sábado, 9 de abril de 2011

Let's SkankPlay! - Relações Públicas na comunicação colaborativa espontânea

Muito se fala na utilização de instrumentos de Relações Públicas para que a comunicação colaborativa seja utilizada com êxito. Porém, é necessário tomar os devidos cuidados para que a colaboração não seja entendida como algo forçado ou sem sentido para a pessoa convidada ou convocada a participar, como mostram Ana Maria Boavida e João Pedro da Ponte, no artigo Investigação colaborativa: Potencialidades e problemas (2002, p. 05), em que dois tipos diferentes de colaboração são mostrados através da visão de Andy Hargreaves:

"Um investigador que se tem dedicado a estudar os processos de cooperação e colaboração no seio das organizações educativas é Andy Hargreaves (1998). Uma distinção por ele sugerida é entre a colaboração espontânea e a colaboração forçada, sendo a primeira da iniciativa dos respectivos intervenientes e a segunda determinada por instâncias superiores com autoridade para o fazer. Trata-se de uma distinção importante porque, as colaborações forçadas, por melhores que sejam as intenções que presidem à sua instituição, correm fortes riscos de não ser bem aceites (nem sequer bem entendidas) por aqueles a quem são impostas, dando origem a fenómenos de rejeição com efeitos diametralmente opostos em relação ao pretendido."

Em relação a tipologia desta prática, existem vários tipos de colaboração que podem ser vistos na Internet, como o crowdsourcing advertising (publicidade colaborativa), já discutido neste mesmo blog, que permite aos clientes ajudar na promoção de um produto específico. Alguns mais simétricos do que outros, é verdade: muitas vezes, a participação do público alvo na definição de algum aspecto de um produto se configura, na verdade, apenas para confirmar uma ideia inicial desenvolvida pelo grupo emissor da situação.  

Muitos são os casos de grupos musicais famosos que, além de interagirem com seus fãs com promoções e menções em programas da mídia tradicional, pedem a colaboração dos usuários de redes sociais (como amigos de comunidades no Orkut ou seguidores no Twitter) acerca de vários aspectos de uma produção musical, como a capa de um disco, por exemplo.

Uma das bandas que mais produz ferramentas para interagir com seus admiradores é a brasileira Skank, que além de ter no seu portifólio músicas de sucesso como "Garota Nacional", "É uma partida de futebol", "Vou deixar" e "Sutilmente", destaca-se também por desenvolver plataformas de interação com o público, tanto que obteve reconhecimentos por estas iniciativas (premiação pelo Multishow por Iniciativa em Novas Mídias, em 2009, e com o Prêmio de Música Digital na categoria Artista Mais Engajado Digitalmente, em 2010)

Neste ano, a banda liderada por Samuel Rosa traz mais uma estratégia de interação com os fãs (segundo a banda, é algo pioneiro no Brasil). A nova música de trabalho do grupo chama-se "De Repente" (Samuel Rosa / Nando Reis), pertencente ao CD e DVD "Multishow ao Vivo - Skank no Mineirão" e, assim como muitas músicas escolhidas para alavancar um trabalho, era preciso produzir um videoclipe. 

Porém, os integrantes da banda queriam mais do que apenas uma gravação. Segundo entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo, os integrantes da banda sempre viam vídeos de grupos tocando suas músicas e, a partir desta observação, pensaram na possibilidade de colocar vários desses vídeos lado a lado tocando ao mesmo tempo.

E isso se tornou possível através de um site chamado SkankPlay, feito em parceria com o coletivo DonTryThis que permite a qualquer pessoa tocar juntamente com a banda, formando, assim, um videoclipe oficial de "De Repente". São seis canais de vídeo diferentes: vocal, backing vocal, guitarra, teclado, baixo e bateria. Segundo o site oficial da banda já citado, é só gravar um vídeo cantando, tocando ou realizando uma performance da música e colocar o vídeo no lugar de um dos seis iniciantes. As produções são mixadas e se juntam numa só.

A versão personalizada do clipe pode ser adicionada em blogs, no Facebook, entre outras redes sociais. Para quem não sabe tocar ou cantar a música, vídeos tutoriais, feitos pelos próprios integrantes do Skank, ajudam a quem deseja participar desta plataforma. A seguir, está um dos clipes oficiais da música, realizado por vários músicos, juntamente com integrantes do Skank.



Este é um exemplo de colaboração espontânea, pois os músicos aceitaram espontaneamente o convite da banda para tocar juntamente com o Skank e os outros internautas, posteriormente, mandam os seus vídeos porque gostam da banda, aprovaram a iniciativa e realizam, mesmo que virtualmente, o sonho de dividir os vocais e a parte instrumental com um grupo musical famoso.

Em relação às funções de Relações Públicas utilizadas nesta estratégia, uma das mais evidentes é a consolidação da imagem do Skank como uma banda interessada não só em se comunicar com seus fãs, mas também produzindo iniciativas para que estes possam se comunicar com os músicos, escolhendo músicas para seus shows, por exemplo.

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