terça-feira, 22 de outubro de 2013

Comunicação e mobilização social - Parceria boa pra cachorro!

Por Maíra Masiero

Um dos grandes objetivos da comunicação como um todo é mobilizar certo número de pessoas para uma causa comum e, muitas vezes, importante. Porém, não basta apenas mobilizar pelo seu simples ato, mas é importante realizar um planejamento adequado para que todos possam se manifestar, como afirma Camila Chaves Ferreira no artigo As Relações Públicas no Cotidiano das Práticas de Mobilização Social (2012, p. 6):

"Henriques (2007, p.30) salienta que a comunicação no processo de mobilização deve ter como características a coordenação de ações e a construção de relacionamentos, figurando assim como um importante espaço de atuação ao profissional de Comunicação Social, especialmente de Relações Públicas, uma vez que os fundamentos de seu trabalho são diretamente dirigidos à construção de relacionamentos entre instituições e públicos podendo 'garantir a livre expressão dos atores e a continuidade de um processo dialógico que deve compor um projeto mobilizador verdadeiramente democrático'."

Com esta afirmação, pode-se dizer que a mobilização social tem o poder de construir e/ou destruir relacionamentos entre empresas/instituições e o público, sendo também um dos grandes fatores para a manutenção ou prejuízo da imagem, dependendo da condução das ações que se sucederem.

Um caso recente desta mobilização envolve o cuidado com os cães: o Instituto Royal, em São Roque, foi invadido, neste mês de outubro, por mais de cem ativistas que queriam salvar cachorros da raça beagle usados em testes da empresa, que trabalha para farmacêuticas. Alguns animais já estavam em situação de risco, com tumores e mutilações.



A mobilização, o apoio à causa dos ativistas e o repúdio à Royal foram imediatos, tanto que a empresa Royal Canin, especializada em produzir ração canina, fez questão de se pronunciar afirmando que não tem e nunca teve nenhum vínculo com o Instituto, antes que a similaridade dos nomes pudesse prejudicar a sua imagem. Já nas redes sociais, uma fanpage sobre o assunto no Facebook incentiva as pessoas a adotarem um dos cães salvos do Instituto.

Também pode-se chamar a atenção do público para o cuidado com os animais de outras maneiras, e esse exemplo criativo vem da capital do México. Uma rede de pet shops local elaborou umas coleiras especiais que davam a impressão de que os cães estavam sendo guiados por "donos invisíveis", em passeios solitários pelas praças e ruas. Nelas, estavam mensagens tocantes para convencer as pessoas a adotá-los. O objetivo desta ação era promover um programa de resgate e adoção destes animais, e este foi cumprido com êxito, com mais de 200 animais adotados nos meses seguintes.



No site da empresa, há um espaço totalmente dedicado a adoção, só que se encontra em manutenção no momento. De qualquer forma, a atitude da empresa em levantar esta questão de forma lúdica, simples e eficiente causou o efeito desejado para a marca - com repercussão internacional, graças à rede mundial de computadores - e, principalmente, modificando o contexto inicial da localidade, por conta do número de adoções realizadas após a intervenção. E é (ou deveria ser) esse o objetivo crucial de toda mobilização: tentar transformar positivamente a realidade em que se vive.

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