quarta-feira, 30 de março de 2011

Comunicação e redes de conteúdo colaborativo - Projeto @RPNotícias

É de conhecimento quase que geral o fato de que um Homem não pode viver completamente isolado de seus semelhantes e que, para que haja melhores condições de vida e a própria concepção desta, é necessário o desenvolvimento do ato de colaborar, ou seja, de auxiliar o seu semelhante naquilo que ele necessita.

No âmbito acadêmico, esta visão não é diferente: o compartilhamento de informações entre alunos, docentes, pesquisadores e profissionais do mercado sobre temas referentes às suas áreas de atuação é importante para o desenvolvimento das profissões.

No caso das Relações Públicas, foi lançado recentemente o projeto RPNotícias, voltado, não só para os Relações Pùblicas, mas também para os demais comunicadores, que tem esta finalidade: agrupar as principais informações relacionadas à Comunicação e às Relações Públicas e disponibilizá-las entre todos os interessados. O serviço, que funciona por meio do tumblr (www.rpnoticias.com.br), foi idealizado por Pedro Prochno, autor do #blogrelacoes, e já conta com a ajuda de 15 profissionais e estudantes da área.

Por meio do blog, no tumblr, ou pelo perfil @RPNoticias no Twitter os leitores recebem as recomendações de artigos que, de alguma forma, se relacionam às Relações Públicas, como gestão de negócios, sustentabilidade, qualquer uma das áreas da comunicação (Marketing, Publicidade, Assessoria de Imprensa, Eventos, etc.), administração ou até sobre o mercado de trabalho.
Segundo os idealizadores, o principal diferencial da ferramenta é que as indicações podem ser feitas por qualquer pessoa (inclusive os leitores) e contam com um breve descritivo sobre o assunto abordado no texto. Com isto o leitor pode definir de maneira rápida e prática se o texto em questão lhe interessa para a leitura, ou não.
Para receber as informações basta seguir o @RPNoticias no Twitter ou o www.rpnoticias.com.br no tumblr. Qualquer pessoa também pode compartilhar conteúdo por meio do tumblr clicando em “Compartilhe conteúdo” (não pode ser texto próprio ou não relacionado à comunicação ou áreas convergentes). É necessário destacar o time de estudantes, professores e profissionais que atualizam este projeto:

Daniele da Silva Santos - @DaniSS
Daniela Miranda - @Danny_Miranda
Fernanda Wieser - @fewieser
Fábio Fernandes - @fabioeRP
Lah Nascimento - @laisa_rp
Larissa Régia - inlari.wordpress.com  - @larissaregia
Lívia dos Santos - @Lii_Santos
Marcello Chamusca - @mchamusca
Mariana Oliveira - @marianahellena
Natalia Haidamus - @nat_haidamus
Priscila Borges da Cunha Silva  - http://triborp.blogspot.com - @pborgesrp

segunda-feira, 28 de março de 2011

A fama repentina das Webcelebridades - Caso Rebecca Black e a sexta que não terminou

"Se tiver 15 minutos viro capa de revista / Money no bolso, é tudo que eu quero / Money no bolso, saúde e sucesso (...)" Esta música interpretada por Beth Lamas mostra claramente que a condição de célebre ainda é muito requisitada no século XXI. Muitas pessoas gostariam de ter seu nome, seu perfil de beleza, suas ideias, suas músicas, seus escritos; enfim, seus talentos reconhecidos e repercutidos pelas pessoas.

Com a expansão do uso da Internet, o chamado "caminho para o estrelato" se tornou um pouco menos tortuoso, no que se refere à divulgação, e mais complicado, no sentido de captação de audiência. A cada dia, muitos vídeos e posts amadores ou profissionais, de pessoas já famosas ou por completamente anônimos, são lançados na rede mundial de computadores e expostos ao julgamento do público. Alguns destes conteúdos tornam-se fenômenos tão (ou mais) rapidamente do que o tempo dedicado á sua produção e os seus autores transformam-se em web-celebridades.

Ainda em respeito à maior facilidade de divulgação, é necessário entender que, quando se disponibiliza algo na Internet, este conteúdo está exposto a vários comentários e, por mais que o conteúdo seja simples e "inútil", há uma oportunidade de este se destacar em meio a milhões de vídeos e fotos, como afirma o artigo Celebridade para Todos: um antídoto contra a solidão?, escrito por Paula Sibilia para a revista Ciência e Cultura (2010, p. 54)

"(...) agora "qualquer um" pode ser famoso, levando em conta o fluxo incessante de celebridades que nascem e morrem sem nada ter feito de extraordinário, mas apenas por ter conquistado alguma vitrine mais ou menos abrangente. Porque cabe às telas, ou à mera visibilidade, essa capacidade de conceder um brilho extraordinário à banalidade exposta no rutilante espaço midiático. São as lentes da câmera e os holofotes que criam e dão consistência ao real, por mais anódino que seja o referente para o qual os flashes apontam. A parafernália técnica da visibilidade é capaz de conceder sua aura a qualquer coisa (ou a qualquer um) e, nesse gesto, de algum modo o realizam: dão-lhe existência, confirmam que está vivo."

O caso mais recente deste fenômeno ocorreu com a cantora Rebecca Black. Durante algumas semanas, desde o dia 15 de março, seu nome permaneceu entre os tópicos mais comentados no mundo, da rede de microblogs Twitter, agregando críticas (atribuídas, por muitos, como um cyber bullying) e elogios (vindos da cantora Lady Gaga e do jurado americano Simon Cowell) quanto à sua afinação, à edição de imagem feita e à letra da música.

Considerada por muitos como a "pior música de todos os tempos", a canção Friday alçou 60 milhões de visualizações de seu clipe oficial no Youtube, arrecadando, na primeira semana de vendas pela Internet, US$ 25 mil para a jovem cantora de apenas 13 anos. Segundo Rebecca, estes lucros serão doados para as vítimas dos recentes terremotos ocorridos no Japão. A cantora ainda poderá visitar o Brasil em breve, segundo entrevista concedida ao programa Fantástico, da Rede Globo.

Diante deste repetino sucesso, só resta saber como Black e seus pais irão lidar com a fama da nova web-celebridade e se a cantora, considerada por muitos uma versão feminina de Justin Bieber (já que os dois jovens começaram suas carreiras utilizando a mesma plataforma midiática) será mais uma que possui apenas uma música de sucesso ou se conseguirá ultrapassar de vez as fronteiras da mídia online.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Ethos, pathos e logos - Dimensões da retórica no âmbito comunicacional

Quantas vezes as pessoas se referem aos seus semelhantes como portadores de uma boa retórica ou quando, no senso comum, alguém diz que fez uma "pergunta retórica", ou seja, uma pergunta que o questionador já sabe a resposta. Mas, afinal de contas, o que seria esta retórica e como essa prática se relaciona com a comunicação? Vários autores clássicos atribuem diferentes significados para esta palavra, como mostra Thomaz Wood Jr. no artigo Organizações de Simbolismo Intensivo, publicado na RAE - Revista de Administração de Empresas (2000, p. 26):

"O uso da retórica, ou eloqüência artificial, é fundamental no gerenciamento da impressão. Para Aristóteles, a retórica é a arte da persuasão. Para Platão, trata-se da capacidade de argumentar a favor ou contra uma determinada posição, geralmente com propósito destrutivo.
 
Ainda de acordo com o primeiro pensador citado, quando se fala de retórica, falam-se em três tipos diferentes de argumentação: ethos, pathos e logos. Martins (2006), citado por Anita Gonçalves Hoffmann e Níncia Cecília Ribas Borges Teixeira no artigo A cultura levada a sério: a construção do ethos e do pathos na Revista Bravo!, apresentado no XI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul (2010, p. 08), define, resumidamente, esses três elementos da retórica utilizados na comunicação:

“O logos diz respeito à argumentação racional propriamente dita; o pathos concerne ao envolvimento e ao convencimento do interlocutor; o ethos refere-se ao aspecto ético ou moral que o enunciador deixa entrever em seu discurso.”.

Como podemos ver, estas três dimensões da retórica podem ser aplicadas (em conjunto ou não) nas estratégias comunicacionais, tanto no aspecto institucional das empresas, quanto na pormoção de produtos. Um exemplo recente de como um mesmo produto pode relacionar simultaneamente as três dimensões da retórica está na marca de sabão em pó OMO.


Os elementos logos e pathos estão inseridos na comunicação mercadológica do sabão, principalmente nas propagandas comerciais veiculadas nas mídias "tradicionais" (rádio e televisão). O vídeo a seguir é de um comercial do OMO Líquido postado no Youtube no dia 19/01/2011.



Nestes 30 segundos, é utilizada uma argumentação do tipo logos, pois o locutor tenta mostrar as diferenças entre os outros sabões líquidos e o OMO, em relação à diluição em água, ao poder de um tira-manchas, de limpar mais e de atingir sujeiras difíceis e, no fim, ele se utiliza de um ditado popular conhecido ("Tamanho não é documento") para encerrar o comercial, mostrando que, mesmo menor do que os concorrentes, o resultado de OMO é melhor. Ou seja, é uma argumentação lógica que é feita neste caso. Para mostrar a dimensão pathos da estratégia comunicacional de OMO, tem-se o comercial a seguir, feito em 2007.



Neste comercial mais longo, o objetivo é emocionar o receptor da mensagem através da música incidental e da presença de um único personagem: um robô que, a partir do momento em que começa a andar sob as folhas, mexer na grama e brincar na chuva, molhando-se numa poça d'água, torna-se um humano. É um caminho afetivo que mostra, nitidamente, a presença da faceta pathos, do convencimento de que, como diz a única frase presente no comercial (fora o slogan), "toda criança tem o direito de ser criança".

Em relação à dimensão ethos, o site da marca tem uma página totalmente voltada às ações de responsabilidade social, como o o lançamento em 2008, em parceria com o Instituto Sidarta, do selo Aqui se Brinca, que reconhece e premia escolas com as melhores práticas do brincar e do aprender pela experiência. A premiação do Selo, neste caso, é feita de acordo com a fase escolar: O Selo Aqui se Brinca é a categoria destinada às escolas do Educação Infantil e para as escolas do Ensino Fundamental nível I foi criado o Selo Aqui se Aprende pela Experiência.

Este selo suscitou a origem do programa Pelo Direito de Ser Criança, lançado em 2010, que tem o objetivo de valorizar os momentos de brincar das crianças (ambas as ações motivadas pelo atual slogan do produto "Porque se sujar faz bem"). O site ainda disponibiliza a Biblioteca do Brincar, com livros e pesquisas desenvolvidas pela marca e seus parceiros sobre o Brincar e o impacto e a importância da brincadeira no desenvolvimento infantil. Para encerrar o post, a seguir, o vídeo institucional do projeto de responsabilidade social de OMO.





segunda-feira, 21 de março de 2011

Dia do Blogueiro - A importância do diário eletrônico para o processo de comunicação

No último dia 20 de março, foi comemorado, em praticamente todo o mundo, o Dia Internacional do Blogueiro, com milhares de postagens ao redor do mundo entre domingo (dia 20) e segunda (dia 21). Porém, também há o chamado BlogDay, comemorado há 5 anos no dia 31 de agosto, data esta escolhida por seus números se parecerem com a palavra blog. Segundo o site divulgador da comemoração já citado (tradução e edição nossas), este dia tem o intuito de que outros bloggers dediquem um dia para indicar e conhecer outras páginas de outros países e áreas de interesse.

Independente deste desencontro de datas, não se pode negar a grande importância deste diário eletrônico para que haja o compartilhamento das mais variadas importâncias, desde fotos, poesias e relatos do dia-a-dia das pessoas, até ideias, teorias, divulgação de produtos, de serviços e de conteúdo acadêmico, entre tantas outras finalidades.

Mas, afinal de contas, o que pode ser considerado como um blog, formato existente desde 1997 na rede mundial de computadores? É o que explica Allysson Viana Martins no texto Blogs, Blogueiros, Blogosfera. Uma Caracterização dos Blogs e dos seus Interagentes, um artigo apresentado no Intercom Junior, na Divisão Temática de Jornalismo, do XI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste (2009, p. 02):

"Em meio à enorme variedade de definições acerca do blog, utilizaremos uma que englobe as conceituações principais, sem esquecer o sentido de completude e precisão. Após cuidadosas revisões conceituais, optamos por designar o blog como uma página de hipertexto pré-moldada na internet, em que os textos, ou postagens, possivelmente aparecem em ordem cronológica reversa, apresentando ainda um espaço para discussão.
Este definição, ainda genérica, demonstra quão livre de amarras pode ser este dispositivo, logo, quão difícil é de conceituá-lo.
"

Sabe-se que os blogs são classificados como integrantes importantes das estratégias comunicacionais (seja estas "autônomas", não pertencentes a uma organização específica, ou de "carteira assinada", vinculadas a uma empresa ou instituição), por trazerem, de maneira mais fluente e simplificada, notícias, artigos e comentários sobre determinados assuntos. Além disso, os diários eletrônicos precisam conduzir seus diálogos através de uma via de duas mãos: ao mesmo tempo que o emissor envia suas mensagens, o receptor, através de um sistema de comentários, possui a oportunidade de elogiar, criticar, opinar e/ou complementar o assunto discutido. É quase inadimissível um blog não possuir um espaço destinado à discussão do conteúdo apresentado.

Um dos vários exemplos da utilização de um blog está nas corporações que, percebendo a grande quantidade de informações compartilhadas por indivíduos nem sempre satisfeitos com as marcas ou com a prestação de serviços feita pela empresa, decidem criar um espaço de apresentação de ideias e de discussão saudável com os internautas. Para isso, é necessário um comprometimento com o que se escreve para poder desfrutar das vantagens de se ter um blog corporativo, como afirma Carolina Frazon Terra em seu artigo Blogs corporativos como estratégia de comunicação (2006, p. 12):

"A criação de um blog pressupõe comprometimentos por parte da empresa e passam pela definição de que departamento ou área será responsável pela publicação e manutenção do veículo. Uma vez determinada a área responsável pela ferramenta, é importante lembrar que o conhecimento da organização, de seus valores, princípios e políticas é essencial para o gerenciamento do instrumento, além de ciência da dinâmica da blogosfera e do dia-a-dia de um blog, primando pela transparência e ética nos tópicos postados. As possibilidades de aproximação com os públicos de interesse, a postura de transparência, a riqueza das informações obtidas, o efeito viral são vantagens e diferenciais competitivos para as organizações que optam pelos blogs corporativos."

Muito se discute sobre a permanência destes diários eletrônicos num cenário preenchido por outras mídias sociais, como, por exemplo, o Twitter com seus 140 caracteres. É necessário entender que uma das vantagens de um blog é, além da já citada riqueza de informações obtidas e compartilhadas, exatamente a quase ilimitada quantidade de caracteres disponíveis para uso, o que possibilita uma liberdade ampliada de expressão e de compartilhamento dessas informações. Resumindo: o blog não morrerá com a disseminação de outras mídias, mas fará parte de uma junção de plataformas para poder ser melhor utilizado, tanto por empresas, quanto por indivíduos.

sexta-feira, 18 de março de 2011

A importância da atividade comunicacional na inclusão digital

Muito se fala em várias redomas do cotidiano, nas empresas e nas aulas de ensino fundamental, médio e superior sobre a importância de se ter conhecimentos na área da Informática, como, por exemplo, aprender a editar textos, fazer apresentações de slides, configurar tabelas e navegar pela rede mundial de computadores. Para alguns setores da sociedade, realizar estas tarefas se tornou algo comum, quase que inerente à rotina diária de muitas pessoas.

Porém, mesmo com a popularização deste assunto através das mídias tradicionais (os programas jornalísticos e de variedades mostram, com frequência, matérias sobre informática e sua utilização pela sociedade), nem todas as residências brasileiras possuem o seu próprio computador. 

Segundo a Síntese de Indicadores Sociais divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 17 de setembro de 2010 em matéria do Portal R7, a utilização de computadores e o acesso à internet dobraram no Brasil entre 2004 e 2009, mas o desempenho não é o mesmo quando o assunto é tecnologia. Ainda de acordo com a matéria, "Seis anos atrás [em 2004], só 14,2% das casas tinham acesso à rede. Esse número passou para 31,5% no ano passado. A posse de computador também seguiu o mesmo caminho da web, alcançando 39,3% dos lares urbanos. Na Coreia do Sul, Japão e em boa parte dos países europeus, a média de domicílios com PCs é superior a 75%."

Com isso (e com mais um recente estudo, divulgado hoje, que mostra que metade dos domicílios brasileiros tem internet, sendo 38% da classe C e com banda larga), pode-se dizer que o processo de uma total digitalização do povo brasileiro (em meios domésticos) ainda precisa ultrapassar várias etapas para que isso aconteça. Porém, em relação ao mecanismo de acesso da população à Internet, como pode-se ver, houve um aumento considerável, graças aos programas de inclusão digital oferecidos pelas iniciativas pública e privada. Para entender o que é, de fato, este processo e qual é a sua contribuição para a sociedade, o subeditor do Websinder Paulo Rêbelo fez uma reportagem intitulada: Inclusão digital: o que é e a quem se destina? (2005, p. 01):


"(...) inclusão digital significa, antes de tudo, melhorar as condições de vida de uma determinada região ou comunidade com ajuda da tecnologia. A expressão nasceu do termo “digital divide”, que em inglês significa algo como “divisória digital”. Hoje, a depender do contexto, é comum ler expressões similares como democratização da informação, universalização da tecnologia e outras variantes parecidas e politicamente corretas.
Em termos concretos, incluir digitalmente não é apenas “alfabetizar” a pessoa em informática, mas também melhorar os quadros sociais a partir do manuseio dos computadores. Como fazer isso? Não apenas ensinando o bê–á–bá do informatiquês, mas mostrando como ela pode ganhar dinheiro e melhorar de vida com ajuda daquele monstrengo de bits e bytes que de vez em quando trava."




Com esta contextualização, pode-se afirmar que o processo de inclusão digital não é algo apenas técnico, e sim humano e, para auxiliar os públicos-alvo desta integração com os meios digitais, um plano de comunicação é necessário, como analisa Ana Valéria Machado Mendonça no livro Informação e Comunicação para Inclusão Digital – Análise do Programa GESAC: Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão (2008, p. 59):


"Precisamos fortalecer a produção de conteúdos entre os usuários da rede info-comunicacional, a fim de que a prosperidade do indivíduo na sociedade da informação, da comunicação e do conhecimento seja plena; pelo menos no que diz respeito ao elemento cultural necessário à sobrevivência da humanidade (...)."

