sábado, 10 de novembro de 2012

Yes, we can! - Estratégias de comunicação dos presidenciáveis americanos

Por Maíra Masiero

As eleições presidenciais americanas sempre chamam a atenção do mundo inteiro, não só pela incontestável importância do país para os destinos de muitos países, mas pelas iniciativas de campanha eleitoral que costumam ser exemplos para outras eleições ao redor do mundo. Como exemplo, o pleito de 2008 e a campanha online feita por Barack Obama - eleito o primeiro presidente negro da História americana -, foram temas de discussões sobre como estas estratégias poderiam ser aplicadas no Brasil. Um desses textos é o artigo Podemos ter um(a) nov@ Obama? Perspectivas para o uso da internet no próximo pleito eleitoral brasileiro, de Sérgio Braga (2010, p. 15-16):

"O fato é que, quaisquer que sejam os obstáculos postos à reprodução de uma campanha eleitoral à la Obama nas próximas eleições brasileiras, a maior parte dos atores políticos mais relevantes que participarão desse pleito já estão adotando a internet como uma importante ferramenta de campanha antes mesmo de iniciado formalmente o período estipulado pela justiça eleitoral.
(...)
A meu ver, a relutância de muitos analistas em admitir as contribuições trazidas pela internet nas próximas eleições brasileiras deve-se em grande parte ao fato de trabalharem com parâmetros excessivamente estreitos para avaliarem sua importância efetiva no próximo pleito. Afinal, se é pouco provável que se reproduza no curto prazo o padrão de campanha via web utilizado por Obama nos EUA, isso não quer dizer que as novas tecnologias não agreguem valor às campanhas eleitorais e sejam meras reproduções de antigas mídias existentes fora do espaço virtual."

Pensando nesta repercussão considerável das eleições americanas de 2008, como os políticos se utilizaram das mídias sociais em 2012 para angariar votos e incentivar seus eleitores e simpatizantes? É o que o RPitacos mostra neste post, analisando sucintamente os principais meios eletrônicos utilizados pelos dois candidatos à Casa Branca neste úlitmo período eleitoral.

O oposicionista Mitt Romney utilizou-se do Facebook, com uma página "curtida" por mais de 12 milhões de pessoas, para mostrar suas propostas e para tentar convencer os eleitores que não seriam necessários mais quatro anos de governo de Barack Obama (tradução da frase do texto e foto ao lado: "A taxa de desemprego é maior hoje do que era quando o presidente Barack Obama tomou posse. Triste lembrança de que a economia está em uma paralisação virtual. / A América não pode pagar mais quatro anos do presidente Obama. Nós precisamos de uma recuperação real").

Além disso, são disponibilizados aplicativos para pedir doação à campanha, uma espécie de comitê virtual, algumas formas de seguir os resultados da eleição e tentativas de interatividade para com o público, por meio de fotos específicas de apoio ao candidato.

Porém, há um problema em relação ao site oficial de campanha. Quando o endereço foi aberto no dia 10 de novembro, após o término da campanha, os conteúdos tinham sumido e aparecia a seguinte frase (tradução nossa): "Eu ainda acredito nas pessoas da América. Assim, Ann e eu juntar-se com você para orar fervorosamente para que esta grande nação.Obrigada, e que Deus abençoe a América.". O único link ativo é o da loja de produtos promocionais do candidato, com bonés, camisetas, adesivos, pulseiras, buttoms, entre outros acessórios.

Já o candidato à reeleição (e, posteriormente, vencedor das eleições) Barack Obama lançou uma fanpage no Facebook destinada somente à sua campanha, separando-a da página da Casa Branca, sede do Governo americano. Mais de 33 milhões de pessoas já curtiram a página, o que a faz ser mais popular do que muitas marcas reconhecidas mundialmente, como Nike (11 milhões de pessoas) e, Adidas (9 milhões e meio de pessoas). A página possui aplicativos para doação de campanha, link para uma loja online


Na página de sua candidatura, Obama também mostra fotos dos eventos por todo o país, declarações de pessoas famosas (como a cantora Beyoncé e o ex-presidente Bill Clinton) e comparações entre o candidato e seu oponente, Mitt Romney. Além disso, depois da eleição, uma foto de Obama com sua esposa Michelle e três simples palavras ("Four more years") foram responsáveis por uma das publicações mais "curtidas" da história do Facebook: mais de 4 milhões de usuários aprovaram a cena.

Aliás, nos dois perfis dos candidatos, são poucas as postagens que não possuem uma foto ou vídeo em conjunto com um pequeno texto, demonstrando que é válida a estratégia de engajar os eleitores/usuários do Facebook por meio de plataformas multimídia.

O site de campanha possui um layout limpo, com um destaque nas cores azul e branco, símbolos da campanha presidencial de Obama. Além de reproduzir algumas fotos disponíveis também no Facebook, há a atualização periódica de argumentos para convencer os eleitores a votarem (já que o voto é facultativo nos Estados Unidos) e a escolherem o atual presidente para a reeleição.

Com isso, pode-se perguntar: estas campanhas podem ensinar algo para os prováveis presidenciáveis de 2014 no Brasil? Independente das diferenças entre as legislações eleitorais americana e brasileira, o que os presidenciáveis americanos (e suas equipes de comunicação) ensinam é em relação à periodicidade das postagens nas redes sociais - buscando o equilíbrio entre o abandono e o excesso de postagens - e à forma com que foram feitos os "ataques" de um contra o outro (baseando-se em fatos e em dados). É necessário cuidado e prudência em toda campanha eleitoral, ainda mais nas mídias sociais, e as eleições americanas, entre erros e acertos, poderão ser, mais uma vez, modelos para os presidenciáveis brasileiros daqui a dois anos. 

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