Como já foi discutido num outro post deste mesmo blog, relacionar-se bem com as pessoas é imprescindível para as pessoas que queiram atingir um patamar melhor, tanto em aspectos pessoais quanto em profissionais. No cenário esportivo, se faz necessário aos treinadores, jogadores e dirigentes um ponto de personalidade muito importante, ainda mais depois de uma partida ou de uma atividade: equilíbrio da oralidade.
Geralmente, durante um momento de tensão ou de irritação, as pessoas são mais suscetíveis a falar sem pensar, a desabafar sobre um determinado assunto e a dizer coisas que, num instante de maior serenidade, não seriam expostas ao público. O serviço de media training pode contribuir para que frases comprometedoras não sejam ditas em voz alta para uma grande audiência, visto que a oralidade é uma grande ferramenta de comunicação, como mostram Marta Terezinha Motta Campos Martins e Waldyr Gutierrez Fortes no artigo Desenvolvimento da Comunicação Organizacional Agencia a Constância da Oralidade (2007, p. 11):
"(...) o nível estratégico da comunicação auxilia as empresas na busca desses diferenciais. Comunicação essa que é pensada em todas as dimensões: interna, externa, institucional e, certamente, também na vertente da oralidade, uma vez que a maior parte da comunicação das organizações com seus públicos, dá-se verbalmente.
A necessidade de planejar a oralidade fundamenta-se em garantir que todos os envolvidos recebam informações corretas e perceptíveis e em evitar que boatos e conflitos se instalem durante o processo de transmissão das mensagens."
Um exemplo de como não se dominar a oralidade aconteceu no último sábado, dia 13 de novembro, durante a 35ª rodada do Campeonato Brasileiro de Futebol. O jogo entre Corinthians e Cruzeiro valia a liderança do torneio e acabou com a vitória do time paulista por 1 a 0, com um pênalti duvidoso marcado pelo árbitro Sandro Meira Ricci a favor do Corinthians e convertido por Ronaldo. No pós-jogo, o presidente do Cruzeiro Zezé Perrella acabou desabafando sobre o resultado e insinuando que o juiz tinha recebido dinheiro do adversário para favorecê-lo, xingando-o para quem quisesse ouvir.
Ainda que, ao fim das declarações, o dirigente tenha justificado sua revolta por ser um "cruzeirense" e estar de cabeça quente, Perrella é um homem público e precisa medir as expressões utilizadas, mesmo que num momento de estresse como nesta derrota contra um concorrente direto na luta pelo título nacional. As declarações do presidente poderão ter uma consequência maior, já que o próprio árbitro estuda medidas de processá-lo e o STJD pode punir Perrella, se ele não conseguir provar suas declarações acerca de Ricci.
O que se pode concluir deste episódio é que o controle emocional, aliado a um processo completo de media training, pode ajudar na prevenção de momentos constrangedores como este. No esporte, particularmente no futebol, os erros, infelizmente, ocorrem. Porém, quem errou mais do que o árbitro naquela noite foi Perrella, que colocou seu papel social de torcedor fanático acima do de presidente equilibrado que deveria ser.
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