terça-feira, 31 de julho de 2012

Memória histórica e influência da mídia - Análise do programa "O Maior Brasileiro"

Há uma expressão muito conhecida que afirma que "quem vive de passado é museu". Porém, todas as pessoas, ao longo do tempo, acumulam uma história que, se não se pode voltar, ao menos contribui para que se viva melhor e com mais responsabilidade o presente, além de se decidir melhor sobre o futuro.

Em consequência disso, as organizações nas quais essas pessoas trabalham também possuem uma história, que precisa ser resgatada para que os colaboradores entendam a importância da empresa num certo segmento ou período de tempo e para que o passado sirva (ou não) de exemplo para as futuras atitudes da empresa, como mostra Paulo Roberto Nassar de Oliveira, na sua tese de doutorado em Ciências da Comunicação pela USP Relações públicas e história empresarial no Brasil: estudo de uma nova abrangência para o campo das relações públicas (2006, p. 106-107):

"(...) os comportamentos, os símbolos, a identidade e a comunicação, o conjunto de elementos que formam a personalidade e a imagem de uma empresa ou instituição, são os grandes pilares da memória. E a memória é seletiva: ela selecionará as experiências (boas e ruins) que os inúmeros públicos têm com a organização, seus gestores, empregados, produtos e serviços. Este aspecto seletivo da memória tem uma conexão direta com o presente organizacional, que é expresso em questões bastante objetivas, colocadas diante e pelos inúmeros públicos e pela sociedade: como a organização lidou com as adversidades, com as pedras em seu caminho; como ela tratou os seus funcionários em tempos de “vacas magras”; como ela se relacionou com a comunidade; como a ela se comportou em relação ao desenvolvimento do país. A infinidade de perguntas possíveis sobre uma organização e os seus dirigentes expressa as realidades relacionais ou, ainda, a memória relacional da organização, sendo-nos possível afirmar que, em última instância, a história empresarial é a história de suas relações públicas."

Com a História de um país, o processo não é muito diferente pois, para que esta geração tivesse os mecanismos, as facilidades, as dificuldades e as conquistas que são vistas dia a dia, várias pessoas (do passado e do presente) contribuíram para o cenário brasileiro e algumas levaram o nome do Brasil para o mundo, pelos seus méritos.

Uma iniciativa para promover (ou, pelo menos, tentar resgatar) esta memória nacional, enumerando as personalidades que marcaram a história do país em seus mais de 500 anos de História, foi realizada pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), com base num formato de programa criado pela emissora britânica BBC e que já teve vencedores como: Winston Churchill na Inglaterra, Leonardo da Vinci na Itália, Nelson Mandela na África do Sul, Salvador Allende no Chile e Charles de Gaulle na França.

Titulado no Brasil com o nome de O Maior Brasileiro de Todos os Tempos, o programa tinha o objetivo de mobilizar o país para eleger os nomes que foram (e são, em alguns casos) importantes para a História brasileira, por seus feitos, invenções, atitudes e caráter.

Segundo o próprio site da atração, houve uma primeira fase, em que internautas participaram de forma democrática, indicando o seu favorito livremente, sem nenhuma sugestão prévia. Era apenas colocar o nome completo, o CPF e a indicação da personalidade, que deveria ser brasileira nata ou naturalizada e que não podia ser ficcional nem pertencente ao elenco do SBT.

Ainda segundo o site, a resposta para a pergunta deveria ser algo pensado, não imediatista, e que abarcasse todo o período histórico do Brasil, e não somente os dias atuais. Quando se olha para esta afirmação, pode-se dizer que era uma previsão dos resultados que viriam ao final da primeira fase, em que foram listados os 100 maiores brasileiros de todos os tempos (pelo menos, na teoria).

Na lista de notáveis, produzida por mais de 1 milhão e 200 mil votos, ao menos 40% dos nomes aparecem na mídia tradicional*, ao menos, uma vez por semana (seja apresentando programas ou músicas, sendo notícia ou lembrados em algum veículo de comunicação).

Além disso, 49% dos escolhidos ainda estão vivos (o que contribui para uma maior mobilização de pessoas para votação), 34% pertencem à classe artística e 13% são atletas, sendo que somente dois nomes (Ayrton Senna - finalista sem posição definida ainda - e Anderson Silva, 90º colocado) não são jogadores de futebol.

Com a lista quase completa dos 100 indivíduos considerados os maiores brasileiros de todos os tempos (quase, porque uma pessoa escolhida está disputando as eleições deste ano e o seu nome só será divulgado depois de outubro), pode-se dizer que a memória de parte dos brasileiros que votaram foi influenciada pela mídia e por campanhas de fãs-clubes que se mobilizaram para inserir seus ídolos nesta lista, sem talvez entender que o objetivo maior deste programa era resgatar os nomes que fizeram história no Brasil por feitos relevantes para o país e, alguns, para o mundo.

E essa indignação por conta de alguns nomes na lista fica evidente quando se vê a fanpage oficial do programa no Facebook. Dentre os milhares de comentários deixados na página, muitos criticam a posição privilegiada de alguns atletas (como o jogador Neymar, que ficou à frente de Zico e Garrincha) políticos (como Fernando Collor de Melo) e cantores (como Joelma e Luan Santana), em detrimento de outras personalidades com mais referências históricas.

Em outras mídias, a lista dos 100 maiores brasileiros causou indignação e polêmica, retratadas em vários vídeos feitos por internautas. Talvez um dos de maior repercussão está no canal do ator e vlogueiro Felipe Neto, com mais de um milhão de acessos e mais de 26 mil comentários, a maioria deles elogiando o autor e também expressando a sua opinião acerca da lista.



O fato é que uma grande parte da população brasileira precisa se conscientizar acerca de nomes que realmente foram marcantes na história nacional e, assim como uma empresa precisa analisar vários fatores para inserir um dado histórico relevante em seus arquivos de memória, o brasileiro necessita votar, nesta e em qualquer outra eleição, não por imediatismo mas com clareza e responsabilidade com a memória e o patrimônio do país.

*Essa ressalva da mídia tradicional foi feita pois, na Internet, o nome de todos os finalistas é bem pesquisado e divulgado, por conta dos nichos aos quais pertencem/pertenciam.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Idoso como público consumidor - Uma melhor comunicação para a "melhor idade"

Por Maíra Masiero

Neste dia 26 de julho, é comemorado o Dia dos Avôs / das Avós. O motivo desta comemoração, segundo a tradição cristã, é a data em que são comemorados, pela Igreja Católica, Sant'Ana e São Joaquim, pais de Maria e, portanto, avós de Jesus.

Muitas vezes, quando se cita a faixa de idade em que geralmente um vovô (ou vovó) se apresenta (com algumas exceções, a partir da meia-idade ou já se aproximando da fase idosa), pode haver a concepção do estereótipo de uma pessoa que fica somente descansando, fazendo tricô ou palavras cruzadas o dia todo, ou ainda "mimando" os netos, fazendo o papel de "ser mãe duas vezes".

Entre as mais nítidas distorções da imagem atribuída à faixa etária em questão, estão: as supostas "inutilidade" e fragilidade dos idosos -sem uma ação efetiva na sociedade após, por exemplo, as aposentadorias - e a exclusão destas pessoas desta sociedade tecnológica que se apresenta, de forma mais nítida, a partir das últimas décadas do século XX.

Porém, este cenário começa a mudar, com o aumento da expectativa de vida da população mundial e com a evolução de medicamentos e de uma alimentação saudável. Além disso, os pertencentes à chamada "melhor idade" conseguem aprender com os mais novos a utilizar os aparatos tecnológicos e, ao longo do tempo, mudam seus hábitos, formando o que Marilde Sievert e Jaína Vieira Taíse chamam de "nova geração de idosos", no artigo Nova geração de idosos: um consumidor a ser conquistado (2007, p. 2):

"A nova geração de idosos não é mais como os idosos de alguns anos atrás, e provavelmente não será como os idosos do futuro. Ela vem se transformando, a cada dia, mudando seus costumes, gostos, interesses, hábitos, estilos de vida, atitudes de compra, desejos e expectativas. É, em sua grande maioria, uma geração com razoável poder aquisitivo, poder de decisão de compra cada vez maior, disponibilidade de tempo,preocupada com qualidade de vida, saúde e bem-estar. Enfim, preocupada em aproveitar melhor o seu tempo.
Porém, mesmo assim, esse público-alvo é pouco explorado pela publicidade e propaganda e pelos demais mercados, com exceção da indústria farmacêutica e das empresas do ramo financeiro. Ainda hoje, publicitários se sentem inseguros ao criarem campanhas para persuadir o público idoso. É necessário que as empresas procurem conhecer e estudar mais essa nova geração de idosos, uma geração exigente, em constante crescimento e que pode e deve ser vista como um consumidor em potencial."


Como dito na citação anterior, é necessário sensibilidade ao oferecer estratégias de comunicação para atingir os idosos, pois não se sabe qual será a reação da grande maioria e da sociedade, de maneira geral. Algumas empresas têm se relacionado - direta ou indiretamente - com este público mais velho de formas surpreendentes, tanto no quesito criatividade quanto no sentido de causar polêmica.

Um exemplo (quase que) emblemático é o comercial "Avó", veiculado para a marca Havaianas em 2009. No filme, uma neta e sua avó conversam num restaurante. No início, a senhora repreende a neta que veio de chinelo ao local, e ela responde que Havaianas não era um chinelo, chamando-a de atrasada. Depois disso, o ator Cauã Reymond entra e a simpática velhinha diz pra neta que ela precisa de um moço como aquele, só que não para casar e, sim, para sexo.



Com este final inesperado da propaganda, muitos consumidores ficaram incomodados e fizeram reclamações juntamente ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), na Representação no. 238/09. Por isso, a agência responsável pela campanha, decidiu retirá-la do ar (na televisão) e colocar um outro vídeo, com o pedido de desculpas da vovó.

Um exemplo deste ano de 2012 que mostra como homenagear, de forma criativa, as avós (principalmente as que tem suas filhas ainda na gestação dos netos), é o da Natura, que permitiu o envio de imagens personalizadas do ultrassom aos avós do bebê. Para isso, era necessário ser uma das 500 primeiras pessoas a mandarem uma foto ou vídeo deste momento, mais o nome do bebê, sexo e tempo de gestação. Além de trabalhar com o emocional das futuras mães e avós, por meio de um momento marcante para as mulheres como o do ultrassom, ainda há a divulgação da marca e a fidelização por parte dos clientes.

Por fim, é importante entender o público mais idoso, não como um público a ser descartado, mas sim um novo nicho para o desenvolvimento de produtos, estratégias e serviços que sejam úteis a estas pessoas que tanto fizeram durante a vida inteira e, agora, precisam de incentivo, oportunidades e carinho.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Você é da geração “Y” ou é um “Millennial”? Uma bem-humorada tese para o social

Por Manoel Marcondes Neto

Geração X Y Z - Imagem por Géssica Hellmann
Geração X Y Z - Imagem por Géssica Hellmann

Tenho me aplicado, até por força do ofício de professor, em entender o comportamento dos jovens, lendo tudo o que me cai nas mãos sobre "gerações", inclusive péssimos textos – como o da Veja de semanas atrás, que propunha, após o fim do alfabeto, começar tudo de novo, e já classificava pessoas em geração "A", "B", "C"...

Aos números!

Tal tema me atraiu quando se precisou entender porque o poder – nas empresas, principalmente – passou de cinquentões (a época era o início dos anos 2000) aos "trintinhas" de então (ou seja, pessoas nascidas por volta de 1970), passando direto pela (minha) geração, a qual, justamente por "não dizer a que veio", ficou taxada de geração enigma, incógnita, ou seja, geração "X"... o resto é estória. E muita ciência inexata, que não é Sociologia (assim, com "s" maiúsculo). É o tal do jornalismo cultural querendo fazer história melhor que os historiadores.

Minha tese (já que cada um pode ter a sua)

A geração que ficou consagrada como baby boomers – assim chamada por ter sido gerada logo após a Segunda Grande Guerra Mundial e seu apoteótico ’boom’ atômico – é aquela que estava com 18 anos em maio de 1968 – se queremos rigor de calendário. E em Paris – se queremos precisão geográfica. Foram movimentos de libertação dos filhos em relação aos padrões anteriores, de seus pais. Woodstock, em 1969, sediou o “grito” estadunidense nesse sentido de quebra de paradigmas culturais.

É claro que há uma "faixa etária", a qual podemos situar entre os que teriam de 16 anos a 25 anos em 1968. E é claro, também, que teremos "limítrofes" – ou seja – indivíduos que vieram ao mundo nos intervalos entre uma "geração" e outra.

Bem entendido que em minha adolescência, na escola, geração era algo que durava 25 anos... Hoje fala-se em menos... depende do próximo "i" que a Apple lançar...

