terça-feira, 20 de setembro de 2011

Humanização dos objetos nas relações comunicacionais - Danone e a geladeira do Twitter


Muito se fala em que o homem está se tornando, ao passar dos tempos, uma máquina, diante de tantas obrigações, deveres e trabalhos a serem feitos no cotidiano profissional e pessoal. É como se cada indíviduo tornasse-se um robô, programado para realizar certo movimento ininterruptamente, às vezes sem pensar no que está acontecendo nos outros setores, como vê-se num clássico vídeo protagonizado por Charles Chaplin.

Mas o contrário também pode ocorrer, ou seja, a humanização de objetos pela publicidade, para que o produto anunciado possa ser melhor visto pelo público-alvo. Para entender como funciona esta humanização, não só de objetos mas de sentidos, a autora Ester Vaisman explica no artigo A Usina Onto-Societária do Pensamento (2006, p. 16), da Revista Verinotio, a partir das ideias de Karl Marx:

"No interior desse processo de humanização - dos objetos e dos sentidos, "os sentidos se fizeram assim imediatamente teóricos em sua prática. Relacionam-se com a coisa por amor à coisa, mas a coisa mesma é uma relação humana objetiva para si e para o homem e inversamente/.../ só posso me relacionar na prática de um modo humano com a coisa quando a coisa se relaciona humanamente com o homem". (MARX, 1969:92).
É na atividade prática - que é e só pode ser social - que os sentidos se transfiguram em racionalidade, se tornam conceituação ou abstração. Isto é, ao mesmo tempo em que se tem, na atividade prática, a afirmação central da reciprocidade entre o objeto e a atividade humana, ocorre também que "os sentidos se fizeram teóricos em sua prática", porque em cada relação sujeito-objeto os sentidos se apropriam da coisa humanamente, ou seja, através da ação de seu ser, que compreende e produz saber, ou seja, configurações teóricas. Desse modo, a própria capacidade humana de abstração se desenvolve no interior da atividade apropriadora dos objetos, constituindo um dos resultados no devir humano da própria subjetividade."

No último dia 14 de setembro, o Portal Exame mostrou uma matéria em que se destacava a ação da empresa Danone que, para promover sua marca de água Bonafont, distribuiu, para influentes usuários do Twitter, geladeiras portáteis conectadas à internet wireless e abastecidas com garrafas da bebida.

Os aparelhos ganharam “vida digital” devido a um dispositivo eletrônico capaz de integrá-los à web. Toda vez que a porta do eletrodoméstico for aberta, um tweet é postado no perfil da pessoa, incentivando os seguidores a fazer o mesmo. Caso o dono da geladeira fique 12 horas sem abri-la, o equipamento envia uma mensagem direta para lembrá-lo de que é preciso se hidratar. Abaixo, está um vídeo feito pela Wunderman para divulgar a campanha.


Como se pode perceber, há um exemplo claro de como a humanização de objetos, aliada a um apelo para com a saúde e o bem estar dos consumidores, pode ser bem utilizada numa plataforma de comunicação. O sentido de avisar um usuário do Twitter quando este não abra a "geladeira" para tomar água se transforma numa racionalidade, ou seja, no conceito de que é impossível qualquer ser humano viver sem ingerir água.

Esta ação mostra, portanto, que a humanização de objetos, utilizada de forma equilibrada e consciente na publicidade ou na estratégia de Relações Públicas, pode levar a marca a ter o resultado esperado no planejamento.

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