"A imagem do apresentador de telejornal, frente ao complexo mundo que se instaura instantaneamente na tela da TV, atua como um vetor emocional de cognição. É pelos olhos, voz, expressão do rosto, corpo e pela roupa que muitos sentidos não lineares do saber se instauram. (...) O apresentador funciona como um reforço emocional às noticias, sinalizando quais são mais importantes e como reagir frente a elas. Assim, um olhar terno, um sorriso espontâneo, um rosto credível remetem o público a uma biblioteca pessoal de situações e emoções que podem reafirmar a crença no outro.".
E quando a emoção no jornalismo não se deve a uma notícia em específico, mas à despedida de um âncora da bancada depois de muitos anos e "boas noites" (ou "bons dias")? Será que é possível, ou necessário, dedicar um bloco de um programa telejornalístico para realizar alguma homenagem de despedida, em substituição a outras matérias?
Foi o que ocorreu na última segunda-feira, dia 05 de dezembro, durante a exibição do Jornal Nacional (Rede Globo), em que Fátima Bernardes, após 14 anos dividindo a bancada com o marido William Bonner, passou o posto para a sucessora Patrícia Poeta, antes apresentadora do Fantástico. No dia 1º, o noticiário já havia cedido aproximadamente quatro minutos para que os âncoras, e uma matéria previamente gravada, comentassem sobre as novidades da grade da emissora, já que Fátima assumirá um projeto próprio nos próximos anos, e que cobrirá a parte das manhãs da programação da Rede Globo.
Já quatro dias depois, um bloco inteiro do jornal foi dedicado a esta transição, com Patrícia Poeta sendo entrevistada por Bonner com um tom de informalidade e com a exibição de duas matérias, que mostraram acontecimentos marcantes das carreiras de Fátima e Patrícia.
Pode-se dizer, mesmo com a excessiva quantidade de tempo dedicado a essa despedida, que o uso do infotenimento não foi tão prejudicial ao objetivo do jornal, pois não houve emoção excessiva (apenas na entrevista coletiva, numa matéria exterior ao estúdio do jornal), ao contrário do que aconteceu na despedida de Rachel Sheherazade do Tambaú Notícias, antes de assumir a apresentação do SBT Brasil devido à repercussão de um comentário da apresentadora sobre o Carnaval, que também foi discutido no RPitacos.
Com um ar mais emotivo, com direito a um mini "Arquivo Confidencial" sobre a vida da profissional e a uma invasão ao estúdio da equipe do telejornal, o vídeo com a mesma duração do da despedida da Fátima teve maiores críticas, como a do blog Te Dou um Dado? Enfim, com o vídeo a seguir, pode-se ver uma grande diferença entre a despedida de Fátima e a de Rachel.
E então, com estes casos, é possível estabelecer um limite de até que ponto vale utilizar a emoção no jornalismo, ainda mais em assuntos da própria emissora que atingem os âncoras do jornal?
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