quarta-feira, 13 de julho de 2011

Valorização da profissão - Assalto à imagem do Relações Públicas na sociedade

Como valorizar a imagem de uma profissão perante a opinião pública? Na maioria das vezes, mostrando exemplos positivos de pessoas (reais ou pertencentes a uma obra de ficção) que exercem dignamente a profissão que escolheram para trabalhar. Mas nem sempre esta imagem positiva é valorizada pela grande mídia.

Surgiu no dia 12 de julho último uma discussão no grupo de Relações Públicas da rede social Facebook acerca do filme brasileiro Assalto ao Banco Central, feito numa parceria entre as empresas Fox Film do Brasil, Globo Filmes, Telecine e NET, e que será lançado nos cinemas . O filme é baseado em fatos reais, porém com personagens ficcionais, e tem, como inspiração, o maior roubo a banco do século na América Latina. Em agosto de 2005, 164.7 milhões de reais foram roubados do Banco Central em Fortaleza, Ceará, sem que fossem disparados tiros ou alarmes. Três meses de planejamento e milhões de reais foram gastos para que o crime fosse bem sucedido.

Vários detalhes poderiam chamar a atenção de um profissional de comunicação, como o lançamento de um livro homônimo um pouco antes da estréia do longa metragem, podendo expressar, segundo a matéria inserida no site, um conceito transmídia, ou seja, "permite a exploração da ficção a partir de diferentes ângulos complementares." Ou ainda a complexidade do site promocional, que traz notícias reais atualizadas sobre o destino dos personagens reais que protagonizaram o assalto, um concurso cultural sobre o filme no Facebook, encerrado no dia 08 de julho, além de outros atrativos nas mídias sociais.

Porém, o que chamou a atenção de alguns participantes do grupo foi a presença do personagem Mineiro (interpretado por Eriberto Leão), codinome de Fernando Veronese, como o "Relações Públicas" do grupo. O nome da profissão está entre aspas neste caso porque ele cursou a faculdade de hotelaria e agia "como se fosse" um comunicólogo. Num vídeo exclusivo para o canal do filme no Youtube, Eriberto Leão explica como é o comportamento de Mineiro e porque ele é chamado de Relações Públicas do grupo assaltante.


Transcrevendo a fala do ator sobre o personagem, pode-se perceber a existência de vários estereótipos que pessoas não possuidoras de um conhecimento profundo sobre a profissão assimilam como uma verdade absoluta:

"O Mineiro é o RP do bando. Ele é responsável por fazer com que as pessoas não desconfiem da presença daqueles homens ali na vizinhança (...) porque ele é boa praça, ele conversa muito bem, ele é simpático, ele é galanteador, então as mulheres ao redor gostam dele porque ele está sempre deixando algo no ar."

O primeiro ponto a salientar é a dita produção de uma "máscara" pelo Relações Públicas, ou seja, a atuação seria a de manipular a população local de modo a que esta aceite e até aprecie a presença dos integrantes do grupo naquela região. Os relações-públicas não manipulam informações, mas as gerenciam e deixam transparecer somente a verdade das instituições atendidas.

Assim como no caso do vilão Fred, da novela Passione, o estereótipo de se admitir uma pessoa para exercer esta profissão somente através da beleza, da retórica e da sedução se faz novamente presente. Mais uma vez, não se consegue enxergar as verdadeiras funções que um relações-públicas exerce nas empresas, e uma delas é mostrada por Valéria de Siqueira Castro Lopes no artigo As Relações Públicas como gestor da imagem e a importância da mensuração dos resultados em Comunicação Corporativa (2005, p. 05):

"(...) a contribuição das Relações Públicas e, conseqüentemente, seu valor econômico residem no estabelecimento e manutenção de relações bem-sucedidas com os stakeholders e o resultado desses esforços seriam: a menor oposição destes públicos aos objetivos organizacionais e um ambiente propício aos negócios. Por isso, as investigações foram conduzidas com o propósito de identificar quais eram as práticas de Relações Públicas e de Comunicação empregadas pelo mercado, além de verificar como as Relações Públicas eram percebidas pelas organizações."

Assim, os profissionais de Relações Públicas precisam levar ao conhecimento geral a verdadeira identidade da profissão, para, assim, evitar que os estereótipos predominem no imaginário coletivo. 

2 comentários:

  1. Roteiros e produtos ficcionais inventam questões sobre várias profissões. Já vi muito filme com advogados e jornalistas bastante cruéis, aéticos, corruptos. Faz parte do jogo da liberdade de criação dos escritores - de livros, de filmes, de minisséries, etc. Por outro lado, o conceito público de advogados ou jornalistas não é depreciado por conta destes programas audiovisuais ou escritos, afinal são profissões estabelecidas e consolidadas no real e no imaginário de nossa sociedade (nestes dois casos especialmente, também por serem profissões muito antigas). Já pra RP os efeitos podem ser danosos: é uma profissão recente e ainda sofre de instabilidade em seu (re)conhecimento. Mas veja: o problema está na segunda parte (falta de credibilidade da área como profissão instituída e regulamentada), não propriamente na primeira (os personagens de ficção).

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  2. Rodrigo,
    primeiramente obrigada por comentar no blog!

    Acredito que há um grande problema na construção dos personagens na ficção, principalmente de profissões mais recentes, praticamente falando, como é o caso das Relações Públicas.

    Uma obra de ficção é mais assistida/lida do que um livro esclarecendo a verdadeira história e as verdadeiras funções de um relações-públicas. É necessário haver, por parte dos órgãos competentes, uma conscientização acerca do papel dos RPs, não endeusando nem menosprezando, mas dando a devida importância à profissão.

    Abraços e obrigada pelo comentário,
    Maíra

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