Esta produção de conteúdos precisa ser pensada, necessariamente, através da comunicação de mão dupla, ou seja, ao mesmo tempo em que os profissionais executam apostilas, cursos, interfaces e atividades diversas para estimular a inclusão digital, estes também devem propor aos participantes que opinem sobre o curso (pesquisas de opinião quantitativa e qualitativa) e apliquem os conceitos apreendidos, por meio de concursos, exposições, entre outras atividades para, assim, serem multiplicadores de conteúdo.

Os profissionais de Comunicação, portanto, podem e devem utilizar seus conhecimentos para incentivar e divulgar a inclusão digital nos mais variados ambientes, seja nas empresas onde se trabalha, seja nos órgãos públicos ou em projetos específicos, além de promover projetos que possam estimular as pessoas a conhecerem este ramo da Informática, pois de nada adianta novas ferramentas serem desenvolvidas a cada ano se estas não forem acessíveis à população.

quarta-feira, 16 de março de 2011

O poder das mídias sociais e a reclamação 2.0 dos consumidores (II) - Caso Renault

Para começar este post, é necessário entender que a arte do consumir é quase que inerente ao ser humano. A toda hora, os Homens compram e/ou apenas usufruem gratuitamente produtos e serviços dos mais variados tipos, desde um simples café da manhã na padaria, passando pelos materiais de escritório ou da escola, as refeições diárias, os serviços oferecidos pelo Governo: enfim, a vida humana é um consumir diário. Porém, quando algum serviço não é realizado da maneira ideal, é preciso que cada indivíduo possa se conscientizar de que a sua reclamação é importante e pode ajudar a várias pessoas que estão em situações semelhantes.

Como já foi visto em outro post aqui mesmo do RPitacos, para estas situações, a técnica da Reclamação 2.0 se torna cada vez mais eficiente, porque utiliza a "força indubitável das mídias e redes sociais como meios de expandir a indignação de um consumidor para milhões de pessoas ao redor do mundo, tendo, assim, uma possível identificação de algumas pessoas que tiveram um defeito ou uma quebra semelhantes (...)". Essa identificação gera repercussão que, por sua vez, exige uma resposta coerente e justa da empresa envolvida.

O caso Brastemp, analisado no post supracitado, remete estas quatro fases da Reclamação 2.0 de forma sucinta e, até mesmo, didática. Em fevereiro de 2011, uma outra consumidora se espelhou no exemplo obtido neste case e da iniciativa de Oswaldo Borelli, e decidiu expor no vitral 2.0 sua indignação com o mau funcionamento de um produto, desta vez, de um carro.

Daniely Argenton comprou um carro Renault Megane Sedan 2.0 em 2007. Segundo o site que ela mesma criou para mostrar os seus problemas, o Meu Carro Falha, o carro começou a apresentar falhas já nos primeiros dias de uso e foi levado, por muitas vezes, à assistência técnica da marca, sem, no entanto, ter uma solução definitiva para o caso.

Argenton deixou de utilizar o carro por conta dos problemas que, frequentemente, apareciam e recorreu à Justiça por várias vezes, sendo que, em 2008, nas palavras dela, "O carro foi periciado, conforme determinação judicial (...), sendo que o laudo da perícia foi categórico em afirmar que "existe defeito de fabricação” e que é “clara a falta de segurança para a condução deste veículo”."

Mesmo com esta constatação do perito e com a garantia de dois anos ainda em vigor, segundo a consumidora, a Renault não substituiu o veículo nem a indenizou por prejuízos decorrentes da não utilização do carro. Além disso, o processo judicial poderá se estender, segundo os advogados de Daniely, por mais 5 ou 6 anos.

Para poder ampliar a repercussão de seu problema e para alertar outras pessoas sobre os possíveis riscos de se comprar um carro desta marca (gerando, assim, uma imagem negativa da empresa), a consumidora criou um perfil no Twitter e no Youtube, além do próprio site já citado no início deste post, que mostra um histórico do caso, além de fotos e vídeos mostrando as condições atuais do carro. O objetivo da usuária foi alcançado em termos: o site foi visto por mais de meio milhão de pessoas, as declarações de Daniely foram vistas por mais de 90 mil vezes no Youtube, e vários sites divulgaram a reclamação, como o Info Online e o Mundo do Marketing, por exemplo. Abaixo, um dos vídeos produzidos pela consumidora.



Diferentemente do caso Brastemp, em que a empresa se desculpou publicamente do erro cometido e ofereceu a Oswaldo Borelli uma geladeira nova, a Renault tomou uma atitude completamente oposta: no dia 13 de março, acionou a Justiça por conta da divulgação massiva do caso e, segundo reportagem já citada da Info Online, o juiz da 1º Vara Civil de Concórdia, Santa Catarina, Renato Maurício Basso afirmou que "Daniely cometeu abuso do seu direito de liberdade de expressão, podendo causar danos à imagem da empresa. O juiz também determinou que ela retire do ar o site e outras mídias sociais, como o vídeo no YouTube e conta no Twitter, no prazo de 48 horas. A multa para o descumprimento da decisão é de 100 reais ao dia."

Pelo visto, o prazo de dois dias se excedeu e Daniely decidiu manter os canais de comunicação ativos até o resultado de um recurso contra esta decisão judicial. A Renault, em seu perfil no Twitter, só se pronunciou sobre o caso em 15 de março, alguns dias depois do momento de maior repercussão do problema. Seguem abaixo os posts referentes:

"A Renault do Brasil já estava e continua em contato com a cliente em busca de uma solução conciliadora para o caso @ (11:18 AM 15th Mar).
A Renault do Brasil encontrará pessoalmente a cliente o mais breve possível, quando um representante da Renault comparecerá em Concórdia/SC. (11:19 AM 15th Mar)"

Vendo este caso em comparação ao da Brastemp, pode-se dizer que passa a ser inegável a força e a influência que o consumidor tem em relação às marcas, principalmente no vitral 2.0 ao qual todos estão sujeitos a aparecer, seja positiva ou negativamente. A Renault perdeu uma grande oportunidade de agir imediatamente para o benefício de sua cliente ou, parafraseando Maquiavel, para "manter a estabilidade do Estado [da empresa, no caso]" sem prejudicar ainda mais os clientes.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Formadores de opinião e repercussão midiática - Caso Rachel Sheherazade

Ter uma opinião sobre o que acontece no mundo é algo importante para quem deseja se destacar nos âmbitos profissional e pessoal. Com o passar dos tempos, algumas pessoas que emitem suas opiniões em cenários midiáticos como, por exemplo, a televisão, o rádio e a Internet, começam a ter um reconhecimento público e passam a, de certa maneira, influenciar muitas pessoas, extrapolando até mesmo os "limites territoriais" das transmissões de seus prounciamentos. São os chamados formadores de opinião.

Um exemplo foi o que aconteceu com a jornalista Rachel Sheherazade, apresentadora do Tambaú Notícias, jornal veiculado pela TV Tambaú (afiliada do SBT em João Pessoa, capital da Paraíba, com site em manutenção) de segunda a sexta às 13h00. A apresentadora articula, dentro do jornal, comentários há cerca de um ano, duas vezes por semana, sobre os mais diversos assuntos.

No dia 03 de março de 2011, uma quinta feira, Rachel teceu comentários críticos acerca do feriado de Carnaval, que começaria, para algumas pessoas, no dia seguinte. A jornalista mostrou o chamado "lado B" da festa, ressaltando que a sua origem não é brasileira, mas sim européia (na Era Vitoriana, como ela mesma completa) e que a festa não é tão popular como se pensa, pois, nas palavras dela, "O Carnaval virou negócio, e dos ricos. Que os digam os camarotes VIPs"

Além disso, Rachel questiona o grande número de ambulâncias e de policiais nos locais onde as festas de Carnaval acontecem, em comparação ao dia-a-dia da população, e encerra declarando que o carnaval não é mais tão interessante e bom como nos tempos de outrora. O que era para ter uma repercussão local (no máximo, estadual) tornou-se fonte de discussão e polêmica por todo o Brasil e até destacado em páginas internacionais. O vídeo postado pelo canal da emissora no Youtube com a íntegra do comentário pode ser visto a seguir. Somando quase todas as reproduções do comentário, houve mais de 1 milhão de visualizações e mais de 6 mil comentários.



O comentário foi, para muitas pessoas, inesperado por se tratar de uma emissora que transmitiu os festejos carnavalescos em Salvador, investindo milhões de reais e trazendo os apresentadores Celso Portiolli e Eliana como protagonistas da cobertura. Além desta razão, o meio televisivo quase sempre mostra com maior ênfase os desfiles das escolas de samba e as festas em blocos e trios elétricos, em detrimento, muitas vezes, de outras atividades que podem ser realizadas durante estes dias de feriado, como retiros religiosos, viagens para lugares distantes da folia, entre outras programações alternativas.

Quando se percebe este contexto em relação a como o Carnaval é veiculado pelas mídias, é possível entender que a repercussão do comentário, com o intermédio das mídias sociais, foi imediata: além do grande número de acessos aos vídeos (e ao número também significativo de outras gravações apoiando e/ou criticando a jornalista), os nomes "Raquel", "Rachel" e "Sheherazade" permaneceram, não simultaneamente, 4 dias consecutivos entre os assuntos mais comentados da rede de microblogs Twitter. 

As declarações de Rachel também foram discutidas em matérias nos portais de notícias Comunique-seUOL e no blog Em Cartaz na Web, de OGlobo (destacando este último site, pelo tom de sarcasmo com que o autor do post apresenta o vídeo), além de ser destaque dos blogs de Ricardo Noblat e Luís Nassif. No âmbito internacional, os sites GlobalPost e RioGringa destacaram, impressionados, as críticas de Rachel, tão incomuns num país que valoriza demasiadamente esta festa. No dia seguinte ao comentário, Sheherazade comentou sobre a inesperada divulgação maciça de suas críticas e agradeceu à emissora pela liberdade de, segundo ela, "opinar livremente sobre qualquer assunto, sem censuras prévia ou posterior".




Segundo reportagem já citada do UOL, Rachel disse estar surpresa com a repercussão de seu comentário e revelou os motivos para criticar o Carnaval: “Na Paraíba se vive o Carnaval mais nas praias, sobretudo nas prévias carnavalescas --tanto que a ‘quarta-feira de fogo’, quando fiz o comentário, é nessas prévias. E a cidade, com comércio e repartições públicas, para; são muitos contratempos” (...) “Eu moro nas proximidades dos desfiles. Simplesmente você não consegue chegar em casa porque o trânsito congestiona, fora que é muito barulho. E não são queixas apenas minhas”. Além disso, segundo palavras da apresentadora, a intenção não era destruir o carnaval, tanto que ela cita os desfiles que acontecem no Sambródomo do Rio como um bom exemplo de organização.
 
Para marcar a repercussão do comentário como algo positivo para a emissora, a equipe de marketing da afiliada produziu uma propaganda ressaltando, em seu título, que "Jornalismo de verdade está ficando tão raro na Paraíba que vira notícia internacional", mostrando a repercussão de um comentário de praticamente 3 minutos e meio. Já na sexta feira pós-Carnaval, no dia 11 de março, a edição vespertina do jornal promoveu uma discussão sobre redes sociais (link disponível está dividido em Parte 1 e Parte 2), ainda motivada pelo vídeo de Rachel, com a presença da pesquisadora e professora de Comunicação Cândida Nobre e do gerente de Marketing da TV e FM Tambaú e também professor de Marketing Fábio Albuquerque.


É necessário entender, diante do caso exposto, que quase nenhuma declaração feita acerca de assuntos quaisquer fica imune a uma repercussão midiática, ainda mais se exprimida pelos formadores de opinião, e a opinião pública, na maioria das vezes, reage aos comentários e/ou atitudes. Pode-se dizer que, ao contrário do caso Prates (já analisado aqui mesmo no RPitacos), Rachel teve uma aceitação mais positiva do que negativa de seus comentários. Porém, ambos repercutiram suas opiniões e transcederam os limites territoriais, respectivamente, do Sul e do Nordeste brasileiros.

sexta-feira, 11 de março de 2011

A importância do planejamento na prevenção e gestão de crises naturais - Terremoto no Japão

Uma gestão eficiente das crises que ocorrem nas empresas é importante para que a imagem destas se mantenha sólida. E quando a crise vem da Natureza e atinge uma parcela significativa da população de uma cidade, de um estado, de um país? Como tentar evitar piores consequências e salvar o maior número de vidas possível? Antes, porém, é necessário entender o que são desastres naturais e, para isso, utiliza-se o artigo Os desastres naturais, a cultura de segurança e a gestão de desastres no Brasil, de Érico Soriano, apresentado no V Seminário Internacional de Defesa Civil (DEFENCIL) em São Paulo (nov. 2009, p. 02):

"Os desastres, como uma disrupção repentina de uma “normalidade” anterior socialmente estabelecida, são caracterizados por serem eventos adversos que proporcionam impactos negativos tanto físicos quanto sociais nas comunidades atingidas. A Defesa Civil entende o desastre como um evento danoso capaz de superar a capacidade de resposta da comunidade afetada. (...)
Os desastres naturais são eventos adversos que se constituem através da ação da força da dinâmica terrestre, quando ocorre em áreas que atinjam áreas habitadas, principalmente no caso de áreas densamente povoadas e em situação vulnerável a estes eventos adversos, quando se observa a ocorrência de vítimas fatais. Trata-se de uma realidade que atinge várias partes do planeta, de formas e intensidades diferenciadas."

O mundo foi surpreendido na madrugada desta sexta-feira com a notícia de um forte terremoto na costa nordeste do Japão, que matou milhares de pessoas, deixou outras milhares feridas e gerou tsunamis na capital Tóquio e em outras cidades, além de emitir alertas de risco de tsunami em vários países próximos ao Oceano Pacífico e de causar estragos como a interrupção do fornecimento de energia e das atividades em alguns aeroportos e serviços de trem-bala.

Infelizmente, os terremotos são fenômenos frequentes no Japão. Para se ter uma ideia desta vulnerabilidade, o país registra a maior atividade sísmica do mundo, com cerca de 20% dos terremotos com magnitude acima de 6 pontos na escala Richter (que vai de 1 a 9). Com este histórico, o país precisa se planejar para que se evitem maiores desastres quando a terra começar a tremer, a começar pela maior rigidez na construção de prédios e pela conscientização da população sobre os riscos e as medidas a serem tomadas quando há um terremoto.


Um exemplo está num informativo (aqui está a versão em português de novembro de 2010) distribuído pela Prefeitura de Minokamo, uma cidade japonesa localizada na província de Gifu. Nesta edição, em especial, a primeira página mostra alguns tópicos a serem discutidos em família, como estes:  

"Definição do lugar mais seguro para se proteger dentro da residência; Inspeção da sacola de primeiros socorros e verificação dos riscos de incêndio; Escolha do responsável pelo resgate das crianças e idosos; Definição do que será levado e por quem para os Locais de Refúgio e Abrigo; Checar a localização e o percurso até os Locais de Refúgio e Abrigo; Atribuição de responsabilidades aos familiares quando ocorrerem terremotos de dia ou à noite. Isto é, definir o que cada um irá fazer quando o terremoto for de dia e também, quando o terremoto for à noite."

Outra forma de evitar tragédias maiores por causa dos terremotos, gerenciando estas crises sísmicas, possui o auxílio da tecnologia. Em janeiro do ano passado, foi divulgado pelo Portal R7 que o Japão possui uma tecnologia única no mundo para alertar sobre terremotos, através de telefones celulares e de outros equipamentos específicos. Segundo a notícia, "O dispositivo analisa as diferenças de velocidade de propagação das diferentes ondas emitidas por um terremoto. Graças à rapidez das redes de telecomunicações, o alerta pode ser dado instantes antes das ondas mais mortíferas serem sentidas."

Para ilustrar esta prevenção oferecida pelo Governo japonês, a seguir está um vídeo do Bom Dia Brasil do dia 19 de janeiro de 2010, mostrando uma simulação de terremoto feita para um treinamento, e que pode servir de experiência nipônica para contribuir com a salvação de muitas vítimas, não só no Japão, mas em outros países, como, por exemplo, o Haiti, que não possui estrutura para enfrentar desastres naturais, como o ocorrido no ano passado.



Com isso, pode-se ver que os terremotos no Japão poderiam ser mais desastrosos, se não fosse estas medidas de prevenção e de emergência. A região do país afetada pelo terremoto, logicamente, se abala, mas consegue se recuperar rapidamente e preservar muitas vidas por conta de um planejamento bem feito e de uma gestão de crises eficaz.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Sexo frágil? Que nada! - A importância das mulheres na comunicação

Na última terça feira, dia 08 de março, o mundo inteiro comemorou o Dia Internacional da Mulher que, mesmo coincidindo no Brasil com uma terça feira marcada pelo feriado de Carnaval, foi amplamente valorizada pelos meios de comunicação. Porém, muitas pessoas ainda não sabem o porquê do surgimento desta data comemorativa e, ao mesmo tempo, reflexiva.

Em 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos nos Estados Unidos fizeram uma grande greve, reivindicando redução na carga diária de trabalho para dez horas, equiparação de salários com os homens e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com violência, com as mulheres sendo trancafiadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas. 

Em 1910, mais de 50 anos depois, durante uma conferência na Dinamarca, decidiu-se que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem às mulheres que morreram naquela fábrica. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas. Ou seja, este foi o 35º ano em que se comemora oficialmente o Dia Internacional da Mulher e o centésimo ano em que a data foi instituída.

E o que seria de várias áreas da humanidade sem a presença feminina? Talvez perderiam muito em relação à competência, ao talento, à disposição e, por que não, à beleza quase sempre inoxidável das mulheres. Isto não é diferente quanto à área das Relações Públicas, considerada por muitos como uma área predominantemente feminina (embora muitos homens tenham escolhido esta profissão para seguir em suas carreiras profissionais). E várias mulheres fizeram, fazem e ainda farão parte da história das Relações Públicas. Embora muitas pessoas possam ser lembradas, alguns nomes são primordiais para a concretização da profissão no Brasil e no mundo.

