quinta-feira, 26 de maio de 2011

Música viral e comunicação estratégica - A combinação mais linda da cidade

Quando se pensa na palavra viral, vem à mente de muitas pessoas o contágio de uma doença, proveniente de um vírus, que, se não forem tomadas as devidas precauções, pode se espalhar de uma maneira quase que sem controle. No dia-a-dia, podem-se tomar como exemplos de doenças contagiosas, não necessariamente causadas por vírus, a gripe e a conjuntivite.

No contexto midiático, também existem "doenças" na forma de vídeos ou áudios que se espalham ferozmente pela rede mundial de computadores e que apresentam, como seus portadores e propagandistas, os próprios internautas, como afirmam Eugenia Maria Mariano da Rocha Barichello e Cristiane Cleveston de Oliveira no artigo O Marketing viral como estratégia publicitária nas novas ambiências midiáticas (2010, p. 35).


"O termo “viral” faz um paralelo entre o processo biológico de transmissão de um vírus de uma pessoa a outra no contexto real e o processo de transmissão de uma mensagem de um internauta a outro no contexto digital. O fato de a mensagem poder tomar proporções gigantescas na rede, num processo semelhante à lógica de uma epidemia viral, foi o que deu origem à expressão.
Marketing viral, portanto, é o processo de divulgação de uma mensagem publicitária, baseado no seu poder de contágio por pessoas próximas, como se fosse um vírus. A propagação em larga escala da mensagem só acontece por meio de uma ação colaborativa intensa dos indivíduos nas redes sociais."

Um exemplo recente de como uma estratégia (a princípio, despretensiosa, nesse caso) de comunicação eficiente e uma simples postagem de um video podem se tornar um fenômeno midiático e gerar comentários positivos e negativos - graças, e muito, a maneira pela qual foi feita a gravação - aconteceu nas últimas semanas, com a propagação supersônica da música "Oração", composta por Leo Fressato e interpretada por um grupo curitibano formado em 2009 chamado A Banda Mais Bonita da Cidade, e que já teve mais de 2 milhões de visualizações no Youtube.



Segundo o site O Povo Online, o grupo de universitários egressos da Universidade Federal do Paraná tem este nome por conta de um livro intitulado A Mulher Mais Linda da Cidade, de Charles Bukowski (1920 -1994), uma coletânea de contos que mostra a típica jornada pelo universo infernal e onírico do velho Buk, seus personagens desvalidos, seus quartos imundos de hotéis baratos; enfim, um mundo estranho, bem diferente do que os autores do vídeo mostram.

O clipe é gravado num plano-sequência e sem cortes, o que dá uma maior "naturalidade" às ações dos cinco integrantes da banda e dos outros convidados. As locações referentes a uma casa grande e repleta de amigos reportam a uma sensação de familiaridade e a repetição da letra por várias vezes ajuda na sua retenção na mente dos indivíduos (isso pode ser bom ou ruim, dependendo da opinião de cada um sobre esta "oração").

O mais interessante para os profissionais de comunicação em relação a esse caso é a imprevisibilidade da repercussão de um material que é veiculado na Internet. Pode se tornar algo decepcionante ou extrapolar a previsão planejada. Os próprios intergrantes da banda não esperavam este grande número de acessos, como relata Vinícius Nisi em entrevista ao O Povo Online, já citada neste post: “Gravamos o clipe dia 6 de fevereiro com uma produção toda de amigos. Achávamos que ia ser assistido e curtido pelos amigos, pelos familiares. De uma hora pra outra, todo mundo começou a parabenizar”.

O que pode-se concluir deste caso é que a banda curitibana, em terminologias médicas, "não se vacinou" em relação à viralização de suas músicas. O resultado disso: elogios e críticas de milhões de pessoas como sintomas claros de grande popularização. A consequência final, pelo menos durante um período de tempo: a morte do anonimato e o nascimento para a fama.

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