quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

#ILoveRP Texto 1 - Relações Públicas no Contexto Contemporâneo (por Adalberto Faria)


Relações Públicas no Contexto Contemporâneo


Adalberto Bahia
Relações-públicas, atua na área comercial da Perdigão.

A profissão de relações públicas, nem sempre exercida por um profissional formado na área, existe para intermediar relações entre a empresa e seus públicos. O relações-públicas é responsável pela manutenção da imagem institucional e tem grande responsabilidade social, por ter papel estratégico na formação da opinião pública, agregando valor para a organização.
            Nos tempos atuais, é perceptível a crescente preocupação a respeito da comunicação organizacional e seus efeitos. As organizações observam a necessidade de relacionar-se com a sociedade, tendo em vista o aumento de consciência dos indivíduos acerca dos seus direitos. Assim, como desde a década de 80 as transformações já sinalizavam, o momento atual exige uma abordagem comunicacional ampla e integrada por parte das organizações, e isso é possível através da atuação do setor de relações públicas.
Kunsch (2006) afirma que neste novo século, as relações públicas vêm sendo mais valorizadas no mercado profissional. Apesar da resistência aos problemas com a polissemia do termo, parte das corporações e dos governos ainda desconhece o verdadeiro significado da abrangência da profissão. Kunsch (2006) observa que esse é um problema comum em nível internacional.
Quanto ao suporte profissional e acadêmico, Kunsch (2006) informa que atualmente a profissão “tem amparo legal, possui órgãos de classe, cursos universitários, cursos de pós-graduação (latu sensu e strictu sensu), produção de pesquisas, publicações técnicas e científicas”.
Kunsch (2006) conta que as relações públicas, tradicionalmente, encontravam-se mais centradas no âmbito empresarial e governamental e que a literatura disponível e formação universitária caminhavam nessa mesma direção. Porém, o cenário modificou-se nas últimas décadas.

Com o fortalecimento da sociedade civil, a valorização do terceiro setor, o crescimento do número de organizações não-governamentais (ONGs), além da existência de inúmeras outras entidades com ou sem fins lucrativos, as possibilidades aumentaram muito. (KUNSCH, 2006)

Neste início de século, de acordo com Kunsch (2006), surgiram novas alternativas de trabalho e grandes perspectivas, que podem ser vistas até como desafios para os profissionais da área. Dentro de tal contexto, percebe-se que, na atualidade, as relações públicas encontram-se no âmbito das organizações, sejam estas empresas, instituições governamentais ou entidades associativas, rurais, comunitárias, hospitalares, sendo os públicos, a opinião pública e as organizações citadas o seu objeto de estudo (Kunsch, 2006).
A habilidade multifacetada das relações públicas, entretanto, apesar de parecer algo positivo, causa dissonância entre o conceito e a identidade da profissão. Segundo Farias (2004 apud MACHADO et al 2006), os conceitos são distorcidos devido á polivalência com a qual as relações públicas inscrevem-se no cenário da comunicação. A obtenção de uma visão objetiva da profissão é prejudicada devido à complexidade do extenso conjunto de ferramentas oferecidas pela atividade de relações públicas.
Muitas novidades têm surgido no mundo organizacional nos últimos tempos e o relações-públicas deve buscar acompanhar as transformações, observando as novas possibilidades de atuação na área que vêm surgindo.
As organizações procuram seguir as tendências do contexto contemporâneo e o relações-públicas, buscando demonstrar seu valor na comunicação, é quem deve administrar a imagem da organização no sentido de direcioná-la de acordo com as mudanças.
As práticas de responsabilidade social, a transparência nas atitudes, o enfoque na comunicação integrada, o bom entendimento da transformação de consciência dos públicos e da sociedade, o uso eficiente dos meios de comunicação e o acompanhamento da velocidade das suas inovações, dentre outros, são desafios para as organizações atualmente e, portanto, constituem-se também em desafios para as relações públicas, presentes e relevantes para a concretização de tais conquistas.

REFERÊNCIAS

MACHADO, Driele Travaglia et al.A evolução teórico-conceitual das Relações Públicas no Brasil. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas. Dezembro de 2006. Disponível em: <http://www.portal-rp.com.br/projetosacademicos/conceituais01/0103.pdf> Acesso em: 12 de março de 2010.

KUNSCH, Margarida M. Krohling. Gestão das relações públicas na contemporaneidade e a sua institucionalização profissional e acadêmica no Brasil. Organicom – ano 3- numero 5 – 2º semestre de 2006. Disponível em: Acesso em:13 de março de 2010.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Valorização do indivíduo e storytelling - Histórias reais em exposição no Museu da Pessoa

Começa-se este post com uma pergunta: quem, em toda a sua vida, já contou alguma história para alguém? Seja esta verdadeira ou não, a cada momento do dia, milhões de histórias, famosas ou anônimas, felizes ou tristes, sonhadoras ou pessimistas, se constróem e reconstróem, e são repassadas aos públicos de várias maneiras.

Este ato de contar histórias, na comunicação, tem um nome específico: o storytelling, tema de variados artigos e dissertações, como a de Juliana dos Santos Padilha que, para obter o título de Mestre em Comunicação pela UNESP Bauru, escreveu a dissertação Storytelling do Blog Me Leva Brasil: Desdobramento de Conteúdo Midiático da TV, Interação com o Telespectador e Propaganda, em que ela relata, no começo, o conceito de storytelling (2010, p. 30) que será utilizado neste post:

"Storytelling é o ato de contar histórias como tradicionalmente é conhecido. Até há pouco tempo, um indivíduo narrador contava, com suas palavras e gestos, uma certa história para uma ou mais pessoas, em geral presentes no ato de produção da narrativa. A narrativa podia se dar de forma natural ou ensaiada. Atualmente, essa prática vem sendo resgatada em escolas, universidades e associações de contadores de histórias."

E esta prática do "contar histórias" é muito importante quando se pensa no ato de resgatar a memória, não só organizacional, mas pessoal também, pois há a valorização daquelas histórias que talvez não foram taxadas de importantes pela mídia, mas que relatam passagens importantes da história brasileira com um olhar diferenciado. Há uma expressão popular famosa que diz: "minha vida daria um filme/um livro". E se a história de vida de muitas pessoas pudesse ser exposta num museu, assim como as obras de arte mais famosas dos mais renomados artistas?

Esta é a intenção do projeto Museu da Pessoa, criado em 1991 na cidade de São Paulo, que possui, como missão, a valorização da história de cada indivíduo por toda a sociedade. Uma equipe de 22 colaboradores e 5 voluntários contribui para o êxito deste museu on-line, que desenvolve três programas de comunicação: Conte Sua História (responsável pela política de captação do acervo do Museu - qualquer pessoa tem a oportunidade de contar a sua história de vida), Memória Institucional (preservação, organização e divulgação da memória das instituições brasileiras de qualquer natureza) e Formação (capacitação de educadores, mediadores de diferentes instituições e integrantes do Museu da Pessoa para o desenvolvimento e implantação de projetos e ações de registro, preservação e divulgação da memória).

Entrando na era digital, o Museu está também na rede de microblogs Twitter, incentivando seus seguidores a participar de seus projetos, seja patrocinando um deles ou escrevendo suas histórias, além de trazer frases para reflexão, histórias em destaque, artigos sobre a instituição e sobre storytelling, promoção de eventos, entre outras ações.

No canal do projeto no Youtube, pode-se encontrar várias histórias de pessoas comuns e o vídeo promocional para as comemorações do Dia Internacional de Histórias de Vida, comemorado no dia 16 de maio. Entre os vários projetos realizados pelo Museu, houve o Memórias da Literatura Infantil e Juvenil, em que escritores, ilustradores, críticos literários e editores contaram algumas histórias de suas vidas. O vídeo a seguir mostra um depoimento do autor Pedro Bandeira ao Museu da Pessoa.



P.S.: Lembram-se do concurso cultural "Para Doar é só Falar", analisado neste blog? Pois é, há um vídeo de quatro amigos meus da UNESP que está concorrendo! O projeto deles chama-se Complete Vidas e o vídeo concorrente do concurso já esta no site! Vale a pena ver e, se quiser, votar, pois ficou muito expressivo e mostra realmente a arte de contar, mesmo que resumidamente, as histórias de famosos e anônimos que doaram a sua vida para os outros.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Media training no futebol e posicionamento perante o público - Scolari e Joel Santana

A maioria das empresas sabem que uma comunicação eficiente e justa com a imprensa é essencial para que haja a consolidação de sua imagem no mercado. Por sua vez, se algum deslize for cometido, a reputação pode ser manchada, e isto leva anos para se recuperar totalmente. Uma saída para esses momentos é, ao mesmo tempo, a mais fácil e a mais difícil: falar abertamente com a imprensa, como mostra Cecília Helena Toledo Vieira no artigo Aspectos Éticos da Comunicação Organizacional: as Relações entre a Cultura e o Poder nas Organizações (2003, p. 82):

"Falar com jornalistas tornou-se um lucrativo negócio para muitos empresários e executivos. Para alguns, conquistar essa relação e mantê-la tornou-se uma questão de sobrevivência. Seja qual for o perfil da empresa, ela aprendeu que atender ao jornalista, ainda que muitas vezes ele cometa injustiças e tenha atitudes antiéticas em sua profissão, é mais sensato do que fechar as portas à imprensa. (...)
Como a imprensa é seletiva, ela escolhe o que é notícia. Mesmo assim, há organizações, na figura de seus executivos, que mantêm políticas e posturas ostensivas aos jornalistas."

Como um exemplo desta situação nas organizações, no Campeonato Brasileiro de futebol do ano de 2010, dois treinadores se destacam por terem comportamentos distintos em relação ao tratamento dado à imprensa especializada: o técnico do Palmeiras Luis Felipe Scolari e o do Botafogo Joel Santana.

O técnico do Palmeiras cometeu um erro de relacionamento com a imprensa na terça-feira (23 de novembro), ao ser ríspido em comentar uma possível "entrega" do jogo contra o Fluminense para não beneficiar o Corinthians, principal rival futebolístico do time, na luta pelo título. O Palmeiras há algumas rodadas jogava com um time reserva, preservando os titulares para a semifinal da Copa Sul-Americana contra o Goiás, jogo realizado na quarta-feira seguinte.



Já o técnico do Botafogo é completamente o oposto: sempre com muita simpatia e paciência, Joel responde a todas as perguntas com clareza e sem perder o bom humor. Até mesmo nas questões mais complicadas ou embaraçosas, ele não perde a paciência e, quando ele não pode ou não quer responder, sempre busca uma maneira de escapar das respostas, sem ofender os jornalistas, como pode se ver no vídeo a seguir, de novembro de 2010.



No vídeo, questionado se ficaria no time do Botafogo ano que vem, Joel promoveu uma metáfora, ao comparar o segredo que se faz acerca do final de um filme à situação dele como treinador, causando risos e esclarecendo, ao mesmo tempo, a pergunta do jornalista. E ainda lamentou o fato de ainda não estar tranquilo no campeonato, pois não poderia tomar um sorvete de morango com flocos, expressão aproveitada no fim da matéria com uma ilustração e com um trecho da música "Baby", de Caetano Veloso, apropriada para o contexto.

A conclusão a que se pode chegar com esses dois exemplos é que, assim como nos times de futebol, a pessoa responsável pela linha de frente de uma empresa precisa saber dosar suas palavras em meio a momentos constrangedores ou de crise e que os profissionais que conseguem ter este jogo de cintura acabam recompensados com o prestígio dos torcedores e a tranquilidade da imprensa.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

As particularidades na visão global - Discurso publicitário da Coca Cola ao redor do mundo

A publicidade e a propaganda, há muito tempo, são armas importantes para que as empresas possam divulgar seus produtos/conceitos/ideias para, assim, conquistar novos clientes e fidelizar os já consumidores. Quando há a divulgação de uma marca em vários países do mundo, é necessário tomar cuidado para que, mesmo com a atribuição de um discurso global padronizado para a comunicação da empresa, sempre haja uma característica particular do país em que se veicula o comercial.

