segunda-feira, 27 de maio de 2013

O Globo - Projetos de... muita grana!

Por Manoel Marcondes Neto

E o domingo nos brinda com mais uma edição de O Globo, na soleira da porta. Coisa antiga...
Além de toda a propaganda dominical – o percentual de “conteúdo jornalístico” é mínimo – a edição de ontem traz um caderno (inteiro!) intitulado “Rio em Transformação”.

Que bonito é...

Será um pássaro, um avião, uma reportagem, um editorial? Não. É só o departamento comercial do veículo fazendo jornalismo de faz-de-conta em sua inefável “retranca” PROJETOS DE MARKETING (assim mesmo, em caixa alta)!

Há muito tempo O Globo publica esses cadernos – uma evolução (em termos de receita para o veículo, mas involução na prestação de serviços e na ética para com os leitores) do batido modelo “Informe Publicitário”.

Por que batido?

Porque este é o nome quase cinquentenário do tipo de técnica que os jornais utilizam para publicar algo do interesse de outrem (uma empresa) em suas páginas, não declaradamente um “anúncio” – algo travestido em “matéria”, mas inteiramente escrito e produzido pelo anunciante. O destaque (um fio gráfico em volta, a tipologia diferente ou o texto-título “Informe Publicitário”) é obrigatório.

E O Globo – quem mais? – inovou! E, de tempos em tempos, nos entulha com este calhamaço de papel entintado.

E presta, mais uma vez, um desserviço chamando o “Informe Publicitário” de “Projeto de Marketing”.

Isto não é marketing. Qual é o “produto”? Qual é a praça? Qual é o preço? Qual é a promoção? Projeto de quê? Marketing de quê? Da cidade? Do veículo? Sim, do veículo, porque é a única coisa que pode estar à venda nessa transação mercadológica. Autopromoção muito bem cobrada.

E qual é o “babado” desta vez?

Surpresa! É o alcaide do Rio de Janeiro, genuíno herdeiro de Cesares, fazendo propaganda mais-do-que-antecipada de seus feitos. Com fotos caprichadas, textos orgulhosos, títulos exclamativos, slogans convincentes! Se o “leitor” é analfabeto, não tem importância. A enxurrada de imagens deixa o mais descrente infeliz convencido de que mora no paraíso terrestre...

“Meu” Rio...

Já na capa, uma foto de mais um “empreendimento” carioca adotado pelas Organizações Globo, o MAR (Museu de Arte do Rio). Sim, aquele mesmo do capítulo final da novela... na “matéria” intitulada “Além dos tapumes”. Na quarta capa, o título garrafal é “A hora e a vez da zona norte”!

E vão-se sucedendo “manchetes” bombásticas. Parece até a “escalada” do Jornal Nacional: “Uma cidade interligada”, “Transporte público de alto desempenho para todos”, “A joia do subúrbio”, “Cariocas reencontram sua história”, “Nova rotina para pais e alunos”, “Legado olímpico e social”, “Centro de operações pronto para o desafio”, “Cresce a cobertura básica de saúde”.  Ufa!  É muita “notícia” boa. Será que o “leitor” não desconfia?

Quanto terá custado o caderno de oito páginas?

Nunca menos de 1,5 milhão de reais. Mixaria para a prefeitura! Não daria para fazer meio-posto de saúde, ou meia-calçada, ou meia-creche. Que se gaste em mídia, então. E nem precisa licitar – o Rio só tem um jornal de “grande” circulação...


E as “Organizações” agradecem. 

Um comentário:

  1. Concordo com a opiniao do amigo. Mas acho importante ressaltar que sempre havera verba de publcidade para os governos. Faz parte. Questionar quantas casas populares e hospitais poderiam ser feitos não me parece uma comparação justa.

    Questionar o bom uso da verba dedivulgacao da prefeitura sim me parece correto.

    Abs

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