terça-feira, 19 de junho de 2012

Presença Competente na Internet, além dos outros “media” – uma questão para relações-públicas

por Manoel Marcondes Neto
Acabei de avaliar um trabalho de fim de curso de estudantes de administração. É marcante o interesse desse pessoal pela nossa área de atuação – a comunicação organizacional. A eles ainda surpreende que eu não seja um jornalista ou publicitário e, nisso, são amostra fiel do universo em que nos encontramos: para o senso comum, somente esses dois perfis profissionais são reconhecidos como “da comunicação”.


Mas, depois que tomam contato com o nosso campo, de RP, essas pessoas de outras áreas entendem que as finalidades precípuas daquelas funções tradicionais mais conhecidas; informar e persuadir, respectivamente, não dão conta do planejamento estratégico que preside a comunicação de uma organização, sobretudo as de grande porte. Ou as do terceiro setor, por exemplo, desprovidas da função marketing. É preciso mais. E aí compreendem a amplitude de ação que o exercício que denomino “pleno” de Relações Públicas traz para empresas, órgãos governamentais e organizações da sociedade civil.


Manoel Maria de Vasconcellos defendia a tese de que Relações Públicas são sinônimo do conceito de comunicação social. Ou seja, todo o esforço que uma organização ou indivíduo fazem com o objetivo de divulgar-se no seio da sociedade em que vivem e atuam seria uma questão de Relações Públicas. Pronto: está aí uma bela tese – que passei a adotar –, a qual justifica a abrangência dos nossos saberes e a utilidade dos nossos múltiplos fazeres. (Podem adotá-la quando tiverem que responder pela enésima vez à pergunta “o que é mesmo isso que você escolheu?”).

Pois bem, voltemos ao trabalho que acabei de corrigir. Como não poderia ser diferente, esses futuros administradores, fazendo planos de negócios e pesquisando por aí, chegaram a sugestões que, quando tratam de comunicação, incluem a mídia televisiva, o rádio, os jornais, outdoors e patrocínios, entre outras. Surpreendentemente não mencionaram a Internet. Nem como meio, nem como veículo. É uma limitação. Uma miopia. A internet simplesmente revolucionou a mídia nos últimos anos.


Vamos aos dados: se em 2008 a web ainda andava atrás da mídia rádio em termos de fatia do “bolo publicitário” (4% para a primeira e 5% para a última), agora ela é o meio que vem em segundo lugar, perdendo apenas para o meio televisão aberta. De acordo com o levantamento da Internet Advertising Brasil (IAB Brasil), o faturamento anualizado dos sites e mecanismos de busca atingiu 11,5% do bolo publicitário (contra 10,5% do período anterior – o que revela um aumento de 10% ao ano – maior crescimento do setor). A TV aberta ainda mantém – inalterados – 59,5% do bolo total, seguida pelo meio jornal, com 10,5% das verbas, e das revistas, com 6,5%. O meio rádio ainda detém 4% do faturamento publicitário, em patamar semelhante ao da TV por assinatura (com 3,5%). As demais alternativas de mídia comercial ficam assim: mídia exterior (outdoors e afins) com 3%, listas e guias com 1%, e o cinema com 0,5% do faturamento total do mercado. O mercado publicitário brasileiro movimenta um total de R$ 28,5 bilhões em termos só de veiculação (sem contar os custos de produção).


Não se pode deixar de levar em conta que todos os media convergem para a internet. São novos meios e veículos ainda não considerados nos levantamentos publicitários: webtvs, webradios, weblogs – mas que cada vez mais brigarão por audiência e, por conseqüência, entrarão também na briga por anunciantes. Por isso, na demanda por relevância, quem anuncia tem que olhar para a web. E quem não anuncia? Bem, quem não anuncia tem que ter, pelo menos, o que resumo como “presença competente na internet”, ou seja, pelo menos um bom website institucional. Não dá mais para improvisar, ter um “sitezinho”, um “blogzinho”, um “youtubinho”, desenvolvidos por um amador amigo “muito criativo”. Há que se ter um bom design (pelo menos instigante, belo e claro), muita informação “doada” ao internauta, funcionalidades, facilidade de navegação e alguma interação (norma da web 2.0 – algo que até já está ficando para trás). Nem pensar em uma homepage estática, com cara de 1.0, de “bolha do ano 2.000”.


Considere, pois, a sua presença – ou de seu negócio – na Internet como uma importante via para a decantada transparência, resultado do composto dos 4 Rs das Relações Públicas: uma ferramenta de Relacionamento – (já mencionamos a também desejável Relevância) –, do necessário Reconhecimento e, quem sabe, também, como um dos alicerces da uma (boa) Reputação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário