sábado, 4 de setembro de 2010

Quem disse que conta não é o nosso forte? - Olhar interdisciplinar em Relações Públicas

Há um grande estereótipo atribuído a estudantes e a cursos de Ciências Humanas, principalmente na área de Comunicação, é a expressão "fazer contas não é o forte de vocês" ou "cursos humanísticos não precisam das Ciências Exatas". Algumas pessoas, quando veem os dados do curso de Relações Públicas, por exemplo, se perguntam o porquê de se ter Introdução à Economia, Fundamentos da Administração, Estatística (disciplinas presentes no curso de Comunicação Social - Relações Públicas da UNESP de Bauru) numa profissão inserida na área das Ciências Humanas e que, no "senso comum", não teria contas matemáticas para serem feitas. Será realmente que os comunicólogos realmente não precisam de um pouco de racionalidade para poderem executar suas tarefas com êxito?

Para começar a reflexão, é necessário entender que a grande riqueza dos bons cursos de Relações Públicas é poder contar com um vasto leque (porém, ainda não totalmente preenchido e explorado, visto que o currículo do curso passará por modificações) de disciplinas técnicas, humanísticas e exatas. Ter esta visão abrangente, através de várias "lentes" científicas, é essencial para que o graduado possa se inserir no mercado de trabalho e, mais do que isso, ser um profissional diferenciado.

É o que destacam Ana Karin Nunes e Eliane Benjamin Rivoire no artigo O Ensino de Comunicação Social/Relações Públicas: a Construção de Novos Paradigmas a Partir da Psicologia (pag. 10, acesso em 05 set. 2010) que não trata especificamente das Ciências Exatas, porém traz uma reflexão sobre a importância de ter um olhar mais abrangente, sob vários ângulos das ciências:

"O ser humano busca, permanentemente, aprender coisas novas, em lugares novos. Na universidade isso não é diferente. Muito se tem falado em currículos flexíveis que permitam aos alunos buscarem novas experiências em outros cursos que não apenas o da sua área. No campo da Comunicação Social são várias as tentativas de aproximação dos alunos com disciplinas da Psicologia, da Sociologia, das Ciências Exatas, entre outras. Tudo isso, no sentido de viabilizar não apenas uma formação mais humanística, mas de possibilitar a construção de novas teorias que reforcem ainda mais esse campo do conhecimento."

Um exemplo da importância do olhar racional na prática do relações-públicas é a concepção, aplicação e avaliação das pesquisas de opinião, que necessita dos conhecimentos estatísticos como os conceitos de população, amostra, mediana, histograma, entre outros. Com a tabulação dos resultados obtidos no trabalho de campo, pode-se tirar conclusões importantes para que o objetivo da pesquisa seja alcançado, seja para fins eleitorais, mercadológicos ou sociais. Lembrando que a pesquisa de opinião precisa, além de ser técnica, ser humanística para se verificar o caráter social.

Para encerrar, um vídeo de uma reportagem veiculada no SPTV de 14 de agosto de 2008 mostrando o processo de uma pesquisa de opinião. Mesmo questionada muitas vezes por não abranger uma parcela majoritária da população, esta ferramenta continua tendo um papel fundamental para o uso sincrônico de aspectos humanísticos e matemáticos e para a mensuração da imagem de empresas e pessoas físicas.



P.S.: Aproveitando o espaço, gostaria de agradecer a todas as 1.399 pessoas que votaram em mim para o Prêmio RP do Brasil. Mais do que o 4º lugar na Categoria Estudantil, quem ganha de fato com este prêmio é a profissão de Relações Públicas! Parabéns, Marcello Chamusca e Marcia Carvalhal por esta bela iniciativa!

Um comentário:

  1. Muito bom o post. Vou confessar que não sou daqueles fãs das matérias exatas - modo discreto de dizer que tenho certa aversão aos números - mas é impossível não dizer que são indispensáveis para a formação completa do profissional de RP. O relações-públicas que pretende ter uma visão sistêmica dos processos comunicacionais que envolvem seu trabalho necessita de uma formação ampla e, porque não, diversificada entre as diversas áreas do saber.
    Parabéns pelo blog e pelo post!

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