Vamos dividir à metade esses 25 anos e propor um gap de 12 anos para cada “geração”. E tentar entender, a partir de alguns prosaicos hábitos de consumo e pensamentos do senso comum o que “move” esses diferentes extratos sociais.

Fazendo contas

Na minha hipótese: baby boomers seriam, então, aqueles nascidos entre 1945 e 1957, contando doze anos a partir do ano em que a guerra terminou, quando, então, pôde-se considerar saudável, esperável, "concebível" que casais resolvessem "investir" num futuro – qualquer futuro. (Não se pode subestimar o fato de que o advento do artefato nuclear colocou em xeque a sobrexistência humana no planeta).

Com isto, temos, então, que a geração imediatamente posterior aos baby boomers seria formada por aqueles que nasceram entre 1958 e 1970 – a chamada geração "X". E a geração "Y", por conseguinte, seria a dos nascidos a partir do ano de 1971 – os "trintinhas" de 2000, anteriormente mencionados. E dando continuidade à “série” temos os chamados millennials, aqueles que estavam completando a maioridade por volta da virada do segundo para o terceiro milênio.

Qual “geração” virá depois? Dizem que é a “Z” – a geração dessas crianças absolutamente nerds que nasceram de 1998 até 2010. O que a caracteriza? Está aí um desafio que você pode ajudar a desvendar a partir de agora, até porque deve ser para esse público que você irá estar trabalhando quando estiver nos seus 30 anos.

Para uma leitura bem-humorada dos “conflitos geracionais”, vá para o link e veja minha “proposta sociológica” - Costumes x gerações

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Amigos pela publicidade - Estratégias de comunicação para o Dia do Amigo

No dia 20 de julho, é comemorado o Dia Internacional da Amizade. Sabe-se que todos os dias são dias de valorizar esse sentimento tão nobre (já dizia o poeta Mário Quintana: a amizade é o amor que nunca morre), e há várias datas que são pontuadas como específicas para se celebrar os bons relacionamentos. Porém, para este dia 20 de julho, há uma razão para que ela fosse considerada internacional, como mostra uma artigo publicado no site Mundo Jovem, sem autoria e ano estabelecidos, que é colocado na íntegra a seguir:

"O Dia da Amizade, também conhecido como Dia do Amigo, foi criado na Argentina pelo professor Enrique Febbraro, que buscava relembrar a data em que os astronautas pisaram na Lua pela primeira vez (20 de julho de 1969). Seu argumento era que, particularmente nesse dia, o mundo inteiro esteve reunido aos três homens que caminhavam pela superfície lunar - um dos maiores marcos da história recente da humanidade.
Em 1979, o governo da província de Buenos Aires tornou oficial a celebração e, desde então, muitos países passaram a adotá-la. Embora não seja considerado um feriado, esta data é uma boa desculpa para promover reuniões de velhos e novos amigos.
Sempre muito respeitado, o Dia da Amizade vem se tornando um fenômeno de massa nos últimos anos. No seu país de origem, a data é tão popular que restaurantes estão com reservas lotadas semanas antes, e a rede de telefones celulares fica congestionada, com tanta gente que tenta se comunicar com amigos.
No Brasil, o 20 de julho também é usado para homenagear as amizades. Festas, presentes e cartões de felicitações estão cada vez mais frequentes por aqui também."

Como pode-se perceber, falar sobre amizade torna-se um fenômeno de massa, principalmente nestas datas pontuais: quem não recebeu, pelas redes sociais, recados parabenizando pela data ou a incluindo num grupo marcado de amigos homenageados com uma mensagem? As empresas também começam a perceber esta moção popular por este dia e promovem ações para relembrar seus públicos e aproximá-los mais das marcas, como será visto no post de hoje.

Para começar, muitos dizem que o cachorro é o "melhor amigo do homem". Então, seria algo justo passar um dia especial com esse companheiro, até mesmo em locais fechados. O Shopping Barra, em Salvador, permitiu, somente no dia 20 de julho, a entrada de bichos de estimação (cães e gatos) de pequeno e médio porte, acompanhados de seus donos e seguros pela coleira, em todo o estabelecimento, exceto em elevadores, cafés, nas praças de alimentação e em lojas que não permitirem a entrada dos animais.

Uma das grandes características de amizades ditas como verdadeiras é o fato de a distância não ter muita importância e que, em qualquer lugar aonde a pessoa estiver, ela sempre será lembrada. Foi pensando nisso que o Guaraná Antárctica promoveu a ação "Amigos até a Lua". Segundo o Portal Meio & Mensagem, a marca vai mandar para a Lua as cem histórias de amizade mais votadas por seus fãs na sua página no Facebook.

Para isso acontecer, há um aplicativo, disponível na fanpage até o dia 27 de julho, que permite registrar uma mensagem que celebre a amizade. A mensagem é postada junto aos outros recados dos participantes e submetida a votação. Quem receber mais votos é incluído na missão inglesa Message to the moon, projeto que enviará uma cápsula com mensagens variadas ao satélite da Terra entre o final de 2013 e o início de 2014. Para certificar o efetivo envio das mensagens, os cem escolhidos receberão um certificado do projeto.

Concluindo o post, dentre as várias iniciativas para tornar o público, usuário dos serviços de certa empresa, um pouco mais "chegado" - fidelizá-lo como amigo -, uma delas é trazer alguma música que traga a amizade como tema principal, como fez a Rádio Globo neste ano de 2012. A seguir, o clipe da música "A Amizade" (cantada originalmente pela banda Fundo de Quintal), para encerrar este post e para desejar um FELIZ DIA DO AMIGO a todos que acessam o blog!

terça-feira, 17 de julho de 2012

Atender bem para atender sempre - Comunicação e cuidados com o telemarketing

Um dos grandes objetivos de quase toda empresa é fidelizar os seus clientes para se proteger dos "ataques" da concorrência e para poder se desenvolver neste mercado competitivo que se apresenta. Dentre os vários modos de realizar esta fidelização (e, até mesmo, a conquista de novos clientes), o atendimento eficiente é fundamental, como mostram Bianca França de Medeiros e Marina Dias de Faria no artigo Impactos da logística reversa: O caso do recall do Volkswagen Fox (2009, p. 1):


"Neste ambiente dinâmico as organizações buscam desenvolver vantagens competitivas (CHURCHILL & PETER, 2000) que estão, cada vez mais, ligadas as estratégias de marketing de relacionamento que visam reter os clientes e impedir que esses mudem suas preferências de marca, estimulando a sua fidelidade e o desejo de fazer novos negócios com a empresa (SANTOS & FERNANDES, 2004). O setor de relações públicas surge neste contexto com objetivo de promover ou proteger a imagem da marca ou produto (KOTLER & KELLER, 2006). Além desse setor, surge o Serviço de Atendimento ao Cliente, o SAC, como uma ferramenta gerencial capaz de alimentar as ações de comunicação de marketing, auxiliando no planejamento (COSTA & GIACOMINI FILHO, 2006)."

Mesmo com a evolução das ferramentas online de serviço de atendimento ao consumidor, o uso dos telefones direcionados ao SAC das empresas continua sendo frequente, e muitas pessoas já se irritaram ao serem atendidas por profissionais de telemarketing que não dominavam os assuntos referentes à empresa em que trabalham e aos produtos e serviços oferecidos.

Às vezes, são minutos, horas que se perdem para a resolução de problemas, e isso pode resultar num prejuízo para a imagem da marca em relação ao consumidor envolvido e ao seu grupo de influência, por causa do insuficiente treinamento dos funcionários.



Logicamente, o vídeo acima é humorístico e mostra uma situação fictícia que, provavelmente, não é vista em centrais de atendimento. Porém, em muitas oportunidades, a grande causa para a maioria das reclamações em relação às empresas recai sobre o atendimento da assistência técnica e dos SAC's, tercerizados ou não, das organizações. E como lidar com isso, principalmente em relação ao trabalho das Relações Públicas?

Primeiramente, o foco precisa ser a atualização e o treinamento constante dos profissionais, não somente em relação ao arsenal técnico dos sistemas, mas também com a promoção de capacitações no aspecto humano (comportamentos, expressões, práticas de como falar em público), além do planejamento de custos para que estas ações ocorram.

Após isso, também é necessário planejar estratégias para facilitar a vida dos atendentes, como o posicionamento das dúvidas mais frequentes do público - e de suas respostas, obviamente - e de otimizar o processamento das chamadas e dos dispositivos necessários para atender melhor as pessoas, gerindo, assim, o relacionamento entre empresa e cliente.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Imagem e Ação

Por Manoel Marcondes Neto

O nome do brinquedo vem à baila hoje, day after da cassação do mandato do (agora “ex”) senador-despachante-de-bicheiro-disfarçado-de-vestal Demóstenes Torres.

Segundo noticiado n’O Globo do último dia 12 de julho, “para cientista político, com cassação, Senado reduz damos à imagem”. Resta saber se tal “redução” resolve o problema da credibilidade.

Imagem

Imagem é algo percebido. Algo que se projeta na tela da mente de quem vê, ouve, lê. Não é identidade. Não é algo construído. Construída é a identidade – a partir de atributos, esforços, recursos de quem quer se fazer conhecer.

Nesse processo de cassação, devemos o “feito” (no caso, bem feito) a fatores “externos”, excepcionais. E isto é preocupante. A eles: escuta telefônica de anos – uma prática de polícia! Mídia investigativa – uma conquista da democracia e da livre iniciativa, mas não isenta da possibilidade de “linchamento” injusto (vale pesquisar o caso emblemático da Escola Base, em São Paulo – literalmente exterminada via mídia). E, por último, mas não menos importante, as satisfações públicas mínimas (falar em transparência seria um exagero, no caso do Brasil) que o parlamento brasileiro hoje tem que prestar à sociedade que o mantém.

A recentemente aprovada Lei de Acesso à Informação é um divisor de águas, mas não devemos nos contentar apenas em abrir as caixas pretas das folhas de pagamento – mesmo porque os nababescos salários não diminuirão um centavo por causa do disclosure. Trata-se de dispor praticamente “nuas” as organizações, algo impensável no tempo do papel, do rádio e da – caríssima – televisão. Em tempos de internet tornou-se possível, a quem está fora, ver o que se passa dentro das empresas. Vale uma visita ao premiado website da construtora Tecnisa. E ao blog Fatos & Dados, da Petrobras. 

Ação

E o prefeito do Rio de Janeiro está sendo questionado pelo PSOL por fazer proselitismo político-eleitoral nos contracheques do mês de julho dos servidores municipais, com a seguinte mensagem: – Só essa prefeitura podia começar o ano com notícias tão boas para você! Primeiro, a prefeitura antecipou o pagamento do Acordo de Resultados, superando as metas que você ajudou a conquistar. Um reconhecimento que pode chegar ao 14º ou 15º salário...

O que disse o alcaide, que ilegalmente já desfilou com Dilma, com Lula e com o boleiro Seedorf?

– A mensagem citada refere-se à “comunicação institucional” enviada ao contracheque referente a janeiro de 2012, portanto, anterior à campanha e ao período sob a égide da legislação eleitoral.

Comunicação Institucional? Que bonitinho! Eduardo Paes, agora é, também, relações-públicas. O prefeito do Rio alegar em sua defesa que o abuso de poder político foi cometido a titulo de “comunicação institucional”...

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Estratégias de comunicação podem acabar em pizza, ou passar por ela?

Por Maíra Masiero

No último dia 10 de julho, foi comemorado, no Brasil, o Dia da Pizza. Segundo relatos de Saul Galvão em seu blog, este dia foi criado em 1985, pelo Secretário do Turismo Caio Pompeu de Toledo que organizou o “I Festival da Pizza da Cidade de São Paulo” e elegeu as 10 melhores receitas da capital paulistana. No dia 10 de julho, ocorreu o fechamento do concurso e essa data foi oficializada como o Dia da Pizza.

Ultimamente, quando se fala no aspecto simbólico desta comida, assemelha-se a algo não se cumprir como o combinado, ou como se a justiça não fosse feita corretamente (exemplo: o julgamento daquele assassino "terminou em pizza" e ele foi absolvido). Porém, o blog RPitacos hoje quer mostrar um lado mais positivo dessa afirmação: uma estratégia de comunicação pode acabar em pizza (ou, ainda, passar por ela e usá-la como protagonista) de uma forma eficiente e agradável. Ou alguém não se lembra da tradicional dupla "pizza com guaraná", eternizada nos comerciais da Antártica?



Várias são as ações publicitárias que apresentam, com destaque, esta comida, para conquistar mais clientes para os estabelecimentos especializados (pizzarias) ou como pretexto para que outros locais façam o seu anúncio.

