terça-feira, 1 de novembro de 2011

Como comunicar o incompreensível? - As diversas expressões da morte na mídia

Neste dia 02 de novembro, celebra-se o dia de Finados, momento em que as pessoas se lembram com maior intensidade dos parentes, amigos e personalidades que já morreram. Mas como este dia foi estabelecido e por que razão específica ele foi instituido? É o que explica este artigo do Almanaque Brasil Cultura:

"Sua origem mais provável vem da cultura do povo Celta, que habitava no início o centro da Europa, mas entre o II e o I milênios a.C. (1900 – 600 a.C.) foram ocupando várias outras regiões, até ocupar, no século III a.C., mais da metade do continente europeu.
(...)
Segundo diversas fontes sobre o assunto, o Catolicismo se utilizou da data, que já era usada pelos Celtas desde muitos séculos atrás, para o dia da reverências aos mortos.
(...)
Segundo prega a tradição da Igreja Católica, o Dia dos fiéis defuntos, Dia dos mortos ou Dia de finados é celebrado no dia 2 de Novembro, logo a seguir ao dia de Todos-os-Santos. Desde o século II, os cristãos rezavam pelos falecidos, visitando os túmulos dos mártires para rezar pelos que morreram.
No século V, a Igreja dedicava um dia do ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém lembrava. Também o abade de Cluny, santo Odilon, em 998 pedia aos monges que orassem pelos mortos.
Desde o século XI os Papas Silvestre II (1009), João XVII (1009) e Leão IX (1015) obrigam a comunidade a dedicar um dia aos mortos. No século XIII esse dia anual, que até então era comemorado no dia 1 de novembro, passa a ser comemorado em 2 de novembro, porque 1 de novembro é a Festa de Todos os Santos."

Como se pode ver, esta homenagem feita às pessoas que já faleceram é antiga. Mas, como a mídia vê, por muitas vezes, a ocorrência da morte e como ela é vista pelos meios de comunicação? Como um espetáculo, um simples número ou como algo natural, pelo qual todo ser humano passará, mais dia ou menos dia?

Observando alguns artigos relacionando os dois temas, é possível ver a diversidade de tratamentos que a mídia propicia a este fenômeno, chamado por muitos como a única certeza que o Homem possui em sua existência. Quando acontece, por exemplo, um acidente de grandes proporções, a morte é tratada como um espetáculo, não no sentido da beleza, mas sim em relação aos seus detalhes mais sórdidos e dramáticos, como mostra Michele Negrini no artigo A morte no telejornalismo: o caso do voo 447 da Air France no Jornal Nacional (2009, p. 27):

"No caso do acidente com o voo 447 da Air France, a morte de mais de 200 pessoas tomou proporções de acontecimento jornalístico e teve detalhes espetaculares explorados. Como nos primeiros dias que seguiram à tragédia houve poucas pistas sobre o acontecimento, alguns veículos de comunicação acabaram utilizando muita “criatividade” para fazer a cobertura. No caso do JN, ocorreu a realização de uma espécie de “espetáculo”, que contou com vários ingredientes, como a exploração de emoções das famílias das vítimas, a demonstração da árdua busca por destroços, além do detalhamento da repercussão do fato trágico pelo mundo e da tristeza gerada por ele."

E quando a morte anunciada simplesmente é desmentida de uma hora para outra? Antes do caso de Amin Khader, promotor de eventos e repórter da Rede Record, já discutido neste mesmo blog, o ex-governador de São Paulo Mário Covas teve sua morte, ocorrida em 6 de março de 2001, antecipada em 21 dias pelo UOL. Segundo matéria publicada no Observatório da Imprensa, a página foi prontamente retirada do ar e, na avaliação de Mary Zaidan, assessora de imprensa de Covas, o episódio foi um descuido do provedor.

Portanto, tratar de um assunto tão delicado e que interfere na vida de muitas pessoas não é algo para ser feito de qualquer maneira. Assim como os médicos se preparam para dar à família a notícia da morte de um ente querido, a mídia também precisa ter uma certa dose de bom senso e cuidado nesta hora tão delicada.

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