quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Tempo, tempo, tempo... como otimizá-lo na comunicação?

O Natal se aproxima, o fim de mais de um ano está chegando... mas não parecia ontem que 2011 estava nascendo? E que o Carnaval, a Páscoa, os dias dos Pais, Mães, Crianças estavam à vista? Nestes últimos tempos, devido ao avanço do processo de globalização e dos muitos compromissos assumidos nas esferas pessoal e profissional, muitas pessoas sentem o tempo passar mais rapidamente.



E como isso é sentido no âmbito organizacional? Segundo Sylvia Constant Vergara e Marcelo Milano Falcão Vieira, no artigo Sobre a Dimensão Tempo-Espaço na Análise Organizacional (2005, p. 115), o tempo e o espaço são indissociáveis, principalmente no começo do século XXI, com a chamada sociedade da instantaneidade:


"O signo do tempo, o tempo cibernético, reduz dramaticamente o espaço mundial referenciado às distâncias. O espaço atual é um espaço global interconectado na instantaneidade e imaterialidade das redes virtuais, por onde se movimentam diferentes formas de fluxos. É da transterritorialidade global que fluem os novos símbolos, as novas formas organizacionais, as novas formas de poder e gestão dos territórios e a nova realidade social. As técnicas que permitem a sociedade da instantaneidade configuram a realidade virtual que domina o mundo das organizações pós-modernas."

E como o profissional de Comunicação pode auxiliar a empresa/instituição em que atua para que esta possa otimizar o seu tempo e, assim, ser mais eficiente e eficaz? Primeiramente, é necessário entender que cada pessoa possui uma visão sobre o tempo e a sua passagem, e isso precisa ser, além de respeitado, utilizado para integrar a equipe de trabalho.

Em segundo lugar, é importante identificar iniciativas para um melhor aproveitamento do tempo como, por exemplo, para a melhor formação e aperfeiçoamento profissional dos funcionários, como mostram Alessandra de Paula et. al. no artigo Gestão do Conhecimento Organizacional: aplicação e desenvolvimento de modelo interativo para a educação à distância (2007, p. 7):

"(...) O EAD busca, ainda a valorização do trabalho em equipes, desenvolvendo competências críticas focadas na organização, com vistas à otimização do tempo e dos resultados. Para que isso ocorra, é importante que a organização e seus funcionários estejam adaptados a essa nova realidade. Cabe à mesma investir na sua infra-estrutura tecnológica com estruturação de cursos on-line, através de parcerias estratégicas com empresas fornecedoras de software e hardware ou empresas produtoras de conteúdos. Faz-se necessária a participação de novos profissionais que não que não existiam no modelo de ensino tradicional."

Enfim, o tempo precisa ser visto como um aliado para os objetivos da organização, e não o contrário. Com aquele pensamento, mais uma certa dose de um competente planejamento, os resultados desejados sairão com maior fluidez.

sábado, 26 de novembro de 2011

Relações Públicas e a Estética da Recepção: uma importante parceria

Muitas vezes, tanto na faculdade, em estágios ou no próprio mercado de trabalho, estuda-se muito sobre as técnicas para formular uma mensagem para agradar um público específico. Mas, como estudar a forma pela qual essas mensagens chegam ao receptor, como são recebidas e a reação de cada pessoa sobre a mensagem em si? Uma das teorias utilizadas é chamada de Estética da Recepção, que surgiu na década de 1970 por vários téoricos, como Hans Robert Jauss, Wolfgang Iser e Umbeto Eco.

Esta teoria, que surgiu com a finalidade de analisar obras de arte e literárias, pode ser aplicada em outros meios de comunicação e é uma grande aliada do profissional de Relações Públicas para entender como o receptor é atingido por uma obra qualquer, tangível ou não.

Um exemplo desta aplicação está presente no artigo A linguagem ficcional do cinema na internet: a interação entre o usuário e o computador na perspectiva das teorias da Estética da Recepção, de Francisco Machado Filho, escrito em 2005, que mostra uma definição de Umberto Eco, que denomina o leitor como o leitor-modelo, pois esse segue as orientações do autor sem se envolver pessoalmente.  Inspirado nesta definição, o autor daquele artigo transfere esta significação para o meio virtual (2005, p. 9):

"Na internet podemos também prever o usuário-modelo, aquele capaz de concretizar a obra, antes mesmo que ela se inicie na tela do computador. Em uma simples comparação, o audiovisual na internet seria o mesmo caso fossemos ao cinema e nós mesmos teríamos de subir na cabine de projeção e controlar a maquia que exibe o filme. Liga-la, colocar o filme nas bobinas, controlar o foco de luz e assim iniciar a projeção."

Ainda nesse artigo, Filho mostra as três divisões do prazer estético definidas por Jauss: poeisis (prazer de se considerar um co-autor da obra), aisthesis (prazer diante da obra e reconhecimento diante do imitado) e katharses (experiência que transforma o indivíduo, nas suas convicções e mentalidade). Estas três sensações do receptor diante de uma obra podem inspirar os profissionais de comunicação, dentro das empresas ou das instituições, a realizarem estratégias para promoverem suas ideias, seus ideais, serviços ou produtos.

Em relação a poeisis, pode-se aplicá-la aos conceitos de prosumidor (novo consumidor) e na prática do crowdsourcing advertising, que já foram vistos em vários artigos deste blog. Ou seja, o indivíduo, portador de parte da autoria de uma obra (seja física ou intelectual) e reconhecido pela empresa (a importância da aisthesis passa por esse ponto), passa por uma experiência que muda sua mentalidade acerca de um determinado conceito (katharses) sente-se motivado a continuar comprando/utilizando aquele produto/serviço.

Enfim, a Estética da Recepção se torna uma teoria de grande utilidade aos profissionais de Comunicação, por trazer essa consciência da importância do bom recebimento de quaisquer mensagens pelo receptor, para que mal-entendidos e até crises possam ser evitadas.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O futuro já começou - Comunicação por uma vida mais saudável

Muitas pessoas acabam, por meio do grande avanço tecnológico, se dedicando mais a atualizar os seus perfis nas redes sociais, sentados diante de um computador ou de outros dispositivos, do que a "atualizar" a sua saúde, praticando atividades físicas. Isso acontece muito principalmente com várias crianças, que ficam horas e horas na Internet e desenvolvem um risco grande de obesidade, como mostram Geralda Nascimento, Lessandra Benevides de Araújo, Marlene Ferreira de Abreu e Philemon Arantes Ribeiro no artigo O Comportamento dos Pais, Educadores e Sociedade frente à Obesidade Infantil em Morrinhos - GO (2011, p. 17):

"Conscientizar a sociedade da importância das atividades físicas regulares como fator de prevenção da obesidade infantil, levando pais e educadores a incutir nas crianças a necessidade de uma urgente mudança de hábitos, abandonando o modo de vida sedentário, advindo das novas tecnologias (como TV e o computador) partindo para a redescoberta de modalidades esportivas (natação, futebol, danças, lutas, etc.) e lúdicas (corridas, caminhadas, passeios de bicicleta) que integrem toda a família num estilo de vida saudável e prazeroso."

Vendo esta situação, os órgãos competentes na área de Comunicação e de Publicidade já possuem uma estratégia para amenizar essas consequências: a FENAPRO (Federação Nacional das Agências de Propaganda) participa da campanha O Futuro Promete. Eu Quero Chegar Bem Lá, lançada no último dia 18 de novembro. Segundo matéria publicada no Portal Exame, essa é a primeira grande campanha publicitária de massa realizada no Brasil para incentivar os hábitos saudáveis e a melhora da qualidade de vida das pessoas.

Quando o site da campanha é aberto, a primeira página já pergunta a idade do internauta que visita o endereço. Após isso, é mostrado um vídeo de acordo com a resposta dada anteriormente, ou seja, um exemplo de como se movimentar e ter hábitos saudáveis de acordo com a faixa etária correspondente, como este vídeo para as pessoas com idade aproximada a 20 anos.


Ainda no site, há um espaço específico para as empresas que desejarem aderir a esta ideia, por meio de uma logomarca exclusiva, e a mostra das campanhas publicitárias da ação, tanto na mídia televisiva, quanto nas revistas. É mais uma iniciativa de comunicação que busca retirar as pessoas de uma atitude passiva para, conscientizando-se da situação em que vivem, mudarem seus hábitos e terem uma vida mais saudável no futuro.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Consumidor como protagonista - Prática da crowdsourcing advertising no Itaú

Precisa- se começar este post com uma comparação: numa telenovela, o protagonista é aquele que está na frente de todas as boas ações e recebe o retorno, quase sempre positivo, dos telespectadores, e também recebe sugestões e elogios sobre o seu trabalho, que precisam ser assimilados. Assim, as empresas, como "protagonistas da sociedade", precisam deixar de somente enviar mensagens ao receptor (muitas delas desnecessárias e que importem apenas a alguns grupos da sociedade), mas, algumas vezes, ceder o papel de protagonista ao cliente para que ele possa colaborar com a marca, realizar o que mostra o termo crowdsourcing, como mostram Rafael de Angeli e Fabio Malini no artigo Crowdsourcing e colaboração na internet: breve introdução e alguns cases (2011, p. 4):