Essa ideia é desenvolvida pela diretora de Assuntos Corporativos e Imprensa da Volkswagen do Brasil Junia Nogueira de Sá no artigo A comunicação no Grupo Volkswagen (2005, p. 75-83)*, partindo da descrição dos encontros entre os comunicadores das suas diversas empresas ao redor do mundo, em que são trocadas ideias, pautas, cartões e contatos. Vale ressaltar, ainda com base nesse artigo, que o Grupo Volskwagen atua em mais de 150 países e tem, como um de seus objeitvos, valorizar as particularidades de cada local.

"(...) Agimos localmente, com independência, mas nunca desalinhadamente, o que torna a comunicação mais eficiente, eficaz e acertada, destinada a cada público em particular e, ainda assim, coerente com os objetivos corporativos." (Idem, ibidem, p. 77).


Um outro exemplo de como o discurso publicitário pode ajudar a, ao mesmo tempo, definir padrões globais e mostrar particularidades locais está presente nas propagandas da Coca Cola. Esta grande organização está presente em mais de 200 países e responde por mais de 400 marcas de bebidas sem álccol. Com essa abrangência, é necessário que se tenha um padrão global de comunicação, mas sempre ressaltando as particularidades de cada país.

Várias propagandas podem ser vistas com essa "pitada" local, como um comercial japonês que teve os personagens do Final Fantasy, com a agitação e a música típicas dos animês japoneses.



Outro comercial muito ligado com o contexto local foi feito em Portugal, em homenagem ao time de futebol nacional pelas campanhas na Eurocopa de 2004 e na Copa da Alemanha de 2006, reforçando a fidelidade entre a empresa e o país.




Há alguns comerciais, entretanto, que seguem um padrão global, como as campanhas de Natal deste ano no Brasil, em Portugal e na versão americana. Mas isto não tira a importância de se manter um discurso empresarial padrão para que a organização e os seus valores sejam reconhecidas em todo o mundo, em sintonia com a valorização das particularidades locais para que o público-alvo de cada país se identifique com a empresa.

*In:  NASSAR, Paulo (org). Comunicação Empresarial: estratégia de organizações vencedoras. Vol. 2. São Paulo, Aberje Editorial, 2005.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Dia Latinoamericano de Valorização das Relações Públicas - Por que?

Este post começa com uma pergunta: o que é valorizar? Segundo o dicionário Houssais em sua versão online, esta palavra possui dois significados:  
(I) Dar valor ou valores a; aumentar o préstimo de, 
(II) Aumentar de valor.
Pode-se entender que, quando se valoriza algo ou alguem, o objeto é destacado dos demais, visto com maior ênfase e cuidados e, consequentemente, seu valor agregado aumenta consideravelmente.

Como foi divulgado em várias mídias ao longo dos meses, hoje, dia 22 de novembro, comemora-se o Dia Latinoamericano de Valorização da Profissão de Relações Públicas. Segundo o site oficial do movimento, a proposta surgiu "em 2006, quando propomos uma grande mobilização nacional para o dia 22 de novembro, transformando-o simbolicamente no Dia Nacional pela Valorização da Profissão de Relações Públicas."

Esta proposta de um dia simbólico pela valorização desse profissional foi idealizada por Marcello Chamusca, coordenador da pós-graduação em Relações Públicas da FBB (Bahia), e Marcia Carvalhal, e se espalhou por todo o Brasil e pela América Latina, tanto que o site oficial apresenta notícias em português e em espanhol.

Como este dia não foi idealizado pelos conselhos federais da profissão (apesar de ter o apoio de muitos deles), há uma certa discussão sobre se este dia é realmente necessário, com opiniões favoráveis - na maioria do resultados da busca pela hastag #22denovembro no Twitter - ou não tão favoráveis assim, além da repercussão em fóruns, blogs e sites representativos desta profissão.

Na opinião pessoal da autora deste blog, este dia é necessário para que se chame a atenção da sociedade ao que realmente significa a profissão de Relações Públicas, porém não se pode resumir esta luta num único dia ou apenas nas datas significativas da profissão, como o próximo dia 02 de Dezembro, dia nacional da profissão. É necessário mostrar para a sociedade com atos concretos e com muito trabalho o que realmente faz um Relações Públicas, não somente choramingando pedindo uma valorização. 

Esta ideia é desenvolvida no artigo Relações Públicas Precisam de Relações Públicas - Uma Análise Comparada da Percepção de Relações Públicas no Mercado e na Academia, de Muriel Cristina de Paula Silva e Manoel Marcondes Machado Neto contido nos anais do I Seminário Brasileiro de Valorização da Profissão de Relações Públicas – SEMBRARP (2007, p. 39-40)

"Os relações-públicas têm de aproveitar esse momento para difundir suas atividades e captar essas oportunidades oriundas de uma maior cobrança da sociedade em relação às organizações por atitudes cada vez mais responsáveis. Essas oportunidades só poderão ser aproveitadas se os profissionais e teóricos de Relações Públicas se adequarem aos grandes desafios do mercado. (...) Para isso, porém, é preciso que as Relações Públicas busquem novas soluções e instrumentos para resolver os problemas das organizações, abandonando técnicas ultrapassadas e inflexíveis à nova situação das instituições."

Para finalizar, é mostrado uma das iniciativas de valorização da profissão, o Prêmio ABRP (Associação Brasileira de Relações Públicas), que está em sua 28ª edição. Abaixo, está o vídeo do seguinte trabalho: As relações de gênero e sua influência na escolha da profissão e perfil profissional de Relações Públicas, desenvolvida por Renata Rippel D'Agnoluzzo Moretti e orientada pela Profª Ms. Silvana Padilha Flores da Universidade de Caxias do Sul e que ficou em 1° Lugar na categoria Monografia Valorização da Profissão.



P.S: Aproveitando este dia, participe da Ação de Valorização #ILoveRP do blog RPitacos. O prazo máximo para o envio dos textos é dia 01/12. Mais informações podem ser adquiridas aqui.

sábado, 20 de novembro de 2010

Protagonismo na comunicação - Dia Nacional da Consciência Negra

Como é sabido pela maioria da população, neste sábado (dia 20 de novembro) comemora-se o Dia Nacional da Consciência Negra, instituido como feriado em mais de 350 cidades brasileiras, incluindo capitais como Maceió (AL), Manaus (AM), Goiânia (GO), Cuiabá (MT), João Pessoa (PB), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).

A data foi escolhida por marcar a morte de Zumbi - líder do Quilombo dos Palmares em 20 de novembro de 1695 e a sanção da lei, além de instituir um dia de homenagens e de reflexão sobre o tema, também traz algumas obrigações, segundo o site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):

"A lei N.º 10.639, de 9 de janeiro de 2003 (...) também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Com isso, professores devem inserir em seus programas aulas sobre os seguintes temas: História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional."

Neste dia de reflexões, é necessário também se perguntar como o negro é visto do âmbito comunicacional e a sua participação nestes meios midiáticos. Um artigo interessante que tenta observar a partir desta ótica se chama Representatividade da Imagem do Negro nos Meios de Comunicação: Revista Raça Brasil e a Imprensa Brasileira, em que a autora Hellen de Paula Pacheco analisa a imagem do negro nos meios de comunicação em vários ambientes comunicacionais, como no teatro, na imprensa, na literatura, no rádio e na televisão. Utilizando-se do último meio citado, Pacheco afirma a disparidade de tratamento entre brancos e negros ainda existente, por exemplo, nas propagandas:

"Os negros mal aparecem em comerciais de TV, mas quando isso acontece são mostrados em papeis secundários, alguns ainda relacionados à “boa empregada”, ou ao “ serviçal obediente”, ou “mulher objeto, mulher sensual, mulher fogosa”, ou “homem fetiche”. 
As propagandas com personagens negros que mostram produtos que não são destinados à raça negra, como Vasenal para pele morena e negra, seus papeis são sempre secundários e dissociados do produto, quando perto assumem papeis estereotipado e, tendem a ficar diluídas e amenizadas pela presença conjunta de representantes do grupo racialmente dominante." (2001, p. 6)
 
Com esses dados, pode-se concluir que é necessário ter uma igualdade nos papéis propostos a brancos e negros, pois ser competente naquilo que se faz independe de quaisquer fatores que não sejam ligados à própria disposição do indivíduo a aprender e a fazer sua parte com eficiência e responsabilidade. Para encerrar essa reflexão, um comercial veiculado pela Caixa Econômica Federal no ano de 2009 em homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra e ao idealizador da data, o professor, poeta e pesquisador gaúcho Oliveira Ferreira da Silveira.
 

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

(De)Formadores de opinião e crise na imagem - Caso Luiz Carlos Prates

Quando se tem, à frente de quaisquer pessoas, um microfone e uma câmera, as expressões que são ditas são de responsabilidade dos indivíduos que as proferem, principalmente quando vêm dos chamados formadores de opinião, que podem modificar a imagem do veículo ao qual estão atrelados, as ideias dos próprios articulistas e as dos outros rapidamente.

No artigo Informação Voltada à Formação de Opinião: uma revisão de literatura (arquivo digital, p. 4), a autora Dulce Maria Baptista analisa os processos mental e social da opinião, a relação desta com a informação e como um objeto de serviço ao público

"Segundo Meynaud e Duclos (1991), a opinião é sempre um construto social, por depender da situação dentro da qual se exprime, sendo ainda bastante fluida para ser captada pela sondagem. Por outro lado, não constitui exatamente um traço definidor daquele que fala, o qual pode rapidamente mudar de posição, proferir um outro discurso, ou fazer algo diferente daquilo que diz. A opinião muitas vezes é formulada no decorrer de uma conversa, que é uma situação elaborada em conjunto por diferentes pessoas, e na qual seu status permanece transitório. Ela se manifesta também nos silêncios, gestos, atos, esses algumas vezes em contradição com as palavras."

Um exemplo recente desta construção da opinião e da responsabilidade que um jornalista precisa ter à respeito das palavras proferidas aconteceu no feriado de 15 de novembro, quando o  jornalista Luiz Carlos Prates, articulista da RBS, emissora afiliada da Rede Globo em Santa Catarina, fez seu comentário sobre o aumento no número de acidentes nas estradas catarinenses. Comentário polêmico e, na visão de muita gente, infeliz.



O vídeo gerou revolta da maioria das pessoas que o assistiu (e adimiração de outros), por conta de ressaltar que "qualquer miserável pode ter um carro", levou o nome Prates ao Trending Topics Brazil do Twitter por alguns dias (enquanto este post foi editado, esta expressão estava presente na lista), foi repercutido pelo portal R7, da concorrente Rede Record e prejudicou ainda mais a imagem do grupo RBS, já manchada anteriormente por conta de um possível crime de estupro cometido pelo filho de Sérgio Sirotsky – diretor da emissora no início de 2010.

Não é o primeiro vídeo polêmico do jornalista, que, entre outras declarações fortes, menosprezou a morte do cantor Michael Jackson e discutiu sobre a "pedagogia da cinta", além de possuir um blog com artigos veementes e pouco adocicados. No momento em que este post foi fechado, o jornalista estava dando seu "direito de resposta" calmo no Jornal do Almoço, causando no Twitter vibração em alguns admiradores de sua franqueza e irritação em quem se sentiu ofendido com as declarações.

Mais uma vez, o grupo RBS tem sua imagem corrompida por outro escândalo nacional disseminado pelo Youtube e os profissionais de comunicação da emissora precisam, mais uma vez, gerenciar uma crise. Para concluir, por uma coincidência do destino (ou não), o programa Comédia MTV do dia 12 de novembro mostrou um quadro também polêmico em que o ator Marcelo Adnet interpreta um grã-fino que, como Prates, utiliza palavras duras contra as classes menos favorecidas, mencionando os nordestinos.