terça-feira, 9 de outubro de 2012

Comunicação, marketing e formação da imagem - Duelo ator x personagem

Muito se diz que "quem não é visto, não é lembrado" e ainda que algumas estruturas narrativas ficcionais refletem assuntos da realidade e que ainda outras pessoas confundem personagens da ficção com os atores de verdade, assimilando características dos personagens aos cidadãos.

Mas, no quesito mercadológico, até que ponto o entrelaçamento entre ficção e realidade, entre personagens e garotos-propaganda, pode ser benéfica para a imagem da marca e do(a) garoto(a)-propaganda?

Um exemplo desta prática pode ser visto recentemente, num comercial da operadora de telefonia Vivo. Aproveitando o sucesso da novela Avenida Brasil, da Rede Globo, o ator Murilo Benício - que interpreta Tufão no folhetim das 21h - foi chamado a protagonizar uma campanha da marca, exclusiva para a Internet. Porém, ao invés de se apresentar como o ator em si, oferecendo um testemunhal à marca, ele incorporou o personagem e acrescentou elementos da novela (situações e caracteristicas) ao anúncio publicitário.



Outro caso, porém mais preocupante, é o da participação de atores da novela Carrossel, do SBT, nos programas da emissora. Pelo sucesso que a novela está fazendo na grade de programação, é natural que a exposição dos atores seja intensa. Porém, em relação ao SBT, há um excesso na exposição dos atores, principalmente do público infantil, em programas da televisão. Segundo o colunista Flávio Ricco, há um erro muito grave nesta situação:

"É a velha e conhecida história de quem nunca comeu melado. O SBT continua esmerilhando a imagem de todo elenco infantil de “Carrossel, tornando obrigatória a presença dessas crianças nos seus melhores e piores programas. Curioso é que em alguns, eles são anunciados simples e tão somente com os nomes dos seus personagens. Erram duas vezes."

O anúncio dos atores com o nome de seus personagens é evidente em algumas atrações da emissora. Como exemplo, numa matéria inserida no site do programa Domingo Legal, o nome do ator Jean Paulo Campos, que interpreta o personagem Cirilo, só aparece no último parágrafo do texto, enquanto o nome do personagem aparece quatro vezes. No palco do programa, geralmente o público infantil aparece com as roupas do figurino da novela, reforçando a ligação ator/atriz-personagem.


Acredita-se que a metonímia entre garotos-propaganda e realidade é válida, como no caso da esponja de aço Bombril e o ator Carlos Moreno. Provavelmente este ator não consegue realizar outro trabalho com a mesma proporção que o do Bombril. Entretanto, quando esta interligação se trata de ator com personagem, se não for bem equilibrada e pecar pelos excessos, pode ser algo perigoso para a imagem da pessoa. A melhor maneira é não exagerar na exposição da imagem e não forçar uma memorização dos personagens que pode, sim, acontecer de maneira estratégica e, ao mesmo tempo, natural.

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