Por Maíra Masiero
Com o advento da globalização e da popularização dos meios de comunicação, as informações são disseminadas de forma muito rápida e um erro nesta veiculação pode custar a perda da credibilidade das pessoas e empresas envolvidas, como mostram Rogério Christofoletti e Raffael Oliveira do Prado no artigo Erros nos jornais: aspecto ético e fator de comprometimento de qualidade técnica (2005, p. 2):
"O jornalismo é uma atividade social que se apóia no compromisso de informar as pessoas dos principais acontecimentos da sociedade. Mas, como se espera, as informações devem ser precisas, exatas, fiéis aos fatos. Logo, o público espera informação de qualidade, sem erros, sem distorções, sem incorreções. O coeficiente de confiabilidade destas reportagens será proporcional ao nível de segurança do público em relação à mídia que consome.
Entre os meios impressos, os jornais dispõem de seções onde identificam erros cometidos em edições anteriores e anunciam suas correções. Entretanto, esse processo nem sempre se mostra eficiente, seja porque não há uma política clara de qualidade nos jornais, seja porque a percepção de erro dos profissionais não é tão apurada. Um terceiro fator: pouco interessa a uma empresa dar tanta transparência de seus deslizes diretamente aos seus clientes, no caso, os leitores."
Um caso típico desta questão (e que leva a pensar até que ponto tudo o que se publica é verdade, mesmo numa publicação de renome) aconteceu nas últimas semanas, graças ao Rei do Camarote, descoberto numa reportagem da Veja São Paulo no começo do mês de novembro.
A partir deste vídeo, os comentários logo começaram a surgir, desde gente indignada com o investimento do empresário em baladas até pessoas que já desconfiavam da veracidade da matéria. Com a grande e inesperada repercussão do caso, muitas marcas se apropriaram da ideia para agregar valor às suas marcas (o post da Carolina Terra, do Blog Relações, mostra muito bem como algumas empresas agiram instantaneamente para gerar conteúdo).
Também houve muitas paródias que se utilizaram da intertextualidade já existente no original (a prática dos dez mandamentos são originalmente citados na Bíblia Sagrada, como as leis gerais de Deus para os homens) e se relacionaram com as regras do Rei do Camarote, desde baile funk, academias, passando pelo evento universitário Interunesp até a paródia feita no programa SportsCenter, da ESPN, interpretada pelo jornalista Paulo Soares, o Amigão, com os dez mandamentos do Rei da Informação (slogan do programa).
Em todos os vídeos, os elementos em comum são a mesma música, a contagem dos mandamentos e alguns trechos do texto "original", adequando-se ao contexto da paródia. E foi nesse momento de grande repercussão que, numa entrevista à Rádio Bandeirantes, o empresário Alexander de Almeida disse que tudo não passava de uma brincadeira, usada num futuro próximo, e que não poderia ser revelada a fonte.
A partir disso, muitas versões foram lançadas, como o envolvimento do programa Pânico na Band nessa história, dentre outras. Nisso, a Veja São Paulo lançou uma outra matéria confirmando a existência do empresário e reafirmando que a verdade e os leitores são os dois únicos compromissos que a revista assume em suas publicações.
Sendo verdade ou não essa história, o fato é que já não se pode mais acreditar piamente em tudo o que é publicado em revistas, programas de televisão e jornais, pois pode haver erros (intencionais ou não) ou, até mesmo, uma segunda intenção em publicar certa "história" que não condiz com a verdade. A pergunta que fica é: será que, num futuro não tão distante, a vida será considerada como o filme O Show de Truman mostra? É pra se pensar...
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