Um exemplo desta dedicação está na saudosa Vera Giangrande (1931-2000), primeira mulher a ser gerente de uma multinacional no Brasil (no laboratório farmacêutico, Squibb em 1967) e a se tornar rotariana em 3 de julho de 1989, tornando-se também uma das primeiras mulheres a ser presidente do Rotary (1993-1994); uma das primeiras profissionais de ombudsman no Brasil (assumiu a função, em 1993 na rede de supermercados Pão de Açúcar, aos 63 anos) e uma referência profissional para outras empresas, órgãos públicos e instituições, além de ser a responsável pelo lançamento da campanha "McDia Feliz", que ajuda entidades que disponibilizam tratamento contra o câncer infantil. 

Sua conduta era sempre marcada pela ética e pela paixão por seu trabalho e, por conta disso, Giangrande recebe muitas homenagens e nomeia algumas premiações na área de Relações Públicas, como o Prêmio Vera Giangrande de Iniciação Científica, destinado a estudantes de graduação que participam da Intercom Júnior – Jornada de Iniciação Científica em Comunicação, evento que integra a programação dos Congressos da Intercom.

Para que se possa entender ainda mais a importância de Giangrande, não só para a profissão de Relações Públicas, mas para a cidadania brasileira, Maria Cristina Gobbi, Aparecida Ribeiro dos Santos e Lana Nascimento Santos escreveram um artigo chamado Vera Giangrande: uma história de encantamento, texto apresentado no VI Celacom - Colóquio Internacional sobre a Escola Latinoamericana de Comunicação e publicado na Revista Brasileira de Ciências da Comunicação (jul/dez 2002, p. 115):

O consumidor, hoje, faz parte dessa polifonia, pois passou a ter voz e direitos. Isso ocorreu em grande parte graças ao trabalho de Vera Giangrande como Relações Públicas e Ombudsman, a partir do momento que atuou com uma habilidade comunicacional polifônica: a comunicação bidirecional em detrimento da unidirecional, fazendo com que as relações entre empresa, instituição e consumidor nunca mais fossem as mesmas.

Nada mais justo, portanto, mostrar a história desta grande profissional e, assim, homenagear todas as mulheres do mundo, especialmente as que escolheram as Relações Públicas como a sua profissão. Para encerrar o post, uma música que retrata muito bem a alma feminina através da visão de um homem, do compositor Erasmo Carlos.


sexta-feira, 4 de março de 2011

Comunicação e novas tecnologias - Até que ponto elas são insubstituíveis?

Atualmente, é muito difiícil se deparar com algum jovem que não tenha nem sequer ouvido falar de redes sociais, seja pela televisão, seja pelo convívio com os colegas, seja pela própria adesão ao Orkut, ao Facebook ou ao Twitter (só para citar alguns dos mais conhecidos). Estes sites, juntamente aos comunicadores instantâneos, podem ser comparados aos videogames e às televisões de outrora: quando muitas crianças retornavam da escola, estas tecnologias eram quase que automaticamente usadas. Hoje, na maioria das casas, as crianças chegam em casa e, muitas vezes, ligam seus computadores para conferirem seus e-mails, seus perfis nas redes sociais. Muitos jovens e adultos ligam seus aparelhos eletrônicos para, de uma certa forma, continuarem seus trabalhos em casa, lerem alguns livros pela ferramenta dos e-books, conversar com amigos e colegas de trabalho via Skype, atualizar seus currículos, verificar suas contas bancárias, entre outras atividades.

Observando este cenário, é possível dizer que as novas tecnologias são insubstituíveis para a vida das pessoas neste século XXI? E, se não, a partir de que ponto elas são dispensáveis? Como exemplo, houve muitas notícias nestes últimos anos que mostram jornais impressos deixando de circular nas ruas e nas bancas de jornas, mantendo apenas as suas versões impressas. Um exemplo muito comentado foi o fim da versão impressa do Jornal do Brasil, em 1º de setembro de 2010, por conta de uma crise financeira e, segundo os diretores, para "entrar para a modernidade", mantendo apenas a versão digital da publicação por uma assinatura de R$ 9,90 por mês.

Outro questão muito discutida no ramo acadêmico é se os livros impressos irão desaparecer totalmente ou se este mercado será compartilhado com os e-books (livros eletrônicos). Existem várias opiniões sobre o assunto e, talvez, só o passar do tempo mostrará quem está correto. As autoras Christine Dantas Benício e Alzira Karla Araújo da Silva mostram essas correntes de pensamento no artigo DO LIVRO IMPRESSO AO E-BOOK: o paradigma do suporte na Biblioteca Eletrônica (2005, p. 5):

"Analisando essa dualidade entre a convivência do livro impresso com o eletrônico ou o aniquilamento do primeiro pelo segundo, há diversas opiniões a respeito dos e-books e se estes poderiam ser os responsáveis pela morte do livro impresso. Muitos dizem que está próximo o dia em que não iremos mais a livrarias, e sim, buscaremos nossas leituras através de distribuidores eletrônicos. Em contrapartida, os defensores do livro impresso afirmam que está longe de ocorrer uma crise no ramo, afirmando que a comercialização dos livros está em constante crescimento e expansão. Há ainda uma terceira corrente que sustenta a idéia de que os e-books vieram para completar o livro tradicional. Esta segue o pensamento de que assim como foi afirmado que o surgimento da televisão acabaria com a era do rádio, os e-books e os livros sobreviverão na mais harmoniosa paz. (...)"

Talvez a última situação descrita pelas autoras seja a mais provável de acontecer, se forem levados em conta alguns dados importantes. Segundo Sandra Rosalen, num artigo escrito para a revista Tecnologia Gráfica em dezembro de 2010, "o consumo de livros no Brasil está em ascensão, com uma média de títulos lidos por ano de 1,3 por habitante e 4,7 se contabilizadas as obras didáticas, mas ain­da um índice bem abai­xo da média eu­ro­peia de oito livros por habitante. Em tempo dedicado à lei­tu­ra, estamos também longe do ­ideal. O líder do ranking divulgado em 2009 pela BBC é a Índia, com 10,2 horas por semana, enquanto o bra­si­lei­ro dedica 5,2 horas, número in­fe­rior à média mun­dial de 6,5 horas."

Logicamente, a disponibilidade dos livros eletrônicos contribui para esses dados que, se não são ainda os ideais, ao menos vivem numa crescente que precisa continuar, pois as novas tecnologias não são, por enquanto, totalmente insubstituíveis. As "mídias clássicas" continuarão a existir (ao menos, por algum tempo) e interagirão com a tecnologia de maneira, quase sempre, pacífica e conciliadora. Para confirmar essa visão e encerrar este post, a seguir está um vídeo humorístico em espanhol (legendado em Português) que mostra um novo produto revolucionário, uma tecnologia que mudará o mundo. Um produto que tem, como nome comercial, BOOK.



Lembramos que não teremos post no RPitacos na segunda-feira de Carnaval. Porém, na quarta-feira de Cinzas, teremos post inédito! Para quem gosta de Carnaval, boa e responsável folia; para quem não gosta muito, bom descanso e bom feriado!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Quebra de estereótipos = aceitação do consumidor? - O outro lado de Sandy Leah

Para começar este post, é necessário entender que cada indivíduo possui três imagens perante a sociedade: uma própria (vista pela pessoa quase que exclusiva, com suas qualidades e defeitos, com seus segredos e intenções), uma caracterizada pelas pessoas mais próximas, as que convivem com ela (provavelmente sabem um pouco mais da personalidade, dos valores, das intenções e das ações do indivíduo) e outra vista pela sociedade em geral (mais baseada na aparência física, nas expressões faciais e gestuais, além da própria reputação da pessoa). Estas três facetas podem se coincidir ou não, dependendo de cada indivíduo.

O que acontece em algumas situações é o fato de muitas pessoas (conhecidas ou não) assimilarem características, valores e atitudes (verdadeiros ou não) a outras, construindo concepções de perfis a partir de pré-saberes. Essa construção é chamada, por muitos, de estereótipo, por uma comparação com um certo instrumento antigo de impressão, e é considerada pejorativa por um provável distanciamento da realidade, como afirma Dylia Lysardo-Dias no artigo A Construção e a desconstrução de estereótipos pela publicidade brasileira, pertencente à revista Passando dos limites? Mídia e transgressão – Casos brasileiros (nov. 2007, p. 27):

"O termo “estereótipo” denomina, inicialmente, a placa gravada sobre o metal para a impressão de imagens e textos por meio de prensa tipográfica. Se até o início do século XX a composição era feita através de caracteres móveis, a partir dessa data surge um novo processo de reprodução em massa no qual o clichê ou estereótipo utiliza um modelo fixo.
Etimologicamente, a palavra vem do stereos que, em greco, quer dizer “sólido”. Portanto, o termo comporta em si uma referência ao que foi pré-determinado e encontra-se fixado, cristalizado. O fato de ele ser tomado como uma idéia que foi se solidificando ao longo do tempo e, por isso, possa ter se distanciado da “realidade”, fez com que fosse entendido como elemento falseador e pernicioso para as relações sociais. Assim, o termo estereótipo assume uma conotação pejorativa já que remete a um conceito falso (na origem inclusive de preconceitos sociais), uma crença desprovida de qualquer senso crítico que encerrava uma simplificação ou uma generalização sem fundamento.
"

Na última terça-feira, foi anunciada a nova garota-propaganda e musa do camarote carnavalesco da marca de cervejas Devassa, pertencente ao grupo Schincariol. A grande maioria do público se recorda que, no ano de 2010, esta bebida foi lançada no Brasil com a presença da socialite Paris HIlton, o que gerou muitos comentários pela sensualidade explícita do comercial e por algumas polêmicas, como o excessivo consumo de bebidas alcoólicas feito pela Paris e a retirada de circulação das propagandas da cerveja na televisão, no rádio, na mídia impressa e na Internet, determinada pelo Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária).

Em 2011, a celebridade escolhida para propagar a cerveja nos comerciais e no Carnaval é a cantora Sandy, que possui uma imagem, muitas vezes estereotipada por grande parte da mídia, de uma mulher mais recatada e reservada, além de ter uma forte ligação com o público infantil, muito por conta do começo precoce de sua carreira artística (juntamente com seu irmão Júnior). O primeiro comercial desta nova fase da cerveja pode ser visto a seguir.



Com isso, pode-se dizer que o novo tema de campanha da Devassa para este ano é muito sugestivo para esta "quebra de estereótipos": "Todo mundo tem um lado Devassa". É necessário notar que a expressão "todo mundo" significa que qualquer pessoa, na visão da marca, pode ter este lado mais desencanado, mais divertido, até mesmo, sob uma visão estereotipada, uma cantora como a Sandy. Segundo o Jornal O Dia, a cantora diz ter sido pega de surpresa com o convite, porém se identificou com a campanha apresentada e falou sobre a importância de buscar novas experiências profissionais:

"Enfrentei muitos desafios e muitas coisas novas. Ninguém sabe o que é trocar o certo pelo duvidoso. Antigamente tinha um público mais infantil. Agora posso fazer uma campanha como essa. Fui muito devassa nessa nas gravações. Eu me diverti muito".

A repercussão desta nova campanha da Devassa foi imediata. Na tarde de 1º de março e na manhã do dia seguinte, a tag #devassa permaneceu entre os assuntos mais comentados do Brasil no Twitter. Entre perfis indignados com a escolha da cantora e fãs comemorando o novo trabalho de Sandy, algumas piadas sobre este fato se espalham pela rede, como uma das versões de uma famosa sequência de fatos que pode (ou não) remeter a 2012: "@fabionovoa Sandy #devassa, homem na capa da Playboy, flamengo campeão.. Os sinais de 2012 se multiplicam..."

Enfim, a propaganda da Devassa pode ter contribuído para esta quebra de estereótipos relacionados à Sandy e também à própria imagem da cerveja, que muda seu foco quase que radicalmente, trazendo uma artista mais conhecida por seus trabalhos musicais do que pelas polêmicas e discussões. Do ponto de vista mercadológico, com elogios ou críticas, a empresa conseguiu divulgar suas ações de marketing, gerar polêmica e ainda fazer com que esta campanha será lembrada por todo o ano.