Muitas pessoas querem ter os seus "15 minutos de fama", das mais diversas formas, seja com um vídeo engraçado na Internet, seja mostrando um talento artístico num programa de calouros ou promovendo ideias e personagens nas mídias sociais. Um dos grandes riscos desta busca pelo reconhecimento, segundo Heloisa Prates Pereira e Lígia Isis Pinto Bernar no texto
A superexposição de si como tendência no ciberespaço (2011, p. 03), é a falha que existe nas fronteiras entre o ambiente público e o privado:
"Com a web surgiram novas formas de interação pessoal instantânea, que hoje pode acontecer em ambientes presenciais ou ciberespaciais. Assim como as fronteiras entre público e privado são hoje indefiníveis, também não há separação entre as interações presenciais e virtuais: ambas são experiências que referenciam a vida social e cultural dos indivíduos.
Tais indivíduos podem ser vistos como inquietos e ansiosos, pressionados para saber e compartilhar as novidades antes de todos (...)"
Porém, o outro lado desta moeda também está se manifestando, pelo menos no cenário da publicidade: pessoas famosas são mostradas, mesmo que alegoricamente, como pessoas comuns com profissões não-artísticas, para oferecer aos receptores uma mensagem específica. É o caso da nova vinheta de fim de ano da Rede Globo, em que alguns artistas da emissora são vistos num cenário de festa de Ano Novo, porém desempenhando funções completamente diferentes da vida real, caso do taxista Luciano Huck, do sorveteiro Serginho Groisman, da cozinheira Ana Maria Braga e do carteiro William Bonner, dentre outros artistas.
Após esta breve cena, todos os artistas se reúnem e cantam, juntamente com Roberto Carlos, a tradicional música de fim de ano da emissora. Este comercial tenta mostrar ao receptor uma maior proximidade das celebridades ao cotidiano dos telespectadores ou, como se diz popularmente, para convencer os receptores de que os artistas são "gente como a gente".
Um outro exemplo da utilização de pessoas famosas como simples anônimos, porém, com a finalidade de serem descobertos no decorrer da ação, aconteceu com o jogador santista Neymar. Ele atuou como taxista para divulgar o programa de relacionamento Sócio Rei, exclusivo do Santos Futebol Clube, que permite vários benefícios (viagem com o time, produtos exclusivos do Santos, chat com os jogadores, jogar bola com os amigos na Vila Belmiro) com o acúmulo de pontos em compras de produtos e em idas aos jogos com mando do Santos.
O mote da publicidade é que o Sócio Rei, que será lançado oficialmente em 2012 em comemoração ao centenário do time, pode proporcionar experiências únicas ao torcedor, como, por exemplo, ele pedir um táxi que tem, como motorista, o badalado atacante da Vila Belmiro.
Esta situação é análoga ao quadro Vou de Táxi, inserido no programa Caldeirão do Huck, em que o apresentador dirige um táxi em várias cidades do Brasil e do mundo, encontrando histórias divertidas, interessantes e dramáticas. A diferença deste para o táxi de Neymar é que o último possui apenas 30 segundos de exibição, e tem o seu foco mais voltado à surpresa do passageiro em encontrar o jogador na direção do veículo.
Enfim, transformar, nem que seja por alguns minutos, celebridades em pessoas mais acessíveis ao público em geral pode ser uma boa estratégia para as empresas envolvidas, desde que se pense em que contextos inserir as pessoas famosas para que estas não se prejudiquem na sua imagem.
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