sábado, 26 de novembro de 2011

Relações Públicas e a Estética da Recepção: uma importante parceria

Muitas vezes, tanto na faculdade, em estágios ou no próprio mercado de trabalho, estuda-se muito sobre as técnicas para formular uma mensagem para agradar um público específico. Mas, como estudar a forma pela qual essas mensagens chegam ao receptor, como são recebidas e a reação de cada pessoa sobre a mensagem em si? Uma das teorias utilizadas é chamada de Estética da Recepção, que surgiu na década de 1970 por vários téoricos, como Hans Robert Jauss, Wolfgang Iser e Umbeto Eco.

Esta teoria, que surgiu com a finalidade de analisar obras de arte e literárias, pode ser aplicada em outros meios de comunicação e é uma grande aliada do profissional de Relações Públicas para entender como o receptor é atingido por uma obra qualquer, tangível ou não.

Um exemplo desta aplicação está presente no artigo A linguagem ficcional do cinema na internet: a interação entre o usuário e o computador na perspectiva das teorias da Estética da Recepção, de Francisco Machado Filho, escrito em 2005, que mostra uma definição de Umberto Eco, que denomina o leitor como o leitor-modelo, pois esse segue as orientações do autor sem se envolver pessoalmente.  Inspirado nesta definição, o autor daquele artigo transfere esta significação para o meio virtual (2005, p. 9):

"Na internet podemos também prever o usuário-modelo, aquele capaz de concretizar a obra, antes mesmo que ela se inicie na tela do computador. Em uma simples comparação, o audiovisual na internet seria o mesmo caso fossemos ao cinema e nós mesmos teríamos de subir na cabine de projeção e controlar a maquia que exibe o filme. Liga-la, colocar o filme nas bobinas, controlar o foco de luz e assim iniciar a projeção."

Ainda nesse artigo, Filho mostra as três divisões do prazer estético definidas por Jauss: poeisis (prazer de se considerar um co-autor da obra), aisthesis (prazer diante da obra e reconhecimento diante do imitado) e katharses (experiência que transforma o indivíduo, nas suas convicções e mentalidade). Estas três sensações do receptor diante de uma obra podem inspirar os profissionais de comunicação, dentro das empresas ou das instituições, a realizarem estratégias para promoverem suas ideias, seus ideais, serviços ou produtos.

Em relação a poeisis, pode-se aplicá-la aos conceitos de prosumidor (novo consumidor) e na prática do crowdsourcing advertising, que já foram vistos em vários artigos deste blog. Ou seja, o indivíduo, portador de parte da autoria de uma obra (seja física ou intelectual) e reconhecido pela empresa (a importância da aisthesis passa por esse ponto), passa por uma experiência que muda sua mentalidade acerca de um determinado conceito (katharses) sente-se motivado a continuar comprando/utilizando aquele produto/serviço.

Enfim, a Estética da Recepção se torna uma teoria de grande utilidade aos profissionais de Comunicação, por trazer essa consciência da importância do bom recebimento de quaisquer mensagens pelo receptor, para que mal-entendidos e até crises possam ser evitadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário