quarta-feira, 1 de junho de 2011

Relações Públicas e planejamento de eventos - A modernização dos festivais musicais

Muitas pessoas devem se lembrar dos chamados festivais de música popular brasileira que se destacaram na década de 1960 por revelar novos talentos e trazer músicas de viés mais coletivo, instaurando um "veículo de comunicação", na época, realmente das massas populacionais, como mostra o artigo Os festivais de Música Popular Brasileira: Veículo de vez e de voz, escrito por Selma Suely Teixeira (a.d., artigo on-line) e depois um vídeo da apresentação da música Ponteio, de Edu Lobo e Capinam, na noite de 21/10/1967, no III Festival da Música Popular Brasileira:

"No ano seguinte surgem os festivais de música popular brasileira, lançando compositores como Chico Buarque, Edu Lobo, Geraldo Vandré e Caetano Veloso, que colocando as incertezas e esperanças do povo como centro de suas composições, fazem sua opção pelos "sem poder na sociedade" identificando-se assim com as aspirações fundamentais do povo de existir numa sociedade onde "ele se dirija por si mesmo".
Característica do espírito nacional dos anos 60, esse cantar o povo encontra nos Festivais de Música Popular Brasileira da década, o seu veículo de vez e de voz."




Porém, a realização de festivais de música não se localiza num contexto distante da atualidade. Graças a projetos de comunicação encabeçados, dentre outros profissionais, por relações-públicas, estes eventos culturais resistem ao tempo e às mudanças estratégicas das mídias no que se diz respeito à música.

Nos últimos dias 24, 25 e 26 de maio, ocorreu na cidade de Bauru/SP um Festival Cultural em comemoração aos 20 anos da Rádio UNESP FM realizado em conjunto com a RPjr (Empresa Júnior de Relações Públicas da UNESP Bauru) e com vários parceiros e apoiadores, dentre estes a Prefeitura Municipal de Bauru, através da Secretaria de Cultura, os principais órgãos que constituem a faculdade e empresas privadas relacionadas a área musical.

A abertura do evento aconteceu na noite de terça feira, no SESC Bauru e contou com uma apresentação do músico Marcelo Jeneci. Nas outras duas noites do Festival, nas dependências da UNESP, mais precisamente no anfiteatro Guilherme R. Ferraz (o popular "Guilhermão") houve, além de outras intervenções culturais e de uma exposição de artes, um concurso de bandas.

Doze grupos foram classificados para se apresentarem no palco do evento, e um corpo de três jurados vindos do Instituto de Artes, pertencente à UNESP da capital paulista, analisou as performances e decidiu os vencedores do concurso, que ganharam os seguintes prêmios: 24 horas de gravação em estúdio profissional, sua música tocada na programação da Unesp FM durante 1 ano e uma entrevista no Unesp Notícia (1º lugar),1200 reais em compras na loja Musicalle (2º lugar) e uma viagem ao Instituto de Artes da Unesp para o terceiro colocado.

O que é importante frisar são as diferenças e semelhanças entre os festivais do início-meio do século XX e os atuais concursos de bandas. Na visão de Victor Frascarelli, aluno do 3º ano de Relações Públicas da UNESP e integrante da RPjr, em entrevista via e-mail, os festivais dos tempos de outrora serviam para que fossem descobertos novos talentos da música, e os mais recentes servem como uma "válvula de escape" para bandas que não conseguem seu espaço na mídia contemporânea.

"(...) antigamente, esses eventos eram promovidos com o intuito de descobrir novos talentos para fomentar a indústria da música.
A MPB era a sensação do momento; mais do que uma expressão artística, era cultural e até política. Então, os festivais ganhavam essa projeção maior, recebendo atenção dos militares, para conter manifestações, e pelos produtores, para fazer dinheiro. Daí começaram a engatinhar as grandes gravadoras, que buscavam nos eventos o seu próximo sucesso.
Os anos passaram e o foco mudou. A música sertaneja universitária, o funk de balada e os rostinhos bonitos tomaram conta da mídia, e é isso o que dá dinheiro no mundo atualmente. Os festivais agora, como foi o Festival Cultural de 20 Anos da Rádio Unesp FM, servem como válvula de escape para quem quer escutar um som alternativo, para quem quer se destacar principalmente no cenário independente. As bandas interessadas querem mostrar um trabalho que a mídia contemporânea abafa para dar lugar aos ritmos que estão em alta."


De fato, os festivais musicais foram, e são, estes "celeiros" de novos talentos; são, muitas vezes, as minas de diamantes de onde se garimpam joias brutas e lapidadas para fazê-las brilharem num futuro não muito distante. E o papel dos comunicólogos neste processo de busca pelas joias é importante, pois são, muitas vezes, eles que propagarão ao público em geral novos nomes, sons e músicas para o cenário midiático.

É necessário também acrescentar, nestas diferenças entre os festivais de antigamente e os atuais, o trabalho do Relações Públicas nestes eventos, organizando-os (como foi o caso do festival da Rádio UNESP), idealizando maneiras de como divulgar a programação do evento - através das mídias tradicionais e das redes sociais -, como premiar as melhores apresentações e de como facilitar o trabalho da imprensa que cobre o evento, dos jurados, das bandas e artistas convidados e dos participantes efetivos do festival, além de gerenciar crises quando elas aparecem.

Resumindo, a aplicação das técnicas de Relações Públicas no planejamento e na "modernização" dos festivais é uma importante ferramenta para que estes eventos não sejam relegados a um tempo distante, mas que possam, a cada novo concurso, revelar novos sons para o cenário musical brasileiro. Para encerrar o post, uma parte da apresentação da banda L's, terceira colocada do Festival Cultural 20 anos da Rádio UNESP FM.

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