terça-feira, 24 de setembro de 2013

Redes sociais e poder de gatewatching - Solidariedade em prol de Taquarituba

Por Maíra Masiero

Não é de hoje que a grande parte das pessoas possui uma alta capacidade de se mobilizar perante uma situação específica e as redes sociais, no contexto contemporâneo, possuem também esta responsabilidade social de mobilizar certo número de pessoas para um objetivo em comum, seja este uma simples brincadeira, uma votação maciça para algum artista em algum prêmio específico, ou para assuntos importantes e relevantes (como não lembrar do caso da Primavera Árabe ou da elaboração/divulgação dos recentes protestos que aconteceram em muitas cidades do Brasil?).

Um dos recursos utilizados para esta mobilização digital se chama gatewatching e a autora Raquel Recuero, no artigo Redes Sociais na Internet, Difusão de Informação e Jornalismo: Elementos para discussão (2009, págs. 11-12, grifos da autora), citando indiretamente Bruns (2005), mostra a importância das mídias para a sua implementação à serviço dos meios de comunicação:

"Para o autor [Brunes (2005)], gatewatching refere-se à observação daquilo que é publicado pelos veículos noticiosos, no sentido de identificar informações relevantes assim que publicadas. Essa noção é mais adequada ao trabalho de filtragem realizado pelas redes sociais, muitas vezes especializado, focado em informações que estão fora do mainstream informacional. 
Dentro desta perspectiva, portanto, as redes sociais na Internet agiriam através do gatewatching. Assim, as redes sociais vão atuar com um duplo papel informativo: como fontes, como filtros ou como espaço de reverberação das informações. São essas as relações que apontamos como relevantes para o jornalismo no espectro do estudo das redes sociais. Essas, assim, são complementares à função jornalística, não tendo o mesmo comprometimento que estes para com a credibilidade da informação, mas auxiliando a mobilizar pessoas, a construir discussões e mesmo, a apontar diversidades de pontos de vista a respeito de um mesmo assunto."


No último dia 22 de setembro, Taquarituba, uma pequena cidade do interior de São Paulo, foi atingida duramente por um tornado, que destruiu o centro e mais dois bairros da cidade, deixando mortos, feridos, desabrigados e um rastro de destruição pelo local, tanto que o prefeito declarou estado de calamidade pública e pediu recursos dos governos estadual e federal para reconstruir a cidade.

Enquanto aqueles auxílios não chegam, o das mídias sociais se mostrou mais eficiente: a fanpage SOS Taquarituba, com mais de 7 mil adeptos no Facebook, traz informações de locais de doação de alimentos, roupas e materiais de construção, além de contas bancárias para o depósito de dinheiro e relatos de pessoas que presenciaram o grave incidente.

Portanto, o gatewatching foi plenamente utilizado nesta mobilização em prol de Taquarituba, pois a página, em pouco tempo, reuniu dados, filtrou os mais importantes e ainda divulgou pontos de doações e iniciativas locais e regionais para ajudar as pessoas mais necessitadas depois do tornado. Esse é mais um caso da importância das mídias sociais para engajar pessoas a um mesmo objetivo e para promover ações solidárias com maior agilidade e disseminação de informações.

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