da comunicação organizacional."

O trabalho em equipe, portanto, quando é bem orquestrado, pode realizar feitos quase que impossíveis e gerar mobilizações consideráveis. O vídeo que encerra este primeiro post do RPitacos de 2012 é sobre o BrOffice.org, da Openoffice, e foi gravado na Índia. Ele foi apresentado ao mundo no III Encontro Nacional e mostra como a força de um projeto faz a diferença, com inovação e com a ajuda de todos.