segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Mobilização social na telinha e na prática - O Teleton ao redor do mundo

Quase todos os dias, ao redor do mundo, surgem muitos e variados projetos e movimentos que se posicionam acerca de determinadas causas e que convidam a sociedade para tomar partido diante das situações apresentadas, querendo, assim mobilizar as pessoas para a ação concreta, com objetivos bem definidos, realizando, assim, a chamada mobilização social.

Pode-se dizer que os profissionais de comunicação, dentre outras funções, auxiliam na divulgação destas ações e, mais ainda do que isso, o próprio ato de "tornar comum" constitui a base para que uma mobilização seja bem sucedida e bem participada, como relata Rennan Mafra no artigo Relações Públicas e Mobilização Social: a construção estratégica de dimensões comunicativas (2007, p. 4):

"(...) a mobilização pode ser reconhecida como um ato de comunicação, porque envolve o compartilhamento de discursos, visões e informações e, por isso, exige ações de comunicação em seu sentido mais amplo. “Convocar vontades”, e compartilhar “sentimentos, conhecimentos e responsabilidades” pressupõe conversa, troca, partilha intersubjetiva, interação, comunicação."

Ainda neste artigo, Mafra mostra três dimensões que a mobilização social pode ter: dimensão espetacular, dimensão festiva e dimensão argumentativa. Estes tipos serão mostrados através de um breve estudo de caso sobre os programas Teleton ao redor do mundo.

O projeto tem o mote de angariar fundos para ajudar no tratamento e na reabilitação de crianças que possuem deficiência física. Segundo a comunidade do Ning da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), entidade detentora há 25 anos dos direitos da marca Teleton no Brasil, e que promove há 13 anos, em parceria com o SBT, a maratona homônima, este projeto "nasceu na década de 1950 nos Estados Unidos por iniciativa do ator e comediante Jerry Lewis que era pai de uma criança com deficiência".

A maratona televisiva de mais de 24 horas ininterruptas alcançou mais de 20 países ao redor do mundo, como Austrália, Canadá, Chipre, Bélgica, Brasil (primeira edição em 1998), Peru, Colômbia, Costa Rica, Honduras, Paraguai, México, Nicaragua, Panamá, Guatemala, El Salvador, Uruguai e Chile, primeiro país sul-americano a produzir um Teleton, em 1978.

É interessante notar que essas maratonas, tanto no Brasil como em outros países, se utilizam das três dimensões da mobilização social para promover a participação popular. Através dos três próximos vídeos, pode-se perceber características de cada uma delas.

Inicialmente, como mostra da dimensão espetacular, ou seja, daquilo que desperta "na sociedade o interesse público pelas tematizações, com a função de capturar a atenção dos sujeitos para essas questões" (MAFRA, 2007, p. 8), pode-se ver o acender de milhares de telefones celulares no Estádio Nacional do Chile durante o Teleton 2007 daquele país.



A dimensão festiva, ou seja, a participação lúdica e in loco dos indivíduos, está presente em praticamente todas as maratonas, através de apresentações artísticas de cantores, apresentadores e dançarinos famosos que se unem para que se alcance a meta. O vídeo abaixo mostra a apresentação do grupo Black Eyed Peas no Teleton mexicano de 2009.



Já a dimensão argumentativa é mostrada no Teleton como sinal de "prestação de contas" das instituições e do que elas têm feito com o dinheiro arrecadado nas maratonas, como pode-se ver no vídeo institucional feito para o Teleton Brasil 2010.



Concluíndo, a mobilização social é quase impossível de se ocorrer sem que haja uma eficiente comunicação e uma articulação coerente destas três dimensões, utilizando-se de todos os meios possíveis para que a causa a ser defendida seja assimilada pela população em geral.

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