Num mundo em que a praticidade dos serviços é vista com prioridade, os simples atos de escolher um sabor de pizza dentre tantos disponíveis, ligar para o estabelecimento e esperar o entregador chegar (mesmo que seja o apresentador Luciano Huck) já são demorados para uma geração muito acostumada a ter tudo em grande velocidade.

Por isso, a pizzaria Red Tomato, de Dubai, decidiu inovar, utilizando-se de um ímã de geladeira para que os clientes pedissem, via Bluetooth interligado com o celular do cliente, seus sabores favoritos, já pré-cadastrados no site da empresa. Com o pedido feito, uma mensagem de texto é mandada para o celular, confirmando a ação. Se o cliente desejar mudar o sabor, é só configurar novamente o ímã no site. O que chama atenção também é o comercial desta estratégia, que faz uma analogia a um momento de suspense de um filme, por exemplo, dando mais dramaticidade e diversão ao anúncio.



Um case interessante, que mostra como a pizza pode ajudar na divulgação de diversos estabelecimentos, é o de uma gráfica brasileira, que imprimiu fotos de uma pizza na própria massa para mostrar que seu serviço pode ser feito em qualquer superfície. Foram mais de 400 "falsas pizzas" entregues nas principais agências de propaganda da cidade e, no vídeocase linkado, vários são os comentários parabenizando a empresa pela criativa ação.

Também para se aproveitar desta comida tão apreciada em vários lugares do mundo para anunciar outros serviços, uma agência de Marketing digital teve a ideia de utilizar códigos QR (feitos com molho de tomate) inseridos nas massas das pizzas para acessar um site de recrutamento para novas vagas. A estratégia pode ser considerada agressiva porque as pizzas foram entregues a profissionais de outras agências. O post de hoje se encerra com o video-case desta ação.

sábado, 7 de julho de 2012

Lançamento simultâneo de produtos: oportunidade ou encrenca em dobro?

Por Maíra Masiero

Quando se fala numa competição pelo maior reconhecimento (ou para não perder aquilo que já está solidificado), as ferramentas legais e válidas são amplamente usadas, de forma criativa ou repetitiva, a fim de realmente chamar a atenção para o produto/serviço em questão, principalmente se ele se assemelha a algo já visto: como num espelho difuso, haverá imperfeições, alterações positivas, e estas últimas precisam ser valorizadas.

Um caso muito particular é quando se lança um novo programa numa certa emissora de televisão. O novo sempre causa a curiosidade das pessoas em, pelo menos, assistir à estreia, a fim de julgar e analisar se vale a pena ou não continuar assistindo à atração. Com esse cenário, para as outras emissoras não perderem audiência devido a este "novo", são feitos vários investimentos e prometidas algumas surpresas para os "telespectadores fieis", a fim de assegurar a audiência e até, de acordo com o andamento do programa estreante, conquistar mais telespectadores.

Foi o que aconteceu nas últimas semanas, com o lançamento, nas manhãs da Rede Globo, do programa Encontro, com a apresentação de Fátima Bernardes. Este programa foi idealizado para poder alavancar a baixa audiência da emissora neste período, que permitia à concorrente direta pelo primeiro lugar (no caso, a Rede Record) alcançar esta posição em algumas oportunidades, seja com o jornalístico Fala Brasil ou com o variado Hoje em Dia.

Para enfrentar a estreia da ex-âncora do Jornal Nacional, o programa de variedades da Record, além de trazer quadros mais dinâmicos e que já fizeram sucesso em outros tempos, prometeu uma reconciliação entre Ana Hickmann (ex-apresentadora do matinal) e Chris Flores, depois de uma confusão envolvendo uma crítica pública do marido de Hickmann à Flores. Por fim, isto não ocorreu, porque a apresentadora remanescente da primeira formação do programa sentiu-se mal e não compareceu. Já a visitante formou novamente o "time original" da atração, juntamente com Britto Júnior e Eduardo Guedes. Mesmo com toda esta movimentação, o SBT acabou se aproveitando da exclusividade, neste horário da TV aberta, do nicho de desenhos animados e liderou por algumas vezes nas primeiras semanas sem a concorrência da TV Globinho.

Com base neste caso recente da mídia, pode-se perguntar: e se duas empresas rivais lançassem, ao mesmo tempo, o mesmo tipo de produto? Seria uma grande oportunidade para ambas ou os lançamentos se anulariam? Este caso foi o que aconteceu no último dia 04 de julho: as marcas Nestlé e Vigor colocaram no mercado, neste mesmo dia, uma linha de iogurtes gregos, com mais proteínas se comparada a iogurtes convencionais. Enquanto o iogurte da Nestlé tem cinco sabores e já está à venda nos supermercados, o da Vigor possui apenas duas variações e chega ao mercado até o fim deste mês de julho.

Mesmo com essas diferenças, a quase instantaniedade dos lançamentos pode causar problemas às empresas? Provavelmente, para o consumidor, o benefício é maior, pois haverá uma maior variedade de escolhas para pesquisar e analisar qual é o melhor produto para as suas necessidades. Para os profissionais de comunicação, no entanto, a tarefa de divulgar o produto de maneira eficiente se torna ainda mais difícil, visto que um similar está no mercado no mesmo período de tempo e, se as estratégias de comunicação não fizerem efeito, o lançamento pode ser totalmente comprometido.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Relação criança x consumo - "Uno" dilema perigoso

Por Maíra Masiero

Há um ditado bem conhecido que diz que "a propaganda é a alma de todo negócio". Mas e em relação aos produtos voltados às crianças, esse ditado é, de todo, adequado? Até que ponto os pequenos são afetados, estimulados e, muitas vezes, manipulados pelas ações publicitárias que são veiculadas todos os dias?

Neste mesmo blog, já foram mostrados alguns exemplos de como é muito tênue a linha entre a utilidade e a nocividade da propaganda destinada ao público infantil. Mais além: ao invés de apenas estimular, mesmo que indiretamente, hábitos de consumo inadequados a esta faixa etária, também pode promover a fidelização dos pequenos consumidores a uma marca, desde o berço.

Para o Instituto Alana, por meio do Projeto Criança e Consumo, pode ter sido esta última hipótese o instrumento para se identificar um marketing abusivo da empresa de automóveis Fiat, ao lançar no final de maio de 2012, em parceria com a empresa Bandeirante, uma linha infantil de carrinhos tendo, como modelos, o Uno Passeio e Uno Elétrico, semelhantes a uma linha de carros para adultos que a Fiat colocou no mercado em 2010.

Segundo declaração do Instituto para o Portal Exame, a marca estaria "utilizando-se da vulnerabilidade infantil para promover produtos associando sua marca a diversão". Além disso, há também, como foi dito, o registro da marca no inconsciente da pessoa já na sua infância, mesmo de forma inconsciente e involuntária.

E esta constatação pode ser provado por um estudo de Montigneaux (2003), citado por Roseméri Laurindo e Andressa Leal no artigo A recepção da publicidade na TV entre crianças de cinco anos (2008, p. 141-142), que mostra como é feito o reconhecimento e a captação de uma marca pelas crianças:

"(...) a partir dos cinco e seis anos a criança começa a realizar comparações entre os produtos, por atributos abstratos ou funcionais, pelo uso, pela logomarca e pelos elementos figurados. Aos seis anos as crianças são capazes de citar pelo menos um nome de marca por cada categoria de produto. Mas, para a criança dessa idade, a marca serve somente para nomear o produto, no sentido literal do termo. (...) A partir dos seis anos ela começa a entender outras dimensões. Por volta de sete a oito anos nasce o conceito da marca."

Como pode-se ver pelas indicações do produto da Bandeirante, esta faixa etária de seis a oito anos é a mais atendida por essa propaganda, e isso interfere no imaginário das crianças, que começam a assimilar a ideia de carro com a marca Fiat. Conforme a mesma matéria do Portal Exame, a Fiat ainda não tinha sido noticiada pelo Instituto, que mandaria uma carta expllicativa com orientações a respeito de como a propaganda pode influenciar negativamente as crianças.

Para concluir, não se pode esquecer que as férias escolares estão em vigor na maioria do Brasil, e que, nesta época, as crianças costumam brincar mais, seja com brinquedos físicos ou nas telas de uma televisão ou computador. Então, é necessário prestar atenção ao que os pequenos estão vendo de publicidade e se eles estão sendo influenciados pelos atrativos trazidos pela mídia. Aos profissionais de comunicação, é importante tratar o público infantil de modo diferenciado, tomando os devidos cuidados para não prejudicar o desenvolvimento do livre pensamento das crianças.