É sabido de muitos que a comunicação pública é uma das vertentes mais importantes dsta área, pois lida com informações que não dizem respeito apenas a um grupo específico, mas a toda uma população, seja municipal, estadual ou federal. Pierre Zémur, no artigo As formas da comunicação pública, pertencente ao livro Comunicação Pública: Estado, Mercado, Sociedade e Interesse Público (2009, p. 225) mostra quatro dimensões de como levar uma informação pública à sociedade e de como pode acontecer a relação de comunicação neste contexto:
"(...) informar por dever, geralmente na ausência de desejo ou de motivação de compra; assegurar a pedagogia atrelada à uma mensagem complexa; incuir a comunicação no processo de identificação e de entrega do serviço; contribuir para conferir sentido à vida coletiva."
Pensando nestes quatro termos, pode-se perceber o quanto um bom plano de comunicação é importante para que a população seja bem informada e, com isso, se conscientize sobre um assunto determinado e tome atitudes para concretizar os conhecimentos adquiridos. Os elementos comunicacionais (no caso deste post, a publicidade é o grande exemplo) podem ajudar, e muito, para que a informação chegue coesa ao público desejado. Ou, infelizmente, podem atrapalhar este processo, apenas confundindo o receptor ou emitindo informações incompletas.
Uma campanha de comunicação pública bem sucedida, inclusive premiada com o Prêmio ABERJE São Paulo e Brasil 2010 na categoria Comunicação nas Crises Empresariais (como mostra a revista Comunicação Empresarial nº 78, p. 67, disponível na íntegra para os assinantes da Lector.com), foi feita pela Secretaria de Saúde do Governo do Estado de São Paulo que produziu, em março de 2009, um completo manual de comunicação de pandemias para evitar o pânico, mais frequente com a velocidade de aproximação do vírus H1N1, que matou milhares de pessoas naquele ano.
Um dos grandes benefícios desta ação foi a manutenção da credibilidade dos agentes públicos, com a publicação de artigos de técnicos da Secretaria pela grande imprensa, parcerias com a TV Globo na veiculação de entrevistas com especialistas e este plano de gerenciamento de crise, aliado à conscientização pública, foi destaque de uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Abaixo, um vídeo com o resumo das palavras do Secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata.
Porém, nem todas as campanhas governamentais conseguem conscientizar de maneira plena e eficiente a população acerca de um tema importante para a sociedade em geral. Neste mesmo artigo, Zémor alerta sobre as limitações dos meios de comunicação no que diz respeito a disseminação da informação pública (2009, p. 224):
"(...) os meios de comunicação pouco escapam à ilusão de eficacidade publicitária, de tratar o leitor, sobretudo o telespectador, como o consumidor de uma oferta homogênea. Eles podem contribuir para a difusão de dados públicos e encorajar a interatividade dos diálogos com as instituições públicas, mas raramente podem tratar de questões complexas".
Um exemplo da fraca emissão de informações sobre um assunto importante está nas campanhas de Mobilização Nacional pela Certidão de Nascimento e Documentação Básica. Mesmo com a presença, em 2009, do atacante Ronaldo, na época ainda em atividade pelo Corinthians, o tempo da campanha televisiva é utilizado mais para mostrar o jingle e algumas frases de efeito do que efetivamente informar sobre os benefícios de se ter uma certidão de nascimento, sempre redirecionando o fluxo de informações mais complexas entre Governo e cidadão para outros órgãos, como Cartórios e Prefeituras Municipais.
Pode-se dizer que se utilizar dos elementos da publicidade para divulgar uma informação pública, ou seja, de interesse geral da população, é válido e pertinente. Porém, o bom senso e uma expressiva noção de responsabilidade com o dinheiro público que é gasto nas campanhas, no caso dos órgãos municipais, estaduais e federais, devem prevalecer em qualquer situação.
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