Uma das críticas feitas às campanhas de trânsito brasileiras, inclusive até explícita num comentário feito ao vídeo anterior, é da necessidade se mostrar a realidade, sem medo das indústrias de bebidas alcoólicas, e de levar as pessoas a refletir sobre suas ações. Para algumas pessoas, portanto, a sutileza (choque implícito) e o fator apenas sugestivo das campanhas brasileiras não são suficientes para conduzir o motorista a uma reflexão e ao choque, como acontece em outros países.
"Alguns especialistas defendem a idéia de que esse é o tipo de campanha que funcionaria no
Brasil e outros que defendem a não utilização desse tipo de campanha, por não surtir efeito. O
fato é que ainda não existem estudos que comprovem essas afirmações, ou se existem, ainda são escassos." (LIMA, R. T. Classificação de Campanhas Educativas de Trânsito. 2009, p. 48).
A edição de número 2248 da Revista Veja (21 de dezembro de 2011) mostrou uma reportagem intitulada Uma campanha exemplar (págs. 90-94), que mostrou a maneira pela qual países, como Austrália e País de Gales, reduziram expressivamente o número de mortes no trânsito, utilizando-se de propagandas que explicitam os riscos de se dirigir, por exemplo, depois de ingerir uma taça de vinho ou de se acelerar um pouco mais para chegar a tempo num compromisso.
Uma característica destas campanhas, produzidas pela TAC (Transport Accident Comission - Comissão de Acidentes no Transporte) é polarizar, de forma súbita, os momentos: de uma confraternização ao acidente e ao desespero dos familiares e amigos com o ocorrido, são apenas poucos segundos de edição. Além disso, há a expectativa de uma identificação do público com os protagonistas, pois as histórias envolvem pessoas comuns, não estereotipadas como loucas ou descontroladas.
Houve resultados? Segundo a matéria, em 21 anos, o número de mortos nas ruas australianas caiu 52%, considerando também o aumento da circulação de automóveis no país. Além disso, muitas propagandas foram exportadas para a Irlanda, África do Sul, Nova Zelândia e Vietnã. O blog tentou selecionar a campanha "menos explícita" para compartilhar aqui, porém, numa rápida pesquisa pelo Youtube, pode-se ver vários vídeos com um conteúdo mais pesado e mais "chocante".
A grande questão que fica, mostradas as duas formas de campanha, é: retratar a realidade e as dores das pessoas de maneira explícita, a fim de não provocar mais acidentes, é sensacionalismo ou leva a uma conscientização? No Brasil, estas propagandas mais radicais fariam sucesso, ou seja, diminuiriam de fato os números da violência no trânsito? Qual seria a estratégia de comunicação ideal para que o objetivo seja atingido, partindo do estudo de cada público-alvo? Fica a reflexão para este final de ano.
Muito boa reflexão. Eu conheço muito bem as campanhas de trânsito na Austrália e elas realmente chocam. São assustadoramente impactantes e realistas. Aqui no Brasil nós tambem temos experiências equivalentes, como aquelas imagens chocantes nos maços de cigarros e as campanhas contra AIDS que sempre foram mais diretas aqui em terra Tupiniquim que no resto do mundo.
ResponderExcluirEu, na minha modesta visão, sou muito a favor dessa transparência e choque.
Parabéns pelo post, pelo blog!!! Gostei muito e vou acompanhar.
Abcs. Mauro Segura.
www.aquintaonda.blogspot.com
Mauro,
ResponderExcluirObrigada pelo seu comentário! Que bom que você gostou do blog!
Acredito também que estas propagandas mais impactantes podem trazer uma mudança de atitudes mais bruscas, mas, infelizmente, pode acontecer da emissora que veicular este comercial ser processada por algumas pessoas ou mesmo ser criticada pelo "sensacionalismo" incluso.
Enfim, apenas um bom comercial não basta para conscientizar totalmente as pessoas: é necessário que as leis se cumpram integralmente, retirando, assim, a impunidade que, infelizmente, é tão comum no Brasil.
Parabéns pelo seu blog também! =)
Abração!