Nos últimos 20 anos, a discussão de um conceito vem ganhando força nos fóruns e seminários: a junção de duas áreas, de duas importantes interfaces, que se torna, para alguns, uma nova área do saber: a Educomunicação.
Este campo de ação possui várias vertentes, como relata Aparici (1996), citado por Caprino, Rossetti e Goulart no artigo Comunicação e sociedade: faces e interfaces inovadoras, presente no livro Comunicação e Inovação: reflexões contemporâneas (2008, p. 101)*:
- ensinar sobre tecnologia e meios de comunicação;
- realizar com os alunos uma simulação da atividade jornalística;
- analisar os meios e criticá-los;
- mesclar aspectos das três características anteriores.
Há vários modelos de atividades para os profissionais desta área. Dentre eles, está o gesto de levar os veículos de comunicação até as escolas, principalmente os impressos como o jornal. Esta prática é muito antiga, começada nos fins do século XIX e início do século XX na Europa, chegando ao Brasil há aproximadamente 40 anos. O objetivo, a princípio, é simples: incrementar a leitura e a escrita nos alunos, professores e funcionários, incutindo-lhes o hábito de ler. Um exemplo desta prática da educomunicação está no projeto JC na Escola, vencedor do Prêmio Atenção em 2009.
Segundo o site do projeto no jornal, esta iniciativa teve sua primeira experimentalização em 2002, inspirada nas práticas feitas pelo jornal Vale Paraibano e em outros jornais do mundo, como já visto acima. Em 2005, o projeto teve o referendo da UNESCO e foi implantado definitivamente, levando o jornal até as salas de aula de mais de 100 escolas públicas no âmbito estadual:
"(...) através dos professores multiplicadores, possibilita o debate, a análise crítica dos alunos sobre os temas atuais e serve de referência para todas as disciplinas curriculares e os temas transversais. Em 2006, além da importante parceria com a Secretaria da Educação do Estado e a ação que já é desenvolvida com a Diretoria de Ensino – Região Bauru, as Diretorias de Ensino Regiões Botucatu e Jahú passaram a agregar também o programa."
Várias empresas se tornaram parceiras-patrocinadoras do projeto ao longo dos anos, entre elas a UNIMED, a Tiliform, a Ultragaz e Gás Afonso, além do Sindicato dos Contabilistas de Bauru e Região (SindCom) e Escritório Regional da Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), que ajudam na distribuição dos jornais às escolas estaduais e municipais (estas últimas começaram a ser contempladas com o projeto em 2006).
Dentre as atividades feitas pelo programa educativo, há a chamada Mediação da Leitura e a iniciativa aos alunos envolvidos de serem co-autores de livros, tendo a interação entre escolas e o fortalecimento de valores ligados ao civismo e patriotismo.
Outro projeto atrelado ao JC na Escola são as Praças de Leitura JC, consideradas inéditas no mundo. Segundo o jornal, esta ação "visa, em parceria com os estabelecimentos de ensino, criar um espaço diferenciado de leitura na própria escola. Cada instituição vai receber um expositor de jornal e uma bancada para que os alunos possam manusear os exemplares. “A idéia é estimular a leitura em um lugar prazeroso, agradável”, conta Purini, ressaltando que os jornais ficarão arquivados, funcionando como um espaço para pesquisa dos alunos."
Estas iniciativas de educomunicação foram proveitosas para o jornal, pois possibilitaram-lhe compartilhar, simultaneamente, as duas faces da relação jornal-escola: o incentivo à cidadania, a ampliação da leitura e do número de consumidores do próprio veículo, além de construir uma imagem sólida da organização neste aspecto educacional.
*CAPRINO, Mônica Pegurer (org.) Comunicação e inovação: reflexões contemporâneas. São Paulo: Paulus, 2008.
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