quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Quando o cara morre é que a gente reconhece - O espetáculo da mídia e as celebridades

Como muitos sabem, o cenário midiático mundial, dependendo de vários fatores, privilegia algumas pessoas notórias em detrimento de outras, por conta de suas atitudes e comportamentos ou até mesmo pelo contexto, que pode ou não ser propício para as suas aparições nos meios de comunicação. Mas existe um momento da vida do artista em que ele é lembrado, independente de sua repercussão, seja em páginas inteiras de jornais, seja em notas minúsculas na televisão ou na Internet: o momento da morte.

As celebridades são vistas por muitas pessoas como seres mitológicos, com um aura de imortalidade expressa em cada gesto, e, quando elas falecem, há toda uma comoção em volta do fato e a necessidade de se afirmar os fatos e de se explicar o que aconteceu, ainda mais se for trágico como, por exemplo, a morte do piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna, como descrevem Ronaldo Helal e Graziella Cataldo no artigo A Morte e o Mito: as narrativas da imprensa na cobertura jornalística da morte de Ayrton Senna, apresentado no NP 18 - Comunicação e Esporte no XXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação em Porto Alegre (2004, p. 4):

"A morte de uma personalidade é celebrada e produz significados para a sociedade mais ampla. Ela transcende a comoção familiar, a esfera privada, e torna-se de domínio público, tal qual foi a narrativa produzida pelos meios de comunicação da personalidade em vida. (...).
A divulgação feita pela imprensa é vista como fator de grande importância para as manifestações sociais."

O piloto brasileiro, claramente, era considerado um dos grandes pilotos da história enquanto estava vivo; porém, depois de sua morte trágica em 1º de maio de 1994, o mito se eternizou e até hoje, principalmente com a proximidade do aniversário de morte, são feitas várias homenagens a Senna, como nomes de ruas, de avenidas, de rodovias e de indivíduos, entre outros. 

Outro "mito" que pode se eternizar com sua morte é o polvo Paul, conhecido por acertar várias previsões durante a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul. Ele morreu na madrugada da última terça-feira (dia 26 de outubro), de causas naturais em seu aquário na Alemanha, e já recebeu várias homenagens, como uma estátua no oceanário em que vivia e a torcida do Barcelona lembrou-se do polvo que acertou a conquista da Espanha no Mundial. Até o Globo Esporte fez sua homenagem ao polvo profeta, com a narração de Tiago Leifert.

E ainda se vê casos de artistas que afirmam que serão mais reconhecidos na música quando morrerem, como o ator da saga "Crepúsculo" Robert Pattinson, em entrevista ao jornal "The Sun". Entre críticas e comentários, o que é importante ressaltar são os casos de músicos que só tiveram um maior reconhecimento depois de sua morte, como o brasileiro Raul Seixas. A morte, portanto, pode ser, dependendo das circunstâncias, um "bom negócio" para a imagem da celebridade, que pode se perpetuar por várias gerações.

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