terça-feira, 10 de setembro de 2013

Planejamento, apresentação e gestão - Apresentação das candidatas a sede das Olimpíadas de 2020

Por Maíra Masiero

No último domingo, dia 08 de setembro, uma reunião do Comitê Olímpico Internacional (COI) em Buenos Aires definiu a cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2020, que sucederá o Rio de Janeiro na recepção desta competição mundial. Numa disputa de longos meses, chegaram a esse decisivo dia três cidades finalistas: Tóquio (Japão), Istambul (Turquia) e Madri (Espanha).

Como já é conhecido, a cidade japonesa ganhou o direito de sediar a competição, vencendo Istambul na final. Entretanto, não é simples realizar este feito, pois há uma seleção rigorosa por parte das entidades envolvidas desde o começo da seleção e, ainda no último dia antes do resultado, há mais uma apresentação a ser feita pelos representantes de cada cidade.



Pois bem, é nessa hora que saber planejar e apresentar uma ideia e/ou um conceito é primordial e estratégico, porque se faz necessário achar um equilíbrio entre destacar os pontos fortes e as vantagens de cada país ao sediar um evento de proporções mundiais como a Olimpíada, sem omitir desvantagens midiaticamente divulgadas, mas mostrá-las a fim de propor soluções e aliviar certos receios por parte do COI e de centenas de países que mandam seus representantes esportivos para a competição.

Resumindo (e respeitando as devidas proporções): é como se uma pessoa mandasse um currículo para ser analisado por uma grande empresa, e participasse da entrevista final com o gestor, confirmando seus pontos fortes e fracos e tentando convencê-lo de que seria o melhor candidato para o cargo., usando campos fortes de referência.

E foi assim que aconteceu na eleição de domingo: cada país levou sua "voz de autoridade" para defender sua candidatura: o presidente da Espanha, Mariano Rajoy, o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe.

Pontos fortes e fracos foram as referências para a última apresentação dos países, nos aspectos econômicos, institucionais, sociais e políticos (vide os confrontos na Síria, a radiação descoberta no Japão, a instabilidade econômica vivida atualmente pela Espanha). No final, como já foi visto, a cidade japonesa conseguiu o direito de sediar as Olimpíadas de 2020.

Mas o que isso tem a ver com comunicação? Tudo! O relato anterior mostrou que nada se consegue sem um planejamento adequado, uma apresentação coerente dos planos e das vantagens de cada cidade e uma gestão eficaz dos problemas a serem corrigidos até a data do evento. Isso também pode ser provado pelo caminho percorrido pelo Rio de Janeiro até se tornar sede dos próximos Jogos Olímpicos, daqui a menos de três anos, como mostram Fernanda Ester Sánchez Garcia et al. no artigo Rio 2016: o projeto olímpico e sua economia simbólica (2011, págs. 4-5):

"Para que se chegasse a este resultado, porém, foi necessária uma grande campanha de candidatura que somou ao todo um montante de cerca de R$ 85,7 milhões. Tão importante quanto o investimento financeiro foi o investimento simbólico, que envolveu a construção de uma imagem de unidade governamental, expressa pela união das três esferas de governo, e apontada como uma grande vitória política, que explicaria a falta de êxito das candidaturas anteriores do Rio a sede das olimpíadas em 2004 e 2012. Em tais períodos, haveria uma tensão e grandes divergências políticas entre as escalas federal, estadual e municipal, e esta 'falta de unidade', teria contribuído para tais fracassos.
Outra estratégia utilizada, encarada como o ponto forte do sucesso da candidatura de 2016, foi a imagem, trabalhada no Dossiê de Candidatura, dos Jogos Olímpicos como culminância de um projeto que envolveu outro megaevento: o Pan-Americano de 2007. No atual projeto todo o tempo se afirma o êxito de sua edição e a capacidade da cidade em realizar grandes eventos esportivos.
E, finalmente, talvez o maior de todos os investimentos: a busca pelo apoio da opinião pública. Diversas campanhas de incentivo ao projeto olímpico foram lançadas, com o intuito de entusiasmar todos os cidadãos. As propagandas, os cartazes, os vídeos veiculados, ressaltando as paisagens naturais da cidade e todas suas qualidades como um lugar privilegiado no mundo, tiveram alcance nacional e internacional."

Resta esperar para ver se Rio e Tóquio serão bem sucedidas na organização e execução deste grande evento esportivo, e que os profissionais de Comunicação possam se atentar para as oportunidades e, embora quase que totalmente evitáveis, as crises que virão ao longo dos próximos anos.

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