"(...) O termo crowdsourcing (crowd = multidão; source = fonte) se localiza exatamente na passagem de uma paisagem midiática em que o conhecimento da multidão é adotado nos circuitos de comunicação a partir de uma lógica testemunhal ("usei o produto e ele me fez assim") para uma lógica imersiva, em que os gosto/opinião é construído, em regime de cooperação, dentro de comunidades virtuais que marcas, governos e instituições inventam para que a multidão dê novos usos aos seus produtos. As estratégias de crowdsourcing funcionam, no campo da publicidade e propaganda, rompendo o paradigma do anúncio interativo (rich media) para difundir agora, na web 2.0, o paradigma da publicidade como um serviço tecnológico."

Um exemplo recente de como essa visão de produtor-receptor na publicidade mudou, e até quase se inverteu, é o caso do Banco Itaú, que lançou, neste ano, um concurso com base num filme da campanha do Seguro de Vida, em que o pai filma seus momentos com a filha, em cenas do dia-a-dia, com um tom acolhedor, caseiro e emocional, já que o parentesco dos dois é o mesmo na vida real. O vídeo teve, até o presente momento, mais de 2 milhões de acessos no Youtube.



Guilherme Jahara, diretor de criação da DM9, em entrevista a AdNews, falou da complexidade em se falar de seguro de vida e de como mostrar este produto, que apoia as famílias nas eventualidades da vida, de uma forma menos melancólica: "(...) Mas, usando emoção e com um argumento tão simples quanto a constatação de que há coisas na vida que você não pode garantir que não aconteçam, mas que ao menos mais segurança você pode deixar para sua família, levamos o consumidor a refletir e ver que na verdade um seguro de vida é algo bem positivo". 

Além deste vídeo, houve um concurso disponibilizado no hotsite do Seguro de Vida Itaú que escolheu o melhor vídeo feito com este tema, utilizando-se de imagens e vídeos e de um tutorial disponível no site, para ser transmitido em rede nacional no feriado do último dia 15 de novembro. O hotsite ainda permanece no ar, para as pessoas que quiserem montar vídeos para compartilhar na Internet.

Dentre centenas de vídeos produzidos (e mais de 150 mil acessos ao site), a vencedora desta ação foi a paulista Maria Fernanda Gomes Capellato, que fez um filme com os seus filhos. Neste ponto, entra a prática da crowdsourcing advertising, porque a cliente se tornou protagonista, diretora e redatora de um comercial do banco, havendo, assim, a terceirização da produção publicitária. Para encerrar o post, o vídeo vencedor do concurso.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Relações Públicas e sustentabilidade corporativa: uma caminhada necessária

Um dos temas mais discutidos e que se tenta valorizar nas empresas e nas instituições é a sustentabilidade. A visão que muitas pessoas possuem quando se ouve falar nesta palavra é de ações que preservem a Natureza, que respeitem o meio ambiente. Porém, o termo sustentabilidade não se restringe a este nicho de pensamento. Dentre os vários tipos de sustentabilidade existentes, o que será destacado hoje no blog é a chamada sustentabilidade corporativa.

Primeiramente, quando se fala no ambiente corporativo (empresarial), lembra-se muito de que o ambiente interno não é formado por pessoas inertes, mas sim por seres vivos, que possuem sentimentos, anseios, valores e intenções. Para entender o conceito de sustentabilidade corporativa (chamada também de social), pode-se verificar o que reflete Carlos Hiroshi Côrtes Ouchi no artigo Práticas de sustentabilidade corporativa no Brasil: uma análise do setor de papel e celulose (2006, p. 22):

"Sustentabilidade Corporativa é um conceito novo, alvo de grande interesse, tanto acadêmico quanto empresarial. Baseia-se na idéia de que um bom desempenho nas esferas ambiental e social agrega valor à companhia e, por isso, deve ser tratado com importância equivalente ao desempenho econômico. Tal visão de negócios ancora-se no chamado triple bottom line – ou geração de valor levando em conta as dimensões econômico-financeira, ambiental e social. Torna-se, assim, nova referência em gestão de negócios, pois pressupõe mapeamento adequado de riscos e oportunidades, nas diversas áreas de interferência da corporação sobre a sociedade e seus agentes."

Como entender o valor da Sustentabilidade Corporativa para as organizações, e mensurar a importância do profissional de Relações Públicas para esta prática? É necessário entender, em primeiro lugar, que uma das funções referentes a esta profissão é a harmonização de públicos, seja entre os internos ou entre estes e o externo. Como a sustentabilidade, de um modo geral, tem esta função de harmonizar a utilização dos recursos naturais, pode-se fazer este paralelo: os recursos humanos (no caso, os colaboradores) precisam ser harmonizados para que a empresa possa se desenvolver com maior afinco.

Enfim, este conceito de sustentabilidade corporativa é contemporâneo e necessário para entendermos o organograma das empresas de maneira mais sustentável. Para encerrar este post, uma entrevista com Luiz Carlos Cabrera, sócio fundador da AMROP-PMC, que fala sobre liderança sustentável.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Identidade virtual e tecnologia - A "twitterização" das pessoas nos campos de futebol

Para começar este post, uma pergunta que parece ser básica para muitos: como identificamos uma pessoa em meio a uma multidão? Informalmente, isso é feito pelo conhecimento do nome, dos traços físicos e pela convivência com a pessoa em questão. Formalmente, os documentos como o RG, o CPF, a certidão de nascimento, os crachás de empresas, entre outros, fazem com que a pessoa possa ser reconhecida facilmente até mesmo por desconhecidos.

E no mundo virtual? Muitas vezes, os nomes completos são trocados por endereços de e-mails que podem expor outros tratamentos dados à pessoa, como apelidos ou outras caracterísiticas. Para mostrar um caso específico, o Twitter, para nomear seus perfis, utiliza o seguinte esquema: o símbolo @ + o nome que a pessoa desejar.

Recentemente, diversos clubes de futebol fizeram a substituição, mesmo que por apenas uma partida, dos nomes de seus jogadores ou de seu próprio time pelos endereços de seus respectivos perfis do Twitter. Quem promoveu primeiramente esta iniciativa foi o clube espanhol Valência, no mês de setembro de 2011, durante um jogo contra o Barcelona, válido pelo Campeonato Espanhol, que acabou empatado por 2 a 2. Na ocasião, o time estampou o endereço @valenciacf, perfil oficial do time nesta rede social, como se pode ver nos jogadores de camisa branca na foto a seguir. 


Já neste mês de novembro, um time mexicano deixou que o pássaro azul do Twitter fosse mais além nos gramados. Jaguares de Chiapas, time da primeira divisão do México, lançou camisetas que subsituem o nome dos jogadores pelos perfis no Twitter, além da inserção do perfil do patrocinador nas costas dos uniformes.
Com estas duas situações, pode-se perguntar: há algum risco da identidade virtual dos indivíduos superar a real, ou substituí-la, em alguns contextos de nossa sociedade? Há, certamente, em muitos perfis virtuais, uma substituição de imagens e de sentimentos sobre uma pessoa, como mostram Arthur Meucci e Artur Matuck no artigo A Criação de Identidades Virtuais através das Linguagens Digitais (2005, págs. 3-4):

"Estas ferramentas tornam-se, portanto, linguagens digitais que possibilitam a construção de um novo tipo de identidade. Estas instâncias na rede permitem observar a ligação entre padrões estéticos e construção identitária. Nessa, as manifestações pessoais usam cada vez mais imagens. Fixas, panos de fundo, ou animadas como os GIFs e outros recursos que dão a sensação de animação. Cores, formas, traços, design, todas elas constroem corpos virtuais. Expressam a subjetividade das emoções.
Palavras, cores, pinturas, fotos, todos os elementos retratados em blogs, fotologs, e sites passam a fornecer um tipo de identidade para as pessoas. Não mais o meramente físico, mas, sobretudo o psicológico. O sentimental. Tentam, cada vez mais, retratar ou criar o simulacro mais perfeito possível com a realidade."

Ou seja, o simulacro com a realidade existe. Não são poucos os casos em que pessoas modificam sua aparência e até seus dados pessoais na Internet  - utilizando-se de um eu desconhecido pelo próprio indivíduo que o absorve - para serem reconhecidos pela sociedade. No caso dos times que colocaram os perfis virtuais nas camisas "físicas" (reais), a situação é um pouco diferente: há a virtualização dos espaços em que os jogadores se encontram ("a qualquer tempo, a qualquer lugar", pode-se ver o que eles estão fazendo, através das "pistas" deixadas nesta mídia social), só que, muitas vezes, pode ser um "eu" conhecido ou com "máscaras", com imagens distorcidas.

Enfim, esta "twitterização" de jogadores nos campos precisa ser vista com maior cuidado, para que a competição física, real, não seja deixada de lado, e que a identidade virtual não seja tão predominante quanto a real.

OBS.: Quer participar da ação ILoveRP 2011? Basta visualizar a página do blog no Facebook e contribuir!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Como comunicar o incompreensível? - As diversas expressões da morte na mídia

Neste dia 02 de novembro, celebra-se o dia de Finados, momento em que as pessoas se lembram com maior intensidade dos parentes, amigos e personalidades que já morreram. Mas como este dia foi estabelecido e por que razão específica ele foi instituido? É o que explica este artigo do Almanaque Brasil Cultura:

"Sua origem mais provável vem da cultura do povo Celta, que habitava no início o centro da Europa, mas entre o II e o I milênios a.C. (1900 – 600 a.C.) foram ocupando várias outras regiões, até ocupar, no século III a.C., mais da metade do continente europeu.
(...)
Segundo diversas fontes sobre o assunto, o Catolicismo se utilizou da data, que já era usada pelos Celtas desde muitos séculos atrás, para o dia da reverências aos mortos.
(...)
Segundo prega a tradição da Igreja Católica, o Dia dos fiéis defuntos, Dia dos mortos ou Dia de finados é celebrado no dia 2 de Novembro, logo a seguir ao dia de Todos-os-Santos. Desde o século II, os cristãos rezavam pelos falecidos, visitando os túmulos dos mártires para rezar pelos que morreram.
No século V, a Igreja dedicava um dia do ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém lembrava. Também o abade de Cluny, santo Odilon, em 998 pedia aos monges que orassem pelos mortos.
Desde o século XI os Papas Silvestre II (1009), João XVII (1009) e Leão IX (1015) obrigam a comunidade a dedicar um dia aos mortos. No século XIII esse dia anual, que até então era comemorado no dia 1 de novembro, passa a ser comemorado em 2 de novembro, porque 1 de novembro é a Festa de Todos os Santos."

Como se pode ver, esta homenagem feita às pessoas que já faleceram é antiga. Mas, como a mídia vê, por muitas vezes, a ocorrência da morte e como ela é vista pelos meios de comunicação? Como um espetáculo, um simples número ou como algo natural, pelo qual todo ser humano passará, mais dia ou menos dia?

Observando alguns artigos relacionando os dois temas, é possível ver a diversidade de tratamentos que a mídia propicia a este fenômeno, chamado por muitos como a única certeza que o Homem possui em sua existência. Quando acontece, por exemplo, um acidente de grandes proporções, a morte é tratada como um espetáculo, não no sentido da beleza, mas sim em relação aos seus detalhes mais sórdidos e dramáticos, como mostra Michele Negrini no artigo A morte no telejornalismo: o caso do voo 447 da Air France no Jornal Nacional (2009, p. 27):

"No caso do acidente com o voo 447 da Air France, a morte de mais de 200 pessoas tomou proporções de acontecimento jornalístico e teve detalhes espetaculares explorados. Como nos primeiros dias que seguiram à tragédia houve poucas pistas sobre o acontecimento, alguns veículos de comunicação acabaram utilizando muita “criatividade” para fazer a cobertura. No caso do JN, ocorreu a realização de uma espécie de “espetáculo”, que contou com vários ingredientes, como a exploração de emoções das famílias das vítimas, a demonstração da árdua busca por destroços, além do detalhamento da repercussão do fato trágico pelo mundo e da tristeza gerada por ele."

E quando a morte anunciada simplesmente é desmentida de uma hora para outra? Antes do caso de Amin Khader, promotor de eventos e repórter da Rede Record, já discutido neste mesmo blog, o ex-governador de São Paulo Mário Covas teve sua morte, ocorrida em 6 de março de 2001, antecipada em 21 dias pelo UOL. Segundo matéria publicada no Observatório da Imprensa, a página foi prontamente retirada do ar e, na avaliação de Mary Zaidan, assessora de imprensa de Covas, o episódio foi um descuido do provedor.

Portanto, tratar de um assunto tão delicado e que interfere na vida de muitas pessoas não é algo para ser feito de qualquer maneira. Assim como os médicos se preparam para dar à família a notícia da morte de um ente querido, a mídia também precisa ter uma certa dose de bom senso e cuidado nesta hora tão delicada.