O anseio de muitas empresas e de muitos times esportivos nos dias de hoje está numa simples palavra: GANHAR, seja prêmios importantes, seja novos clientes ou fornecedores, seja uma inserção maior na mídia ou uma parceria essencial para o crescimento das ações. Como relatam M. Lucia Silva e Katia Rubio, no artigo Superação no Esporte: limites individuais ou sociais? (2003, p. 6), "a autoconfiança em ganhar influencia favoravelmente no esforço realizado, sendo que o contrário também é verdade, quando a pessoa mantém expectativas de perder.".
Perder quase sempre é associado a algo negativo, prejudicial ao sujeito envolvido. Logicamente, há situações pessoais em que ter perdas é benéfico, como uma pessoa muito acima do peso emagrecer e ter a sua saúde restabelecida. Mas no campo esportivo e empresarial, perder pode valer a pena?
Foi a situação vista neste último fim-de-semana, durante a realização do Mundial Masculino de Vôlei, na Itália. Os times de Brasil e Bulgária, ambos no mesmo grupo, já estavam classificados para a próxima fase e, numa combinação incrível e inexplicável, o segundo colocado da chave teria adversários "mais fáceis" (no caso, República Tcheca e Alemanha) e o primeiro, mais dificuldades ao enfrentar Cuba e Espanha; ou seja, quem perdesse aquele jogo, em tese, seria o maior ganhador do dia e viajaria menos para continuar na competição. Os dois times se esforçaram para perder o jogo, com times cheios de reservas e jogando com menor qualidade do que o habitual. O time brasileiro acabou perdendo por 3 a 0, o que gerou protestos da torcida ao final do jogo e dos jogadores da seleção contra o regulamento do torneio.
O mais interessante é que o técnico Bernadinho é conhecido no ramo empresarial como grande palestrante motivacional, publicando até um livro em 2006 sobre sua história e trazendo dicas para se tornar um vencedor. Uma das frases atribuídas a ele neste site relata o seguinte: "Deve-se exigir mais de quem tem mais a dar. É fundamental conhecer as pessoas para motiva-las". Pode-se dizer que a seleção brasileira de volei tem muitas virtudes a dar, pois ganhou muitos títulos na primeira década do século XXI. Portanto, era motivador e menos tenso vencer a Bulgária para ter mais forças para ganhar os dois próximos jogos, mesmo contra equipes mais difíceis, até porque o retrospecto da seleção em relação a Cuba, por exemplo, é favorável, mesmo com a derrota na primeira fase.
Só o tempo dirá se a seleção fez uma boa escolha perder para a Bulgária. Mas a motivação dos brasileiros em assistir volei ficou, mesmo que por pouco tempo, manchada e comprometida, assim como nos episódios de Rubens Barrichello e Felipe Massa na Fórmula 1. Abaixo, está um video motivacional baseado em apontamentos do livro do treinador já citado; os torcedores brasileiros esperam esta motivação nos próximos jogos.
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