sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Relações Públicas e o cenário esportivo - Uma parceria que dá jogo

Para que se comece este post, é necessário lembrar que a parceria entre Comunicação e Esporte (termo tratado não em seu contexto lúdico, mas no de competitividade e de performance dos atletas) é antiga, desde as primeiras impressões de jornais com cadernos esportivos, passando pelas transmissões de jogos pelas rádios e televisões, pelo lançamento de revistas e tablóides especializados e pelo advento da Internet, com a quase instantânea transmissão e compartilhamento de notícias sobre clubes, atletas, resultados, jogos, carreiras e títulos, através de sites específicos e de canais de relacionamento que aproximam significativamente atletas, jornalistas e torcedores.

Com este contexto, como é que o profissional de Relações Públicas pode se inserir neste nicho de mercado tão competitivo e tão mutável como o dos Esportes? Será utilizada neste texto a "divisão" do trabalho das Relações Públicas em dois componentes, sugerida por Mullin, Hardy e Sutton no livro Marketing Esportivo (2004) e citada por Jéssica Raquel Batista Lima e Ary Rocco no artigo As Relações Públicas como Composto de Marketing Esportivo, apresentado no XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação - Intercom (2010, págs. 08-10).

Os dois componentes do trabalho de um Relações Públicas que foram citados no artigo são as Relações de Mídia e as Relações Comunitárias. O primeiro componente citado pode ter três abordagens (2010, p. 08), dependendo do seu papel na organização e do contexto em que esta se encontra:

- Reativas: "(...) captam e respondem indagações, essas solicitações podem se referir a entrevistas, autógrafos, aparições", além de englobar pedidos de declarações acerca de uma situação específica;
- Pró-ativas: "(...) a organização toma a iniciativa de oferecer informações e de criar publicidade";
- Interativas: auxiliam a mídia, pois cada parte pode iniciar a sua ação específica sabendo que a outra poderá cooperar quase que totalmente. Esta abordagem ligada diretamente ao marketing de relacionamento, "onde se prioriza a construção de relacionamentos duradouros, ao invés de realizar metas de relações públicas de curto prazo."

Um exemplo da utilização destas Relações de Mídia no campo esportivo está exatamente no uso das novas mídias por jogadores de futebol, técnicos e jornalistas especializados. Com o passar do tempo, estes canais podem se tornar benéficos ou maléficos aos seus usuários, desencadeando relações sólidas e harmoniosas ou crises incontroláveis envolvendo jornalistas, seguidores, empresas e jogadores. A ocorrência destas situações depende de vários fatores, dentre eles está o desempenho do atleta/time num torneio específico ou um incidente que aconteceu fora de seu ambiente profissional.

Um caso recente em que aparecem abordagens das Relações de Mídia de maneira simultânea está no uso do Twitter pelo presidente do Atlético Mineiro Alexandre Kalil. Em seu perfil na rede de microblogs, com mais de 76 mil seguidores, ele é reativo (costuma deixar o espaço sempre atualizado, captando os acontecimentos e respondendo, como no último sábado, em que se dirigiu à torcida rival do Cruzeiro, depois da vitória no clássico regional por 4 a 3 pelo Campeonato Mineiro) e pró-ativo (pela prática de anunciar as novas contratações do time pelo Twitter, como no caso do meio-campista Mancini, do zagueiro Leonardo Silva e do goleiro Giovanni).

Já as Relações Comunitárias, segundo o mesmo artigo citado inicialmente (2010, p. 09-10), são complementares às Relações de Mídia e o grande objetivo desses "são de elevar os níveis de consciência entre os consumidores e o público em geral, e com a visibilidade adquirida na comunidade, esses programas tentam criar clientela.". Há várias facetas de Relações Comunitárias e, dentre elas, está a parte da filantropia empresarial, com ações solidárias visando, além do benefício direto aos públicos necessitados atingidos, a uma imagem mais positiva da empresa/indivíduo em relação à sociedade, com a agregação de valores através de elementos emocionais e criativos.

Um exemplo da utilização das Relações Comunitárias no esporte está no quadro Futebol Social Clube, recém-lançado pelo programa Esporte Espetacular, veiculado pela Rede Globo. O repórter Thiago Asmar e o comentarista Caio Ribeiro mostram iniciativas sociais de jogadores e ex-jogadores, interagindo com o atleta e com os moradores da comunidade. Alguns programas já foram gravados na "Fundação Gol de Letra" dos ex-jogadores Raí e Leonardo, e no "Instituto Deco20" do meia do Fluminense Deco.

Seja assesorando a imagem de uma insituição, de um atleta ou ex-atleta, gerenciando crises que podem ocorrer ou cuidando da comunicação institucional de um projeto social, os Relações Públicas possuem um vasto campo de atuação a ser explorado no cenário esportivo. Para encerrar o post, um vídeo relacionado ao quadro Futebol Social Clube, com a presença do ex-jogador Raí.


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