terça-feira, 8 de novembro de 2011

Identidade virtual e tecnologia - A "twitterização" das pessoas nos campos de futebol

Para começar este post, uma pergunta que parece ser básica para muitos: como identificamos uma pessoa em meio a uma multidão? Informalmente, isso é feito pelo conhecimento do nome, dos traços físicos e pela convivência com a pessoa em questão. Formalmente, os documentos como o RG, o CPF, a certidão de nascimento, os crachás de empresas, entre outros, fazem com que a pessoa possa ser reconhecida facilmente até mesmo por desconhecidos.

E no mundo virtual? Muitas vezes, os nomes completos são trocados por endereços de e-mails que podem expor outros tratamentos dados à pessoa, como apelidos ou outras caracterísiticas. Para mostrar um caso específico, o Twitter, para nomear seus perfis, utiliza o seguinte esquema: o símbolo @ + o nome que a pessoa desejar.

Recentemente, diversos clubes de futebol fizeram a substituição, mesmo que por apenas uma partida, dos nomes de seus jogadores ou de seu próprio time pelos endereços de seus respectivos perfis do Twitter. Quem promoveu primeiramente esta iniciativa foi o clube espanhol Valência, no mês de setembro de 2011, durante um jogo contra o Barcelona, válido pelo Campeonato Espanhol, que acabou empatado por 2 a 2. Na ocasião, o time estampou o endereço @valenciacf, perfil oficial do time nesta rede social, como se pode ver nos jogadores de camisa branca na foto a seguir. 


Já neste mês de novembro, um time mexicano deixou que o pássaro azul do Twitter fosse mais além nos gramados. Jaguares de Chiapas, time da primeira divisão do México, lançou camisetas que subsituem o nome dos jogadores pelos perfis no Twitter, além da inserção do perfil do patrocinador nas costas dos uniformes.
Com estas duas situações, pode-se perguntar: há algum risco da identidade virtual dos indivíduos superar a real, ou substituí-la, em alguns contextos de nossa sociedade? Há, certamente, em muitos perfis virtuais, uma substituição de imagens e de sentimentos sobre uma pessoa, como mostram Arthur Meucci e Artur Matuck no artigo A Criação de Identidades Virtuais através das Linguagens Digitais (2005, págs. 3-4):

"Estas ferramentas tornam-se, portanto, linguagens digitais que possibilitam a construção de um novo tipo de identidade. Estas instâncias na rede permitem observar a ligação entre padrões estéticos e construção identitária. Nessa, as manifestações pessoais usam cada vez mais imagens. Fixas, panos de fundo, ou animadas como os GIFs e outros recursos que dão a sensação de animação. Cores, formas, traços, design, todas elas constroem corpos virtuais. Expressam a subjetividade das emoções.
Palavras, cores, pinturas, fotos, todos os elementos retratados em blogs, fotologs, e sites passam a fornecer um tipo de identidade para as pessoas. Não mais o meramente físico, mas, sobretudo o psicológico. O sentimental. Tentam, cada vez mais, retratar ou criar o simulacro mais perfeito possível com a realidade."

Ou seja, o simulacro com a realidade existe. Não são poucos os casos em que pessoas modificam sua aparência e até seus dados pessoais na Internet  - utilizando-se de um eu desconhecido pelo próprio indivíduo que o absorve - para serem reconhecidos pela sociedade. No caso dos times que colocaram os perfis virtuais nas camisas "físicas" (reais), a situação é um pouco diferente: há a virtualização dos espaços em que os jogadores se encontram ("a qualquer tempo, a qualquer lugar", pode-se ver o que eles estão fazendo, através das "pistas" deixadas nesta mídia social), só que, muitas vezes, pode ser um "eu" conhecido ou com "máscaras", com imagens distorcidas.

Enfim, esta "twitterização" de jogadores nos campos precisa ser vista com maior cuidado, para que a competição física, real, não seja deixada de lado, e que a identidade virtual não seja tão predominante quanto a real.

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