quinta-feira, 18 de novembro de 2010

(De)Formadores de opinião e crise na imagem - Caso Luiz Carlos Prates

Quando se tem, à frente de quaisquer pessoas, um microfone e uma câmera, as expressões que são ditas são de responsabilidade dos indivíduos que as proferem, principalmente quando vêm dos chamados formadores de opinião, que podem modificar a imagem do veículo ao qual estão atrelados, as ideias dos próprios articulistas e as dos outros rapidamente.

No artigo Informação Voltada à Formação de Opinião: uma revisão de literatura (arquivo digital, p. 4), a autora Dulce Maria Baptista analisa os processos mental e social da opinião, a relação desta com a informação e como um objeto de serviço ao público

"Segundo Meynaud e Duclos (1991), a opinião é sempre um construto social, por depender da situação dentro da qual se exprime, sendo ainda bastante fluida para ser captada pela sondagem. Por outro lado, não constitui exatamente um traço definidor daquele que fala, o qual pode rapidamente mudar de posição, proferir um outro discurso, ou fazer algo diferente daquilo que diz. A opinião muitas vezes é formulada no decorrer de uma conversa, que é uma situação elaborada em conjunto por diferentes pessoas, e na qual seu status permanece transitório. Ela se manifesta também nos silêncios, gestos, atos, esses algumas vezes em contradição com as palavras."

Um exemplo recente desta construção da opinião e da responsabilidade que um jornalista precisa ter à respeito das palavras proferidas aconteceu no feriado de 15 de novembro, quando o  jornalista Luiz Carlos Prates, articulista da RBS, emissora afiliada da Rede Globo em Santa Catarina, fez seu comentário sobre o aumento no número de acidentes nas estradas catarinenses. Comentário polêmico e, na visão de muita gente, infeliz.



O vídeo gerou revolta da maioria das pessoas que o assistiu (e adimiração de outros), por conta de ressaltar que "qualquer miserável pode ter um carro", levou o nome Prates ao Trending Topics Brazil do Twitter por alguns dias (enquanto este post foi editado, esta expressão estava presente na lista), foi repercutido pelo portal R7, da concorrente Rede Record e prejudicou ainda mais a imagem do grupo RBS, já manchada anteriormente por conta de um possível crime de estupro cometido pelo filho de Sérgio Sirotsky – diretor da emissora no início de 2010.

Não é o primeiro vídeo polêmico do jornalista, que, entre outras declarações fortes, menosprezou a morte do cantor Michael Jackson e discutiu sobre a "pedagogia da cinta", além de possuir um blog com artigos veementes e pouco adocicados. No momento em que este post foi fechado, o jornalista estava dando seu "direito de resposta" calmo no Jornal do Almoço, causando no Twitter vibração em alguns admiradores de sua franqueza e irritação em quem se sentiu ofendido com as declarações.

Mais uma vez, o grupo RBS tem sua imagem corrompida por outro escândalo nacional disseminado pelo Youtube e os profissionais de comunicação da emissora precisam, mais uma vez, gerenciar uma crise. Para concluir, por uma coincidência do destino (ou não), o programa Comédia MTV do dia 12 de novembro mostrou um quadro também polêmico em que o ator Marcelo Adnet interpreta um grã-fino que, como Prates, utiliza palavras duras contra as classes menos favorecidas, mencionando os nordestinos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário