Muitas vezes, em um mundo tão globalizado (ainda que com sua limitações), muitos são os produtos/serviços/ (até mesmo) pessoas que não se distinguem pura e simplesmente por sua composição, mas que necessitam de um diferencial para conquistar o público e, consequentemente, maior lucro para sua empresa. E por que não definir o emocional e a capacidade de se produzir sonhos como um diferencial?
Rolf Jensen, em 1999, lançou um livro chamado The Dream Society (em tradução livre para o português, A Sociedade dos Sonhos) que mostra exatamente esta situação, da valorização do emocional para se promover a imagem de marcas, empresas e - por quê não? - pessoas. Renata Barreto Malta, na dissetação de mestrado O Espetáculo Midiático: da era da Informação à Sociedade dos Sonhos pelos caminhos do Fantástico, mostra algumas ideias desse autor (2009, págs. 79-80):
"Na Sociedade dos Sonhos, proposta pelo autor [Jensen], nossas necessidades materiais não tendem a ser reduzidas, no entanto, o aspecto material receberá menos atenção. Passaremos, assim, a nos definir através de histórias e sentimentos. De alguma forma, esse processo seria uma redescoberta do passado e da força que os mitos e as histórias possuem junto às comunidades, ou seja, de como elas podem persuadir e modificar comportamentos dentro dos grupos sociais."
A chamada padronização do material começa também a atingir muitas pessoas públicas. No caso deste post, é necessário enfatizar a figura dos políticos como também participantes deste mecanismo, pois o que muito se vê nas propagandas políticas, principalmente nas últimas décadas, são tópicos voltados muito mais para o emocional das pessoas - desencadeando sentimentos - do que mostrando o que se realmente irá fazer, caso o(a) candidato(a) seja eleito(a).
Por isso, muitas vezes o discurso político se confunde com o discurso publicitário justamente por conta desta carga emocional, como mostra o artigo O marketing político e a importância da imagem-marca em campanhas eleitorais majoritárias, de Ada Kesea Guedes Bezerra e Fábio Ronaldo da Silva (2002, p. 04):
"Neste sentido, o eleitor assume um lugar de consumidor de imagens que por meio da subjetividade seduzem, provocam, emocionam. O discurso político segue a tendência do discurso publicitário impetrando o elo de identificação com o eleitor através do apelo emocional. Entra em declínio a atividade política tradicional, o engajamento direto através de partidos e entra em cena as “personalidades”, as “estrelas” do show da política de imagem."
Portanto, um dos cuidados que se deve ter em relação ao uso de técnicas do Marketing Político é justamente balancear o condicionamento à Sociedade dos Sonhos com as descrições dos projetos de governo, das propostas de transformação de realidades, para que a campanha não se torne nem muito emotiva ou racional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário