Nos últimos dias 15, 16 e 17 de agosto, ocorreu a 11ª edição da INACARP (Integração Acadêmica dos Calouros de Relações Públicas), evento organizado pelos alunos do 4º termo (2º ano) do curso de Comunicação Social: Relações Públicas da UNESP Bauru e apoiado pela FAAC (Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação).
Como visto noutro post deste mesmo blog, o objetivo deste evento é enfatizar aos calouros do curso a importância das Relações Públicas e da pesquisa científica para a formação dos futuros profissionais da área, mostrando que o embasamento teórico é importante para que a prática possa ser feita com um pensamento mais concreto e menos tecnicista. Os alunos do 2º ano do curso apresentam a produção acadêmica realizada no 2º termo, na disciplina de Sociologia da Comunicação. O tema central das monografias apresentadas é a Indústria Cultural e, a partir deste ponto, há estudos de vários casos que se inserem nesta temática, além do próprio desenvolvimento da teoria, que este blog tentou fazer no ano passado, tanto por esta mídia on-line como offline, no primeiro dia do evento, por intermédio de uma apresentação da autora deste blog e de César Augusto Pereira de Souza, aluno do mesmo termo.
O primeiro dia do evento (15/08) foi marcado pela solenidade de abertura com discursos das autoridades presentes, por uma homenagem à Professora Doutora Maria Antonia Vieira Soares, idealizadora do evento e que irá se aposentar neste ano, uma palestra com a profissional Tania Luz Russomano, formada em Relações Públicas pela Unesp em 2008 e analista de comunicação interna e externa da Nestlé, pelo desenvolvimento da teoria sobre a Indústria Cultural e por duas palestras paradoxais.
Mas por que paradoxais? Porque relatam justamente dois momentos distintos da vivência humana: o convívio com uma multidão num lugar público para realizar algo pré-estabelecido (definição para os chamados flash mobs) e o total isolamento proposto pelo reallty show Solitários, exibido pelo SBT nos anos de 2010 e 2011, aos candidatos, que são submetidos a provas que testam a resistência, a inteligência e a perseverança de cada um. O grupo trouxe um convidado muito especial para partilhar suas experiências na competição: o vice-campeão da segunda temporada Hélio Yoshida (ocupante da cabine 6).
Em relação aos flash mobs, eles podem se inserir na Indústria Cultural, indo além da reunião de pessoas e possuindo inteiramente ou uma maior parte de valor de troca e comercial, ou não, preservando o primeiro motivo para se idealizar este tipo de mídia alternativa. No primeiro caso, o grupo citou a ação feita no estádio do Maracanã pela operadora de celulares Vivo para incentivar a seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 2010. Já o movimento No Pants Day, que reúne pessoas num lugar público sem calças (mas sem vulgaridade) para mudar a rotina das grandes cidades, é considerado pelo grupo um flash mob que não se insere na Indústria Cultural, por não pretender criar estereótipos, nem ter um valor de troca.
No segundo dia do evento, a discussão sobre a sociedade feminina foi predominante na primeira parte, com a apresentação das monografias sobre a série Sex and the City, que mostra quatro mulheres vivendo numa sociedade da "revolução sexual" (totalmente inseridas na Indústria Cultural), e o estudo de caso sobre o quadro que a jornalista, psicóloga e especialista em sexo Laura Muller apresenta no programa "Altas Horas", da Rede Globo, mostrando a interpretação das suas respostas na atração e a linguagem persuasiva que Muller utiliza para convencer os jovens, além de toda uma reflexão teórica sobre a sexualidade feminina.
Na segunda parte da terça-feira, foi discutida a campanha promocional "O que faz você feliz?", da empresa Pão de Açucar. O grupo ressaltou que a imagem do supermercado, antes vinculada a preços altos, com esta intervenção, mostrou-se claramente a valorização da felicidade dos consumidores e o uso de estereótipos e de fetiches, ligando este sentimento à ideologia burguesa.
A última monografia da noite tratou do documentário Blue Eyed - Olhos Azuis, produzido pela pedagoga norte-americana Jane Elliott, sobre a formação do preconceito racial na sociedade, com experiências feitas com crianças nos anos 1970 e seu workshop de conscientização para os adultos, realizado nos Estados Unidos na década de 1990.
Já o último dia de evento foi marcado pela diversidade de temas e de estudos. A primeira monografia apresentada foi a respeito do programa CQC (Custe o que Custar), da Rede Bandeirantes e mostraram a dinamicidade do programa, a linguagem simples utilizada e o uso de propagandas no decorrer dos quadros. O segundo trabalho da noite mostrou o episódio Uólace e Joao Victor: o ter humanizado no ser coisificado, da série Cidade dos Homens e o grupo pôde explicar como a Industria Cultural pode influenciar dois meninos de classes sociais distintas, mas com sonhos semelhantes.
A terceira apresentação teve como tema a Bossa Nova que se mantêm longe da Indústria Cultural, apesar de seu considerável valor de troca na sociedade (neste link, há uma reportagem sobre o show que marcou os 50 anos deste estilo musical no Brasil). A última monografia analisou o jogo Word of Warcraft jogo de RPG e ressaltou que os jogos são mercadorias e que a realidade aumentada não é mais uma realização de poucos, e sim um novo nicho para o profissional de Relações Públicas.
Enfim, todos estes trabalhos só mostram a versatilidade do acadêmico-comunicólogo em poder enxergar as teorias apreendidas em sala em todos os lugares, nas situações até mesmo imperceptíveis num primeiro momento. Por fim, todo o trabalho de organização do evento mostra a eficiência dos futuros relações-públicas e que um evento de alunos pode, sim, ser reconhecido e consolidado no cronograma semestral da faculdade como um dos grandes eventos de Comunicação do ano letivo.
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