terça-feira, 26 de novembro de 2013

Linguagem e discurso em prol da conscientização - Relação crianças x câncer

Por Maíra Masiero

Não são novidade as ideias de que todo discurso precisa ter uma intenção e um público-alvo, e que este precisa ser atingido com uma linguagem adequada para cada situação. Quando as crianças, por exemplo, são o foco da mensagem, o discurso precisa ser diferenciado e, em muitos casos, a linguagem e o discurso podem ser voltados para o universo infantil, como mostra Tiago Eloy Zaidan no artigo As crianças como prospects: A comunicação mercadológica voltada para o segmento infanto-juvenil (2010, p. 3):

"Para funcionarem as mensagens devem incorporar a realidade da criança. O profissional que produzir os materiais deve buscar enxergar tudo o que fizer sob a ótica de um jovem garoto. Mesmo que a princípio o roteiro no material fuja da realidade. É necessário que a história seja plausível para a criança, e não para a realidade adulta. O que faz sentido para uma criança de até 10 anos não segue exatamente o mesmo raciocínio traçado por um indivíduo maduro."

Para se ter uma dimensão de como uma linguagem e um discurso apropriados podem contribuir para uma maior eficácia na comunicação, principalmente com as crianças, no último dia 23 de novembro, foi comemorado o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil, instituído pela Lei nº 11.650, em 2008 e, segundo o texto da lei, os objetivos da fixação desta data são:

"I - estimular ações educativas e preventivas relacionadas ao câncer infantil;
II – promover debates e outros eventos sobre as políticas públicas de atenção integral às crianças com câncer;
III – apoiar as atividades organizadas e desenvolvidas pela sociedade civil em prol das crianças com câncer;
IV – difundir os avanços técnico-científicos relacionados ao câncer infantil;
V – apoiar as crianças com câncer e seus familiares."


Visto este texto, a responsabilidade dos comunicólogos está em como trazer à público um assunto tão delicado como o câncer, que mata milhares de brasileiros todos os anos, de forma estratégica, sutil e que levasse as pessoas à conscientização, e este trabalho se agrava ainda mais quando as crianças estão inseridas nesta triste realidade.

O GRAACC (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer) lançou, neste ano de 2013, uma campanha nas redes sociais, em que vários personagens de desenhos animados ficaram carecas para lembrar que a criança com câncer também pode curtir a infância de forma divertida. No site Carequinhas, as pessoas podem trocar sua foto nas redes sociais por um personagem sem cabelos, além de assistir a diversos vídeos, como o da Turma da Mônica, que está inserido a seguir.



Se, no exemplo do GRAACC, vê-se o cuidado com a linguagem na esfera midiática, também são necessárias ações específicas para a comunicação dentro dos hospitais, entre a criança, os seus parentes e a equipe médica. Muitas vezes, o ambiente do hospital não ajuda a encorajar os pacientes a superar suas dificuldades, e é por isso que intervenções criativas podem não somente melhorar a imagem de um hospital, mas salvar vidas.

O Hospital A. C. Camargo, localizado em São Paulo e em Santo André, revestiu os recipientes para medicamentos utilizados durante a quimioterapia com cápsulas inspiradas nos uniformes de super-heróis como Batman, Mulher Maravilha e Lanterna Verde. Além disso, as salas foram decoradas com um contexto lúdico e foram feitos gibis e desenhos especialmente para este projeto, visando estimular os "pequenos heróis" a vencerem inimigos mais perigosos do que o Coringa e o Charada.


Com esses dois exemplos, pode-se entender que a adequação da linguagem em situações complexas como a de uma doença pode trazer muitos pontos positivos para as empresas e, principalmente, para os pacientes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário