segunda-feira, 23 de abril de 2012

A interatividade e a reatividade dos relações-públicas: uma relação possível

Muitas vezes, os programas de televisão, rádio e até sites e plataformas de Internet bradam, a plenos pulmões, que "a interatividade é total", que as pessoas "têm voz e têm vez", tem "liberdade de se expressar sem censuras", que "toda sugestão é bem vinda". Mas será que isso realmente ocorre? Será que é correto dizer que tudo isto é interação de verdade?

O que muitas vezes é chamado de interatividade pelas pessoas e pelas empresas acaba sendo, na verdade, um outro processo chamado de reatividade que, segundo Luciana Mielniczuk no artigo Interatividade como dispositivo do jornalismo online (2000, p. 03), "estaria ligado à idéia de registrar a reação da audiência através de um menu de opções", enquanto uma genuína interatividade exige a resposta clara e concisa da audiência, precisa ser uma ação comum entre dois ou mais agentes, que estes tenham a mesma capacidade de influir no desenvolvimento da ação e que esta interação não seja totalmente previsível.  

Ou seja, escolher qual pessoa sairia vencedora de um concurso musical, "encomendar" uma programação dentro das opções oferecidas por uma grade fechada de programas ou ainda responder a uma pergunta previamente concebida não são formas de interatividade, e sim de reatividade, pois as opções são ofertadas pelo emissor da mensagem, e não produzidas pelo receptor.

Alex Primo, no artigo Interação mútua e interação reativa: uma proposta de estudo, publicado na Revista da Famecos, n. 12, p. 81-92, jun. 2000, mostra vários teóricos que expressam diferentes conceitos em relação a interatividade e a reatividade. Ainda neste artigo, Primo mostra o porquê da diferenciação entre relações de reatividade e de interação plena: (2000, p. 06):

"Tomando esse entendimento, uma relação reativa não seria interativa. De fato, a primeira se caracteriza por uma forte roteirização e programação fechada que prende a relação em estreitos corredores, onde as portas sempre levam a caminhos já determinados à priori. A relação reativa seria, pois, por demasiado determinística, de liberdade cerceada."

Se se pode conceituar relações entre pessoas por meio destas duas características, por que não levar estas teorias para o ambiente em que se encontra o profissional de Relações Públicas e, mais especificamente, para as suas características pessoais?

Os profissionais de Relações Públicas, muitas vezes pelo desânimo e por não terem ainda uma consciência de sua importância nas organizações, se comportam como pessoas reativas, ou seja, que possuem um roteiro já pronto de opções (ou ainda: não possuem um vasto repertório e se prendem a iniciativas burocráticas), sem espaço para inovações.

O profissional interativo mútuo, por outro lado, mostra uma grande disposição para o desenvolvimento de novas ideias, para evoluir em seus conceitos e aprendizados, e ainda contribui para o trabalho da empresa como um todo, não só mais recebendo ordens ou projetos, mas também idealizando-os em benefício da organização, e ainda com criatividade e sem medo de surpreender positivamente a empresa nas ideias e nos projetos.

E então, profissional de Relações Públicas, em que lado desta balança você quer ficar?

Nenhum comentário:

Postar um comentário