Por Maíra Masiero
A mídia constitui um espaço essencial para o recebimento e o compartilhamento de diversas informações para a sociedade. Porém, nem tudo aquilo que é divulgado pela mídia (tanto a tradicional, a digital ou a humana - o famoso "boca a boca") pode ser considerado como verdadeiro: há casos em que os fatos não passam de boatos ou rumores, conceito explicado por Reule (2008, p. 2), citado por Gabriela da Silva Zago no artigo Do boato à notícia: Considerações sobre a circulação de informações entre Twitter e mídia online de referência (2010, p. 176):
“[Rumores são] um tipo de informação não confirmada que se propaga na rede e que circula com a intenção de ser tomada como verdadeira. Sendo informação, é parte de um processo de comunicação que, por sua vez, é um fenômeno por si social”.
Se não for tomadas as devidas precauções, os rumores não se esvaziam no seu sentido inverídico, mas se passam como verdadeiros e podem prejudicar muitas empresas e pessoas, nos seus aspectos econômicos, profissionais e pessoais.
Um dos grandes exemplos de como os boatos podem tomar proporções inimagináveis aconteceu neste mês de maio: os rumores de que o programa Bolsa Família, do Governo Federal, iria ser suspenso e que os beneficiários teriam até o final de semana (dias 18 e 19 de maio) para sacar o dinheiro e ainda sobre a existência de um bônus por ocasião do Dia das Mães, causaram tumulto, filas enormes e depredações em bancos e lotéricas de vários Estados brasileiros.
Já no próprio sábado, o Governo Federal publicou uma nota desmentindo o boato e, no dia seguinte, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo solicitou à Polícia Federal a abertura de inquérito para investigar a origem da informação falsa. Também no domingo à noite, a fanpage da Caixa Econômica Federal no Facebook publicou uma outra nota esclarecendo o caso e confirmando o pagamento do benefício no dia estipulado para cada pessoa (a liberação do saque no fim-de-semana foi excepcional por conta do boato, e suspensa já na segunda-feira, dia 20).
Para gerenciar essa situação, por meio de uma "voz de autoridade" (que oferece uma maior credibilidade para solucionar uma situação desta magnitude) na segunda-feira posterior ao boato, a presidente Dilma Rousseff discursou num evento em Ipojuca (PE) rebatendo a informação falsa e dizendo que o autor do boato é "desumano" e "criminoso". O vídeo na íntegra que esclarece os rumores e a reação de Dilma está a seguir.
Ainda em relação à repercussão nas mídias sociais, na segunda-feira, a ministra Maria do Rosário, da Secretaria dos Direitos Humanos, publicou em seu perfil no Twitter a seguinte frase: "Boatos sobre fim do bolsa família deve ser da central de notícias da oposição. Revela posição ou desejo de quem nunca valorizou a política.". Resultado da declaração: segundo nota do portal G1, o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio, afirmou que vai apresentar requerimento, convocando a ministra para dar explicações acerca da frase.
No mesmo dia, a ministra tentou se explicar em duas postagens: "Gente,sobre tweet hj pela manhã, quero dizer que não tenho nenhuma indicação formal da origem de boatos. Singela opinião. Ñ quero politizar. / O importante é que todos os esclarecimentos estão sendo realizados. Escrevi bem cedinho e nem imaginei tal repercussão... Encerro o assunto." Como foi mostrado várias vezes neste mesmo blog, é necessário saber ouvir e se expressar nas mídias sociais, com consciência e responsabilidade para que uma outra crise não seja gerada a partir da resposta a um boato, que foi muito bem esclarecido e rechaçado pelo Governo.
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