quinta-feira, 19 de maio de 2011

Publicidade e Infância: combinação perfeita?

O ato de comprar produtos faz parte da vida de todos os indivíduos. Mesmo alguns dos mais simples objetos e, dependendo do caso, alguns serviços possuem um custo, irrisório, mas um gasto como, por exemplo, imprimir uma página de trabalhos acadêmicos em casas especializadas ou consumir um chiclete numa lanchonete.

E este mecanismo de compra se manifesta desde a mais tenra idade do ser humano, ou seja, a infância também é marcada, muitas vezes, pelos brinquedos eletrônicos, pelas bonecas, por produtos que remetem a uma banda admirada pela criança. A publicidade é uma grande ferramenta para que estes valores possam ser incutidos desde cedo na vida das pessoas.

É necessário ressaltar, porém, que muitos comerciais voltados ao público infantil divulgam valores e conceitos inadequados para a faixa etária atingida, como a ingestão excessiva de calorias, o consumo de objetos e acessórios que estão em desacordo com a forma de transição considerada natural das fases da vida (de criança para adolescente, por exemplo), como mostra Inês Silvia Vitorino Sampaio no artigo Publicidade e infância: uma relação perigosa (2009, p. 12) pertencente ao livro Infância & Consumo: estudos no campo da comunicação, organizado pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI).

"É preciso lembrar, contudo, que o acesso da criança às mídias não se explica apenas pelo aspecto tecnológico ou pela linguagem, mas há aspectos histórico-sociais e culturais importantes que particularizam esta forma de acesso. No plano econômico, o poder aquisitivo das famílias pode implicar o acesso mais ou menos limitado às várias mídias e interferir, sensivelmente, em suas possibilidades de lazer. [...] O tipo de acompanhamento doméstico efetuado (ou não) por pais ou parentes – a restrição do tempo de exposição às mídias, a limitação do acesso a determinados conteúdos e/ou o diálogo sobre cenas e acontecimentos – também é um elemento demarcador. No plano institucional, finalmente, não podemos deixar de considerar o papel desempenhado pelas políticas de regulação dos conteúdos audiovisuais, que visam proteger a criança e o adolescente da exposição a conteúdos inadequados."

Em matéria publicada no Portal Exame no dia 12 de maio, pode-se ver a retomada desta discussão através do retorno à pauta da Câmara dos Deputados de um projeto de lei regulamentando a publicidade dirigida ao público infantil. No mesmo portal, no dia 18 do mesmo mês, surge uma notícia que repercutiu no mundo inteiro, levando seu protagonista aos Trending Topics mundiais do Twitter: médicos americanos participaram de uma campanha para proibir a rede McDonald's de promover seus produtos entre as crianças, e forçar a extinção de sua mascote, o palhaço Ronald McDonald. Além disso, a carta aberta pede a interrupção da distribuição de brindes nos Mc Lanches Felizes, refeições com sanduíches de grande quantidade calórica.

Ou seja, reelencando os aspectos discutidos por Sampaio, é necessário entender que a mídia possui uma grande responsabilidade pela sua fácil disseminação e assimilação perante o público infantil que, geralmente, ainda não formou totalmente sua consciência, e que precisa refletir sobre como repassar as mensagens publicitárias para as crianças, se elas forem realmente necessárias.

Porém, o acompanhamento dos responsáveis acerca do que as crianças assistem e das influências que elas sofrem do exterior (amigos, família, entre outros) e um rigor menos simbólico e mais efetivo por parte dos órgãos de regulação das propagandas é também importante para a formação de pessoas mais conscientes em relação aos hábitos de consumo.

Para encerrar este post, mas não a discussão, é apresentado uma animação produzida pela Revista Galileu sobre a publicidade infantil, mostrando estatísticas alarmantes acerca deste assunto. Afinal de contas, a publicidade infantil é de toda vilã nesta História ou outros fatores contribuem diretamente para o consumo exarcebado?

Nenhum comentário:

Postar um comentário