segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Não contavam com minha astúcia! - Como usar o Twitter segundo Chapolin Colorado

Nos últimos dias, no microblog Twitter, viu-se a invasão do termo Chapolin Colorado nos Trending Topics Brasil, a lista dos assuntos mais comentados na rede. Entre os resultados da busca, há poucas frases interessantes retuitadas muitas vezes e outros comentários a respeito desta ilustre presença na lista.

Para começar esta análise, é preciso se fazer um breve histórico da série, segundo o site Turma do Chaves. O personagem Chapolin (interpretado por Roberto Goméz Bolaños, mesmo intérprete do Chaves) foi criado em 1970, um ano antes do humorístico Chaves ("El Chavo del Ocho" era o nome original mexicano), e seu nome era proveniente de uma espécie de gafanhoto. O programa de Chapolin foi gravado de 1973 a 1979 na TV Televisa (México), voltando a ativa na década de 1980, dentro do programa "Chesperito", permanecendo em atividades de gravação até 1993. Sua exibição no Brasil começou em 1984, no SBT. Quando o seriado saiu do ar por conta do Horário Político, em 2000, os fãs fizeram um movimento na Internet intitulado: "Volta, Chapolin", que surtiu efeito. Entre 2001 e 2008, Chapolin alternava momentos de baixa e alta audiência (derrotando o Jornal Hoje em algumas oportunidades), até que saiu definitivamente do ar em maio de 2009.


Mas o que este personagem mexicano tem a ver com a utilização do microblog por pessoas e empresas? Para isto, é necessário analisar alguns bordões do Chapolin (retirados do blog Chapolin World) e contrastá-los com a gestão que é feita nas mídias sociais:

Sigam-me os bons! É necessário ter muito cuidado para "atrair" bons seguidores de suas ideias e propostas e para discernir a intenção das pessoas que seguem estes perfis (se ela é uma concorrente disfarçada, como um exemplo disso no âmbito empresarial).

Era exatamente (isso) o que eu iria dizer! (quando alguém tem uma idéia melhor que a dele ou quando ele simplesmente não pensaria nada muito útil) O recurso RT do Twitter expressa exatamente isto e, por este motivo, ele deve ser utilizado com cuidado, não em demasia, e só quando for necessário. Afinal, quem vive por causa de cópias é a Xerox.

"Suspeitei desde o princípio.", quando faz algo errado e se envergonha de admitir o erro, ou simplesmente quando alguém lhe indica um detalhe óbvio que ele não tenha percebido. Essa sarcasidade mostrada por Chapolin neste caso é algo que as empresas NÃO podem fazer. Deve-se fazer o possível para que não haja erros e, se houver, pedir desculpas o mais rápido e eficiente possível.

"Já diz o velho e conhecido ditado popular/provérbio/refrão…", e assim ele cita algum provérbio popular de forma totalmente errada, geralmnete misturando dois ou mais ditados e após se enrolar ele completa dizendo tortamente "Bom, a idéia é essa!" ou "É por aí, assim!". Já é do conhecimento de muitas pessoas que quem confunde ditados populares (ou até mesmo letras de canções) pode ter sua imagem arranhada (vide o exemplo da cantora Vanusa, discutido aqui mesmo neste blog).

Enfim, Chapolin, além de ser um personagem engraçado, pode ensinar muito a respeito de como se comportar nas redes sociais, principalmente no Twitter.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Saber falar e saber ouvir - Não seja uma empresa "Velha Surda"

Há um dito popular que explica o porquê de a anatomia humana possuir dois ouvidos e apenas uma boca: para se falar menos e ouvir mais. No âmbito profissional, muitas empresas acabam tendo sua imagem prejudicada por conta de palavras infelizes e desnecessárias dos seus funcionários (ditas não só pela boca "biológica", mas pela "grande boca" da Internet, em especial pelas mídias sociais).

É o caso já clássico no mundo do Twitter do funcionário da Locaweb que, aparentemente torcedor do Corinthians, acabou dizendo algumas expressões pouco amistosas aos torcedores do São Paulo, time patrocinado pela empresa por dois jogos. E o fim da história já é bem conhecido. O gerente não soube ouvir a política (se existente) da empresa a respeito do uso das mídias sociais e não soube se expressar no microblog, sem ter ideia do grande alcance que uma mensagem de 140 caracteres pode ter.

Outro caso de pessoas públicas se expressando de maneira infeliz pode ser visto aqui mesmo no blog, como o apresentador Raul Gil. Depois de quase um mês da declaração, Raul se retratou, pediu desculpas em rede nacional por aquilo que disse a caloura Amanda Neves e ainda trouxe, para agradar o público ofendido, o Padre Fábio de Melo, pessoa admirada no meio católico.

Mas um grande exemplo de como uma empresa não deve se comportar está presente numa velhinha. Isto mesmo, na personagem Velha Surda, interpretado pelo ator Roni Rios (morto em 2001) que foi destaque dos programas Praça da Alegria (TV Tupi) e A Praça é Nossa (SBT) durante as décadas de 1950 a 1990. Esta velhinha simpática tinha um sério problema: fazia interpretações erradas sobre as conversas do Apolonio (interpretado por Viana Jr., falecido em março de 2010) e desviava todo o foco para assuntos desinteressantes para ele e engraçados para o público.



A Velha Surda é um grande exemplo de como uma empresa não se relacionar bem com seus clientes. Assim como na esquete humorística, pode ser que algumas organizações estejam "fingindo" ouvir as reclamações feitas acerca de seus produtos/serviços quando, na verdade, exprimem um feedback negativo ao cliente, fazendo com que este, assim como o Apolônio, se irrite e nunca mais volte ao local. Necessita-se, portanto, abrir os ouvidos e adestrar as bocas, digitais ou biológicas, para que desentendimentos não ocorram e o progresso da empresa aconteça.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Geração autêntica e com liberdade de expressão? - Caso Fiuk

Este post foi inspirado num comentário feito por esta pessoa que vos fala durante o desenvolvimento teórico da Indústria Cultural, na X INACARP (Integração Acadêmica dos Calouros de Relações Públicas), no dia 17 de agosto, no campus da UNESP/Bauru. Na ocasião, durante a explanação dos conceitos de imaginário e fantasia, chegou-se à parte de considerarmos a questão das imagens como modelos (herois, mitos de auto-realização) - indústria "de massa" como provedora dos mitos. Como exemplos, foram citados a modelo Gisele Bündchen, o publicitário e apresentador de televisão Roberto Justus e o cantor Fiuk. Este último nome é o ponto de partida do post de hoje.

Na INACARP, falei, em tom jocoso, da questão de ele ser realmente um modelo de beleza (para muitas meninas, ele o é) e, depois da apresentação da teoria, um start veio à cabeça: será que estes novos modelos de protagonismo juvenil na mídia fazem jus a este título? Como a Comunicação mostra a imagem e as ações destes novos meninos que invadem as telinhas do computador e da televisão e "conquistam" o coração de muitas meninas?

Como primeiro olhar, pode-se falar de Filipe Galvão, um garoto de 19 anos mais conhecido pelo seu nome artístico: Fiuk. O vocalista da Banda Hori e ator da Rede Globo é filho do também cantor Fabio Júnior e ficou mais conhecido do grande público ao atuar e possuir uma música na abertura do folhetim teen Malhação. Fiuk se tornou rapidamente um sonho de consumo para muitas meninas, principalmente adolescentes; porém, em suas entrevistas, ele mostra várias respostas incoerentes quanto se trata do âmbito comunicacional.

Em entrevista ao Portal IG, o cantor declara que a geração a qual pertence possui uma liberdade total de se expressar, que a "galera" pode vestir e falar o que quer e que, citando palavras dele, "por isso é mais autêntica". Mas esta autenticidade existe de verdade? Como é que foi que Fiuk ficou conhecido do público? Através das mídias (principalmente pela televisão e pela Internet) e pela ação da Indústria Cultural, através do imaginário e da fantasia regressiva. Esta última tem a função de separar as concepções da realidade dos desejos, como os de busca do homem ideal por muitas meninas que acabam tendo amores platônicos pelos astros e estrelas das mídias, providos por quem? Sim, pela Indústria Cultural.

Outro ponto que chamou a atenção nesta entrevista foi a questão da afirmação sobre a liberdade de expressão, que todos podem falar o que quiserem. Depois do fim da ditadura militar no Brasil, esta liberdade, com exceções, ficou mantida, e isso há mais de 20 anos, antes mesmo de Fiuk nascer. E uma das exceções agora ditas veio exatamente do vocalista da Banda Hori.

No mês de julho, Fiuk teve um bate-boca com o videologger Felipe Neto por ridicularizá-lo em um de seus vídeos e de inventar o verbo "fiukar" que, segundo Felipe, é "ato ou efeito de de agir como um verdadeiro retardado, para iludir uma penca de adolescentes igualmente retardadas, de modo a deixá-las com as coxas úmidas pensando que são amadas por um ídolo babaca", causando, assim, a fúria dos fãs da Banda Hori e a resposta do cantor. A confusão inteira pode ser vista aqui e aqui também. Não está em discussão aqui saber quem está certo, e Fiuk realmente precisou se defender (mas não trocar tantas farpas na rede mundial de computadores) mas sim a liberdade de expressão tão falada pelo cantor acabou se virando, de certa maneira, contra ele. Como o velho ditado diz, a pessoa fala o que quiser, mas poderá ouvir o que ela não desejaria.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Mano fala aos manos - Media training e relacionamento com o torcedor

Relacionar-se bem com as pessoas de maior ou menor contato é imprescindível para qualquer pessoa que queira ascender na vida. Ainda mais se for uma pessoa pública, com todos os cuidados que se devem ter em relação a cada indivíduo e às poderosas mídias, como jornais, revistas, rádios, redes de televisão e a Internet, com sua transmissão de dados instantânea e com o fortalecimento das mídias e redes sociais. Qualquer atitude, qualquer palavra dita de maneira ou na hora errada pode causar danos quase que irreversíveis, ainda mais com a grande repercussão que a mídia proporciona aos deslizes de jogadores, artistas, políticos e outros homens públicos.

Para que isto seja evitado ao máximo possível, existe um treinamento chamado media training que, segundo Rabaça e Barbosa (2002, p. 478), citados no artigo O Papel da Media Training dentro de uma empresa, de Gabriela Ferraz, consiste num "programa de treinamento voltado principalmente para diretores e porta-vozes de empresas e instituições diversas, com o objetivo de prepará-los para o relacionamento adequado com a imprensa.". Este treinamento é muito utilizado, não só por empresas, mas também por celebridades e políticos, como o candidato a vice-presidência da República Índio da Costa.

Em todos os casos, é preciso entender que a imprensa, na maioria das vezes, é uma ponte entre a instituição/organização/empresa/pessoa e a comunidade e que, se algum jornalista for agredido ou insultado, a imagem da entidade ou indivíduo poderá sofrer muitos danos e, consequentemente, precisará tomar atitudes a curto prazo para tentar consertar o inconveniente, como o caso que será descrito logo abaixo.

A seleção brasileira de futebol está, como quase todos sabem, de treinador novo: o gaúcho Mano Menezes (a repercussão de sua chegada no âmbito internacional está aqui). Também é sabido por grande parte da população que o antecessor de Mano, o também gaúcho Dunga, teve alguns problemas com a imprensa, principalmente com a Rede Globo (como se pode ver aqui e aqui), sendo elogiado por uns e criticado por outros. A Copa do Mundo passou, o Brasil foi eliminado e Dunga foi demitido do cargo de treinador, assumindo Mano Menezes.

O ex-técnico do Corinthians assumiu a Seleção e conseguiu, já no seu primeiro jogo amistoso contra os Estados Unidos, uma vítoria convincente de 2 a 0, convocando os jogadores desprezados por Dunga e ovacionados pelo povo, como o meio-campista Paulo Henrique Ganso e o atacante Neymar.

Na última terça-feira, dia 17 de agosto, segundo informações do portal Comunique-se, num evento realizado por Galvão Bueno (mostrando a volta das boas relações entre Seleção Brasileira e Rede Globo), Mano criticou seu antecessor, por não estar preparado para assumir este cargo tão importante para o Brasil, e disse que recebeu dicas para tratar os jornalistas com coerência, citando o media training oferecido pela empresa Nike, que o patrocina, e ainda recomendando ao ex-técnico da seleção que fizesse o mesmo.

De fato, Mano sabe se relacionar com as pessoas, desde a época de Corinthians. Não é a toa que ele possui mais de 1 milhão e meio de seguidores em seu Twitter, sendo muito influente nesta mídia social. Até mesmo quando teve sua conta invadida na madrugada de segunda-feira (dia 16/08) por hackers que postaram uma foto do treinador com o palhaço Bozo, Mano conseguiu tirar desta situação indesejada uma brincadeira, como visto aqui. Será que esta lua-de-mel com a imprensa e com a torcida durará até a Copa de 2014, no Brasil? É esperar.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Bem vindos à Indústria Cultural!

*As referências teóricas deste post foram retiradas de anotações feitas durante as aulas de Sociologia da Comunicação, ministradas no 2º semestre de 2009 pela Profª Maria Antonia Vieira Soares.

Este post é inspirado na INACARP (Integração Acadêmica dos Calouros de Relações Públicas), que estará acontecendo de amanhã (dia 17) ao dia 19 de agosto, no campus da UNESP de Bauru. Os alunos do 2º ano do curso estarão apresentando as monografias produzidas na disciplina Sociologia da Comunicação, no 2º semestre de 2009, quando estavam ainda no 1º ano de faculdade, e a temática é voltada para a área da Indústria Cultural, através de análise aprofundada de estudos de caso.

Como quase toda indústria que se preze, é necessário se ter uma política de "portas abertas", ou seja, de visitação para que os interessados possam conhecer melhor o chão em que se está pisando. Edmundo Teofil Branco Newerla, Assessor de Relações Públicas da Saab-Scania do Brasil, numa entrevista ao Sinprorp (Sindicato dos Profissionais Liberais de Relações Públicas no Estado de São Paulo), acredita que este programa é "‘um dos mais eficientes canais de comunicação da companhia com autoridades governamentais, clientes e fornecedores’ (...) ‘qualquer empresa, seja qual for o seu porte ou o produto que fabrique, pode e deve se beneficiar de um bem organizado programa de visitas’.".


Dito isto, pode-se, agora, abrir as portas desta Indústria Cultural para que se possa conhecê-la melhor. Primeiramente, quem "batizou" a indústria com esse nome foram os teóricos Theodor Adorno e Max Horkheimer, lá na década de 1940. Segundo eles, esta indústria promove a alienação (impede o Homem de meditar sobre si mesmo e sobre o mundo que o cerca). Já outros teóricos enxergam aspectos mais positivos desta indústria, como a democratização da cultura, colocando-a ao alcance da "massa", como as músicas de protesto de Chico Buarque que, mesmo fazendo parte desta cultura de lucro, acabaram contribuindo para a formação da consciência das pessoas. 
 
Qual foi a primeira missão desta Indústria? Primeiramente, tirar de circulação a denominação "cultura de massa", contraditória, controvertida e com problemas de ordem metodológica. Em segundo lugar, caracterizar a fase secundária da sociedade capitalista de organização, a tão falada sociedade do consumo, que lida com as mercadorias. Uma grande influência desta indústria é a sociedade industrializada, do tipo capitalista liberal.
 
Dentre os setores desta grande indústria, vários podem ser rapidamente descritos:
 
- Imaginários: conjunto de imagens ou representações que influem na representação que se faz do real. O homem necessita deste para alimentar suas ações, o "ser cotidiano". Edgar Morin ainda considera estes funcionários como a estrutura oposta e complementar do real (Real --> Imaginário --> Real);
- Fantasia: imposição do imaginário. Este setor se subdivide em: progressivo (os desejos e os pensamentos dos seres humanos fluem livremente) e regressivo (difere o fato dos desejos do inconsciente);
- Estereótipos: definidos como impressões ou obras impressas em variados caracteres fixos. Processos de “impressão” (aprendizado, assimilação) de “obras” (ou seja, de características, valores, aspectos) numa “lâmina fixa” (no caso, o homem);
- Fetiche da mercadoria: palavra pode ser traduzida como feitiço e tem a característica de modificar a aparência das coisas, colocando-as como imprescindíveis e essenciais.
 
Depois desta apresentação da Indústria Cultural, é necessário dizer que a possibilidade de transcendê-la é pequena e que a convivência pacífica e crítica com esta organização é essencial para o estudo da realidade que cerca cada indivíduo.
 
Seja bem-vindo!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Errar uma vez é humano, já duas... - Erros e repercussão social

Todos os seres humanos são passíveis de errar, ao menos uma vez na vida, por conta de vários aspectos que diferem conforme o ambiente ou o contexto do momento do deslize. Muitos erros são "comuns" quando se tem uma apresentação em público, como gaguejar, se perder na linha de raciocínio apresentada, esquecer algum nome ou informação importante para o bom andamento do evento. Quando se comete qualquer um destes citados (ou outros que, porventura, foram esquecidos), qual seria a atitude primordial da pessoa atingida por este erro? Pedir desculpas e se aperfeiçoar para não ocasionar, mais uma vez, a mesma situação constrangedora.

Isto não deve ter sido feito pela cantora Vanusa. A intérprete fez grande sucesso na década de 1970, gravou 23 CD's e vendeu quase um milhão de cópias, além de representar o Brasil em vários festivais internacionais e ganhar mais de 200 prêmios. Porém, atualmente, Vanusa é mais conhecida por seus deslizes no presente do que pelo sucesso atingido no passado.

No ano de 2009, a cantora estava numa solenidade da Assembleia Legislativa de São Paulo e foi convidada a cantar o Hino Nacional Brasileiro. Aparentemente alcoolizada, ela se confundiu na execução do hino e errou partes da letra e da melodia, causando incômodo aos presentes. O vídeo foi postado no Youtube, cinco meses depois, por várias pessoas, sendo um grande campeão de audiência no site de compartilhamento de vídeos. Após o vazamento das imagens, a cantora alegou estar com problemas de labirintite, aliados a problemas pessoais, e decidiu procurar um advogado para tirar expressões que atribuiram a ela o estado de embriaguez (como pode ser visto aqui e aqui também) dos vídeos postados na Internet.

Quase um ano depois deste incidente, a cantora volta a ser notícia por conta de erros na execução de músicas, desta vez em Manaus/AM, durante um programa da TV Cultura local em homenagem ao dia dos pais no dia 06 de agosto. Vanusa esqueceu a letra da música "Sonhos de um Palhaço", grande clássico de seu repertório e, ao tentar consertar, acabou cantando um pedaço da música "Como vai você" (as duas canções foram compostas pelo saudoso Antonio Marcos). Mais uma vez, o vídeo foi parar no Youtube e se tornou um grande viral negativo para a imagem da cantora. Segundo o portal da revista Época, o motivo para esta nova gafe foi semelhante a da primeira: uso contínuo de medicamentos e depressão, que já se alastra há um ano.

No microblog Twitter, depois deste fato, o nome da cantora Vanusa foi parar rapidamente nos Trendings Topics mundiais, com a expressão "Vanusa ataca novamente" e com uma ideia mirabolante criada pelos internautas: o pedido para que a cantora interprete a canção "Faroeste Caboclo", do Legião Urbana, uma das músicas mais longas do cancioneiro popular brasileiro. Este pedido, inclusive, tem o apoio de vários humoristas como Monica Iozzi, integrante do Custe o Que Custar (Band) e do global Bruno Mazzeo. Esta ideia surgiu, segundo o jornal O Dia, por um vídeo de um internauta que remixou o vídeo da cantora com a música de Renato Russo.

Pode-se dizer que Vanusa é um exemplo a não ser seguido em relação à conservação de sua imagem, principalmente entre as pessoas mais novas que não puderam presenciar seus momentos de sucesso. Ela necessitaria de um profissional de Relações Públicas para poder ajudá-la a resolver estes problemas de imagem e a não cometer mais estes deslizes em público.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Quem vê cara não vê coração? - A história do teste cego

Uma das atuações importantes do profissional de Relações Públicas é a realização das pesquisas de opinião pública. Elas englobam o levantamento de opiniões e/ou informações de um determinado segmento da população através de vários métodos, como observações, entrevistas, enquetes e questionários.

Um método diversificado de se pesquisar a quantas anda a aceitação do público a um determinado produto, principalmente a bebidas e alimentos, é o chamado teste cego, em que uma marca aborda algumas pessoas que, sem saber as marcas postas, provam os produtos, tanto da empresa em questão quanto das concorrentes, e elegem o mais gostoso ou o melhor, dependendo do objetivo do teste às escuras.

Mas como e quando começou a se fazer estes testes? Segundo uma apresentação chamada Neuromarketing e a Ética, de Elliah Pernas, a tendência de se realizarem testes às escuras (os Blind Tests) não é tão recente assim: "Em 1975, executivos da Pepsi-Cola Company, decidiram lançar uma campanha muito bem divulgada chamada “desafio Pepsi”. Era um desafio simples. Apenas um teste cego envolvendo a Coca-Cola e a Pepsi." Neste teste, foram armados várias mesas em shoppings e supermercados de várias partes do mundo, em que dois copos iguais foram postos à degustação de quem passava. A maioria das pessoas preferiu o gosto da Pepsi ao da Coca-Cola, provocando mudanças na composição do segundo refrigerante.

Várias outras empresas já utilizaram o chamado teste cego para testar seus produtos, como a Microsoft, para ver a aceitação do Windows Vista por quem não o usava, a Kaiser, que realizou este teste em 2006 e 2009, sendo que, nesta última data, criou até um hotsite para que os maiores de 18 anos possam conferir os resultados do teste, que gerou polêmica e reclamações das outras fabricantes de cerveja, como a AmBev, mas a Femsa ganhou a disputa e conseguiu a liberação para divulgar o teste.

Um outro teste cego que pode ser feito agora mesmo é o Blind Search, feito por um funcionário da Microsoft chamado Michael Kordahi, que permite ao usuário identificar três colunas com os resultados da pesquisa. O objetivo é retirar as marcas dos buscadores e ver, entre Google, Yahoo e Bing, qual tem o melhor resultado para aquela palavra-chave. Neste link, alguns testes foram feitos com o "teste cego dos buscadores".

Com isso, pode-se dizer que o teste cego é uma ferramenta para se diagnosticar problemas e soluções para as marcas envolvidas. Esta pesquisa, porém, pode causar polêmicas se não for tratada com inteligência e respeitando, sempre, a opinião e a vontade do consumidor.

sábado, 7 de agosto de 2010

Welcome to the Jungle - Integração como fonte de união

Segundo o Dicionário Michaelis, a palavra integração significa "condição de constituir um todo pela adição ou combinação de partes ou elementos" ou ainda "ação pela qual substâncias estranhas ao indivíduo passam, por assimilação, a fazer parte integrante dele". Através de uma política eficiente de integração, os funcionários de uma empresa podem acolher de maneira dinâmica e eficaz os novos contratados/estagiários.

Num segundo caso, a integração, não só de pessoas, mas também de culturas, é importante para o momento em que uma empresa se une a outra. O que fazer quando isto acontece? Como fazer com que colaboradores das duas empresas entendam a fusão e, ao mesmo tempo, não tenham medo de possíveis demissões? Como reunir culturas corporativas em torno de um mesmo objetivo?

 Foi o caso da fusão Itau-Unibanco, iniciada em 2008. Em meio às confusas condições de trabalho durante a reforma das agências e o risco de demissões em massa, era necessária uma grande ação para que os funcionários e, consequentemente, os clientes pudessem, aos poucos, se adaptar às mudanças decorrentes da fusão. Segundo release divulgada pelo Sindicato de Bancários Pará/Amapá, para aproximar os funcionários dos dois bancos, que virariam um só mais tarde, o Itaú-Unibanco realizou alguns ações interessantes:

"O banqueiro Roberto Setubal, presidente e acionista do Itaú-Unibanco, passou a frequentar o refeitório da empresa, onde comem todos os funcionários. Convencido por Pedro Moreira Salles, presidente do Conselho de Administração, ele e os outros principais executivos do banco perderam a vaga demarcada na garagem e as salas individuais. Agora, Setubal, Salles e mais dez vice-presidentes dividem o mesmo salão. O Itaú, uma corporação conhecida pela disciplina e formalidade, também aboliu o uso de terno e gravata às sextas-feiras - e chamou até a consultora de moda Gloria Kalil para orientar os funcionários sobre a nova etiqueta corporativa."

Há dois fatos interessantes nesta ação: o primeiro é a tentativa de se ter uma maior proximidade dos cargos de chefia com os colaboradores de chão de fábrica, mostrando cumplicidade e interesse pelas ações de quem faz o operacional do banco acontecer. O segundo é a quebra de algumas formalidades na etiqueta corporativa para mostrar maior satisfação em trabalhar para a empresa.
 
Uma outra vertente da chamada integração é o fato do acolhimento de maneira dinâmica e eficaz os novos contratados/estagiários. No caso de um curso de faculdade, o acolhimento dos calouros (chamados, muitas vezes, de "bixos/bixetes"), tanto na esfera social quanto na acadêmica, é importante para que os ingressos possam se acostumar com a nova rotina desta também nova fase da vida de cada um.
 
O curso de Comunicação Social - Relações Públicas do campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP) realiza no segundo semestre, desde 2001, a INACARP (Integração Acadêmica dos Calouros de Relações Públicas), evento idealizado pelos próprios alunos que tem o objetivo de mostrar aos recém-chegados na faculdade a importância do curso e da pesquisa científica para a formação dos futuros profissionais de Relações Públicas. Os discentes do 2º ano do curso apresentam a produção acadêmica realizada no 2º termo, na disciplina de Sociologia da Comunicação. O tema central das monografias apresentadas é a Indústria Cultural e, a partir deste ponto, há estudos de vários casos que se inserem nesta temática. Neste ano, a INACARP acontecerá entre os dias 17, 18 e 19 de agosto, no campus da UNESP em Bauru e, ao clicar aqui, os interessados poderão saber um pouco mais deste evento.
 
Estes são dois exemplos distintos da importância de se ter uma integração maior entre os funcionários e os colegas de curso. Através do trabalho do profissional de Relações Públicas, estas iniciativas de união podem ter resultados satisfatórios.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Pegue seu banquinho e entre de mansinho - Raul Gil e as mídias sociais (2ª Parte - Blog)

* A primeira parte deste post foi divulgada na segunda-feira (02/08) falando sobre a repercussão do Raul Gil e de seu programa no Twitter. Você pode vê-la clicando aqui.

Com a recente mudança de emissora do apresentador Raul Gil, da Band para o SBT, foi necessário um novo site para o programa. O layout em si é simples e prático, agrupando vários conteúdos, como a história do programa e do apresentador, a descrição de cada um dos quadros, espaço para inscrições (atualmente, para Calouros Adultos e para crianças), notícias, galeria de fotos e vídeos do programa, além de links para o Twitter do programa e para o blog, objeto principal de análise deste post. O link para o blog é interessante, pois o chamativo deste é: Solte o verbo no blog do programa! Como será visto, isto é seguido quase que à risca.

O blog possui apenas uma postagem, feita no dia 27 de julho de 2010, falando sobre a estreia do site e prometendo um acompanhamento das gravações dos programas pelo blog, o que ainda não ocorreu efetivamente. No entanto, a repercussão do diário eletrônico é grande: até a manhã de quarta-feira, havia 1200 comentários e os assuntos mais tratados nestes são (números aproximados):

Calouros cantando em Inglês - 43 comentários acerca do fato de quase todos os calouros cantarem músicas internacionais, dando menos prioridade às canções nacionais.

Críticas do Blog - 4 comentários reclamaram das poucas postagens do blog e exigiram uma atualização dos conteúdos.

Diversos - 130 comentários diversos, entre pedidos de atrações musicais e comentários diversos sobre outros temas. O destaque está num comentário criticando o Raul Gil quando ele compara a audiência de seu programa ao da Rede Globo. O autor até muda de cana quando esta conversa começa.

Elogios - 247 comentários elogiando os calouros (em especial, Higor Rocha e Renato Viana), os jurados, a volta de Raul ao SBT depois de quase 20 anos e o tratamento que o apresentador faz às coisas de Deus.

Homenagem ao Artista - 122 comentários sugerindo artistas para serem homenageados no programa. Entre vários citados, se destacam as cantoras Wanessa, Cristina Mel e Fernanda Brum e o cantor Mattos Nascimento (há a predominância de cantores gospel nos pedidos).

Jurados - 124 comentários criticando a nova formação do júri do programa. Destaques feitos ao movimento que deseja a volta de José Messias e Marly Marley ao corpo e as críticas mais pesadas ao instrumentista Caio Mesquita, por sua arrogância e falta de critérios.

Pedidos para Cantar - 29 pedidos para se apresentar no Programa, seja como calouros, seja como atrações (bandas profissionais).

Sonhos de Fãs - 29 comentários de fãs querendo conhecer seus ídolos, com destaque para o cantor Luan Santana, com um "movimento" para que uma fã conheça o fenômeno sertanejo.

Sugestões de Músicas - 28 comentários com sugestões de músicas para que os calouros cantem.

Igreja - Talvez neste ponto esteja o grande erro de um programa comprometido com os seus telespectadores. Só neste item foram feitos 426 comentários acerca de uma declaração infeliz de Raul Gil a uma caloura. Perguntada sobre a sua religião, Amanda Neves declarou que é católica e, a partir daí, Raul começou a fazer brincadeiras com o sacerdócio e com a Eucaristia, causando revolta neste segmento cristão e gerando grandes discussões no blog e em comunidades católicas no Orkut. O vídeo deste momento pode ser visto aqui.

Tirando um pouco o quesito religioso, quando se há uma "crise" como esta, é necessário vir a público e se desculpar com aqueles que foram ofendidos, como o também apresentador Faustão fez uma semana depois de chamar um funcionário de "imbecil" no ar em seu programa. Mesmo com toda esta repercussão, o apresentador ainda não se retratou, nem se justificou sobre o fato em qualquer mídia.

Raul Gil talvez não se lembre que a população católica é ainda a predominante no Brasil e que isto pode ocasionar uma queda na audiência ou, pelo menos, na credibilidade do apresentador. Seria a hora de se utilizar das mídias tradicionais e digitais para se retratar e pedir desculpas a quem se ofendeu para, assim, tentar reconstruir a sua imagem.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Pegue seu banquinho e entre de mansinho - Raul Gil e as mídias sociais (1ª Parte / Twitter)

* Este post será dividido em duas partes por conta da profundidade da análise. A segunda parte será postada na quarta-feira (04/08), falando sobre o blog do Programa Raul Gil e as polêmicas decorrentes dos comentários.

Há muitos casos de instituições e pessoas que passaram por uma mudança de imagem para poderem se adaptar às novas tecnologias e ao novo contexto comunicacional do início do século XXI. Estas modificações podem causar estranheza aos mais tradicionalistas ou euforia aos mais modernos; uma situação, porém, é irremediável: a repercussão acontece.

Um exemplo interessante acontece com o apresentador Raul Gil, que está há quase 45 anos trabalhando em diversas emissoras de televisão, como o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), a Rede Record, Bandeirantes e, atualmente, está de volta ao canal de Sílvio Santos. O programa homônimo possui grande tradição no cenário brasileiro, principalmente pelos quadros do Banquinho (gincana de adivinhação de palavras em que, se o artista não souber, é desclassificado e canta o versinho que abre este post, mas saindo de mansinho...), o Pra quem você tira o Chapéu? (artistas criticando ou elogiando pessoas, coisas e situações distribuídas entre 10 chapéus), as aparições de crianças mostrando seus talentos e as apresentações dos calouros (entre adultos e os chamados Jovens Talentos, com jovens até 18 anos). Mesmo sendo um sucesso de audiência nas emissoras por onde passou (travando batalhas épicas pelo primeiro lugar na audiência, por exemplo, com Luciano Huck), um problema a ser resolvido era a não-identificação com o público jovem.

A partir do ano de 2010, ainda na Bandeirantes, o cenário do programa foi totalmente repaginado, assim como o figurino de Raul, passando uma aparência mais jovem. Além disso, o repertório de muitos participantes começou a atender às tendências do mercado mundial e o corpo de jurados foi totalmente modificado, trazendo a cantora Syang, o instrumentista Caio Mesquita, o cantor Maurício Gasperini (ex-integrante do Rádio Taxi e o mais experiente do júri), o cantor D´Black (substituído pelo também cantor Túlio Dek) e, já no SBT, a entrada do cantor Hudson (que fazia dupla com o Edson).

Esta nova roupagem do programa causou, a princípio, muita estranheza e dúvidas, como o fato de, na Band, não ter uma banda de apoio ao calouro, gerando suspeitas de uso do playback nas audições, além da preferência de muitos cantores em interpretar canções de artistas internacionais, deixando de lado as músicas nacionais (algo comum no Brasil). Com a vinda do apresentador, cansado de ver seu programa cortado pelas transmissões esportivas, ao SBT, as apresentações ganharam maior qualidade e credibilidade, com a presença de uma banda no palco.

Esta tentativa de agradar ao público jovem surtiu efeito. Com a criação do perfil do Programa Raul Gil no Twitter, ainda no ano passado, não demorou muito para que o sucesso de audiência da televisão (ficando em alguns minutos na liderança das concorridas tardes de sábado) se transferisse para o microblog. O perfil é bem estruturado, com 6510 seguidores e 20 perfis seguidos, além de 3 listas: sites e revistas, espectadores e artistas. O único ponto negativo é que o perfil não é atualizado desde 23 de julho, mesmo com a repercussão do programa na mídia.

Outro fato surpreendente é o fato de, em vários sábados, os nomes Raul Gil e/ou Jovens Talentos ficaram na cobiçada lista dos Trending Topics mundiais, agregando posts de pessoas perguntando o porquê do fato, de pessoas elogiando o talento dos calouros (para alguns, melhores do que os do Ídolos, programa da concorrente Record), alguns reclamando da falta de músicas nacionais e outros falando do fato de o apresentador ter falado em público sobre o primeiro lugar nos TT's.

O próprio apresentador possui um Twitter, criado em 20 de julho de 2009, com 6927 seguidores e 23 perfis seguidos por Raul. O grande problema do perfil pessoal é a falta de atualizações frequentes: em mais de um ano de Twitter, Raul Gil tem apenas 18 tweets e, de 18 de outubro de 2009 a 28 de julho de 2010, ele, por motivos desconhecidos, não postou no microblog, voltando a ativa na última quarta-feira.


Este post continua na quarta-feira! Até lá!