segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Papo no Facebook... Anatel criará ranking de qualidade de serviços de operadoras

Por Manoel Marcondes Neto

Deu na imprensa:

"[...] Vamos colocar na internet o ranking das melhores operadoras em cada Estado. A imagem das companhias às vezes é mais importante do que uma multa pesada, e queremos mostrar qual empresa está realmente comprometida com a melhoria dos serviços", afirmou uma fonte da Anatel durante audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado.

Fala o internauta (preservo sua identidade):

"[...] Ao dizer que a imagem é mais importante, concordo, está sendo um grande desafio para os profissionais de relações públicas e comunicação das operadoras. Mas fico me perguntando, quanto à autonomia que tais profissionais possuem para transmitir mensagens para a sociedade, se a pressão e influência da alta direção das operadoras para responder rapidamente aos ocorridos estaria afetando a qualidade (e competência) das ações de comunicação das empresas, em especial a TIM."

Falo eu:

ESTE É 'O' PONTO! Como profissão liberal regulamentada e detentora de um Código de Conduta Ética, o exercício das relações públicas – se por um lado, numa situação ideal, traz muito ‘status’ – por outro implica em responsabilidade (técnica) por peças de comunicação institucional - exatamente como essas que as teles produziram e veicularam, em especial a Claro (explorando a imagem de uma famosa modelo) e a TIM (explorando a figura de seu próprio CEO). 

O consultor – meu caso – muitas vezes deve abandonar a ‘conta’ se seus conselhos não são ouvidos pelo cliente. Fiz isto inúmeras vezes. Se se é empregado, porém, a coisa fica mais difícil, mas o dever do errepê é, então, nesses casos, consignar, se possível formalmente – em um memorando, em um ‘intra-e-mail’ – a sua sugestão de ‘como’ uma dada situação deveria ser tratada e comunicada. Procedendo assim, o profissional fica livre de ser cobrado, na ‘responsabilidade’, no caso de uma fiscalização pedida por alguém que se sentiu ludibriado por um comunicado (coisa que acontece a todo minuto neste país). A responsabilidade cairá sobre os ombros de quem, não ouvindo o conselho de quem deveria, comunicou o que não poderia. 

Todas as profissões regulamentadas passam por esse tipo de ‘saia-justa’. O farmacêutico que reprova as instalações de uma farmácia de manipulação, o nutricionista que é ignorado sobre o funcionamento da cozinha industrial da empresa, o engenheiro que não vetou o corte das vigas de sustentação do prédio que desabou... Houve crime? Houve prejudicados? Alguém será responsabilizado. Isto é certo. Conselhos existem para tratar dessas situações – ruins –, e é aí então que a gente descobre se vive num país e numa comunidade mais ou menos civilizada. 

No nosso caso, não tem jeito – só se pratica relações públicas de alguma qualidade num nível de civilização mínimo, o qual, infelizmente, ainda não é o que ocorre na maior parte do Estado brasileiro. Desistir? Nunca. É para a frente que se anda e quem escolheu Relações Públicas por formação é, necessariamente, um militante da harmonia - nunca da entropia. 

Por último: quão errada foi a ‘suspensão’ da suspensão das vendas das teles? A Anatel capitulou. E isto é triste. E tem que ser condenado pela sociedade que, afinal, mantém a agência reguladora para que aja em sua defesa – e não no interesse, e sob a pressão, das companhias.

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